12 de dezembro de 2018
10 de dezembro de 2018
Perlins e afins
Todos sabemos que as crianças entusiasmam-se com pouco e os pais acompanham o entusiasmo destas. Vê-las contentes, a sorrir e a sonhar é, afinal, o mais importante. O resto é folclore... “That’s all, folks”. A juntar a estes ingredientes, o entusiasmo comum pelo Pai Natal da Coca-Cola e temos, assim, o contexto para o sucesso de perlins e afins, um pouco por todo lado onde o comércio tenha tentáculos.
Mas por estes dias, em que o Uíma vai de azul e a Feira de vermelho e espanhóis, nada como dar um salto a Arouca e ver e respirar a coisa com um ar um pouco mais arejado, e mais de verde. Por ali, ainda se circula e respira-se com uma (ainda) pontinha de genuinidade, seja na envolvência da vila, seja no convento e amplos jardins entre as tendinhas costumeiras de artesanato, licores, enchidos, cebolas, alhos, castanhas cruas e a assar. Para a fantasia, o "Celeiro Encantado" armado nos húmidos calabouços do velho convento, onde as crianças se deliciavam no ambiente de mistério que só elas detectam.
Nada como um Domingo com sol a cheirar a Natal, por mais banalizado que este esteja. Já nada é como era, mas ainda é Natal.
7 de dezembro de 2018
O email do amigo João Esteves
O texto abaixo, que vai sendo partilhado pela rede social do Facebook como se fosse uma coisa actual, anda há anos a ser divulgado. Basta fazer uma ligeira pesquisa para o perceber. Supostamente toda a gente tem um amigo João Esteves que lhe enviou esse importante email com essa surpreendente conclusão.
Em todo o caso, fazendo de conta que este é um texto actual, aparte a generalização de algumas questões e conclusões que, em rigor, não são tão lineares, certo é que muitas são evidentes e óbvias e, mais coisa menos coisa, mais alarmismo ou generalização fácil, há por ali muita coisa que bate certo no que acontece com as campanhas de solidariedade a que periodicamente os portugueses são chamados a contribuir, como ainda recentemente para o Banco Alimentar.
Em resumo, e antes de passar à reprodução do texto, para quem quiser ter o trabalho de o ler, e que por aí anda sempre com ar de fresquinho, custa é acreditar que só agora cheguem a essa conclusão, de tão demasiado óbvia. Para além de que, mesmo não sendo politicamente correcto dizê-lo, uma grande parte destes alimentos é para ajudar quem vai vivendo à custa do Estado Social e da generosidade dos portugueses num contexto de chico-espertice continuada. Não generalizando, obviamente, todos nós conhecemos por aí alguns deles, que fumam, bebem, bons carros, bons telemóveis, ao sol no Inverno, à sombra no Verão, mas trabalhar, aí é que a porca-torce-o-rabo. "Trabalhar", eventualmente de madrugada. A malandrice neste país compensa e está isenta de IMI, IRS e IVA.
Mas, ok, é Natal e somos bons e generosos, não só a dar aos pobres como aos ricos. Pagamos os combustíveis mais caros da Europa, a electricidade mais cara da Europa, os impostos indirectos mais altos da Europa, sempre com boa disposição e sem grandes alaridos, contentes com um salário mínimo nada condizente com o luxo do que pagamos. Em suma, pagamos mais por menos, mas contentes porque nos devolveram uns patacos e uns feriados, pelo que daqui a nada temos uma maioria absoluta para dar de prenda, na filosofia já por alguém cantada de que "pr’a melhor está bem, está bem, pr’a pior já basta assim".
Segue o texto:
Ontem recebi na minha caixa de mensagens um email enviado pelo meu amigo João Esteves, o qual embora de autor desconhecido, dada a importância do tema, não podia deixar de o partilhar.
O texto é um pouco extenso mas vale a pena ler, porque ajuda a denunciar uma situação que é mesmo, uma verdadeira vergonha.
Trata-se das campanhas de solidariedade e vejamos como se fazem lá fora e cá dentro.
“Em Inglaterra a cadeia de supermercados Waitrose, oferece uma chapa (espécie de moeda) a cada cliente que faz compras acima de um determinado valor. O cliente à saída tem três caixas, cada uma em nome de uma instituição social sediada no seu município, para receber as referidas moedas de acordo com a opção do cliente. Periódicamente a empresa conta as moedas e entrega depois em dinheiro o valor correspondente. Esse donativo diminui obviamente nos seus lucros fiscais, uma prerrogativa que a lei portuguesa, também permite através do Estatuto dos Benefícios Fiscais.
Só que em Portugal, as campanhas de solidariedade custam ao doador uma parte para a instituição, outra para o Estado e ainda mais uma boa parte, para a empresa que operacionaliza a acção ou campanha.
Somos um país de espertos até na ajuda aos mais necessitados, donde não devemos ficar quietos e calados, devendo denunciar esta total falta de vergonha.
É muito triste, mas é bom saber que no Programa de luta contra a fome, nada é o que parece.
Ora veja:
Na última acção de recolha de bens junto dos hipermercados, uma ação, louvável do programa da luta contra a fome, segundo os telejornais, foram recolhidos cerca de 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Kg.
Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 € (cinquenta cêntimos), repare que:
2.644.000 Kg x 0,50 € dá 1.322.000,00 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total pago nas caixas dos hipermercados.
Quanto ganharam?
O Estado: 304.000,00 € (23% iva); O Hipermercado: 396.600,00 € (margem de lucro de cerca de 30%).
Nunca tinha reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...
Devo dizer que não deixo de louvar a ação da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários.
MAIS… É triste, mas é bom saber...
Porque é que os madeirenses receberam apenas 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando o valor doado foi de 2 milhões e 880 mil?
Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000,00 €?
A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira, através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.
Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 € + IVA. São 0,72 € no total.
O que por má-fé não se diz, é que o donativo que deverá chegar ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 € assim oferecemos 0,50 € a quem carece, mas, cobram-nos 0,72 €, mais 0,22 € ou seja 30%.
Quem ficou com esta diferença?
1º - A PT com 0,10 € (17%), isto é, a diferença dos 50 para os 60.
2º - O Estado com 0,12 € (20%), referente ao IVA sobre 0,60 €.
Numa campanha de solidariedade, a aplicação deu uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado, são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.
A RTP anunciou com imensa satisfação, de que o montante doado atingiu os 2.000.000,00 €.
Esqueceu-se de dizer, que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 €, divididos entre a PT (400.000,00 €, para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000,00 €, para auxílio do reequilíbrio das contas públicas e aos que por lá andam).
A PT cobra comissão de quase 20%, num acto de solidariedade!
O Estado faz incidir IVA, sobre um produto da mais pura generosidade!
Isto é uma total falta de vergonha, sob a capa da solidariedade é bom que o povo saiba, que até na confiança somos roubados. Isto é um triste esbulho à bolsa e ao espírito de solidariedade do povo português!
Pelo menos. DENUNCIE! Não vale a pena sermos solidários nestas acções, pois há muitos a comer à nossa conta e com muito mais
4 de dezembro de 2018
Pimentorium in anus outrem in nostrum refrescus est
Uma vitória, como diria alguém, arrancada já no primeiro minuto do jogo seguinte, para uns, para os interessados, é uma conquista da força, da garra, do querer, do acreditar até ao fim, do contra-tudo-e-contra-todos. Já quando tal benefício calha aos outros, aos adversários, áqueles que não nos deixam sossegados, nem dormir como santos, roubando-nos anos de vida, então o feito é uma vitória da aldrabice, do sistema, do favorecimento, do campo inclinado, do deixa-jogar-até-marcar.
Realmente, não que isto seja novidade, mas a pimenta no cuzinho dos outros no nosso não passa de um macio rebuçado de mel e mentol, doce e fresco. Ahhhhh!
Mas isto vale para o cu de todos. Nisto há democracia.
3 de dezembro de 2018
Discrição
Tendo em conta a importância social do evento, tanto para a freguesia como para a União onde se integra, e mesmo para o município, pessoalmente esperava e acharia natural algum prévio enfoque e divulgação da benção oficial da nova igreja matriz da freguesia de Gião, em simultâneo com a festividade local dedicada ao padroeiro Santo André. Até mesmo pelo valor acrescentado da componente arquitectónica e simbólica do edifício, o que por si só seria motivo maior.
Admitindo que poderei estar enganado ou distraído na pesquisa que fiz, parece-me que não vi nada publicado, tanto nas redes sociais como nos espaços de divulgação locais, tanto dos jornais como até mesmo da Junta da União das Freguesias.
Passou, pois, um pouco ou muito ao lado. Numa época em que não faltam meios de divulgação, parece-me que ficou algo por fazer. É pena, digo eu, que não sou gionense mas sou da União de Freguesias.
Quando falhamos nas pequenas coisas é legítimo duvidar-se da capacidade de fazermos as grandes.
Quando falhamos nas pequenas coisas é legítimo duvidar-se da capacidade de fazermos as grandes.
26 de novembro de 2018
Trancas à porta
Longe vão os tempos em que na aldeia saía-se para o campo, para o pinhal ou a qualquer outro destino das voltas do quotidiano e bastava encostar a porta, sem fechos nem trancas. É certo que pouco por ali ficava com valor que despertasse a cobiça dos amigos do alheio ou da curiosidade da vizinhança, mas havia respeito pelos proprietários e pelos bens dos outros, mas também muito medo do castigo por alguma tentação de furto.
Esses tempos, porém, como disse, vão longe e hoje em dia nem com trancas à porta, alarmes ou daqueles cães que nem o próprio rabo respeitam à fúria dos seus dentes. Rouba-se com a maior das naturalidades porque quase sempre encobertos, os artistas do gamanço, pela impunidade e pouca autoridade das forças ditas de segurança e ordem pública. O castigo, quando o há, é invariavelmente macio, quando muito com uma repreensão e umas horitas de trabalho comunitário que não se cumprem. Assim está em alta a gatunagem e para se viver com relativa qualidade deixou de ser imperativo o trabalho sério e honesto.
Estas duas fotos, são assim significativas e emblemáticas do passado e do presente, do respeito e da falta dele, da autoridade e da falta dela. Mas o politicamente correcto não gosta destas comparações e prefere termos e conceitos bonitinhos e supostamente inclusivos e tem medo de chamar os bois pelos nomes e, mais do que isso, pegá-los pelos cornos.
Assim sendo, como já se apregoava na Idade Média quando se tomava pela força das armas um castelo ou uma cidade, é fartar vilanagem!
21 de novembro de 2018
Deu em pedreira...
Novamente a tragédia e depois dela virão, espera-se, as "trancas à porta". Foi assim em 2001 com a queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva.
Desta vez, entre Borba e Vila Viçosa, no Alentejo, com a derrocada de uma estrada ladeada perigosamente por profundas pedreiras de mármore. A tragédia, em números de mortos não se compara à da queda de ponte, mas é igualmente uma fatalidade, para quem nela perdeu a vida, para os familiares, para a região e para o país porque uma vez mais constata-se que as autoridades , as instituições e sobre elas o Estado não sabem tomar conta dos seus. Ainda ontem nos jornais se informava o aumento de fugas e criminalidade entre os menores à guarda do Estado. Um Estado sem autoridade, um pouco, como dizia há dias Manuel Alegre, refém do do fundamentalismo do politicamente correcto.O contexto era diferente, mas a génese é a mesma.
Posto isto, enquanto se procura resgatar os que ainda estão envoltos pelos destroços de uma pedreira lamacenta, surgem as questões de que como tal foi possível, quando parece evidente que os sinais anunciados da tragédia eram notórios desde há anos. Mas, pelos vistos, a começar pelo presidente da Câmara de Borba, estão todos tranquilos e sem peso nas consciências, os industriais do mármore, os técnicos, os autarcas e os políticos. Em 2001, Jorge Coelho, Ministro do Equipamento demitiu-se. Por ora ninguém se chegou à frente.
Certamente que entretanto virá a Justiça averiguar das responsabilidades mas a culpa irá novamente morrer solteira porque já se percebeu que este drama é uma pescadinha de rabo-na-boca e o capote há-de ser bem sacudido. O presidente Marcelo há-de lá ir dar uns abraços solidários, as famílias receberão uns milhares e a coisa há-de passar à história e, infelizmente, dramas acontecem todos os dias, mesmo neste nosso pequenino Portugal. Entretanto os holofotes da nossa ávida comunicação social virar-se-ão para outra qualquer coisa em grande, talvez quando o messiânico Cristiano Ronaldo voltar à selecção. Por ora estão de mármore e cal para os lados de Borba.
Certamente que entretanto virá a Justiça averiguar das responsabilidades mas a culpa irá novamente morrer solteira porque já se percebeu que este drama é uma pescadinha de rabo-na-boca e o capote há-de ser bem sacudido. O presidente Marcelo há-de lá ir dar uns abraços solidários, as famílias receberão uns milhares e a coisa há-de passar à história e, infelizmente, dramas acontecem todos os dias, mesmo neste nosso pequenino Portugal. Entretanto os holofotes da nossa ávida comunicação social virar-se-ão para outra qualquer coisa em grande, talvez quando o messiânico Cristiano Ronaldo voltar à selecção. Por ora estão de mármore e cal para os lados de Borba.
Creio que numa qualquer estrada nacional, como foi aquela até há poucos anos, não se podia construir uma casa a menos de 15 metros da via e um insignificante muro a pouco menos, mas ali, às portas de Borba, a pedreira com uma profundidade absurda pôde ir até pouco menos do que isso, sem margem de segurança adequada. Dizem hoje os jornais que licenciada assim pelo Estado.
Como foi possível? Qual a negligência técnica e qual a ganância de se extrair umas toneladas de calhaus até à extrema de uma estrada onde diariamente circulavam pessoas e viaturas? Qual a lei e os quais os regulamentos que o permitiram? Qual a cegueira de não se ver ali uma eminente tragédia e em face disso tomar medidas de supressão da estrada?
Não faltarão respostas que, contudo, já de nada servem para quem morreu de forma trágica.
Que possam pelo menos ajudar a evitar outras no presente e no futuro.
Como foi possível? Qual a negligência técnica e qual a ganância de se extrair umas toneladas de calhaus até à extrema de uma estrada onde diariamente circulavam pessoas e viaturas? Qual a lei e os quais os regulamentos que o permitiram? Qual a cegueira de não se ver ali uma eminente tragédia e em face disso tomar medidas de supressão da estrada?
Não faltarão respostas que, contudo, já de nada servem para quem morreu de forma trágica.
Que possam pelo menos ajudar a evitar outras no presente e no futuro.
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