31 de outubro de 2017

Rir e brincar com os outros


Por estes dias, a caminho do trabalho, vinha a ouvir o humorista Nilton numa das suas habituais tiradas, fazendo disfarçadamente um telefonema para uma determinada pensão em Lisboa, mostrando a esta o interesse em que ali ficasse alojada uma estrela musical, no caso Madona, e a sua equipa, supostamente para de forma discreta fugir aos jornalistas e "paparazzi" portugueses enquanto trataria de um assunto de compra de uma quinta.
É claro que com o habitual registo de Nilton somado à aparente surpresa e inocência do dono da Pensão, foram alguns minutos de pura risota.

Mas, apesar disso, questiono até que ponto há alguma legitimidade moral e até jurídica para em nome do humor se brincar com as pessoas para que milhares se riam da situação e à sua custa? Mesmo que à posterior se peça ou não desculpa e se justifique a brincadeira.

Infelizmente, porque nos rimos e achamos piada, afinal foi sempre fácil brincar e rir com os males ou insuficiências alheias, também somos culpados e responsáveis. Pode-se concluir que não será por aí que virá o mal ao mundo e que devemos todos ter sentido de humor e boa disposição porque fazem bem à saúde, mas há sempre o outro lado e é sempre desagradável sermos usados por alguns espertalhões que vão levando as suas vidinhas a brincar e mesmo a gozar com os outros. O Nilton é apenas um e até há quem por essa aldeia global vá vivendo exclusivamente de pregar partidas aos outros, muitas delas de mau gosto e até perigosas, como se pode ir vendo pelo Youtube, já que as receitas dessa gente (ditos youtubers) dependem precisamente do êxito e visualizações que alcançam nas redes sociais. 

De algum modo seria bom que as autoridades estivessem atentas a estas situações, sobretudo as mais abusivas e de mau gosto e que fossem penalizadas em conformidade.