26 de novembro de 2018

Trancas à porta




Longe vão os tempos em que na aldeia saía-se para o campo, para o pinhal ou a qualquer outro destino das voltas do quotidiano e bastava encostar a porta, sem fechos nem trancas. É certo que pouco por ali ficava com valor que despertasse a cobiça dos amigos do alheio ou da curiosidade da vizinhança, mas havia respeito pelos proprietários e pelos bens dos outros, mas também muito medo do castigo por alguma tentação de furto.

Esses tempos, porém, como disse, vão longe e hoje em dia nem com trancas à porta, alarmes ou daqueles cães que nem o próprio rabo respeitam à fúria dos seus dentes. Rouba-se com a maior das naturalidades porque quase sempre encobertos, os artistas do gamanço, pela impunidade e pouca autoridade das forças ditas de segurança e ordem pública. O castigo, quando o há, é invariavelmente macio, quando muito com uma repreensão e umas horitas de trabalho comunitário que não se cumprem. Assim está em alta a gatunagem e para se viver com relativa  qualidade deixou de ser imperativo o trabalho sério e honesto.

Estas duas fotos, são assim significativas e emblemáticas do passado e do presente, do respeito e da falta dele, da autoridade e da falta dela. Mas o politicamente correcto não gosta destas comparações e prefere termos e conceitos bonitinhos e supostamente inclusivos e tem medo de chamar os bois pelos nomes e, mais do que isso, pegá-los pelos cornos. 
Assim sendo, como já se apregoava na Idade Média quando se tomava pela força das armas um castelo ou uma cidade, é fartar vilanagem!