10 de junho de 2020

Brincar aos aviões



Confesso, saloiamente, que nunca estive num aeroporto  nem pus os pés dentro de um avião. O mais próximo disso terá sido algures numa Festa do Viso de outros tempos em que por lá se instalava um carrocel de aviões.
Por conseguinte, até ao momento, a necessidade de viajar de avião tem sido tão dispensável como uma dor de dentes.
Arrelia-me, pois, com fundamento, que a maioria dos nossos Governos tenham na TAP um autêntico poço sem fundo onde o dinheiro de todos nós, incluindo dos que nunca viajaram de avião, como eu, é ali despejado à tripa farra, de forma desmedida a pretexto, dizem eles, da importância estratégica da coisa para o país e da diáspora. Se querem a minha opinião, que tal estratégia se foda e mais quem apregoa isso!.
A coisa é tão simples quanto isto: Quem viaja, por férias ou trabalho,  que pague os custos inerentes. Não pode nem deve beneficiar de borlas, de descontos ou de passagens pagas abaixo do preço de custo. Não é pedir muito. Apenas que funcione a lei do mercado. 
Mas como nestas coisas vamos todos de anjinhos, o nosso Governo prepara-se para lá meter mais umas pázadas de dinheiro (+ 1200 milhões). E digam o que disser, porque nestas coisas as desculpas são sempre muito tecnicamente rebuscadas para enganar parvos, será dinheiro sem retorno e os prejuízos e a dívida, como a nossa pública, continuarão a galopar.
Já não há paciência para estes desmandos. Se não tem viabilidade a TAP, administrem-lhe a eutanásia e desliguem as máquinas. Não faltarão outros aviões. Nem que seja algures num carrocel.

7 de junho de 2020

Manifs

As manifestações, certas manifestações, são do caraças. Sabemos como funcionam até porque têm clientes certinhos a fazer lembrar o dono do "O MEU CAFÉ"  que mesmo sem o ver já tirava o café para o Ti Manel que dali a exactos vinte segundos entraria na tasca e apresentar-se-ia no balcão. Muitos anos a virar frangos.

Com "certas" manifs, às tantas ficamos sem saber se é puro folclore, um instinto gregário, um "Maria vai com as outras" ou se de facto há alguma propósito de verdade em cada um dos participantes .
É que, como diz o outro, "se fosse para cavar batatas não apareciam tantos". Ou como dizia ainda outro, "duas horas a sachar milho e a limpar matos, amaciariam muitas ideologias". 

Fazem-me, ainda, lembrar o inesquecível sketch humorístico com o saudoso Óscar Acúrcio na frente de uma manifestação a reclamar em uníssono "-Queremos trabalho! Queremos trabalho!." Às tantas, alguém de fora dirige-se a ele a diz: - Ó amigo, pode vir que eu arranjo-lhe trabalho!. - Ao que ele responde: - "Ó amigo, com tanta gente aqui e você vem logo ter comigo? Foda-se!".

Mas a malta gosta é de pândega, de bandeiras e slogans, de desconfinar, e como os filhos da Ínclita Geração, há rituais necessários e qualquer cidade serve para servir de Ceuta e acrescentar mais um degrau nos currículos porque mais tarde há-de fazer jeito.

1 de junho de 2020

Há burros que recusam cenouras


Os jornais online "Observador" juntamente com o "Eco", ambos detidos pela Swipe News, recusaram o "apoio" do Governo à comunicação social no contexto da crise da pandemia da Covid-19, por considerarem "falta de transparência no processo", posição criticada pelos restantes intervenientes.

A maioria, com o Grupo Impresa que engloba o Expresso e a SIC e a Media Capital que integra a TVI, com a boca mais larga e faminta, aproveitou da teta generosa a mama governamental (que é como quem diz,  o dinheiro de todos nós).
Pelo contrário, o Observador vale-se do apoio da própria comunidade de leitores e assinantes e até há poucos minutos e desde há poucos dias contava já com um apoio de 130  mil euros. 

Não tenhamos ilusões, o Governo naturalmente espera que a comunicação social agora apoiada não seja mázinha com a mão que lhe dá a papa. Quanto à publicidade institucional é apenas um subterfúgio para enganar tolos, já que a sua importância é muito relativa e dela estamos todos fartos, desde os alertas de todas as cores sempre que chove ou dá sol.

Recorde-se que o Observador teria acesso a apoios travestidos de contratos de publicidade institucional num valor inicialmente indicado como cerca de 19 mil e picos euros para depois ser corrigido pelo Governo para  90 mil e picos euros de um pacote total de 11,2 milhões de euros  sendo que a Impresa – dona da SIC e do Expresso – e a Media Capital, que detém a TVI, ficam com quase sete milhões.

É certo que os dois referidos jornais online podem não ser os melhores exemplos de imparcialidade que se pretende, mas não me parece que a medida do Governa esteja de todo isenta de "inocência". Mas há naturalmente quem ache que sim, até mesmo quem acredite no Pai Natal.

29 de maio de 2020

Pilatos cumpre as normas da DGS


Rezam as crónicas que o conhecido Bairro da Jamaica, no Seixal (um dos 200 bairros ilegais na Grande Lisoa), está com um preocupante foco de infecção de Covid-19, aparentemente em transmissão nos cafés.

Ora todos sabemos que os cafés estiveram encerrados até há poucos dias. Mas é claro, que o Bairro da Jamaica é um caso especial em que por lá não entra a polícia e quando entra é desautorizada por um presidente tretas. Assim é um mundo próprio, uma espécie de enclave, intocável, com muralha de tijolo, que sobrevive e resiste a tudo o que é norma, lei, regulamento. Mas, pelos vistos, não resiste ao vírus.

Creio que ouvimos todos, por estes dias, em horário nobre da TV, um suposto líder de uma associação dos moradores do bairro clandestino/ilegal dito da Jamaica, a dizer que a maioria dos moradores não trabalhava, o que nos pode levar inocentemente a perguntar, então vivem do quê?

Mais disse ainda que o pessoal como não trabalha vai para os cafés, e novamente a inocente pergunta, mas então se não trabalham, se não têm rendimento, vão para o café só para fazer sala?

Disse ainda que o pessoal não tem dinheiro para comprar máscaras. Pois, para cerveja e máscaras é mais difícil.

Mais disse que muita gente que anda pelo bairro não é de lá. Serão então turistas, a apreciar a paisagem? Deve dar movimento aos cafés, o que é bom.

Depois faz confusão aqueles edifícios em tijolo assente por aprendizes de pedreiro e repleto de antenas parabólicas, sendo que é normal já que todos sabemos que a MEO, a NOS e a VODAFONE são uns amigos e adeptos das borlas.

Tanta coisa que havia a dizer sobre o contexto desde característico bairro, mas hoje em dia apontar o dedo a alguém ou a alguma comunidade que tenha a pele mais pigmentada é mote para acusação de racismo e xenofobia, como se exigir que o respeito pelo cumprimento das normas, das regras e da lei por parte de todos seja um sacrilégio. Vão por aí, que vão bem!

Perante isto, todas as entidades, desde o Estado à Câmara do Seixal, vão lavando as mãos como fez Pilatos, de resto o que até está na moda e é recomendado pela DGS. 

Mendicidade com marketing


Noutros tempos, ditos da velha senhora, eram comuns os mendigos e deficientes, uns verdadeiros, outros disfarçados, outros oportunistas, ambos a mendigarem e a pedirem esmola, ora pela porta, ora pelas feiras e romarias, apelando à caridade humana a troco de uma prece apressada ou apenas de um estender de mão.

Certo é que, passados 46 anos após a revolução do 25 de Abril, são largos milhares os portugueses que vivem na pobreza e passam fome. O Banco Alimentar, esse pedinte colectivo, tem dado mostras do aumento dos casos de pedidos, sendo que, pela tal vergonha, serão a ponta do icebergue.

Envergonhadamente, esta realidade tem sido disfarçada, mas perante um Estado consecutivamente incapaz de cumprir as garantias de Abril, a mendicidade continua em força, só que agora de forma mais sofisticada e mesmo persistente, através dos meios de comunicação social. 

Mas com excepção destas, para muitos ideólogos, "minudências", o país porta-se como se vivesse à rica, recebendo a esmo "emigrantes" e "refugiados", que na maioria dos casos, mesmo que apenas com o pretexto de saltar para uma Alemanha ou Inglaterra, só contribuem para aumentar o número de pobres e dependentes da caridade ou de apoios em cash.

Devemos ser solidários, concerteza, mas juntar pobreza e precariedade à pobreza não serve a ninguém. Mas há quem ache que sim e porque fica bem cumprir cotas. Já diz o velho ditado que quem não tem dinheiro, não tem vícios.

17 de maio de 2020

Zona ribeirinha do rio Inha


A Zona Ribeirinha do Rio Inha, na freguesia de Canedo (entre a ponte da EN 222 e o rio Douro), está requalificada desde há algum tempo e mostra-se como um espaço muito positivo e apetecível, ideal para umas caminhadas e pescadores. 

O seu percurso, está ainda sem saída. Fala-se que há ideias de lhe dar continuidade pela margem sul do rio Douro, até ao lugar de Porto Carvoeiro, também em Canedo, o que lhe acrescentará uma extensão de cerca de 2,4 Km, mas certamente que não será fácil nem barato, sobretudo devido ao declive abrupto da margem.

Seja como for, o actual percurso, com cerca de 1/3 em pavimento e a restante parte em terra com rodados em paralelos de granito,  tem cerca de 1,3 Km o que de ida e volta comporta 2,6 km, praticamente todo plano.

No entanto, do que vimos, percebe-se que a zona tem alguns problemas. Desde logo o facto de não dispor de saída alternativa, também pelo acesso ser por rua estreita e ainda por não dispor de zonas de fácil manobra, tendo uma onde termina o pavimento mas invariavelmente ocupada por carros. Os espaços de estacionamento são poucos. No verão, com tempo seco, o percurso em terra tenderá a levantar poeira com o trânsito automóvel o que naturalmente incomodará que ali estiver. Pelas características da parte interior do percurso (encosta muito íngreme e xistosa,  há também o permanente risco de queda de pedras.

Em suma, se não for aplicada alguma regra e sinalização, há uma forte susceptibilidade de confusões no trânsito automóvel, sobretudo em fins de semana e no Verão. Ainda hoje verifiquei confusão na parte terminal com carros a inverter a marcha e a gerar-se complicações.

Importaria que o trânsito automóvel fosse condicionado ou até mesmo proibido, mas certo é que, pelas características da margem, não há grandes alternativas para um parque condizente e capaz de atender às necessidades em alturas de "ponta".

O local é obviamente interessante, com o rio Inha na realidade afogado pelo rio Douro e pelo efeito da albufeira da Barragem de Crestuma-Lever, mas sobretudo vocacionado para pescadores e caminhadas. Para outro tipo de fruição, como convívios, merendas e piqueniques não me parece indicado nem será esse o seu objectivo.

Por outro lado, infelizmente, ambas as margens estão povoadas dos incaracterísticos eucaliptos, o que empobrece a bio-diversidade. Na encosta paralela ao percurso, algumas plantas características (vi alguma lavanda, gilbardeira, campánulas, musgos, "sedum albums" e fetos) mas no geral muito infestadas por acácias (austrálias) e eucaliptos. 

Em resumo, um espaço muito positivo mas não adequado para um fruição de muita gente.







15 de maio de 2020

Rio Inha e outras questões




Num dos meus apontamentos relacionados à freguesia de Guisande, a que designo de "Historiando", já me referi à figura de Pinho Leal Augusto Soares d'Azevedo Barbosa, nomeadamente à referência que faz à nossa freguesia na sua obra "Portugal Antigo e Moderno", de 1873. 

Por outro lado falei da incongruência que o autor fez relativamente à Capela de Santo Ovídio, dando-a como pertencente a Guisande, mas também a Lobão, na descrição que faz sobre esta freguesia vizinha.
Apesar da inegável importância da obra de Pinho Leal, todavia parece estar pontilhada de situações omissas, dúbias e mesmo incorrectas. Não, é, pois, uma obra que se possa consultar como fidedigna e rigorosa, de resto porque já afectada pelos naturais efeitos do tempo decorrido. Continuará certamente a ser uma referência documental e histórica,  mas simultaneamente a carecer das devidas e necessárias ressalvas.

Apesar dessas nítidas imprecisões, ou mesmo incorrecções, parece que não falta por aí quem transcreva partes da obra de Pinho Leal e as dê como fidedignas, numa aparente falta de confirmação, histórica nuns casos e geográfica noutros.

Para além da referida incongruência quanto à Capela de Santo Ovídio, atentos à descrição que na sua mesma obra faz do nosso mais ou menos conhecido rio Inha (um dos principais cursos de água do nosso município), são também diversas as patacoadas do autor, de certo modo mais surpreendentes porque chegou a ter residência durante alguns anos no lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz, portanto bem próximo da zona por onde nasce, corre e desagua. Pela proximidade deste elemento geográfico tinha o dever de conhecer melhor, ou pelo menos não cometer os erros que cometeu.

Pinho Leal descreveu o rio Inha, afluente do rio Douro, nos seguintes termos, a páginas 394 do Volume III: “Tem seu nascimento n’uns pequenos arroyos que vem do Monte do Castêllo, freguezia de Escariz, concelho de Arouca. Passa próximo a Cabeçaes (ao O.), regando as freguezias de Escariz, Fermedo, Romariz, Valle, Louredo, Gião e Canedo (sendo a primeira, segunda e quinta do concelho de Arouca e as mais do da Feira, e fazendo nas duas ultimas trabalhar fabricas de papel). 

Desagua na esquerda do Douro, no sítio da Foz do Inha, a 1 km abaixo de Pé de Moura, e a 24 km a E. do Porto. Tem 18 km de curso. Faz mover muitos moinhos, e traz algum peixe, miúdo mas muito saboroso, em razão de correr arrebatado por entre pedras. Tem algumas pontes de pau e uma boa de pedra, no Cascão. 

Dá-se n’este rio uma singularidade. Logo abaixo da tal ponte do Cascão (que é próximo da aldeia de S. Vicente de Louredo) é a fábrica de papel da Lagem. A margem esquerda é da freguezia de Gião, concelho da Feira, e a direita é da de Louredo, concelho de Arouca, e, como a maior parte do edifício da fábrica está construído sobre o rio (que é muito estreito) pode um indivíduo (ou uns poucos, estando em linha) estar de pé no meio de uma sala, e ter metade do corpo na comarca da Feira e a outra metade na comarca de Arouca. (…). O Inha recebe vários ribeiros, por uma e outra margem.” .

Como a seguir procurarei esclarecer, nesta descrição do Rio Inha, Pinho Leal tem várias imprecisões ou mesmo erros crassos.

De resto, pesquisando na Internet pelas referências a este curso de água, afluente pela margem esquerda do rio Douro, são mais que muitas as imprecisões a seu respeito, e que se repetem e replicam mesmo em sítios que pela sua relevância deveriam ter mais algum cuidado e rigor na informação prestada, sobretudo no que concerne ao local onde o Inha nasce bem como quanto às freguesias por onde passa ou corre.

De facto, repetidamente é referido que o rio Inha nasce na freguesia de Escariz, concelho de Arouca, o que é correcto, mas de forma generalizada que no lugar de Cimo da Inha, o que é incorrecto. Este lugar existe na freguesia de Escariz, mas na realidade o Inha junta-se umas centenas de metros mais a montante, reunindo os arroios ou nascentes da encosta poente do monte do Castêlo (formação que se localiza entre o lugar da Abelheira-Escariz e a freguesia de Mansores, mas também conhecido por Monte da  Abelheira.

Neste aspecto particular da origem da nascente, o atrás referido Pinho Leal, fez a descrição certa porque na realidade o rio Inha forma-se a partir de pelo menos três principais linhas de água que escorrem da encosta nascente do referido monte; Uma mais a norte, que desce de perto da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Abelheira e corre pelo lugar de Alvite de Cima, outra mais a sul, no lugar da Gestosa, próxima do Restaurante "Relvas" e uma terceira ainda mais a sul, que vem das imediações do alto do lugar das Alagoas e que passa pelo lugar de Alvite de Baixo e que se junta ao trecho formado pelas duas primeiras um pouco abaixo da igreja matriz de Escariz, próximo dos lugares da Leira e Outeiro dessa freguesia. Daqui para baixo, está formado o Rio Inha, o qual naturalmente vai engrossando com os seus pequenos ou médios afluentes em ambas as margens, até que desagua no rio Douro, entre as freguesias de Canedo-Santa Maria da Feira e Lomba-Gondomar, entre as fozes do rio Arda, a nascente e a do rio Uíma, a poente.

O rio Inha é indicado como tendo um comprimento de aproximadamente 18 Km, com orientação predominante de sul para norte. No seu curso superior, tem uma orientação de nascente para poente mas junto à ponte no lugar do Londral muda de orientação de sul para norte, que praticamente mantém até à foz.

Para além da freguesia de Escariz, concelho de Arouca, onde nasce, passa por territórios ou serve de fronteira nas freguesias de Fermedo (zona a poente dos lugares de  Cabeçais e Mascotes), Romariz (lugares de Carvalhal e Reguenga), Louredo (no limite com a freguesia do Vale, nos lugares de Santa Ovaia e Mouta e ainda no limite entre Parada-Louredo e Vale), Vale (lugares de Oliveira, Cedofeita, Póvoa, Pena, Pessegueiro e Serralva), Canedo e Lomba-Gondomar onde entre estas ali desagua no Rio Douro. O troço final do rio Inha é relativamente amplo pois beneficia do efeito da albufeira da barragem de Crestuma-Lever. 

Os principais afluentes do rio Inha são pela margem esquerda a ribeira da Mota (que nasce em Guisande na encosta poente do monte de Mó), a ribeira de Tozeiro, e pela margem direita, o rio Amieira, ou ribeira da Lavandeira, que drena todo o vale de Fermedo e ainda o ribeiro de Mourão que drena encostas da serra do Camouco entre Rebordelo - Canedo e Vizo - S. Miguel do Mato.

Este atrás referido rio Amieira não está devidamente referenciado, sendo que num ou noutro elemento aparece relacionado ao troço que capta as águas das vertentes da serra do Camouco e serra de Parada, dos lugares de Rebordelo a norte, Vizo e Covelas a nascente e Parada, Belece e Mosteirô a sul.

Na minha modesta opinião, o seu troço principal, porque o mais comprido e com maior caudal, é aquele que nasce a sul  captando as águas das vertentes a norte do monte Coruto e atravessa todo o vale da freguesia de Fermedo, passando ainda um pouco a nascente da igreja matriz de S. Miguel do Mato prosseguindo o seu curso para norte em vale encravado, contornando pelo nascente o lugar de Parada-Louredo e então depois reunido-se e engrossando com as águas dos lugares de Rebordelo, Vizo e Belece..
O Amieira encontra-se com o Inha um pouco a sul da ponte que o atravessa na estrada que liga os lugares de Pessegueiro-Vale a Rebordelo-Canedo, conhecida como ponte da Carvalhosa.
Este rio Amieira em Fermedo é conhecido por rio ou ribeira da Lavandeira.

Regressando à descrição de Pinho Leal sobre o rio Inha, foi asneira da grossa dizer que o mesmo passava por território da freguesia de Gião e que tinha uma ponte do Cascão, junto à fábrica de papel da Lage (Lagem), contando até uma "singularidade" a esse propósito.

Ora, Pinho Leal confundiu aqui grosseiramente o rio Inha com a ribeira da Mota. A ribeira da Mota, essa sim, divide território de Louredo e Gião e junto à antiga fábrica de papel tem a conhecida ponte do Cascão que integra a Estrada Nacional 326. É um erro crasso, ainda, porque a ribeira da Mota só encontra o rio Inha já na freguesia de Canedo, a nascente do lugar do Louzado-Canedo e entre os lugares da Inha-Canedo, a norte, e Serralva-Vale, a sul.

O que espanta nisto, é que alguns "autores" da actualidade insistam em citar e divulgar asneiras e  assimilar dados pouco ou nada rigorosos, só porque se entende que citar uma fonte antiga dá ares de coisa importante.

Nunca é tarde para corrigir o que se apresenta como errado, até porque sabemos que tendencialmente uma mentira ou uma asneira contada muitas vezes pode passar a ser considerada como verdade.