21 de agosto de 2023

Sem sangria e cabidelas

Com os melhores atletas da modalidade a rolar fora de portas e os batoteiros do costume apanhados e arrumados das sangrias e cabidelas, a nossa voltinha a Portugal em bicicleta ficou entregue aos estrangeiros que, mesmo que desconhecidos, triunfam facilmente. Um terceiro lugar no pódio, é pouco, mas é o que se arranja para os naturais lusitanos.

E custa a crer, pois quem, como eu, pedala por aí apenas para queimar calorias, vai vendo e percebe que são mais que muitos os investidos em campeões, daqueles que passam sem saudar, como se estivessem em pleno Giro ou Tour de França. Ah, campeões! Força!

Em suma, nesta modalidade temos de facto alguns, poucos, bons atletas, mas no geral é só bazófia e sem sangrias, cabidelas e pastilhitas, não vamos lá. Mesmo nas corriditas a brincar se aparecer alguém de surpresa a examinar o xixi, será uma miséria e os charlatões desmascarados e até o Strava se envergonhará.

O padre Eugénio Pinho e Guisande


Creio que todos em Guisande e arredores conhecem a ilustre figura, doutor e reverendo Pe. Eugénio de Oliveira e Pinho, actual pároco da paróquia e freguesia nossa vizinha, de S. Vicente de Louredo. Já poucos saberão, porém, da sua ligação à nossa freguesia de Guisande. De facto, este ilustre louredense é também guisandense, já que é filho de António Baptista de Pinho, que foi da Casa da Quintão, no lugar do Outeiro.

Assim, por parte do pai, é neto de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus (esta de S Tiago de Lobão). Por sua vez, o seu pai António era neto paterno de Manuel António de Pinho e Maria Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Caetano Cardoso e Maria Rosa da Mota.

António Baptista de Pinho, pai do Pe. Eugénio, nasceu em 18 de Março de 1877. Casou com Madalena Fontes de Oliveira, natural do Vale, em 6 de Agosto de 1937, por isso tardiamente, já com 60 anos. Faleceu em 7 de Fevereiro de 1950. A Madalena, a esposa deste António Baptista de Pinho, nasceu em 25 de Janeiro de 1901, por isso mais nova 24 anos que o marido. Era filha de António Francisco de Oliveira e de Ana Ferreira de Fontes, esta natural de Romariz. Era neta paterna de Domingos Francisco de Oliveira e de Rosa Maria de Oliveira e neta materna de Manuel Ferreira de Fontes e de Ana dos Santos. Faleceu em 29 de Maio de 1984, com 83 anos de idade, sobrevivendo ao marido por cerca de 34 anos.

António Baptista de Pinho teve vários e numerosos  irmãos (pesquisei 14) sendo que alguns faleceram pelo meio. Entre eles:

A Ermelinda  Baptista de Pinho, tia do Pe. Eugénio, que casou em 19 de Julho de 1898 com Manuel Inácio da Costa Silva Júnior (filho de Manuel Inácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus - esta de Romariz), da freguesia de Pigeiros, dando origem a uma das abastadas famílias, de que teve origem o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva que veio a casar em Guisande com D. Laurinda de Leite Resende, da casa do Sr. Moreira, do lugar da Igreja. As testemunhas desse casamento foram o o Pe. António Inácio da Costa e Silva (17-07-1864<>18-07-1938), então pároco de Pigeiros, irmão do noivo, e  António Baptista de Pinho (pai do Pe. Eugénio), irmão da noiva.

Ainda outra curiosidade, este Pe. António Inácio da Costa e Silva tinha outro irmão sacerdote, o Pe. José Inácio da Costa e Silva (21-06-1872<>12-03-1947), que chegou a ser pároco das freguesias de Fermedo e depois de Caldas de S. Jorge. Estes irmãos padres tinham como avôs paternos José Inácio da Costa e Silva e Ana Joaquina Henriques da Silva e avós maternos António José de Paiva e Ana Maria Henriques, de Romariz.

Deste casamento de Manuel Inácio da Costa e Silva Júnior com a  Ermelinda Baptista de Pinho, tia do Pe. Eugénio, também saiu um filho sacerdote, o Pe. António Inácio da Costa e Silva, nascido em Pigeiros em 6 de Junho de 1899. Rezou missa nova a 8 de Novembro de 1921. Esteve como vigário cooperador em Santo Ildefonso - Porto e depois de 4 de Julho de 1924 foi pároco na freguesia do Vale, Vila da Feira.

Este António, pai do Pe. Eugénio, casou com Madalena Fontes de Oliveira, natural do Vale, em 6 de Agosto de 1937, por isso tardiamente, já com 60 anos. Faleceu em 7 de Fevereiro de 1950. 

Para além das ligações pela parte do pai a Guisande e a Louredo, pela parte da mãe tem o Pe. Eugénio ligações familiares às freguesias do Vale e de Romariz. 

Por sua vez, a mãe do Pe. Eugénio, Madalena, nasceu em 25 de Janeiro de 1901, por isso mais nova 24 anos que o marido. Era filha de António Francisco de Oliveira e de Ana Ferreira de Fontes, esta natural de Romariz. Era neta paterna de Domingos Francisco de Oliveira e de Rosa Maria de Oliveira e neta materna de Manuel Ferreira de Fontes e de Ana dos Santos. Faleceu em 29 de Maio de 1984, com 83 anos de idade, sobrevivendo ao marido por cerca de 34 anos.

De referir ainda que, em termos familiares, o Pe. Eugénio Pinho é um de três irmãos, com o Custódio, já falecido e, ainda por cá, a Isabel, professora primária, que vive na freguesia do Vale.

Mais dados biográficos (*)

Quanto ao Pe. Eugénio, nasceu aos 17 de Agosto de 1939 (dia de S. Mamede), no lugar de Louredo, da freguesia de Louredo, concelho de Vila da Feira, onde residiam os pais.

Principiou a sua instrução na Escola Primária de Vila Seca, na freguesia de Louredo, de 1945 a 1949, sendo seu professor António Pereira da Silva Cabral, de Duas Igrejas -  Romariz, de quem recebeu, além dos conhecimentos académicos, uma personalidade e verticalidade que o marcou e tem orientado na vida. 

Quanto ao ensino secundário, em 1949, com 10 anos, ingressou no Seminário Diocesano de de Ermesinde, onde frequentou o 1° ano do Curso Secundário. Em 1950 transitou para o Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia, onde frequentou os 2° e 3° anos do Curso Secundário. Em 1953, transitou para o Seminário de Vilar,na cidade do Porto, onde fez os 4°, 5°, 6° e 7° anos. Em 1957 veio para o Seminário Maior de Teologia, junto à Sé do Porto, onde frequentou o Curso de Teologia, tendo-o terminado em 1961 com as mais elevadas classificações. 

Sacerdócio - Em 07 de Abril de 1962 recebeu a Ordenação Sacerdotal na Capela do então Paço Episcopal do Porto, hoje Casa da Torre da Marca, sendo Bispo ordenante D. Florentino de Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese do Porto, pelo facto de o Bispo Ordinário da Diocese, D. António Ferreira Gomes se encontrar no exílio, às ordens do Dr. António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros da República Portuguesa. 

De 1961 a 1963 exerceu as funções de Prefeito e Professor de Português e Latim no Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia. Estudos Superiores: - De 1963 a 1967 frequentou, em Roma, a Pontifícia Universidade Gregoriana, onde se licenciou em Direito Canónico, e a Academia Alfonsiana -  Instituto de Teologia Moral da Pontifícia Universidade Lateranense. 

Regressado a Portugal exerceu as funções de Superior Interno e Professor de Teologia, de 1967 a 1972, no Seminário Maior do Porto. De 1970 a 1972 frequentou a Faculdade de Direito da Uni-versidade de Coimbra, como aluno voluntário, tendo concluído a Licenciatura em Direito Civil em Julho de 1976. 

Outras actividades:

Em Novembro de 1976 iniciou funções de Juiz no Tribunal Eclesiástico do Porto. Em Outubro de 1977 assumiu funções de Professor Contratado de Teologia Moral no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas do Porto. Ao mesmo tempo exerceu actividade forense, como advogado, inscrito pela Comarca de Santa Maria da Feira, onde teve seu escritório, encontrando-se presentemente na situação de Reforma. 

Em Outubro de 1987 iniciou funções de docência da Cadeira de Ética Social, como Professor contratado da Faculdade de Teologia - Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa. Desde 1991 exerce funções de Defensor do Vínculo no Tribunal Eclesiástico do Porto e em 1999 foi nomeado Promotor da Justiça da Diocese do Porto. 

É Sócio fundador da Associação Portuguesa de Canonistas. 

Em 1991-92 frequentou, no Instituto de Defesa Nacional, o Curso de Defesa Nacional  e é Sócio n° 404/ CD. N92 da Associação dos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional. É Sócio n° 200 do Centro Social, Cultural e Recreativo de Louredo. 

Após o falecimento do Pe. Acácio de Freitas, em Setembro de 2014, foi  nomeado pároco da sua terra natal, encontrando-se até ao momento ao seu serviço, com amor e muita dedicação, apesar das limitações da sua já bonita idade (84 anos) que lhe permitiria a retirada de funções há já vários anos. 

Que Deus o conserve com todas as faculdades por muitos mais anos.


Uma curiosidade:

De acordo com o Pe. Acácio de Freitas, de cuja monografia sobre Louredo extraí a foto acima e alguns dos dados biográficos (*) sobre o Pe. Eugénio, o edifício da residência paroquial de Louredo, terá sido mandado construir por 1903, com as obras pagas pelo Sr. Custódio António de Pinho, avô do Pe. Eugénio, pois para além de um grande lavrador e proprietário de Guisande, também detinha muitas propriedades em Louredo, algumas delas, por herança, nos dias de hoje na posse do actual pároco de Louredo.

Este Custódio António de Pinho, da Casa da Quintão, no Outeiro, foi também, em diferentes tempos, um benemérito na sua freguesia de Guisande, pois custeou ou contribuiu para muitas obras na paróquia, sobretudo na igreja matriz e residência paroquial, que foi edificada por 1907.

Custódio António de Pinho, nasceu em 21 de Fevereiro de 1846, sendo filho de Manuel António de Pinho e de Maria Rosa. Era neto paterno de Manuel António de Pinho e de Josefa Francisca de Sá, do lugar de Vila Seca, freguesia de Louredo, e neto materno de António Fernandes e Maria Luisa, do lugar de Azevedo, freguesia de S. Jorge de Caldelas.

Foi padrinho deste Custódio, avô do Pe. Eugénio, o reverendo Pe. Rodrigo António Pereira do Vabo de Sá Coutinho, da vila de Barcelos. Como curiosidade, este sacerdote,  faleceu com 83 anos em 22/1/1880, na rua da Madalena, em Barcelos. Creio que a ligação ao baptizado se prende à família Sá da avó materna, de Vila Seca - Louredo.

20 de agosto de 2023

Por terras de Sever e do Gresso

 


Reunido no seu todo o habitual grupo, de novo rumamos neste Sábado a terras de Sever do Vouga, a descobrir os segredos profundos do rio Gresso, também por ali tratado por Branco. O início da caminhada poderia ser em qualquer outro ponto, mas no nosso caso foi ali à sombra da capela de S. Geraldo que começamos a subida que nos havia de levar até às cascatas desse curso de água e depois no ponto mais a norte do percurso inverter o trajecto mas ainda seguindo-o marginalmente.

O rio Gresso é um afluente da margem direita do rio Vouga, no qual desagua na albufeira de Ribeiradio, junto à aldeia dos Amiais. O seu vale é profundo e fortemente encaixado por entre penedias revestidas a musgo e à sombra de frondosos carvalhais. Esta não é de todo a melhor época do ano para ver o seu impetuoso caudal a esmagar-se naqueles penedos e formando clamorosas cascatas. Estamos no pico do Verão e as suas águas, que começam ali a norte pela encosta da serra do Arestal, entre as aldeias de Folhense e Linhares, são escassas e ainda por cima desviadas por levadas que outrora faziam girar as mós de mais de uma dezena de moinhos, mas que agora, entregues estes à ruína, deixam a água a correr viva para ainda regar sequiosos milheirais ali por aquelas encostas de Sanfins de Rocas do Vouga.

O percurso vale essencialmente pelos troços de subida ou descida do rio, em parte com pontes e estruturas de apoio e segurança, a que chamamos de passadiços, mas todo ele é uma descoberta de pormenores e recantos, incluindo pomares de mirtilos ali a oferecerem-se, que devem ser sempre tidos em conta nestas caminhadas de fruição da natureza.

Havemos, concerteza, de voltar, sobretudo para ver o Gresso a espumar-se de raiva com abundantes águas, que costuma ter por meses mais chuvosos.

O retempero do corpo e da alma foi em Couto de Esteves, onde o Júnior nos presenteou com um dos melhores cabritos e vitela, assados em forno a lenha, que o grupo já teve oportunidade de se deliciar. E, sem falsas modéstias, já temos um fantástico historial de bem comer em locais de eleição, por estas bandas ainda tão desconhecidas da nossa malta litoral. Como se não bastasse, tudo regado com espumante de garrafa de cu-largo, vinda de propósito das terras do Demo, cantadas na prosa de Aquilino.

Boa jornada, a fazer transpirar, mesmo que o sol estivesse envergonhado, mas sobretudo a deixar o desejo de que chegue o próximo Sábado onde, com jeitinho, rumaremos ao Caramulo porque há lá caminhos e paisagens a devorar e carvalhais a oferecerem sombras. E, quem sabe, uma visita ao Fernando e à Margarida a ver o que têm na panela e no forno que possa vir à mesa. Quem sabe...

De seguida alguns dos muitos olhares, mesmo que o raio da machina tenha ficado sem fôlego ainda antes do final. Coisas das tecnologias.