20 de junho de 2025

O elevador continua a subir


Olho à minha volta e constato com uma simplicidade, natural mas quase cómica: há mais gente com menos idade do que eu do que o contrário. Não me causa espanto. É a vida a acontecer, como deve ser. Mas há uma sensação curiosa nisso, como se, sem grande alarde, eu tivesse atravessado uma porta que, antes, só imaginava abrir ou vislumbrava de longe, inalcançável, e que agora, como num salto do tempo, já transpús.

Pertenço, assim, com mérito e dom da vida, ao lote dos mais velhos, mesmo que ainda no limiar de um patamar mais alto a que muitos já acederam. Mas sem drama, ou nostalgia excessiva. Apenas uma constatação simples: o elevador da idade continua a subir, e eu vou dentro dele. Os botões dos andares ascendentes vão-se acendendo sozinhos, e de vez em quando espreito o espelho e penso: "Ainda sou o mesmo de há dez, vinte ou trinta anos atrás, só um pouco mais usado, como os velhos livros lidos e relidos."

Ser classificado como velho, idoso ou, mais semanticamente de "senior", tem um peso simbólico, real e curioso: É como receber uma farda invisível que muda a forma como nos olham na rua, nos locais públicos ou até na família. A diferença é que agora, entre muitas vantagens do amadurecimento, posso contar as coisas do meu tempo, de outros tempos, E eu lembro-me, sim. Recordo coisas que, mesmo bem contadas, os mais novos duvidam terem sido realidades.

Lembro-me de quando o telefone tocava e não se sabia quem era. De uma mensagem escrita que demorava dias, semanas a ser recebida e respondida. De quando as fotografias precisavam de tempo para nascer e nem sempre a cores. De quando os caminhos eram as estradas e estas apenas coisas de cidades grandes; a semana de trabalho era mais longa e curto o fim-de-semana. O traballho, de sol a sol, começava cedo e acabava tarde. As crianças íam à escola mas também ao campo e ao mato, a trabalhar, a ajudar a casa, os pais e os irmãos. Lembro-me da escuridão densa e do  silêncio das noites, dos sons da natureza, do respeito e veneração aos mais velhos, e de como os domingos tinham cheiro e sabor — o chocolate quente da manhã, a missa cantada, o terço rezado naquela lenta lengalenga, o cheiro a frango assado ao almoço, a tinta no jornal impresso, a tarde de animação na televisão de um canal e a preto-e-branco.

Já vi e ouvi coisas que o tempo se encarregou de apagar dos manuais, mas que guardo cá dentro com nitidez surpreendente. E isso dá-me uma certa vantagem. Não é uma corrida, claro, mas é reconfortante saber que, enquanto uns ainda estão a descobrir o mundo, eu já vivi várias versões dele.

Nem tudo foi bom, nem tudo foi simples. Mas tudo foi vivido e de forma tão diferente dos dias de hoje. E talvez seja isso que nos distingue: a consciência de que sobrevivemos a todos os anos que vivemos. Carregamos memórias como quem carrega mapas antigos, cadernos rabiscados, dobrados, gastos nas lombadas,  mas ainda úteis, com anotações válidas.

No fundo, ser mais velho é como estar num andar mais alto: a vista é melhor, mais ampla. E, mesmo que o corpo às vezes peça para descer, a cabeça continua a querer ir mais alto — por curiosidade, por teimosia, ou só por gosto de continuar a ver o mundo mudar.

O elevador continua a subir. E eu, com sorte, ainda vou assistir a muitos outros andares, a mudanças, mesmo que já sem surpresas porque há muito adivinhadas.

18 de junho de 2025

Visto de fora - O regresso da velha guarda

Consumados que estão os processos de desagregação da maior parte das uniões de freguesias do concelho de Santa Maria da Feira — mesmo que, em rigor, apenas a partir da tomada de posse dos futuros órgãos deliberativos e executivos de cada uma das novas (velhas) freguesias — os partidos políticos já estão no terreno para formalizar listas concorrentes às próximas eleições autárquicas, que deverão ter lugar no início do próximo mês de Outubro.

Sobretudo o PSD, mas também, aos poucos, o PS, têm divulgado publicamente alguns cabeças-de-lista às diferentes freguesias, sendo que outros, ainda não assumidos, têm sido apontados como sérios concorrentes.

Olhando apenas para a nossa vizinhança, em que de três uniões de freguesias desfeitas resultam nove freguesias (Lobão, Gião, Louredo, Guisande, Caldas de S. Jorge, Pigeiros, Canedo, Vale e Vila Maior), não deixa de ser curioso — e até merecedor de alguma reflexão — o facto de alguns dos candidatos, assumidos ou prestes a sê-lo, serem pessoas que já assumiram, no passado, responsabilidades autárquicas nessas mesmas freguesias, vários deles já em situação de reforma profissional, mas que, por motivos diversos ou mais ou menos comuns, regressam às lides eleitorais, propondo-se à escolha dos eleitores e a assumir responsabilidades, caso mereçam a sua confiança.

Assim, por Pigeiros, já está assumido que será o Eng.º António Cardoso a encabeçar a lista do Partido Socialista, gorada que foi a possibilidade de uma lista independente. Foi uma figura importante e activa no processo de reposição da freguesia de Pigeiros. Pelo PSD já foi divulgado o jovem Tiago Afonso.

Em Louredo, ainda não tive conhecimento de que a decisão seja já pública, mas fala-se que, pelo PSD, será Fernando Moreira, que já havia sido presidente da Junta dessa freguesia. Desconheço quem avançará pelo PS, numa freguesia marcadamente social democrata.

Pelo Vale, e pelo PSD, será o Fausto Sá, o qual esteve ligado ao movimento pela reposição da freguesia do Vale.

Por Lobão, é desconhecido o candidato pelo PSD. Pelo PS é mais que certo que será o actual presidente da União de Freguesias, David Neves que quererá aproveitar a experiência e a popularidade.

Por Gião, pelo PSD, outra velha guarda, com Manuel Oliveira Leite, já divulgado como cabeça de lista. Sem surpresa, porque tinha feito parte de um mandato sem história, perdeu as anteriores eleições como cabeça-de-lista pelo PSD à União de Freguesias, mas agora concorre numa freguesia que melhor conhece e melhor o conhece.

Ainda por Gião, pelo PS, vai-se dizendo que será a Vera Silva, uma forte candidata, que faz parte do actual executivo da União de Freguesias.. 

Cá por Guisande, a única solução que me levaria a equacionar tomar parte seria uma lista independente, com elementos do PS e do PSD. Transmiti isso ao Celestino Sacramento e ao Dr. Rui Giro, já que foram estes as principais figuras no processo de reposição da freguesia de Guisande. Mas, no fim de contas, não vi que houvesse, de qualquer dos lados, um sério interesse em avançar com essa solução. Face a isso, será Celestino Sacramento — que também já foi presidente da Junta — a encabeçar a lista do Partido Socialista, mesmo que ainda não o tenha divulgado publicamente.

Quanto à lista do PSD, mesmo que com palpites, desconheço de todo quem será o cabeça-de-lista.

Quanto aos motivos que levam estas figuras da velha guarda a avançarem para os processos eleitorais — que são sempre desgastantes —, bem como às responsabilidades durante o mandato, caso eleitos, parece-me que se justificam por duas razões principais: porque sentem a responsabilidade, e mesmo o dever, de ajudar as freguesias a retomarem o seu destino — já que a transição traz inevitáveis dificuldades, de resto esperadas —, mas também porque, da parte das novas gerações, o desinteresse é quase geral. Fazer parte de uma Junta de Freguesia, ou mesmo de uma Assembleia, assumir responsabilidades e estar sob escrutínio público, sujeito a críticas — faça-se o que se fizer, pagando-se por ter e não ter cão —, não é propriamente estar na festa, na farra e nos copos numa qualquer Corga da Moura.

Não surpreende, pois, que se assista nesta fase ao regresso da velha guarda, de alguns “senadores”. No geral, creio que será uma mais valia, pois podem transmitir conhecimento e experiência, o que é sempre importante. Em todo o caso, estou certo de que, mesmo assim, saberão rechear as diferentes listas com gente mais nova, interessada e capaz — o que não é fácil, sobretudo em Guisande. Mas, entrados no processo, há que seguir em frente, como quem diz, "descalçar a bota".

Votos de boas campanhas e bom trabalho, independentemente de quem venha a avançar e a assumir responsabilidades.

17 de junho de 2025

Visto de fora - António Cardoso avança por Pigeiros

 


Não sou amigo de peito do Eng.º António Cardoso, mas com uma amizade e respeito suficientes para conhecê-lo o bastante, e de há anos, para ter a certeza de que, independentemente do que em consciência e liberdade decidirem os pigeirenses  lá para Outubro próximo, no rescaldo de uma campanha eleitoral que promete ser positiva para a renascida freguesia, ele conhece e gosta como poucos da sua terra de Pigeiros, mesmo que até já tenha andado por Guisande a defender as suas redes. Coisas da bola e de outros tempos.

Sei que, pela idade e trajecto já percorrido em cidadania, como autarca e deputado, seria bem mais fácil e apetecível manter-se alheado destas lutas que, mesmo que decorram dentro do melhor espírito democrático e respeito mútuos pelas diferenças de visão para uma mesma terra e comunidade, são sempre desgastantes, mas também sei que não vira a cara à luta e terá sido nesse sentimento, espírito e quase dever, que aceitou o repto de concorrer ao cargo de presidente de Junta de Freguesia de Pigeiros, depois de uma infrutífera e penosa relação no contexto da União de Freguesias em que estava inserida com Caldas de S. Jorge.

Falo, pois, de fora, mas com a simpatia por Pigeiros e com uma imparcialidade não obrigatória mas de respeito pelas partes que vão estar em disputa, na certeza de que o António Cardoso será uma excelente opção. Tivesse Guisande gente dessa qualidade e com essa disponibilidade para defender os interessas da terra e sua gentes, na recuperação de uma dúzia de anos em que se andou como o caranguejo, de marcha atrás.

Sei, porque falamos sobre isso aqui há uns tempos, quando se começava a ver a luz ao fundo do túnel no processo sinuoso da desagregação, que também ele partilhava a mesma e minha opinião de que neste recomeço, seria vantajosa uma lista independente, a congregar gente de ambos os lados, numa forma de unir e não o contrário. Por motivos e contornos que desconheço e nem são da minha conta, as coisas não terão ido nesse sentido e devido a isso, temos assim o António Cardoso a encabeçar uma lista proposta pelo Partido Socialista, que certamente também terá gente jovem, a surgir como uma boa alternativa aos pigeirenses.

Pelo PSD, concorre o jovem Tiago Afonso, que conheço apenas circunstancialmente, mas de quem tenho referências também positivas quanto ao gosto e interesse que demonstra pela freguesia e suas gentes. 

Naturalmente que serão duas visões diferentes, até porque também de gerações, mas estou certo que ambos com Pigeiros e suas gentes como foco central. O resto será luta partidária e, o Cardoso, melhor que ninguém, sabe o que isso é, para o bem e para o mal. Portanto, parte prevenido.

Em suma, é uma luta que vou apenas ver da bancada, e que apenas os pigeirenses decidirão, mas fico satisfeito em ver que o António Cardoso diz presente à freguesia num momento importante depois da tão ansiada desagregação pela qual foi voz e figura activa.

Votos de boa campanha a ambas as partes, mas pela amizade que tenho para com o Eng.º António Cardoso, faço votos que o trabalho que o espera seja recompensado pelos pigeirenses, na certeza que serão sempre estes quem decidirão!

Comissão de Extinção da União de Freguesias - O meu balanço

 


Ao fim de quatro longas reuniões, terminaram os trabalhos da Comissão de Extinção da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, nas condições, competências e critérios definidos pela Lei n.º 25-A/2025, de 13 de Março, nomeadamente pelos artigos 6.º e 7.º.

Como balanço pessoal de membro desta Comissão de Extinção, e porque é coisa pública e que a todos e todas deve interessar, considero que, no geral, a distribuição do quadro de pessoal com vínculo à União de Freguesias, a partilha dos bens imobiliários, veículos, equipamentos, ferramentas e outros bens móveis de maior ou menor valor, bem como de outros aspectos de organização e gestão, como a individualização e independência do sistema informático, inerentes a uma adequada transição para as futuras freguesias resultantes da desagregação, ficou estabelecida de forma pragmática, dentro das propostas gerais apresentadas pelo presidente da Junta de Freguesia, Sr. David Neves, e que, no geral, com a excepção que à frente referirei, foi consensual na maioria das matérias que competiam decidir.

Porventura, a partilha não seguiu outros critérios possíveis, como os da proporcionalidade entre número de eleitores e territórios, previstos pela alínea a) do art.º 7.º da referida Lei, os quais, embora tendo, de logo de início, sido por mim suscitados, não chegaram a ser formalmente discutidos e definidos como base para todo o processo, mas apenas como critério para a distribuição do eventual saldo positivo que se venha a verificar no final do exercício do actual mandato. Tivesse a Comissão seguido estritamente esse caminho, para além do apuramento rigoroso do número de eleitores e das áreas geográficas reais, importaria também estabelecer critérios para determinar o peso de cada um dos factores, o que não seria de determinação linear, tendo em conta apenas os números, mas de outros factores considerados importantes como a extensão e natureza das redes viárias, espaços públicos, equipamentos públicos, infra-estruturas, etc.

Exceptuando a partilha dos bens imóveis, prédios rústicos ou urbanos, que não ofereceu qualquer dificuldade à Comissão, por estarem, por natureza, já integrados nas respectivas áreas geográficas de cada freguesia, efectivamente todos os demais bens repartíveis poderiam ser partilhados em função do potencial valor comercial que lhes fossem atribuídos. Todavia, o curto prazo entre a data da nomeação e tomada de posse da Comissão de Extinção, que ocorreu em 10 de Abril de 2025, com a primeira reunião realizada apenas em 19 de Maio, e a data fixada por lei para aprovação dos mapas finais de transferência de bens móveis e imóveis, de universalidades, direitos e obrigações e de trabalhadores para cada freguesia a repor, 15 de Junho de 2025, mostrava-se francamente insuficiente para levar a cabo uma avaliação exaustiva, pura e dura. Para tal, teria que se consultar o mercado, eventualmente de forma dupla, e estabelecer o potencial valor de mercado ou comercial de cada um dos itens a partilhar. Por outro lado, mesmo a consulta e confirmação atenta de cada um dos artigos constantes nos inventários fornecidos pela Junta seria, só por si, uma tarefa não impossível mas demorada de concretizar.

Na consideração do que previa a alínea e) do art.º 7.º da Lei n.º 25-A/2025, de 13 de Março, poderiam também ter sido adoptados outros critérios que a Comissão de Extinção, fundamentadamente, entendesse considerar. A meu ver, para além do apuramento dos valores dos bens, poderia fazê-lo no sentido de procurar uma partilha justa e proporcional, contabilizando todos os investimentos em obras e melhoramentos e apoios directos a cada uma das quatro freguesias, ocorridos durante os anteriores mandatos e o actual até à data. Seria possível, porque, por princípio, tudo está documentado, mas seria igualmente uma tarefa com alguma complexidade, porventura com factores subjectivos e susceptíveis de diferentes pontos de vista de análise, por isso pouco prática e, sobretudo, morosa. Neste aspecto, face ao curto prazo com que se deparava a Comissão, tal critério não foi adoptado, mesmo que daí, a jusante e já fora do âmbito da Comissão de Extinção, possam naturalmente suscitar-se diferentes pontos de vista mas que já não importarão ao processo.

Por conseguinte, face a todas as limitações de prazo e de praticabilidade de apuramento de valores, considero que a forma pragmática proposta desde o início pelo Sr. Presidente da Junta foi a que melhor se adequou ao processo, aos objectivos da Comissão de Extinção e, reitera-se, sobretudo devido ao escasso tempo de decisão. Para além disso, no geral, e mesmo com algumas discussões, por vezes laterais e até descontextualizadas ao aobjectivo e competências da Comissão, concordou-se com o princípio definido pela alínea d) da Lei, que expressa a alocação à freguesia reposta dos bens, direitos e obrigações que se encontravam na esfera da freguesia extinta, através da Lei n.º 11-A/2013, de 28 de Janeiro.

Quanto à questão da eventual divisão de dinheiros da Junta, considerou-se que fugia da competência desta Comissão, uma vez que o mandato da actual União de Freguesias termina apenas com a tomada de posse dos futuros órgãos das quatro freguesias e, por conseguinte, com um Plano de Actividades em curso e cingido ao orçamento respectivo. Ou seja, nesta fase, não será possível determinar se, no final do mandato, de acordo com o grau de execução do Plano, haverá ou não saldo a distribuir e qual o seu montante. Quanto a este aspecto, como já o referi acima, considerou-se, e bem, apenas estabelecer critérios de divisão, constantes em acta, caso tal venha a acontecer e depois de saldados todos os compromissos e obrigações da União de Freguesias, nomeadamente no cumprimento das despesas correntes e encargos com pessoal. Para tal, e de forma mais directa e tangível, acordou-se o critério de número de eleitores inscritos em cada freguesia, já que a considerar as populações teria que se recuar aos Censos de 2011 uma vez que os de 2021 considera a população como um todo da União.

Em resumo, pela parte que me cabe enquanto membro desta Comissão de Extinção, considero que a partilha, se não a ideal nem rigorosamente justa e proporcional, foi a possível, pragmática e num equilíbrio relativamente consensual, bem como ajustada às várias condicionantes e também o facto de a Lei n.º 25-A/2025, de 13 de Março, ser muito sintética e até vaga, o que não ajudou ao processo nem ao entendimento de alguns aspectos inerentes. Poderia, de facto, a Lei, ser mais detalhada, prevendo e dando resposta a todos os aspectos susceptíveis de serem colocados num processo de partilha, com respostas a algumas particularidades, nomeadamente na definição de alguns assuntos burocráticos e financeiros que importarão às futuras quatro freguesias logo no dia seguinte à tomada de posse dos respectivos órgãos executivo e deliberativo.

Para além do resultado no seu todo, o que a mim e aos demais colegas da Comissão pareceu o possível, só lamento que a proposta inicial apresentada pelo Sr. presidente da Junta quanto à distribuição dos veículos, no caso, de duas carrinhas entre Louredo e Guisande, acabasse por gerar oposição de alguns elementos e viesse mesmo a ser contrariada. Por conseguinte, infelizmente, até à reunião final, foi o único ponto onde não houve consenso geral. A minha presunção inicial de haver no processo a possibilidade de algum sentido de solidariedade entre as partes, caíu por terra.

Sem sobressaltos ou atitudes intempestivas, como a de alguém que, infelizmente, sem razões compreensíveis, acabou por abandonar os trabalhos na última reunião, por se mostrar contra a partilha de um veículo e da votação inerente, quando pelo seu papel de representatividade partidária no contexto de todas as freguesias, se lhe exigiria mais contenção e diplomacia, Pelo contrário, Guisande, numa demonstração de bom senso e de pacificação, acabou, ainda que resignado, por aceitar, mesmo sem votação, a proposta menos favorável, mesmo que com o sentimento de sair a perder. 

No meu entendimento sai a perder porque, como já o escrevi há tempos, Guisande antes da União de Freguesias, estava com orçamentos anuais na casa dos 150 mil euros, ou seja,  600 mil euros por mandato. Em 3 mandados, 12 anos, é legítimo considerar 1 milhão e 800 mil euros em orçamentos, mesmo sem contar com o natural aumento anual e com a majoração das verbas do Estado que ocorreu no primeiro ano do primeiro mandato. Por alto, considerando, por absurdo, o gasto de metade desse valor em despesas correntes e das insuficientes limpezas dos espaços públicos, e até mesmo a liquidação dos cerca de 150 mil euros de dívidas com que a freguesia entrou na União, pergunta-se, onde, como e quando foi aplicado o remanescente? Quem tiver tempo e queira fazer as contas, que as faça, sobretudo os cépticos e contrários à desagregação. Que sejam esses a fazer contas. 

Para além da liberdade deste meu pensamento, que admito possa ser sujeito a contraditório quanto a essa visão sobre as contas, fico com a convicção de que em 12 anos Guisande nada ganhou, para além do muito que perdeu em aspectos tão importantes como a proximidade dos eleitos aos eleitores, e que a curto prazo, se não já no próximo, seguramente nos futuros mandatos, a freguesia e a sua população sairão a ganhar, porque na certeza de que cada euro do orçamento será aplicado e gerido em Guisande onde e melhor convier, sem serem outros a decidirem por nós.

No geral, mesmo que desalinhado com algumas das opções de gestão da actual Junta, não obstante, no que se refere à sua postura neste processo de partilha e do que estava em causa dividir, só tenho a dar nota positiva ao Sr. presidente da Junta, que procurou ter sempre uma postura de entendimento e procura de consensos. Pessoalmente lamento, apenas, que a sua proposta inicial quanto à divisão dos veículos, e no que tinha proposto para Guisande, não tenha sido respeitada e merecido concordância por algumas das partes. Tivesse havido esse respeito e compreensão e dentro dos vários condicionalismos, poder-se-ía dizer que a partilha tinha sido, senão exemplar, pelo menos adequada e até com uma componente solidária. Da Comissão, creio que não se pode dizer que neste processo Guisande foi obstáculo ou a exigir mais do que o merecido ou justo. 

Agora, dado este passo, o processo seguirá. Entretanto os mapas da partilha aprovados por esta Comissão, serão ratificados em Assembleia de Freguesia, marcada para o dia 24 de Junho, pelas 21:00 horas, no polo da sede da Junta em Louredo. Serão, também, nessa sessão, empossadas as comissões instaladoras às quais competirá preparar os actos elitorais e determinar as sedes das juntas..

Pessoalmente, e preferia, sinceramente, não ter tido esta tarefa, mas que uma vez assumida procurei corresponder, apenas, repito, saio triste pela particularidade acima referida,  mas que apenas confirma as minhas baixas expectivas e a prova provada de que esta, na realidade, nunca foi uma verdadeira União de Freguesias. Porventura não tanto pelas pessoas, mas pelas particularidades de cada freguesia, circunstâncias e premissas subjacentes à criação da União, que já nasceram tortas e ao arrepido da vontade das populações.

Encerrado que fica este capítulo, importa, agora, andar para a frente por nossa conta e responsabilidade, sendo que até às eleições e tomada de posse dos novos órgãos da Assembleia e Junta, ainda há caminho a percorrer, nomeadamente na formação de listas concorrentes, de que, em contexto partidário não farei parte, desejando, contudo, votos de bom trabalho a quem venha a tomar essas responsabilidades.

16 de junho de 2025

Nota de Falecimento - Mário Ferreira de Pinho

 


Faleceu Mário Ferreira de Pinho, de 80 anos, nascido em 24 de Maio de 1945.

Natural de Guisande, vivia em Arrifana - Santa Maria da Feira.

O funeral será em Guisande, amanhã, Terça-feira, 17 de Junho de 2025 pelas 11:00 horas, indo no final a sepultar no cemitério local.

Filho de Miguel de Pinho e de Etelvina Maria Ferreira, que viveram junto à ponte da Lavandeira ao fundo do lugar do Viso, no Monte do Castanheiro. Teve outros irmãos, como um com o seu próprio nome, ainda o José, que casou em Fiães, e o Custódio, que casou em Caldas de S. Jorge. Dos familiares de Guisande, entre outros é sobrinho do José de Pinho e por isso primo do Ramiro de Pinho, que vive em Gião, pai da Marisa Pinho.

Sentidos sentimentos aos familiares. Paz à sua alma!

Jubileu Diocesano da Família - 15 de Junho de 2025 - Gondomar

 


O Multiusos de Gondomar foi palco, neste fim de semana, de duas grandes celebrações promovidas pela Diocese do Porto, que convidaram à comunhão, à solidariedade e à valorização da vida familiar e comunitária. A Peregrinação Jubilar dos Frágeis e do Mundo da Saúde teve lugar no sábado, 14 de Junho, enquanto o Jubileu Diocesano da Família se realizou no domingo, 15 de Junho.

A primeira celebração, dedicada às pessoas em situação de fragilidade e aos profissionais de saúde, teve início com o acolhimento dos participantes, seguindo-se a celebração penitencial e um período de confissões individuais. O ponto alto foi a Eucaristia, momento de conforto espiritual e forte vivência comunitária.

No domingo, as atenções centraram-se nas famílias. O Jubileu Diocesano da Família começou pelas 10h00, com um piquenique partilhado e momentos de animação de rua dinamizados pelas diversas vigararias da diocese. A Eucaristia final, celebrada às 15h30, incluiu uma homenagem simbólica aos casais a assinalar 10, 25, 50 e 60 anos de matrimónio, num gesto que reuniu, como habitualmente, cerca de 4000 pessoas. Cada casal jubilado recebeu um diploma alusivo à data, assinado pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, como sinal de reconhecimento e gratidão pelo testemunho de vida conjugal.

Em nota enviada à Agência ECCLESIA, a Diocese do Porto destacou que estes encontros tiveram como objectivo reforçar os valores da fé, da família e da união, constituindo um contributo relevante para a edificação de uma comunidade mais solidária e espiritual.

Da paróquia de Guisande, apesar da pouca aderência dos casais elegíveis e convidados, estiveram representados 3 casais, um com 60 anos, Arménio Costa e Conceição Santos, e dois com 25 anos, Alcino Pinto e Marisa Pinho e Filipe Santos e Paula Cristina Gomes de Freitas.

Para o próximo ano o evento diocesano está marcada para Penafiel.










13 de junho de 2025

23.º Encontro da Família Gonçalves - Guisande

 


Será já amanhã,  Sábado, 14 de Junho de 2025, que se realizará o 23.º encontro de um dos ramos da família Gonçalves, de Guisande.

Terá lugar no Parque de Lazer da Várzea - Pigeiros.

Desde 2001, com paragens em 2020 e 2021 devido à pandemia da Covid 19, que este encontro reúne uma boa parte da família. Já se realizaram em Guisande, no Monte do Viso, no Santo Ovídio, na Várzea - Pigeiros, em Ovar, Espinho, Famalicão, Coimbra e outros mais locais por onde a família está ramificada.

O ramo familiar em causa, remonta ao casal José Custódio Gonçalves e Rosa Maria de Jesus e depois aos descendentes dos seus filhos, nomeadamente os que casaram, António Custódio Gonçalves que foi casado com Delfina Gomes da Silva, Américo Custódio Gonçalves, que foi casado com Bebiana Pinto, Maria Custódio Gonçalves, que foi casada com Eduardo Vidal, Rosária Custodio Gonçalves, que foi casada com Joaquim Caetano dos Santos, e Manuel Custódio Gonçalves, que foi casado com Bernardina Jesus da Conceição. 

Ainda outros filhos que não casaram ou faleceram menores: Tomázia, Rosa Custódio Gonçalves, Justina Gomes da Silva, Rosária Custodio Gonçalves (1ª de nome).

Outros ramos há, nomeadamente do irmão do José Custódio Gonçlaves, o António Custódio Gonçalves, que casou com Joaquina Maria de Jesus (curiosamente irmã da esposa do José Custódio Gonçalves, por isso dois irmãos casados com duas irmãs) e tiveram vários filhos pelo lugar de Estôze, nomeadamente o Tomáz Custódio Gonçalves, a Filomena, o Delfim e o José. Todavia, que se saiba, este ramo, também numeroso de descendentes, não tem feito parte deste encontro familiar.

Sendo que esta família Gonçalves tem origens no lugar de Estôze aqui em Guisande, em rigor as origens antecedentes são de Duas Igrejas, então freguesia, e actualmente um lugar da Freguesia de Romariz.

De facto, o José Custódio Gonçalves era filho de Custódio Gonçalves, natural de Duas Igrejas e de Maria Rosa de Jesus, do lugar de Estôze - Guisande. A mãe desta Maria Rosa de Jesus era Tomázia de Jesus e o pai era o António Francisco Palheiro, também ele de Duas Igrejas. Daí, a alcunha com que ainda são conhecidos alguns destes Gonçalves, como os do "Palheiro".