10 de setembro de 2023

Carreira de moinhos da Pena - Codal - Vale de Cambra

 

Um sítio muito interessante, no lugar da Pena, na freguesia de Codal, município de Vale de Cambra, um bom testemunho do esforço de adaptação dos nossos antepessados no aproveitamento da força motriz das águas para movimentarem os rodízios e estes as mós com que se moía o grão, sobretudo de milho.

Foi, pois, feliz o processo de requalificação do espaço e dos moinhos, num conjunto de cinco, um deles adaptado à confecção e cozedura do pão de milho. O espaço foi inaugurado em 20 de Maio de 2012.

Infelizmente, este é igualmente um bom (mau) exemplo de muitos investimentos similares, porque depois de cortada a fita da inauguração, o espaço cai no desmazelo e incúria e a falta de manutenção é notória, com a calçada já em degradação, bem como os postes da protecção lateral. É uma má imagem tanto para a Junta de Freguesia local como para o município pelo que neste aspecto só podem merecer nota negativa.

Também as margens da ribeira que alimentam por levada este conjunto ou carreira de moinhos, deveria ser limpa de vegetação em excesso.

À data da visita aproxima-se o final do verão pelo que a ribeira, que nasce a noroeste no monte da Senhora da Graça, tinha um caudal reduzido. Certamente que em tempos de inverno e com águas mais abuandantes o local terá outro impacto pois formam-se cascatas.

Será, pois, importante proceder ao arranjo dos elementos já degradados, que até constituiem perigo, e criar passagens junto às margens da ribeira para uma melhor experiência.

Um local e trecho muito bonitos mas a precisarem de cuidado e porventura de mais divulgação.
















Velho coreto

Ó, velho coreto, tão pequenino

Já não te enchem de filarmonias,

Na triste sina de ficares vazio.

A capela chora-te e toca o sino

Em mágua dos tristes teus dias

Num tempo em que finda o estio.


Tudo é grande neste tempo novo,

Nele a vã grandeza toda comanda,

Ditando as leis da nova festa;

Outros tempos, até modas e povo,

Porque não cabe em ti uma banda,

És ornamento. Mais nada te resta.


A. Almeida - 10092023

9 de setembro de 2023

Breves notícias - Passeio ao Bombarral e missa

Neste Sábado, 9 de Setembro de 2023, o Centro Social S. Mamede de Guisande realizou mais um passeio com sócios e não só. 

Foi um autocarro que partiu da Alameda da Igreja por volta das 07:00 da manhã rumo a Leiria e ao Bombarral onde ali se visitou o popular  Jardim Bacalhôa Buddha Eden, considerado o maior jardim oriental da Europa, ocupando cerca de 35 hectares da Quinta dos Loridos (uma propriedade vinícola no distrito de Leiria, Portugal). E apesar de ser conhecido pelas suas estátuas de budas (que lhe dão o nome), o recinto é composto por vários espaços verdes, com lagos ornamentais e esculturas curiosas.

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Neste mesmo Sábado, com o pároco Pe. António Jorge ainda em férias, o Pe. Amaro Ferreira, dos missionários da Boa Nova, de Cucujães - Oliveira de Azeméis, voltou a assegurar a celebração da missa das 17:30 horas. 

De referir que antes e depois da missa foi realizado o ofertório por alma de Vitor Manuel Pereira.

Mais rápidos que a sombra



Andamos na correria dos dias

Sem temperança, só em atavio,

Sedentos, gulosos, vaidosos,

Fanfarrões sem  humanidade.


Damos corda ao ego, a fantasias,

Bons praticantes do auto elogio,

Inflados, ocos e presunçosos,

Cheios, enfardados de vaidade.


Disparamos na sombra, no Facebook,

Onde um bronco Dalton já é doutor;

Bem mais rápidos que o Lucky Luke

Cavalgamos em pose rumo ao sol-pôr.


A. Almeida - 22072023

8 de setembro de 2023

Árvore bendita



No chão, uma semente esquecida, encoberta,

A terra, com rudeza, a envolve indiferente,

Mas a vida, nesse seio, se faz descoberta,

E nele irrompe a árvore em luta inclemente.


Ramo a ramo alevanta-se, rija, obstinada,

Numa leito de fraga da dureza da serra.

Depois é sombra e dádiva a troco de nada,

Onde os bichos encontram a paz da guerra.


Árvore bendita, que tudo em ti é festa,

Presença austera ou delicada, mas de fé;

És tu mesma, em solidão ou em floresta,

Vivendo generosa até à morte, em pé.


A.Almeida - 210302023

Figuras típicas e castiças e pouco ou nada

Há pelas nossas terras, sobretudo pelas pequenas aldeias, pessoas que pelas suas particularidades se tornaram de algum modo emblemáticas, castiças ou ditas típicas. Seja pelas características físicas e de idade, de linguagem, de profissão ou outras, certo é que adquiriram esse estatuto perante a comunidade, mesmo que em rigor nada fizessem por isso.

Ora nos tempos que correm, tão ligados à importância da imagem e do antes parecer que ser, temos a tendência de colocar essas pessoas num certo pedestal, que mais não seja a modos de exibição, e neste aspecto as redes sociais dão uma grande ajuda, senão toda.

Apesar disso, e dessas pessoas só por si representarem esse estatuto perante os seus concidadãos, nem sempre correspondem a uma valorização decorrente de um ponto de vista de qualidade de cidadania e intervenção cívica no próprio meio onde habitam e têm o seu espaço.

Não faltam, pois, por aí, figuras bem típicas e castiças, que se expostas nas redes sociais colhem uma catrefada de gostos, mas que em rigor nunca nada fizeram de concreto como acto de cidadania ou de participação em todos os momentos comunitários. Nunca fizeram parte dos movimentos políticos, de uma junta ou assembleia de freguesia; nunca integraram uma comissão de festas de arraial ou de igreja; jamais participaram num passeio ou num evento comunitário; nunca estiveram em grupos ligados à paróquia ou ao apoio social; também passaram ao lado das responsabilidades numa associação cultural ou clube desportivo; mesmo quando solicitados em peditórios e campanhas de angariação de verbas para os diversos fins da comunidade, não aparecem à porta ou se sim com as mãos vazias e ainda a soltar cães ou a pregar sermões.

Apesar de tudo, mesmo com todo este estatuto de nada fazerem nem mexerem uma palha a favor da comunidade onde se inserem, continuam a ser tidos como figuras importantes, singulares. Pelo contrário,  aqueles que em todos os momentos foram participando activamente, contribuindo e colaborando na vida comunitária, só porque não tão típicos ou castiços, porventura mais discretos nas suas acções, acabam tantas vezes esquecidos e pouco ou nada valorizados e até mesmo desconsiderados. Esta é uma situação que ocorre em muitas comunidades e mesmo aqui em Guisande temos exemplos concretos de ambas as situações, os típicos que nada fizeram e os que muito contribuiram mas desconsiderados.

Em resumo, devemos valorizar todos os nossos concidadãos, é certo, mas sempre na justa medida e dar mais apreço a quem de facto se destingue pelo que faz e não apenas pelo que parece ser, por mais típico que seja. Acima de tudo devemos, tanto quanto possível, ser justos já que nem sempre o somos e custa-nos a reconhecer os méritos de tantos só porque não são das nossas relações, do nosso clube, do nosso partido ou não vão connosco à bola.

Nesta como noutras situações, fica sempre bem "o seu a seu dono" ou mesmo "separar as águas".


[imagem: D´Évora com Amor]

7 de setembro de 2023

Sem sede


Sob o sol escaldante a terra ressequida

Geme, ou mesmo grita de não sei que dor,

Numa sede aflita, em desencontro da vida,

Como uma semente que não brotará flor.


A paisagem pinta-se em tons de chama,

Sem tintas do suave céu e da erva verde;

Triste sina esta a de um homem que ama,

Com uma fonte nos olhos mas já sem sede.


Quisera eu ter a garganta ressequida,

Os olhos secos, em cegueira constante,

Para te beber e ver mais doce e pura,

Numa sôfrega bebedeira consentida,

Possuir-te no leito suave como amante,

Numa fome estrangulada pela fartura.


A. Almeida - 02092023