12 de março de 2023

Uma velha porta


Uma velha porta, escancarada, numa velha casa de pedra desabitada, pode evocar uma grande variedade de sentimentos, como de abandono e solidão. É como se a casa estivesse esquecida pelo tempo e pelos moradores, deixando apenas essa porta antiga para lembrar de um tempo em que a casa era habitada e próspera.

No entanto, essa porta também pode ser vista como uma fonte de beleza e mistério. Ela pode ter histórias para contar, segredos guardados em suas dobradiças enferrujadas e madeira desgastada pelo tempo. Talvez tenha sido a entrada para uma vida feliz e cheia de alegria, ou talvez tenha testemunhado momentos de tristeza e solidão.

Essa porta antiga pode nos fazer refletir sobre como tudo na vida é passageiro e como as coisas mudam com o tempo. Ela nos lembra que, assim como a casa que a abriga, nós também envelhecemos e passamos por transformações ao longo do tempo, deixamos de ser funcionais e úteis ao ponto do abandono e da decrepitação. É importante aprender a apreciar cada momento da vida, pois ele não durará para sempre.

Uma velha porta pode nos lembrar que tudo tem um começo e um fim. Ela pode ter sido a entrada para uma vida cheia de histórias e memórias. É como se a porta fosse um portal para outro mundo, que agora está fechado e só pode ser acessado pelas nossas imaginações.

Além disso, essa porta pode nos inspirar a imaginar o que há por trás dela. Talvez haja tesouros escondidos, ou um jardim secreto que ninguém nunca viu. É como se essa porta velha fosse um convite para explorar o desconhecido e descobrir novas maravilhas.

Em resumo, uma porta velha em uma casa de pedra desabitada pode ter muitos significados e nos inspirar de diferentes maneiras. Ela pode evocar sentimentos de tristeza e solidão, mas também pode ser uma fonte de beleza, mistério e inspiração para explorar o desconhecido.

11 de março de 2023

A casamentos e a baptizados...

Quase sem saber como, certo é que num espírito de dar algum contributo, aceitei fazer parte do COP - Comité Organizador Paroquial, no âmbito da preparação e organização da Jornada Mundial da Juventude que decorrerá em Lisboa na primeira semana do mês de Agosto deste ano de 2023.

Uma das acções a desenvolver relaciona-se com a vinda de jovens de todo o mundo, sobretudo da Europa e que na semana anterior à Jornada terão uma experiência integrada nas diferentes dioceses e paróquias. Assim, um dos pressupostos base é que esses jovens, pelo menos em grupos de dois, rapazes ou raparigas, possam ficar alojados durante a última semana do mês de Julho em contexto de famílias ditas de acolhimento. Será uma oportunidade para partilha de diferentes aspectos, incluindo os culturais e sociais tendo como base os pressupostos da Jornada Mundial da Juventude.

Neste contexto, preveem os organizadores que a paróquia de Guisande possa também acolher alguns dessses largos milhares de jovens que acorrerão a Portugal, havendo uma estimativa de que pelo menos meia centena, o que significa que serão necessárias pelo menos 25 famílias dispostas a fazer o acolhimento. 

Esta situação já tem sido divulgada e feitos apelos a esta necessidade em várias ocasiões e desde há largas semanas, nomeadamente pelo nosso pároco nos avisos no final das missas, mas parece-me que, tirando um ou outro caso, ainda não há situações concretas. Ou seja, parece óbvio que esse apelo e essa necessidade têm caído em saco roto. Assim, o COP entendeu que será necessária uma melhor divulgação do evento e dos requisitos e necessidades para uma família de acolhimento e depois partir para convites directos a algumas  delas e que se consideram, à partida, como com condições de acolhimento. Ou seja, convirá que sejam famílias com alguma disponibilidade de tempo e sem compromissos de emprego ou de outra natureza, pelo menos com um quarto de dormir disponível, uma casa de banho que possa ser partilhada e ainda fornecer pequeno almoço e jantar, mesmo que de forma frugal.

Pessoalmente, mesmo comprometido com essa decisão tomada de, se necessário for, abordar as famílias de forma directa, não sou, todavia, muito apologista da mesma, porque entendo que nestas coisas as pessoas e as famílias devem demonstrar por iniciativa delas própias essa vontade de forma livre e não de maneira influenciada ou mesmo pressionada. Bem sabemos que no nosso meio as pessoas não são muito de se expor e de se oferecerem voluntariamente seja para o que for, mas não podemos inverter esta nossa natureza. Ou há ou não há vontade e voluntarismo. Esta é uma nossa maneira de ser muito cultural e assenta também em pressupostos de fugir a canseiras, compromissos e responsabilidades. De facto, mesmo sabendo que não será nada de mais garantir esse alojamento a dois jovens durante uma semana, o certo é que implica alguma responsabilidade e naturalmente alguns custos e mesmo abrir as portas a pessoas desconhecidas e que na maior parte dos casos haverá nítidas dificuldades de comunicação, tanto mais que o perfil das famílias com condições de acolhimento será de pessoas já na reforma e por isso com menor domínio de línguas estrangeiras. Além do mais, serão sempre pessoas estranhas e dos muitos milhares de jovens que virão a Portugal naturalmente que nem todos serão propriamente modelos de bom comportamento e cumpridores de regras de respeito e reconhecimento. Há, pois, alguns riscos ou pelo menos situações a merecerem algum cuidado e preocupação.

Em resumo, oxalá que na nossa paróquia se consigam pelo menos as tais 25 famílias para alojar 50 jovens mas pessoalmente estou muito pessimista e parece-me que já será difícil conseguir metade desse número. Reitero ainda a opinião pessoal que as pessoas devem ser devidamente esclarecidas quanto ao que se pretende, ao propósito e ás necessidades, mas não a ponto de as pressionar na decisão.

Posto isto, será bom que as famílias sejam elas próprias a avançar e a oferecerem o acolhimento num contexto de partilha e acolhimento cristão e numa perspectiva de que poderá ser uma semana de enriquecimento mútuo para quem recebe e é recebido. Afinal, uma comunidade cristã tem a obrigação de ter este espírito.

A ver vamos!

9 de março de 2023

Abusadores do direito e justiça

Tenho lido e ouvido muita coisa sobre o assunto que vai fazendo parte da actualidade, o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja portuguesa que recebeu 512 testemunhos validados, tendo já sido enviados 25 casos para Ministério Público.

A Igreja tem que se penalizar ela própia por esta triste e condenável realidade, oculta e disfarçada durante longas décadas, sendo que o fenómeno não é de agora e é transversal a nível mundial e a diferentes sectores da sociedade, pelo que não de todo exclusivo de Portugal, da Igreja e da religião. Todavia, a Igreja, pela importância moral que deve ter como exemplo e prática da doutrina evangélica, obviamente que tem um grau maior de culpa e responsabilidade pelo mau exemplo e descrédito para a sua estrutura, tanto mais que muitos dos abusos terão ocorrido em contextos de debilidade social e psicológica.

Apesar disso, sem tirar nem pôr, parece-me que há em alguns sectores neste nosso país das bananas, figuras a espumarem-se pela boca para uma condenação prévia e sumária de tudo o que seja padre e figura da Igreja, condenando-se a parte pelo todo. Gente que não gosta da Igreja vê aqui uma oportunidade de ouro para a atacar de cima a abaixo. Por isso, às consideração do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, de que é necessário julgar de acordo com as regras da Justiça e com direito ao contraditório, choveu um coro de condenações e julgamentos. Como se costuma dizer agora, foi "arrasado"!

De cordo com o nosso código penal, um pedófilo pode abusar de dezenas de crianças ou um assassino liquidar dezenas ou centenas de pessoas, que terão sempre direito à presunção de inocência, à sua defesa, ao contraditório, e só depois de julgados e provados os factos é que serão condenados e não mais que a 25 anos de prisão, abusem ou matem uma, dez ou mil pessoas. Mesmo na prisão terão todos os direitos de dignidade e supervisionados pela Amnistia Internacional, mesmo o maior de todos, o que suprimiram às suas vítimas indefesas e inocentes, o direito á vida.

Por isso, não deixa de ser surpreendente este sentimento de justiça pura e dura para com uma lista de padres que por mais condenável que seja e motivo de aplicação da Justiça, não mataram nem aniquilaram, mesmo que certamente que para muitas vítimas tenham causado sofrimento moral e psicológio com repercursões para a vida.

Mas também sabemos que nestas coisas não basta apesar de tudo, apontar o dedo ou tecer enredos envolvendo pessoas e figuras e, no caso, padres. Por isso uma das pedras bases da Justiça é o direito ao contraditório e à defesa e à prova dos factos, por mais difícil que seja, desde logo pelo tempo que decorreu sobre os supostas factos.

Em todo o caso, que se julgue e condene se para tal houver provas, mas que se dê direito ao contraditório e à defesa e não neguemos a uns o que defendemos para outros, a presunção de inocência e direito ao bom nome. Bem sabemos que um padre não é um assassino ou um criminoso de colarinho branco, um banqueiro ou um ministro corruptos, mas, pessoas tidas mais em conta no julgamento de muitos. Mas, mesmo assim e sem esse beneplácito, porra, têm direito aos mesmos direitos nomeadamente no que à Justiça diz respeito.

5 de março de 2023

Quando a ética é patética

Bem sabemos que nos tempos que correm, em que os média, termo moderno para os órgãos de comunicação social, competem entre si por audiências e lucros dos grupos empresariais a que pertencem, numa guerra onde vale quase tudo, a deontologia e a ética profissionais têm o valor e uso do papel higiénico.

Neste triste contexto, não surpreende que ainda hoje, no jornal da tarde da TVI, na peça de reportagem sobre o encontro de Bolsnonaro e Trump no congresso de conservadores nos Estados Unidos, o jornalista que comentava a coisa fosse de uma autêntica parcialidade, não se coibindo de adjectivar ambos os políticos e a suas posições.

Eu também acho que o Donald e o Jair são dois populistas, dois broncos e dois palermas, mesmo que apenas sob um ponto de vista político, mas isso é o que eu acho. Já ver e ouvir um jornalista a ter esse tipo de apreciação quando deveria ser isento, relatar o evento e não exprimir pontos de vista pessoais, é que não lembra ao diabo. Neste ponto, o jornalista e quem o emprega não são de todo melhores que os broncos do Trump e Bolsonaro. São apenas farinha do mesmo saco.

Mas é o que é, e já não podemos ter na comunicação social os valores da insenção e imparcialidade. O populismo também afecta os pulmões e o cérebro de muitos dos nossos ditos jornalistas. Não são para levar a sério, tal como a Bolsonaro e a Trump.

4 de março de 2023

Paradoxos à portuguesa


Sempre fomos um país de políticas paradoxais, e facilmente quem nos governa vai do 8 para o 80. Não deixa, por isso, de ser paradoxal, bem à portuguesa, que o programa do Governo socialista, "Mais Habitação" preveja, entre outras medidas, a disponibilização de mais solos para construção de habitação, incentivos à construção por privados ou incentivos fiscais aos proprietários para colocarem casas no mercado de arrendamento, quando, no caso de Santa Maria da Feira, a revisão (ainda em curso) ao Plano Director Municipal - PDM, esteja precisamente direccionada e com perspectivas de reduzir substancialmente esses solos urbanos, mesmo em ruas centrais dos aglomerados, mesmo a reverter solos já edificados em espaços verdes, o que tem levado muitos proprietários a uma enxurrada de apresentações de projectos e pedidos de informação prévia para procurarem salvaguardar a ainda actual capacidade.

São, pois, paradoxos e políticas com sentidos contraditórios o que não ajuda em nada à confiança das pessoas nos governantes nem à confiança de investidores. 

Assim não vamos lá. Ou melhor, vamos a lado algum!

27 de fevereiro de 2023

O ChatGPT continua a dar pontapés na cultura e na geografia

Já tenho aqui falado do ChatGPT . Por curiosidade e para aferir das capacidades desta ferramenta que está a revolucionar as plataformas tecnológicas, continuo com os meus testes. Se é certo que em muitas matérias dá cartas, continua, porém, ainda a não saber as lições e por isso a algumas questões dá erros de palmatória com informações de todo incorrectas. Por exemplo: À questão de tecer considerações sobre a freguesia de Guisande, do concelho de Santa Maria da Feira, respondeu:

A freguesia de Guisande está localizada no concelho de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, em Portugal. É uma freguesia com uma área de aproximadamente 6,4 km² e uma população de cerca de 3.000 habitantes, de acordo com os dados do último censo.

Guisande é uma freguesia com uma forte tradição agrícola, sendo a produção de vinho uma atividade importante na região. A paisagem rural, caracterizada por colinas verdejantes e vales férteis, atrai muitos turistas que procuram fugir da agitação das cidades e desfrutar de um ambiente tranquilo e natural.

A freguesia de Guisande tem uma história rica, tendo sido habitada desde a época romana. Durante a Idade Média, Guisande foi um importante centro religioso, com a construção de várias igrejas e mosteiros, como a Igreja de Santa Eulália e o Mosteiro de São Salvador de Guisande.

Atualmente, Guisande é uma freguesia em desenvolvimento, com uma economia diversificada e um forte espírito comunitário. A preservação das tradições e da cultura local é uma prioridade para os seus habitantes, que organizam várias festas e eventos ao longo do ano, como as festas de São João e a Romaria da Senhora da Guia.

Em resumo, a freguesia de Guisande é uma região com uma forte identidade cultural, paisagens naturais deslumbrantes e uma comunidade unida e empreendedora, o que a torna um lugar especial para se visitar ou viver.

Como se pode ver, para além de algumas considerações básicas e comuns a muitas aldeias, dá um rol de deficientes informações, desde logo que temos por cá um mosteiro de S. Salvador e uma igreja de Santa Eulália. Temos as festas de S. João e da Senhora da Guia. 

Tem, pois muito caminho para andar e papinha Cerelac para comer o ChatGPT e ainda não é de confiar porque  com muitas calinadas. Algumas grosseiras.

A nascente do rio Ul








Há já algum tempo escrevi aqui um apontamento em que abordei a questão relacionada ao rio Ul e rio Antuã e a confusão que existe sobre a identidade de parte dos seus troços a jusante ao seu ponto de confluência. 

Sendo que por ora vai prevalecendo a versão de que o rio Ul é aquele que nasce em terrenos localizados entre a aldeia de S. Mamede, da freguesia de Fajões do concelho de Oliveira de Azeméis e de Monte Calvo, da freguesia de Romariz do concelho de Santa Maria da Feira, por estes dias dei por ali uma caminhada no sentido de verificar no próprio local o ponto onde é dado como seu nascimento.

Assim, deixando o carro na Rua Dr. Albino Soares dos Reis, junto às alminhas da Terrenha e do novo viaduto sobre o troço da variante Feira-Arouca, descendo a estreita estrada designada de Rua do Souto, de norte para sul, logo ali no fundo se depara com o rio que cai uns metros num barroco fundo, descendo depois de sul para norte pelo lugar de Monte Calvo. No lado oposto da estrada é possível verificar que para além de um troço em regueirão que desce pela berma da Rua do Souto, há águas que vêm debaixo dos campos do lado nascente. Seguindo para cima com o tal regueirão na borda esquerda da estrada, correndo em parte em conduta de meia cana em cimento, um pouco mais a sul o curso inflecte para dentro dos campos e para nascente e logo depois acompanha um caminho. À frente, vê-se que há ali uma junção de águas, vindas do lado nascente acompanhando o caminho e ainda do lado sul num barroco que inflecte para sul. Neste cruzamento de águas, um pouco para norte e já dentro dos campo, há ali uma grande presa que parece colher a maior parte das águas da referida junção e segue para noroeste a descoberto, durante alguns metros na borda do campo, e depois continua já de forma aparentemente canalizada e que irá desembocar precisamente no ponto da Rua do Souto onde a atravessa.

Assim, seguindo o tal barroco para sul, logo depois existe ali um ponto onde está afixada uma chapa com a inscrição "Nascente Rio Ul". Ora na verdade, apesar da boa vontade de quem ali colocou a placa, não se pode considerar de todo como sendo aquele ponto a nascente do rio Ul, até porque ainda um pouco mais a sul, existe uma caixa onde no seu fundo se vê água canalizada pelo menos de duas direcções.

Ou seja e em resumo, o tal ponto assinalado, é apenas uma referência e nem sequer se refere ao ponto onde todas as águas se juntam para formar a partir dali o rio Ul. Faria mais sentido que a tal placa se localizasse junto á estrada que é atrevessada já que ali se juntam as águas vindas do lado sul e do lado nascente por debaixo dos campos. Será dessa confluência de águas vindas de vários pontos que se pode considerar como formado o rio que segue a partir dali bem definido.

Assim, do que é possível observar no local, e tal como acontece com muitos rios, grandes e pequenos, estes são o resultado de ajuntamento de águas vindas de vários pontos, e no caso do lado sul e nascente, da encosta do monte de S. Marcos e mesmo do lugar de S. Mamede onde ali existe uma fonte e que certamente as suas águas vão acabar por desembocar mais abaixo ao tal ponto de ajuntamento.

Seja como for, mesmo que com diferentes nascentes, é naquela zona de amplos campos agrícolas que se reunem as águas que vão dar origem ao rio Ul.