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27 de julho de 2019

Outros tempos, outros olhares - 1




Outros tempos, outros olhares. Algumas coisas, inalteradas, outras nem por isso. É o caso destes olhares no início dos anos 80 em que a nossa igreja matriz não tinha na sua frente a actual alameda nem ao lado a capela mortuária, antes um sanitário incaracterístico.
Na foto de baixo, também algo mudou, neste caso o cruzeiro bem como os muros e acessos ao campo próximo.
Guardamos muitas coisas na nossa memória mas as fotografias, sejam a cores ou sem elas, ajudam a definir essas recordações, esses olhares.

17 de junho de 2019

A balada da rotunda dos cães


Três cães, jovens, aparentemente irmãos. Vaguearam pela freguesias mas acabaram por fazer da sua casa a rotunda da Farrapa. Como algumas almas caridosas ali foram depositando comida e água, deixaram-se ficar. O castanho, parece que alguém o levou. Esperemos que alguém que lhe dê a dignidade e carinho merecidos. Para maus tratos, fome e miséria mais vale que fiquem em liberdade. Ficaram, pois, dois, pretos. 
Hoje, passando por ali, só vi um. O outro, fica a dúvida, resgatado do abandono ou ausente por momentos?
De algum modo a rotunda e estes cães acabam por ser um símbolo da situação dos animais abandonados ou simplesmente deixados à sua sorte. Por um lado a incapacidade ou indiferença das entidades e autoridades, por outro, a impotência de muitas pessoas que mesmo gostando de animais não têm possibilidades de os resgatar e acolher, porque já com animais e com as despesas e responsabilidades inerentes ou porque sem condições de os receber. É que hoje receber cães e deles tornar-se dono, para além das despesas com saúde e alimentação, tem o peso e a responsabilidade das autoridades, obrigando a vacinas, registos e licenças anuais. Essas mesmas autoridades que não têm soluções dignas e condignas para recolher muitos dos animais à solta, vadios ou abandonados. Como diria alguém, autoridades e instituições fortes com os fracos e fracas com os fortes.
Não deixa, pois, de ser esta uma balada triste, a da rotunda dos cães.

4 de maio de 2019

Mansores - Arouca - PR11 Trilho das Levadas

Desde a sua abertura em Abril do ano passado (2018) que era minha vontade e desejo de percorrer o Trilho das Levadas, na freguesia de Mansores, concelho de Arouca. Foi agora, no início de Maio, o mês das flores e depois de um Abril de águas mil, por isso com as ribeiras e regatos com águas generosas frescas cantantes, como convinha.

Um sábado de sol e temperatura amena, mais para o quentinho, logo pela manhã. Na companhia do Jorge, em boa forma, estacionamos no centro da freguesia, no lugar da Vila, junto ao coreto e à capela de Nª Sª do Rosário, imponente como uma igreja matriz, embora esta se localize mais abaixo, no centro do vale da ribeira de Mansores. 

Dali, do centro e ponto de partida e chegada, o trilho desenvolve-se no sentido dos ponteiros do relógio, embora, como é natural, possa ser feito no sentido contrário, no que será mais difícil porque tendencialmente a subir.
Todo o trilho é de uma beleza fantástica,bucólica e harmoniosa, sempre com as encostas sul e norte à vista. Deslumbrante, sobretudo, o troço dos moinhos da Barrosa, uma sequência de mais de uma dezena de moinhos junto a uma ribeira caudalosa e encravada numa profunda garganta onde as cascatas parecem um coro sinfónico. Não os contamos, mas seguramente uma dúzia deles. Pena que a larga maioria em ruínas. A reconstrução de alguns, ainda que compondo apenas paredes e telhados, seria uma mais valia ao conjunto e à sua promoção.

Já no lugar da Avitureira, a zona mais a nascente do trilho, a companhia de uma levada lavrada em granito a apanhar e conduzir as águas da ribeira para tocar os rodízios de moinhos e regar os férteis terrenos agrícolas, ladeados por afloramentos rochosos floridos com líquenes e musgos. É impossível ficar indiferente ao trabalho e engenho de quem a construiu e moldou estes elementos.

Ladeamos e transpomos as ribeiras e percorremos carreiros debaixo de ramadas de vinho verde. Atravessamos quinteiros e vielas. Subimos escadas de degraus de xisto e rampas em calçada portuguesa, sempre com o olhar cheio de verde e flores campestres. Subimos ao alto do lugar da Vila com vistas generosas tanto para norte como para nascente e sul e sempre com a serra da Freita à vista.

Resumindo, porque a descrição deve ser para poetas, um trilho de dificuldade média mas deslumbrante na sua diversidade de paisagem, natureza e nesta a modelação harmoniosa do homem na simbiose perfeita do aproveitamento das águas e dos campos que se estendem como lençóis ao longo do vale.

O percurso oficialmente está definido para quatro horas embora mesmo nas calmas e com paragens para as fotografias, faz-se em mais ou menos três horas. Mas sim, se mesmo com calma e até uma pausa para uma merenda intermédia ou um olhar mais deslumbrado, pode-se considerar as quatro horas. Ideal, pois, para uma manhã ou uma tarde.

Mesmo ficando trilhado, fica a apetecer voltar a repetir, quem sabe, numa altura de Outono, já com outras cores na paisagem.

Parabéns à Junta de Freguesia de Mansores e Câmara Municipal de Arouca e a todos os proprietários certamente envolvidos neste trilho e projecto de promoção de uma terra. São um exempolo para o que por cá ainda não se faz. Convém, todavia, que não seja descurada a limpeza bem como há alguns pontos ou bifurcações que merecem um reforço da sinalização para evitar enganos ou dúvidas no percurso, principalmente na zona de saída dos moinhos da Barrosa em direcção ao lugar da Estrada. Ali, sem sinalização bastante, acabamos por seguir por um caminho diferente embora fosse retomado o trilho um pouco mais abaixo.

A terminar, no restaurante Souto, mesmo no centro do lugar da Vila, comeu-se uma "Feijoada à Transmontana" e um "Frango Assado à Paneleiro". Duas diárias bem servidas e saborosas quanto baste em preço económico. Um bom remate ao apetite aberto pela caminhada. A repetir.

Ficam abaixo algumas das muitas fotografias colhidas, mesmo que nem sempre com o cuidado técnico merecido.