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9 de abril de 2017

Historiando - Análise dos resultados eleitorais em Guisande

Os actos eleitorais para a Assembleia de Freguesia de Guisande, integrados nas designadas Eleições Autárquicas, as quais elegem os órgãos de poder local, conheceram nitidamente dois períodos distintos sob um ponto de vista de orientação política ou, se quisermos, de escolha de pessoas integradas em duas das mais representativas forças partidárias do nosso espectro político, concretamente o PSD - Partido Social Democrata e o PS - Partido Socialista.

O PSD, no início como PPD-PSD, dominou a cena política em Guisande desde o primeiro acto eleitoral para as autárquicas, em 1976, e durante quatro mandatos, sendo que um deles com a participação de um elemento do CDS. 
A partir das eleições realizadas em Dezembro de 1989 o Partido Socialista tomou o poder com uma maioria que repetiu durante mais três mandatos, com as vitórias nas eleições de 1993, 1997 e 2001. Em 2005 o PSD reconquista o poder na Junta e Assembleia de Freguesia, mas no mandato seguinte, em 2009, volta o Partido Socialista ao poder, curiosamente com um candidato que fez parte da Junta anterior de maioria social-democrata. 

Em 2013 com a malfadada reforma administrativa, Guisande passa a integrar a União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande e nas eleições desse ano vence o PSD no global da União, sendo que em Guisande venceu o PS. Não havendo maioria, e não tendo acontecido um acordo entre os partidos, a lista do PSD demite-se em bloco para dar lugar às eleições intercalares as quais tiveram lugar no final de Setembro de 2014, nas quais o Partido Social Democrata venceu por maioria na União de Freguesias e em cada uma das freguesias. Em Guisande o PSD, representado por Américo Almeida, também venceu com larga maioria, invertendo o resultado do ano anterior a favor do PS.

Nas eleições seguintes, para o mandato de 2017/2021, o PSD-Partido Social Democrata voltou a vencer com maioria na União de Freguesias, mas em Guisande, representado por Patrícia Pinho, perdeu para o PS - Partido Socialista, representado por Celestino Sacramento, o qual já havia desempenhado o cargo de presidente de Junta nos mandatos de 1997/2001 e 2001/2005. O PSD.
 
Apesar destas duas diferenciadas fases de divisão do poder local entre o PSD e o PS na nossa freguesia, é legítimo concluir-se que Guisande na sua tendência partidária e ideológica é marcadamente social-democrata. Esta conclusão não é subjectiva mas, fundamentada pela verdade dos números,  já que em todos os demais actos eleitorais, tanto para a Câmara e Assembleia Municipal como a nível nacional para as Legislativas e para o Parlamento Europeu, venceu sempre o PSD. Mesmo nas eleições presidenciais os candidatos apoiados pelo PSD, ou do seu quadrante político, foram vencedores. 

Por conseguinte, as vitórias do PS na freguesia de Guisande ocorreram apenas nas eleições para a Assembleia de Freguesia, no que pode ser um sinal de maturidade em que a maioria dos eleitores compreendem a importâncias das pessoas e suas valias no contexto da freguesia. Claro está que a capacidade de campanha e mobilização das diferentes listas contam muito e, já agora, num cenário de uma pequena freguesia, os truques e as pequenas ou grandes intrigas também contam e decidem eleições. Alguns dos resultados, por pouco mais de uma dezena de votos, espelham isso. 
 
Como será no futuro, tendo em conta um crescente desinteresse das pessoas pelos actos eleitorais, que têm conduzido a altas percentagens de abstenção, ou a um descrédito generalizado para com a classe política? Certamente que será o tempo a dar a resposta, sendo que a todos os níveis e também no local, importa escolher pessoas capazes e credíveis e deixar de lado o seguidismo partidário que por vezes cega. De algum modo todos precisamos de quem nos represente e governe.

6 de abril de 2017

Turismo no concelho



Foi por estes dias apresentado o Plano Estratégico e de Marketing para o Turismo de Santa Maria da Feira. Nada de mais, pragmático e previsível quanto baste.  Nele são exaltadas as potencialidades e optimizadas as metas para o futuro. 

 Pretende-se um plano transversal que abranja todo o território mas obviamente que muito desse território ficará de fora, seja por escassez de focos de interesse em qualquer uma das vertentes do turismo da actualidade, como património, cultura e ambiente, seja por falta de investimento e potencialização no que há, mesmo que pouco. De resto era sabido que o nosso turismo concelhio está e vai continuar a estar muito centralizado na sede, à volta do castelo, dos Lóios e do Rossio, não no valor intrínseco do próprio território como um todo e de muitos dos seus importantes focos, mas sobretudo nos eventos de massas, como o caso da Viagem Medieval, Imaginárius e Perlim.

Em todo o caso, Santa Maria da Feira tem sabido projectar-se e vender muito bem o que tem e até mesmo o que não tem, como o caso sintomático do licor "Chamoa", um produto recente, sem antiguidade, mas rebocado pela Viagem Medieval e que é agora vendido como "se fosse um produto secular". Mérito, óbvio, do marketing, que não poucas vezes procura vender gato por lebre, mesmo até no turismo.

Seja como for, Santa Maria da Feira está atenta e a trabalhar bem, usando as ferramentas do moderno marketing para potenciar o que tem de melhor. É importante que, com ou sem plano, a aposta na divulgação e investimento se estendam a todo o território para que nenhuma freguesia fique de fora. Só aí é que este será um plano transversal.


2 de abril de 2017

Historiando–Junta de Freguesia de Guisande–A transição


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- Apontamentos sobre a história da Junta de Freguesia em Guisande – A transição
 
Seria importante, tanto para o conhecimento de nós próprios enquanto comunidade, como para memória futura, que se procurasse fazer uma monografia sobre o historial da Junta de Freguesia em Guisande. Não é fácil, porque os documentos conhecidos em arquivo são escassos e pobremente arquivados, e por conseguinte muito se perdeu da documentação mais ou menos antiga, quiçá por desleixo, alguma ignorância ou falta de sensibilidade para essa importância por parte de quem foi passando pelas diversas Juntas em diferentes períodos, mesmo em tempos relativamente recentes em que graças às novas tecnologias seria fácil fazer esse trabalho de arquivo. É caso para se dizer que neste aspecto, no que se referia a actas das reuniões de Junta, faziam-se melhor as coisas no início do séc. passado que nos tempos mais ou menos recentes. 

Apesar disso e pese essas grandes lacunas, do que se fizer será importante que se tenha em conta o que possível puder ser consultado.
Estes meus apontamentos não têm de todo esse propósito maior, pelo que valem o que valem, mas certamente que no futuro poderão ser aproveitados e enriquecidos se actualizados ou rectificados com novos elementos, seja lá por quem for que se preste a essa tarefa.
Noutra altura, noutros apontamentos, procuraremos trazer à memória as juntas de freguesia de Guisande mais antigas de acordo com o que é possível encontrar em documentos, mas para uma contextualização mais contemporânea, debruçamo-nos, para já, sobre o período de transição entre o tempo do Estado Novo e o pós-revolução de 25 de Abril de 1974. 

- O 25 de Abril de 1974 e os tempos seguintes
 
Uma vez levado a cabo o golpe de estado que derrubou o poder e a ditadura do Estado Novo e passada a euforia revolucionária desses derradeiros dias do mês de Abril de 1974, Portugal passou por um período de muita anarquia política e social pautada pelo PREC (Processo Revolucionário em Curso). Desde a revolução até às eleições para a Assembleia Constituinte, precisamente no dia 25 de Abril de 1975, um ano após a revolução, sucederam-se quatro governos provisórios. As eleições para a  Assembleia Constituinte, tornaram-se em Portugal nas primeiras com carácter livre e universal, nelas participando, os cidadão de maior idade, homens e mulheres, jovens, adultos e idosos. 

A participação dos portugueses foi massiva, com 91% dos eleitores recenseados. Foram eleitos 250 deputados para a Assembleia da república, com o PS-Partido Socialista a eleger 116, o PPD Partido Popular Democrático, 81, o PCP-Partido Comunista Português, 30, o CDS- Partido do Centro Democrático Social, 16 e o MDP-CDE- Movimento Democrático Português,  5, a UDP-União Democrática Popular, 1 e a ADIM- Associação de Defesa dos Interesses de Macau, 1.
 
Apesar destas eleições, o país continuava instável com uma relação conturbada entre o Governo, as Forças Armadas e a própria sociedade. Este período ficou conhecido como o "verão quente de 1975".  Grupos de esquerda e direita viviam em clima de grande tensão que conduziram a acções de alguma violência e confrontos, com diversos ataques bombistas, que pareciam seguir um rumo de eminente guerra civil. Felizmente não se chegou a tal.
Neste período de alta tensão,  sucederam-se mais dois governos provisórios num clima de disputa entre a classe política e a militar.

 Derrubada a ditadura de direita, Portugal corria nessa época um sério risco de uma ditadura militar ou de esquerda bem como o perigo de um conflito civil, mas depois de fracassado o golpe de 25 de Novembro em1975, o culminar desse "verão quente", o VI Governo, chefiado por Pinheiro de Azevedo, com o apoio do PPD, do PS e do CDS, retoma as funções, que auto-supendera em 20 de Novembro, e a partir daí tornou-se irreversível o caminho para uma democracia pluralista, mas ainda sobre um caminho de instabilidade e confrontos permanentes que só o passar dos anos e o amadurecer da jovem democracia vieram dar alguma estabilidade.

O ano seguinte, 1976, ficou marcado por uma série de actos eleitorais, como as legislativas que o Partido Socialista venceu e que conduziram o seu secretário geral Mário Soares a Primeiro-ministro, em 25 de Abril de 1976 e a 27 de Junho a eleição para a presidência da república, de que saiu vencedor o General Ramalho Eanes, um dos heróis do 25 de Novembro, com uma larga maioria sobre Otelo Saraiva de Carvalho e Pinheiro de Azevedo. Também no mesmo ano houve eleições para os governos regionais da Madeira e Açores e finalmente as Eleições Autárquicas, em 12 de Dezembro, em que apesar do empate em câmaras conquistadas, no global nacional o PS obteve 33,01% dos votos contra os 24,3% do PPD/PSD, a FEPU 17,2% e o CDS 16,62%. 
 
Nessas eleições autárquicas de 1976, em Guisande venceu por larga maioria o PPD-PSD então presidido pelo carismático Francisco de Sá Carneiro e foi formada a primeira Junta de Freguesia plenamente democrática, porque eleita por todos os cidadãos de maior idade, homens e mulheres, jovens, adultos e idosos. Ficavam para trás e para a História as particularidades das eleições pelos chefes de família.
O executivo saído dessas eleições históricas ficou formado por Higino Gomes de Almeida, de Fornos, como presidente, Fernando de Almeida Anunciação, de Estôse, como secretário e Avelino de Sousa, de Cimo de Vila, como tesoureiro. Como presidente da Assembleia de Freguesia o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, do lugar da Igreja. Resultados dessas primeiras eleições autárquicas de 1976:  PPD/PSD: 278 votos - 55,60%; PS: 105 votos - 21,00%; CDS: 75 votos - 15,00%; GDUPs (1): 36 votos - 7,20%.

Abaixo as assinaturas de uma das actas das reuniões de Junta do referido executivo. 

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Notas: (1) – GDUP´s – Grupos Dinamizadores de Unidades Populares, foi um movimento de esquerda, de ideologia socialista, marxista e anti-capitalista, surgido logo após a revolução de 1974, mas que ganhou alguma força em 1976 quando formou uma frente que juntou os partidos UDP, MES, FSP e PRP no apoio à candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho nas eleições de 27 de Junho. Apesar de Otelo ter sido derrotado pelo General Ramalho Eanes, obteve quase oitocentos mil votos (16,2%) pelo que a frente de esquerda se transformou num partido para concorrer ás eleições autárquicas de Dezembro desse ano de 1976. O resultado, porém, ficou muito abaixo das expectativas (apenas 2,49% do resultado nacional) pelo que no ano seguinte terminou a sua actividade, sendo que apenas em 1997 foi formalizada a sua dissolução.
Na freguesia de Guisande, das forças que integravam esta frente de esquerda, tornaram-se desde logo conhecidas algumas figuras ligadas à UDP – União Democrática Popular, de ideologia marxista-leninista . Por essa altura, eram frequentes os símbolos da UDP, mas também do MDP/CDE,  pintados em estradas e muros da freguesia, feitos pela escuridão da noite.
Era um tempo em que naturalmente em contraponto a uma recém derrubada ditadura de direita, a esquerda com as ideologias socialistas marxistas-leninistas desabrochou com inúmeros partidos os quais na sua maioria, com excepção ao Partido Comunista Português,  não passaram de partidos com expressão residual ou mesmo insignificante. Mesmo na nossa freguesia ou concelho, nunca tiveram expressão, tanto em eleições legislativas como em autárquicas. Mesmo o PCP ou as coligações em que se integrava, como a APU – Aliança Povo Unido, ou PCP-PEV, na nossa freguesia foram sempre residuais e num modo geral nunca passou de quarta força partidária atrás do PSD, PS e CDS. Basta ler os resultados para chegar a esta conclusão.

- Antes do 25 de Abril de 1974
 
Antes da revolução do 25 de Abril de 1974, estava em vigor o Código Administrativo de 1940 e pelo mesmo era regulamentado o modo como as Juntas de Freguesia desse período eram eleitas, no caso pelos chefes de família recenseados. O estatuto de chefe de família enquanto cidadão eleitor estava definido no Art.º 200º que o considerava como o cidadão português com família legitimamente constituída, que com ela viva em comunhão de mesa e habitação e sob sua autoridade; a mulher portuguesa, viúva, divorciada ou judicialmente separada de pessoa e bens, ou solteira, maior, ou emancipada, quando de reconhecida idoneidade moral, que viva inteiramente sobre si e tenha a seu cargo ascendentes ou descendentes ou colaterais; o cidadão português, maior ou emancipado, com mesa, habitação e lar próprios. 
 
Em resumo, chefe de família entendia-se como alguém que tinha a seu cargo a responsabilidade da sua casa e família, fosse casado(a), solteiro(a) de maior idade e com vida independente ou viúvo(a). No entanto, principalmente nos meios rurais, em que a mulher tinha um papel doméstico e de subalternidade em relação ao marido e aos homens em geral, é de supor que para estas coisas da eleição para a Junta de Freguesia fossem os homens a larga maioria dos que votavam. A par desta realidade, era generalizada a iliteracia e o analfabetismo pelo que mesmo dos homens seriam poucos, e apenas os mais “importantes”, os comerciantes e lavradores abastados aqueles que participavam na escolha dos vogais candidatos. Quer isto dizer que em freguesias pequenas como Guisande, seria uma reduzida “elite” a participar, tanto como eleitores como elegíveis. Por dados tangíveis, será de supor que o número de eleitores com os critérios regulamentares de chefes de família andaria a rondar a centena entre todos os habitantes. (2).
Notas (2) - População de Guisande de acordo com os recenseamentos demográficos de 1864 a 2011:
Ano de 1864: 529 habitantes; Ano de 1878: 456; Ano de 1890: 559; Ano de 1900: 540; Ano de 1911: 606; Ano de 1920: 648: Ano de 1930: 719; Ano de 1940: 820; Ano de 1950: 903; Ano de 1960: 1029; Ano de 1970: 1066; Ano de 1981: 1226; Ano de 1991: 1434; Ano de 2001: 1464, Ano de 2011: 1237.

Como se vê, a população da freguesia de Guisande demorou um século (entre 1911 e 2011) a duplicar.
Por outro lado, já pelo Art.º 201º do referido Código Administrativo de 1940, eram impedidos como eleitores os que não estivessem no gozo dos seus direitos civis e políticos, os condenados com sentença com trânsito em julgado, os notoriamente reconhecidos como dementes, os falidos e insolventes enquanto não reabilitados, os condenados na justiça que ainda não tivessem cumprido a pena, os que ostentassem ideias contrárias à existência de Portugal como Estado independente ou propagassem doutrinas tendentes à subversão das instituições e princípios fundamentais da ordem social, os indigentes que vivessem de assistência pública e recolhidos em estabelecimentos de beneficência e os que tivessem adquirido a nacionalidade portuguesa por naturalização ou casamento há menos de 10 anos. Em suma estes eram os critérios.
 
Já o Art.º 202º indicava os elementos que não podiam ser elegíveis, nomeadamente magistrados, funcionários administrativos e judiciais, funcionários policiais, e outros mais com ligações ao sector administrativo do país como serviços aduaneiros, contribuições, impostos, Fazenda Pública, corpos diplomáticos e consulares. Exceptuavam-se os que estivem em situação de reforma ou de licença ilimitada. Eram ainda inelegíveis os cidadãos que tivessem contrato com a freguesia.

As listas concorrentes às Juntas de Freguesia eram compostas por seis vogais, três efectivos, para os lugares de presidente, secretário e tesoureiro, e três substitutos ou suplentes. Uma vez eleitos e verificada a legalidade da eleição estes eram empossados pelo presidente da Câmara em reunião que decorria nos Paços do Concelho. Após esse acto de empossamento, os vogais eleitos ficavam legitimados para o quadriénio seguinte a administrar a freguesia dentro das competências previstas e elencadas pelo Art.º 253º do atrás referido Código Administrativo. Não temos conhecimento ou documentos comprovativos de que em Guisande fossem mais que uma lista a concorrer. É uma das dúvidas a procurar esclarecer. 
 
Dentro dessas suas competências, a Junta de uma freguesia pequena, pobre, e sem recursos, como era a de Guisande, ia fazendo o que podia, como manter circuláveis os caminhos, numa altura em que as estradas alcatroadas eram poucas, manter os lavadouros e fontes em perfeita utilização, já que eram equipamentos importantes e indispensáveis tanto para o fornecimento de água potável, pois eram escassos os poços e a rede pública era coisa rara mesmo em grandes centros, como para a lavagem das roupas, passar atestados, administrar o cemitério e aprovar a venda de sepulturas e pouco mais. Mesmo para estas pequenas obras ou tarefas, tinham que estar constantemente a mendigar os favores do Sr. Presidente da Câmara ou fazer peditórios pela freguesia e contar com ofertas de beneméritos. 
 
Quando em Lisboa deflagrou a revolução militar que veio a ser popularizada como “revolução dos cravos”, ocorrida a partir da madrugada de 25 de Abril de 1974, a Junta de Freguesia de Guisande era composta por Joaquim Ferreira Coelho, presidente, então com 47 anos, Higino Gomes de Almeida, secretário, 39 anos e Alcides da Silva Gomes Giro, tesoureiro, 34 anos(ambos já falecidos) os quais depois de eleitos pelos chefes de família, com um total de 130 votos, foram empossados em 15 de Novembro de 1971, pelo então presidente da Câmara Municipal de Vila da Feira, Alcides Branco de Carvalho (3), em cerimónia realizada nos Paços do Concelho e na presença de um magistrado que confirmava a legalidade e legitimidade de todo o processo. Conforme o regulamento, a Junta empossada iniciaria o mandato no dia 2 do ano seguinte, no caso em 1972.
Abaixo, as assinaturas da acta de tomada de posse da última Junta de Freguesia de Guisande antes do 25 de Abril de 1974. 

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Notas: (3) – Presidentes da Câmara Municipal da Feira, de comissões administrativas e efectivos:
Presidentes de Comissões Administrativas: Gaspar Alves Moreira, 1934-1937; Arnaldo dos Santos Coelho, 1974-1976.
Presidentes efectivos: Roberto Vaz de Oliveira, 1937-1945; Domingos Caetano de Sousa, 1945-1959; Domingos da Silva Coelho, 1959-1971; Alcides Branco de Carvalho, 1971-1974; Aurélio Gonçalves Pinheiro, 1976-1982; Joaquim Dias Carvalho, 1982-1985; Alfredo de Oliveira Henriques, 1985-2012; Emídio Sousa, 2013-2017.
- A transição com a Comissão Administrativa
 
Esta Junta de Freguesia de Guisande presidida por Joaquim Ferreira Coelho, foi apanhada pela revolução do 25 de Abril pelo que não chegou a ser cumprido o mandato de quatro anos então previsto. Isto porque ainda no ano da revolução, a exemplo do que sucedeu por todo o país, foi exonerada e para sua substituição foi nomeada uma Comissão Administrativa, então formada pelo presidente Marinho de Oliveira Mota, do lugar de Fornos, António Correia Pinto, também do lugar de Fornos e António Ribeiro da Silva, do lugar do Outeiro. 

Desconhece-se qual o critério dessa nomeação, sendo que os elementos nomeados eram claramente tidos como de orientação de esquerda. A democracia ainda iria demorar uns anos e nesses tempos controlados pelo PREC os conceitos de democracia ainda estavam longe de serem cimentados. De resto os esforços de muitos intervenientes na revolução íam no sentido de implantação de um regime de ditadura de esquerda dentro do modelo cubano. Os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975 foram determinantes para gorar os objectivos de Otelo, Cunhal e companhia e fazer carrilar o país para o regime que, com os seus defeitos e virtudes, vigora na actualidade.

Quanto à referida Comissão Administrativa, foi empossada pelo então presidente da também Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Vila da Feira, Arnaldo dos Santos Coelho em 22 de Novembro de 1974, em sessão ocorrida nos Paços do Concelho. Espanta-nos, por um lado, que só passados seis meses após a revolução tenha havido esta transição de poder, sendo que por outro lado, à luz de alguma anarquia e gestão provisória que ia vivendo o país, fosse perfeitamente compreensível este interregno.  A primeira reunião conjunta entre a Junta de Freguesia de Guisande cessante e a CA-Comissão Administrativa aconteceu no dia 25 de Novembro de 1974 onde foi dada a conhecer oficialmente a exoneração e nomeação da CA.

A passagem formal de poderes aconteceu  no dia 1 de Dezembro de 1974, um Domingo, em sessão extraordinária da Junta de Freguesia que teve lugar na Escola (Feminina) da Igreja. Nessa sessão aberta ao público, foram transmitidos os poderes, o livro de actas, o selo branco e os demais pertences na posse da Junta bem como um saldo positivo de 495$00 (escudos).
Abaixo o rol de assinaturas da acta dessa histórica reunião, pelos elementos cessantes da Junta e os da nova Comissão Administrativa. 

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No dia seguinte, 2 de Dezembro, já na nova sede, no lugar de Casaldaça, onde funcionou a Junta até à construção do actual edifício inaugurado em 17 de Novembro de 1985, teve lugar a primeira reunião da recém empossada Comissão Administrativa. Desde logo foi considerada a tarefa de conferir os livros e contas entregues pela Junta cessante bem como adquirir pastas para arquivo já que se considerava que a anterior Junta tinha deixado um “arquivo miserável, não havendo cópias de nada nem pastas onde se pudesse fazer um arquivo”. Desde logo se elencou a necessidade de limpeza dos fontanários públicos pelo que face ao reduzido saldo transitado da anterior Junta (495$00) foi deliberado enviar um ofício à Câmara Municipal a pedir “auxílio”. 
 
Assinatura dos elementos da Comissão administrativa da Junta de Freguesia de Guisande na acta da sua primeira reunião:

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A Comissão Administrativa iniciou assim as suas funções  até à tomada de posse dos elementos eleitos pelas eleições autárquicas do ano de 1976, ocorridas no dia 12 de Dezembro, cuja  reunião de Junta com esse propósito aconteceu no dia 29 de Janeiro de 1977.  Abaixo as assinaturas da acta dessa reunião também ela histórica.

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Por conseguinte, a Comissão Administrativa presidida por Marinho de Oliveira Mota, esteve em funções  pouco mais que dois anos, o que não deixa de ser curioso se for tido em conta que o referido elemento chegou a pedir a sua demissão à Comissão Administrativa da Câmara Municipal, conforme o expresso na acta de reunião da CA de 12 de Abril de 1975. Não apuramos o motivo do pedido de demissão nem conhecemos a razão de o mesmo não ter sido concretizado. Poderá ser um assunto a esclarecer no futuro. Como curiosidade, a Comissão Administrativa recebeu da Junta cessante um saldo positivo de 495$00, como atrás referido e por sua vez transmitiu à Junta eleita um saldo positivo de 448$80, por isso com uns poucos escudos a menos.
 
Fica, assim, feito este apontamento sobre o período de transição do poder administrativo da Junta de Freguesia de Guisande, no período imediatamente anterior e posterior à revolução de 25 de Abril de 1974. Muito mais pode ser acrescentado e fica eventualmente alguma imprecisão por actualizar ou corrigir. Seja como for, ainda que de forma resumida, fica aqui descrito esse período e momentos importantes da história autárquica de Guisande. Quem puder trazer novos dados e testemunhos, será tido em conta.


A. Almeida – 02 de Abril de 2017

26 de dezembro de 2016

Guisande – Brasão

 

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- Clicar na imagem para ampliar

Brasão da freguesia de Guisande, actualmente integrada na União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande – Município de Santa Maria da Feira

Descrição oficial: Brasão: escudo de verde, um cajado de prata, posto em pala, entre dois leões passantes de ouro, o da dextra volvido; em orla, catorze espigas de milho de ouro, folhadas de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «GUISANDE - SANTA MARIA da FEIRA».

Simbolismo do Brasão:

O escudo de verde simboliza a personalidade rural e a pureza ambiental da freguesia de Guisande e as espigas de milho, douradas, simbolizam os catorze lugares da freguesia numa disposição de unidade e solidariedade fraterna. O báculo de prata, ladeado por dois leões ,simboliza S. Mamede, padroeiro da freguesia, assim como a vertente cultural e religiosa da paróquia.

Parecer emitido a 20 de Outubro de 2004.
D.R.: Nº 303 de 29 de Dezembro de 2004.
DGAL: Nº 02/2005 de 05 de Janeiro de 2005.


Foi concebido por Américo Almeida a convite da Junta de Freguesia de então.

27 de fevereiro de 2014

Imprensa periódica da Vila e Concelho da Feira

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Excelente trabalho de Roberto Vaz de Oliveira sobre a imprensa periódica da vila e concelho da Feira, integrado na publicação “Aveiro e o seu Distrito, Nº 10 de Dezembro de 1970.

Como curiosidade, a indicação de um nosso conterrâneo, Dr. Joaquim Alves Santiago, ter sido director do jornal “Democrata Feirense”.

 

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O Dr. Joaquim Alves Santiago nasceu na freguesia de Guisande, deste concelho da Feira, em 25 de Novembro de 1898, sendo filho de Joaquim Alves Santiago e de sua mulher D. Maria Joaquina da Conceição. Casou, pela primeira vez, com D. Margarida Augusta da Conceição Valente Baldaia e, pela segunda vez, com D. Inocência da Silva Santos.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi, nesta cidade, professor da Escola Académica, tendo também advogado na Vila da Feira, onde faleceu em 12 de Setembro de 1958.

5 de janeiro de 2000

Fotografias antigas e documentais - 3

- Salão Paroquial, em obras - 08/07/1964
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- Cemitério Paroquial - Final dos anos 60
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- Padre Francisco e amigos - Julho de 1955

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- Fotografia dos anos 60. 
O Sr. António Henriques na poda dos saudosos arbustos.

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Fotografias antigas e documentais - 2

- 5 de Junho de 1969

Fotografia da Comunhão Solene de 5 de Junho de 1969.

Vê-se a procissão a descer o Monte do Viso a caminho da Igreja. Observa-se o Monte do Viso na sua forma antiga, ainda com a rua central, em terra batida.
Vê-se também a capela ainda sem o arco da sineta e sem os altifalantes.
No lado esquerdo vê-se um cruzeiro do percurso do Calvário sem a parte superior horizontal, que havia sido derrubada durante a festa do Viso no ano anterior.

As obras de restauro da capela ocorreram nesse ano, à passagem do centenário do edifício. As obras incluíram o revestimento da fachada com azulejaria, oferta de António Alves Santiago e ainda no interior, restauro de paredes, tectos e altares.
Pelo aspecto da capela, tudo indica que as obras tenham ocorrido depois da Comunhão Solene, mas é um caso a confirmar.

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- Março de 1958

Fotografia antiga onde se vê um grupos de mulheres nas tarefas de jardinagem do adro.  O adro de igreja, tanto na zona adjacente à igreja matriz como no exterior, nasceu com a iniciativa do antigo pároco, Padre Francisco Gomes de Oliveira e ao longo dos anos mereceu a dedicação e carinho de várias pessoas que contribuíram para o seu crescimento e manutenção. Nesta fase retratada, estava-se no início da plantação das diversas árvores. Algumas delas, nomeadamente os famosos arbustos, com inscrições moldadas pelas mãos hábeis do Padre Francisco, cresceram e já morreram ou foram retiradas, mas algumas plantas ainda subsistem.
 
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- Comissão de Organizadora da Festa de Bodas de Ouro do P.e Francisco de Oliveira - 1989
 
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De pé, da esquerda para a direita:

Joaquim C. Santos (Leira), David Pinto da Silva (Estôse), Manuel Adegas (Pereirada), João Lopes (Cimo de Vila), António Paiva (Quintães), António Silva (Barrosa), Manuel Tavares (Viso), Manuel Ferreira (Viso), P.e Francisco Oliveira, Américo Pinto dos Santos (Fornos), Joaquim F. Coelho (Fornos), António F. Almeida (Lama), António G. Henriques (Igreja), Germano C. Gonçalves (Igreja), Manuel Pereira (Cimo de Vila) e Alcides Giro (Casaldaça),
Em baixo, agachados:
António P. Ribeiro (Casaldaça), Elísio Monteiro (Barrosa), José P. Baptista (Fornos), Domingos A. Conceição (Reguengo), Delfim Henriques (Estôse), Eva Fernanda Silva (Cimo de Vila), Maria Madalena Silva (Cimo de Vila), Bento Mota (Cimo de Vila), José Almeida Peixoto (Outeiro) e Alberto Gomes de Almeida (Fornos).

- Magusto no Monte do Viso, em 27 de Novembro de 1960
 
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- 8/7/1957 - Grupo de amigos do P. Francisco
Reconhecem-se pessoas como o próprio P. Francisco e irmã Elisa,  António Santiago, Dr. Joaquim Inácio, Dr. Sá, Domingos Azevedo, Manuel Pereira, Prof. Célia Azevedo e P.e Santos Silva, entre outros.
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- Magusto junto à residência paroquial – 09/12/1956
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- Procissão da Festa do Viso, ao passar às Quintães, onde até há pouco tempo existia a mercearia da Isaura Santiago – 4/8/1957


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- Grupo da Comunhão Solene – 20/6/1957

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Guisande - Dados sobre Eleições Autárquicas

Eleições de 12 de Dezembro de 1976


Composição da Junta de Freguesia:
Higino Gomes de Almeida - PPD/PSD
Fernando de Almeida Anunciação - PPD/PSD
Avelino de Sousa - PPD/PSD

Eleições de 16 de Dezembro de 1979


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Alves - PPD/PSD
Germano da Conceição Gonçalves - PPD/PSD
Manuel Rodrigues de Paiva - PPD/PSD
Elísio Alcino Ferreira dos Santos - PPD/PSD  (*)
((*)eleito em Assembleia de Freguesias
após a demissão de Manuel Rodrigues de Paiva).

Eleições de 12 de Dezembro de 1982


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Alves - PPD/PSD
Germano da Conceição Gonçalves - PPD/PSD
Elísio Alcino Ferreira dos Santos - PPD/PSD

Eleições de 15 de Dezembro de 1985


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Alves - PPD/PSD
Germano da Conceição Gonçalves - PPD/PSD
Inácio Resende da Silva - CDS

Eleições de 17 de Dezembro de 1989


Composição da Junta de Freguesia:
Rodrigo de Sá Correia - PS
Manuel Ferreira - PS
Manuel Tavares -IND

Eleições de 12 de Dezembro de 1993


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Ferreira - PS
Rodrigo de Sá Correia - PS
Marinho Ferreira Coelho - PS

Eleições de 14 de Dezembro de 1997


Composição da Junta de Freguesia:
Celestino da Silva Sacramento - PS
Rodrigo de Sá Correia - PS
Valter Ferreira das Neves - PS

Eleições de 16 de Dezembro de 2001


Composição da Junta de Freguesia:
Celestino da Silva Sacramento - PS
Rodrigo de Sá Correia - PS
Jorge da Silva Ferreira - PS

Eleições de 09 de Outubro de 2005


Composição da Junta de Freguesia:
Joaquim da Conceição Santos - PSD
Pedro João da Costa e Silva - PSD
Mário Luís Fernandes Silva - PSD

Eleições de 11 de Outubro de 2009



Composição da Junta de Freguesia:
Mário Luís Fernandes Silva - PS
Alexandra Susete de Castro Gomes - PS
Elísio dos Santos Monteiro - PS

Reforma Administrativa de 2013
União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
Presidente da Comissão:
José Henriques dos Santos

Julho a Outubro de 2014 - Comissão Administrativa
(Nomeada por Despacho 9150/2014 de 16 de Julho)
José Henriques dos Santos - PSD
Manuel Joaquim Baptista Cardoso - PSD
David António Henriques das Neves - PS

Eleições Intercalares de 28 de Setembro de 2014


Composição da Junta da 
União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
José Henriques dos Santos - PSD - Lobão
Márcio Daniel Barbosa Moura - PSD - Gião
Marta da Silva Costa - PSD - Louredo
Américo Fonseca Gomes de Almeida - IND - Guisande
Joaquim Pedro Bastos Serralva - PSD - Lobão

Eleições Autárquicas de 1 de Outubro de 2017


Mandato 2017-2021

EXECUTIVO 

PRESIDENTE:
José Henriques dos Santos

SECRETÁRIA:
Susana Silva

TESOUREIRO:
Manuel Leite

1º VOGAL:
Carlos Rodrigues

2º VOGAL:
Andreia Pinho

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA
Presidente:
Rui Giro - PSD
Secretários: 
Óscar Oliveira - PSD
Generosa Oliveira - PSD

Jorge Santos - PSD
Mónica Lopes - PSD
Óscar Reis - PSD
Filipe Moreira - PSD 

David Neves - PS
Carla Silva - PS
Nuno Almeida - PS
José Oliveira - PS
Celestino Sacramento - PS
Maria Elisabete Neves - PS

Eleições Autárquicas de 26 de Setembro de 2021




Junta de Freguesia

David Neves - PS - Presidente
Nuno Almeida - PS - Tesoureiro
Vera Silva - PS - Secretária
Maria Elisabete Neves - PS - Vogal
José Oliveira - PS - Vogal


Assembleia de Freguesia

Carla Cristina Henriques da Silva - PS
Presidente
Maria Teresa Barbosa de Almeida - PS
1º Secretário
Luís Miguel Ferreira Alves de Pinho - PS
2º Secretário
Celestino da Silva Sacramento - PS
Ana Paula Lopes Pinto - PS
Lidiana Fuste e Silva - PS
Job Santos Silva - PS
Manuel de Oliveira Leite - PSD
Jorge Joaquim da Silva Ferreira Santos - PSD
Óscar Manuel Pinto dos Reis - PSD
Ricarde Daniel Valente de Almeida - PSD
Maria de Fátima Oliveira Lopes - PSD
Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD

Fotografias antigas e documentais - 1

- Guisande - 24 de Outubro de 1954

Derrocada da antiga ponte da Lavandeira, sobre a Ribeira da Mota.
As chuvas desse mês de Outubro de 1954 foram particularmente fortes pelo que as impetuosas águas transbordaram do leito, inundando o vale e arrastando tudo à sua passagem, incluindo detritos e moreias de canas de milho que assim, como um tampão com forte pressão, derrubaram a velha ponte, provavelmente edificada com pouca consistência.
Provisoriamente foi construído um passadiço em madeira, conforme se vê na imagem, sendo depois edificada a ponte que actualmente existe.

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- Junho de 1954

Vista da igreja matriz, obtida na zona do Ribeiro. De notar a inexistência da capela mortuária e a falta da escadaria frontal, a poente, bem como a respectiva alameda (até porque são relativamente recentes), bem como é diferente a zona envolvente à Ribeira da Mota. Em todo o resto, não são visíveis grandes alterações apesar de terem decorrido quase 55 anos.

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- Novembro de 1964 

Magusto da Catequese no Monte do Viso. Esta tradição ainda subsiste nos nossos dias. Hoje em dia, a fogueira é apenas simbólica mas naqueles tempos era uma fogueira a sério. Aliás, eram duas fogueiras: Uma para os rapazes e outra para as meninas, o que não deixa de ser uma curiosidade.
Quanto ao local, facilmente se nota a diferença de vegetação, com a abundância das acácias, bem como o característico terreno irregular do monte.
 
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- 3 de Fevereiro de 1963

Neve em Guisande.
Naquele Domingo, 3 de Fevereiro do ano de 1963, a neve caíu em Guisande com alguma intensidade, chegando a cobrir os telhados das casas, para preocupação dos adultos e alegria das crianças.
Nestas fotografias antigas, obtidas na data, vê-se o telhado da igreja matriz coberto com um branco manto. bem como o adro, também ele coberto de alva neve. Um postal digno do Natal.
 
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- Julho de 1966

Vista parcial do Cemitério Paroquial de Guisande.
Conforme se pode verificar, ainda existiam as sebes de bucho a delimitar os quatro canteiros e para além dos jazigos da Casa do Sr. Almeida do Viso, da capela da Casa do Sr. Moreira da Igreja e mais um ou outro jazigo realizados em granito, a maioria das campas eram rasas, em terra, assinaladas com as características lápides de louza. As dificuldades eram outras e, porque não dizê-lo, as vaidades eram menores.
Também se pode ver ainda a existência da lápide em granito, encimada por uma cruz que existia na campa do Padre Carvalho, fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Infelizmente, por desmazelo ou por outro motivo infeliz, esta lápide foi destruída ou encontra-se desaparecida. Foi um acto imperdoável.

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- 25 de Outubro de 1942

Fotografia da inauguração da Cruzada Eucarística. Foto obtida defronte da residência paroquial. Ao centro,  entre as crianças, o Pároco Padre Francisco de Oliveira, nos seus primeiros anos como guia espiritual da paróquia de S. Mamede de Guisande.


De momento não conseguimos apurar os dados relativos à data da extinção desde grupo, mas creio que tal ocorreu talvez em meados dos anos 70. Será um dado a confirmar. Todavia, este movimento eucarístico, conhecido popularmente pelo Grupo da Cruzada, ainda está bem vivo na memória de várias gerações de guisandenses.

Sobre o movimento da Cruzada Eucarística:
O movimento da Cruzada, a exemplo de muitas paróquias de Portugal, também existiu aqui em Guisande, desde  25 de Outubro de 1942, até meados dos anos 70, conforme já referi. É possível que na sua origem, na sua génese estejam reminiscências da lenda da Cruzada das Crianças.
De todo o modo, sabemos que este movimento da Cruzada teve origem concreta no apelo do Papa Pio X, que, em plena I Guerra Mundial (1914/1919), pediu que as crianças, adolescentes e jovens de todo o mundo se organizassem numa Cruzada Universal, com o objectivo primeiro de rezar pela paz no mundo. Este movimento parece ter chegado a Portugal no início dos anos 20. Foi um sucesso e nos anos 30 o movimento agrupava quase três milhões de jovens, principalmente crianças.

A Cruzada Eucarística das Crianças era formada por crianças em idade da escola primária, rapazes e raparigas, que vestiam roupas brancas. Sobre a roupa, cruzando o tronco, como na figura acima, era colocada uma faixa igualmente branca, estampada com a tradicional Cruz de Cristo, a vermelho. As meninas usavam ainda uma espécie de lenço, preso à cabeça por uma cinta. Este movimento era coordenado por mulheres, ligadas normalmente à Catequese, a quem se dava o nome de zeladoras. Pessoalmente nunca estive integrado nesse movimento, mas recordo perfeitamente a sua existência onde participavam alguns meus colegas. Entre outras actividades, o grupo da Cruzada tinha que acompanhar os funerais, participando no respectivo cortejo fúnebre. 

Naquela época, e ainda durante vários anos, os funerais eram realizados em cortejo pedestre, desde a casa do falecido até à igreja matriz. Em cada cerimónia, a cada criança da Cruzada era oferecida uma espécie de senha de presença, que mais tarde daria direito a algumas prendas ou lugar gratuito numa das excursões realizadas anualmente peló pároco. Em meados dos anos 70, o movimento na nossa freguesia acabou por se extinguir de forma natural, entre outros motivos, devido à cada vez menor indisponibilidade das crianças em participarem com regularidade nos diversos eventos e cerimónias religiosas.

A.Almeida

Padre Agostinho Pereira da Silva

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O Padre Agostinho Pereira da Silva nasceu na freguesia de Guisande, no lugar de Casaldaça, no dia 29 de Agosto de 1920. Filho de Roberto Pereira da Silva e de Ermelinda Henriques de Jesus. Faleceu em 08 de Março de 1997.

Pais do Pe. Agostinho


Missionário da Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria, o Padre Agostinho, percorreu, desde os primeiros tempos da sua vocação e formação missionária, iniciada no Seminário da Guarda, uma longa e difícil caminhada pelos trilhos da dedicação a Cristo e à Sua Igreja, passando ainda pelo Seminário de Fraião, em Braga, na Casa do Espadanido, também em Braga, onde viveu a experiência do primeiro Noviciado e fez a sua Profissão Religiosa, professando os votos de pobreza, castidade e obediência na congregação, que o caracterizaram por toda a sua vida como um homem simples e desligado das coisas materiais, já que nunca teve nada de seu, para além da sua vida, a qual, até essa, dedicou a Cristo e aos irmãos.

De seguida passou para o Seminário de Viana do Castelo, sendo ordenado presbítero a 7 de Outubro de 1945. Ainda em Viana do Castelo recebeu a sua Consagração ao Apostolado, tendo então recebido a sua primeira nomeação - Missionário em Nova Lisboa, actual Huambo, em Angola. Em 1954, de regresso, em férias ,à metrópole, voltou a passar algum tempo no Seminário do Espírito Santo em Viana do Castelo, ingressando de seguida no Noviciado do Mosteiro de Dueñas, convento espanhol de tradição cisterciense onde viveu durante quase dois anos uma difícil experiência monacal exclusivamente dedicada à oração e meditação.

Em 1958 regressa a Angola onde serviu em várias Missões e leccionou no Seminário de Nova Lisboa. Acometido de vários problemas de saúde, que o perseguiram quase durante toda a sua vida, regressa a Portugal, onde após um descanso em família, lecciona no Seminário da Torre d’ Aguilha.

A 1 de Novembro de 1965 é nomeado pároco da freguesia de S. Domingos de Rana, concelho de Cascais, onde inicia uma das últimas etapas da sua vida, iniciando aqui um trabalho com raízes profundas nas vertentes da acção pastoral e social, fazendo dele um projectista de sonhos e realidades inerentes a uma região suburbana de Lisboa, com uma população crescendo exponencialmente, assim como as suas necessidades e problemas. Já em 1974, quando a razão do crescimento e das necessidades da sua paróquia colocaram em seu auxílio dois coadjutores, o Padre Agostinho começou a dedicar uma especial atenção a um dos lugares da Paróquia de S. Domingos de Rana: Tires. 

A ela se dedicou nos últimos anos da sua vida, tendo conseguido a 31 de Maio de 1985 a designação canónica de “quase paróquia” da Nossa Senhora da Graça de Tires, onde após uma dedicação de sacerdote, missionário e construtor. Nesta nova paróquia, celebra as suas Bodas de Ouro Sacerdotais a 7 de Outubro de 1995, entregando, pouco tempo depois - 8 de Março de 1997 - a sua alma a Cristo.

O Padre Agostinho Pereira da Silva, foi homenageado, a título póstumo, no dia 7 de Junho de 1997, pela Câmara Municipal de Cascais, com a Medalha Municipal da Solidariedade, como reconhecimento pela sua acção apostólica e social que ao longo de grande parte da sua vida dedicou às paróquias de S. Domingos de Rana e Nossa Senhora da Graça, de Tires.