16 de outubro de 2023

Diocese do Porto - I Encontro de Irmandades e Confrarias


Decorreu no Centro Pastoral de Alfena, Valongo, ontem, Domingo, dia 15 de outubro, o I Encontro de Irmandades e Confrarias da Diocese do Porto. Segundo as palavras do bispo do Porto na convocatória dirigida aos participantes, este encontro foi uma oportunidade para “nos conheceremos, nos formarmos e nos incentivarmos mutuamente a prosseguir este caminho belo da participação e responsabilização de algo que está muito no âmago da vida religiosa do nosso povo”, disse D. Manuel Linda.

Durante este evento foi proferida uma conferência sobre “A importância das Confrarias e das Irmandades na Pastoral” a cargo do padre Vítor Ramos, pároco de Rio Tinto, em Gondomar, que no âmbito dos seus estudos de direito canónico, na Universidade Pontifícia de Salamanca aprofundou este tema das Confrarias e Irmandades.

A Confraria e Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, centenária instituição da nossa paróquia de S. Mamede de Guisande (com quase 300 anos), fundada em 1733 pelo abade Manuel de Carvalho, sob a jurisdição dos Dominicanos, também se fez representar com os elementos e confrades Joaquim Santos, António Azevedo Conceição e António Mota.







15 de outubro de 2023

14 de outubro de 2023

Trail do Viso - 29 de Outubro de 2023

Conforme já por aqui anteriormente divulgado, o Guisande F.C. e a sua secção de trail running, com o apoio do município e da Junta de Freguesia, vai organizar uma prova de trail e caminhada, designada de Trail do Viso - Guisande.

Será no dia 29 de Outubro de 2023, no Monte do Viso, na parte da manhã.

De acordo com a organização, é um evento desportivo com duas vertentes, um trail com cariz competitivo (16 quilómetros) e uma caminhada (8 quilómetros) com cariz recreativo, que permitirão aos participantes partir da capela do Viso em Guisande e percorrer vários locais da freguesia.

Neste trail e caminhada podem participar atletas individuais ou atletas inscritos em qualquer associação do país, organizações populares ou escolas cuja inscrição tem um custo, atenuado com a contrapartida de oferta dos chamados kits que no caso engloba  uma tshirt, caneta, bloco de notas, medalha, abastecimento, seguro, etc.

Em rigor é uma prova de atletismo na variante de corta-mato, a que modernamente se prefere designar de trail, já que normalmente integra alguns elementos ditos mais técnicos. 

Nestes moldes modernos será a primeira vez em Guisande, sendo que provas de atletismo já tiveram lugar na nossa freguesia, não sendo por isso novidades, então organizadas pelo Centro Cultural e Recreativo "O Despertar", sobretudo na década de 1980, tendo sido realizadas pelo menos uma dúzia de provas, algumas delas com localização precisamente no Monte do Viso e a envolver várias centenas de atletas.

Na actualidade este tipo de provas, onde se paga para participar, como é o caso, que dizem ser lucrativas, são bastante populares e concorridas e quase todas as freguesias as promovem. É, pois, positivo que a nossa freguesia também tenha a sua, pois é uma forma de mostrar as suas potencialidades de paisagem e percursos e de incentivo à prática do desporto nesta modalidade de corrida.

Os pormenores e inscrições (ainda até 25 deste mês de Outubro) podem ser consultados e realizadas no endereço traildoviso.com.


Nota à margem e esclarecimento posterior:

Já depois de publicado o artigo acima, alguém me confidenciou que alguns termos contidos no artigo acima não terão caído bem no seio do grupo organizador do evento, nomeadamente a referência ao lucro.

Antes de mais, e por consideração aos elementos do grupo, sobretudo dos que tenho como amigos e melhor me conhecem, lendo e relendo não encontro objectivamente nada que em consciência veja como negativo para quem quer que seja. Reconheço que, para o bem e para o mal, tenho um sentido crítico muito pessoal no que escrevo, que pode não ser do agrado de todos, porque todos têm direito a opinião contrária, mas procuro sempre nunca desconsiderar ou ofender as pessoas, sobretudo as que tenho em boa conta.

A referência ao lucro foi meramente generalista e só por si não é negativa, pois a qualquer evento organizado espera-se que dê lucro ou pelo menos não prejuízos. Por exemplo, da nossa Festa do Viso espera-se trabalha-se para que dê lucro. Ora no caso deste evento, sabemos perfeitamente, nem foi preciso dizê-lo, que eventuais lucros serão para apoiar as actividades do grupo. Por isso por uma causa fundamentada e daí nada de censurável. Não vejo como o que escrevi pudesse colocar isso em causa.

Além do mais, sabemos todos, e sei eu por experiência própria, que o nosso envolvimento nestas causas colectivas e de cidadania em rigor só dão perda de tempo e prejuízo pessoal e não raras as vezes até ficamos com a fama e sem o proveito. Por conseguinte, ali no grupo do Guisande Trail há muito trabalho e dedicação, tantas vezes invisível, que naturalmente ficam sem qulquer compensação para além da satisfação pessoal.

Por outro lado, mesmo que não tenha dado foco ao trabalho e dedicação de alguns que têm tido, sobretudo na preparação dos trilhos florestais, porque informado, reconheço esse esforço, mesmo que o não publicite, nem é essa a questão. Quando nos metemos em qualquer causa e organização é normal que a ela nos dediquemos, sobretudo quando é algo de que gostamos e sem esperar por publicidade. Ninguém se mete em trabalhos por causas que não aprecia.

Por outro ainda, as referências às antigas provas de atletismo na nossa freguesia foram apenas contextuais e são factuais e a sua referência não reduz nem apouca em nada o mérito, diferença e até originalidade da que agora se propõe realizar. Apenas foi escrita para vincar que isto de provas de corridas em Guisande não é de facto novidade. Houve-as no passado e com centenas de participantes. Claro que dos mais novos ninguém se recorda delas (porque essencialmente nas décadas de 70 e 80) e daí a minha referência para quem tenha este próximo evento como novidade na freguesia. Quem se melindra por isto ser lembrado? A história existe para ser recordada e não esquecida.

Assim, e apesar de em consciência não ter tido qualquer intenção de apoucar ou desconsiderar a prova e os organizadores, gente que tenho em consideração e mesmo alguns como amigos, não me custa pedir aqui desculpa por eventualmente ter dado azo a qualquer má interpretação ou mal entendidos.

Finalmente, mesmo que nela não participe, como nunca participei em nenhumas outras, apenas por não ter espírito competitivo e por um princípio pessoal de que não quero pagar para correr e caminhar, seja em que lado for, a não ser por uma causa social que entenda como justificada e superior, desejo naturalmente o êxito do evento e que seja bem participado e que pelos melhores motivos tenha continuidade no futuro. 

E sim, parabéns aos organizadores e organização!

13 de outubro de 2023

O Ti Joaquim do Viso

A começar por mim, que já não sou propriamente novo, poucos o sabem, porque os que sim, ou são velhinhos e já com as memórias enferrujadas e se mesmo que disso se lembrem e o digam a alguém, poderão não ser levados a sério. Infelizmente na nossa sociedade que se vai desenvolvendo numa matriz egocêntrica, com gente nova, fresca e cheirosa, não há lugar para ter em conta os mais velhos, porque chatos, rabugentos e dependentes, sempre a precisarem de médico e de que os lembrem de tomar os medicamentos.

Mas dizia que, poucos o sabem, mas ainda quem sabe e se lembra, a começar pela minha mãe, com os ossos moídos mas ainda com boa memória, dizem que o meu avô paterno, o Ti Joaquim do Viso, era uma alma caridosa e amiga dos pobres e talvez por isso, de um vasto património que fazia da casa uma das mais abastadas na freguesia, teve que partilhar pelos filhos o que ainda tinha enquanto foi a tempo, para que cada um tomasse conta da sua parte e fizesse pela vida, porque ele velho, cansado e doente, atacado com o bronquite que o levaria, não podia nem queria ver a casa a decair.

Mas então ainda diz quem sabe, que todas as sextas-feiras naquela casa, bem por detrás da capela do Viso, era dia alegria porque se matava a fome aos jornaleiros que trabalhavam na casa, ainda aos pedintes que vinham mesmo de outras freguesias e ainda criançada do lugar e arredores, do Viso, Cimo de Vila e mesmo de Estôze, que de pobres e por serem tantos, passavam fome e privações nas suas casas.

Assim, todas as sextas-feiras, enquanto foi vivo, cozia-se uma grande fornada de pão e na larga lareira fazia-se um panelão de boa sopa, não apenas com água e couves como era normal, mas com substância, com gordura, alguma carne de porco e massa.

Era, pois, um banquete frugal mas generoso para toda aquele gente irmanada na pobreza e fome e que se dispunha à volta da larga mesa na ampla cozinha.

Diz a minha mãe, sua nora, e quem o conheceu, que se há céu e recompensa para quem faz o bem nesta terra, há muito que, desde que faleceu numa véspera de Natal de 1965, está na companhia dos santos.

Mas destas coisas e destas obras, mesmo que simples, não se faz história e por conseguinte daqui a mais alguns anos não há viva alma que ainda tenha isso presente.

Foi ainda padrinho de muita gente de Guisande, o que eu já desconfiava pois quando era criança por onde passasse interpelavam-me dizendo que eram ou tinham filhos  afilhados do meu avô. Então, achava estranho que fossem tantos.

Não o conheci, porque quando faleceu estava eu, com pouco mais que 3 anos, a começar o livro da vida e a registar as primeiras memórias mas sendo que há coisas feitas há uma dúzia de anos e já esquecidas, tenho ainda vincadas algumas imagens  relacionadas ao meu avô, como quando acabado de se levantar da cama, arrumava o brazido da lareira quente, como a fazer um ninho, e lá colocava um pão a aquecer.

Joaquim Gomes de Almeida, conhecido como Ti Joaquim do Viso, por ser do lugar do Viso, embora já no início do lugar de Cimo de Vila, na freguesia de Guisande, nasceu em 27 de Abril de 1885 e foi baptizado em  3 de Maio desse mesmo ano. Era filho de Raimundo Gomes de Almeida (meu bisavô), também do considerado lugar do Viso, Guisande, e de Delfina Gomes de Oliveira (minha bisavó), do lugar de Casal do Monte, freguesia de Romariz. Faleceu o meu avô em 23 de Dezembro de 1965.

O meu avô casou com 30 anos de idade, em 2 de Julho de 1916  com Maria da Luz, de 24 anos,  nascida em 18 de Novembro de 1890, sendo filha de José Joaquim Gomes de Almeida e de Maria da Conceição de Jesus, então moradores no lugar do Viso. Faleceu em 15 de Novembro de 1967 com 77 anos de idade. Tinha eu 5 anos pelo que tenho ainda algumas lembranças dela.

Tiveram 4 filhos e 4 filhas, sendo que uma faleceu menor. Destes um era o meu pai e o mais novo dos rapazes, o tio Neca, completou 100 anos de vida no passado Sábado. É ainda viva a tia Laurinda, já a passar dos 90.

Outros, na sua posição de proprietário e pessoa a saber escrever, a ler e a fazer contas, usaram da ignorância, das dificuldades e miséria de alguns para lhes retirar bens e terras e com isso crescer e aumentar patrimónios. Num tempo em que a generalidade das pessoas tinham como valores a honra a palavra e o trabalho, houve sempre alguém com poucos escrúpulos a usarem de estratagemas, manhas e artimanhas para deles abusarem. Meu avô, porêm, pertencia à casta dos que preferiam empobrecer do que subtrair o pouco a quem tinha nada. 

Fica aqui este simples registo para a posteridade de um homem bom, de bom samaritano em tempos agrestes e de vacas magras, que na sua bondade e bom coração ajudou a mitigar a fome a muitos. 

12 de outubro de 2023

Quanto mais te bato...

Quando alguém nos dá algo com uma mão, disso fazendo banzé e alarido, mas em simultâneo nos tira com a outra, mantendo-se quase mudo e calado, não será pessoa séria.

Ora é isto que está acontecer com o nosso Governo ao apregoar em todos os altifalantes uma descida nalguns escalões do IRS, tidos como relacionados à classe média, mas simultaneamente vai aumentar a carga fiscal com receitas no IVA, nos combustíveis, tabaco, bebidas e até no imposto de circulação dos carros dos mais pobres, os mais velhos, e estes têm-nos porque não têm condições para ter carro novo.

Em resumo, apesar de estar a distribuir uns chouriços o Estado espera receber dos portugueses alguns presuntos e daí até prever o tal aumento significativo de receita no que espera um novo excedente orçamental.

Neste contexto, este Governo, a começar pelo seu primeiro ministro, é falacioso e só não merece outra classificação por respeito às suas mãezinhas.

Mas, siga, que o povo gosta de ser enganado. Como cantava a Ana "Quanto mais te bato, mais tu gostas de mim". É assim que este Governo nos tem em conta.

Alma de poeta


Sim, sonho em ser um poeta eleito,

Artista a esculpir, a pintar boa rima,

A brotar, como fonte água, a poesia;

Mas, caio em mim, porque imperfeito,

Sem arte ou engenho, até sem estima,

Apenas pobre poeta que se penitencia.


O poeta não tem que escrever ou falar,

Sobre  o ponto ou contraponto da ideia,

Imaginar no sol a lua ou na noite o dia;

Não precisa da alma toda a transbordar,

Bastando, somente, que só meio cheia,

Mas nunca desistir por a ter meio vazia.

11 de outubro de 2023

Caminho


Quem no caminho vai ofegante

E não tem olhos para uma flor,

Singela, pobre, na borda dele,

Não é mais que um caminhante

Apressado, carregado em suor

Qual abelha a mourejar por mel.


Importa avançar, olhar adiante,

Mas no destino, seja qual for,

Haja a doçura não somente fel;

Uma flor nos olhos é calmante

Que suaviza a rudeza, o torpor

Do caminho mais duro e cruel.