22 de maio de 2017
Historiando - Padre Manuel de Carvalho
8 de agosto de 2022
Presidentes de Câmara, ou equiparáveis, de Vila da Feira - Santa Maria da Feira
1800 - Sebastião Pitta de Castro
1811 - José Bernardo Henrique de Faria (Juiz de Fora)
1829 - José Apolinário da Costa Neves
1883 - Bernardino Maciel Rebelo de Lima (Juíz de Fora interino)
1833 - Francisco Monteiro Mourão Guedes de Carvalho (Juiz de Fora)
1834 - João José Teixeira Guimarães (Comissão Municipal)
1836 - Pedro José Correa Ribeiro
1837 - Manuel de Lima Ferraz da Silva
1838 - Manuel de Lima Ferraz da Silva
1841-1842 - Bernardo José Correa de Sá
1845-1846 - Francisco Correa de Pinho de Almeida Lima
1846 - António Fernandes Alves Fortuna (Juíz da Comarca)
1846 - António Soares Barbosa da Cunha
1847-1848 - Joaquim Vaz de Oliveira Júnior
1847 - Bernardo José Correa de Sá
1848-1851 - Bernardo José Correa de Sá
1852 - 1854 - Bernardo José Correa de Sá
1854-1855 - José António Varela Falcão Souto Maior
1856-1857 - João Nunes Cardoso
1858-1859 - Miguel Augusto Pinto de Menezes
1860-1861 - Fausto da Veiga Campos
1862-1863 - José Bonifácio do Carmo Soares
1866-1867 - Domigos José Godinho
1868-1869 - José António Varela Falcão Souto Maior
1870-1871 - Domigos José Godinho
1876-1877 - Manuel Augusto Correa Bandeira
1880-1881 - Manuel Pinto de Almeida
1882-1883 - António de Castro Pereira Corte Real
1884-1885 - António de Castro Pereira Corte Real
1888 - Roberto Alves (Presidente da Câmara)
1890 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)
1893-1897 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)
1897 - Pe. Manuel de Oliveira Costa
1899 - Pe. Manuel de Oliveira Costa (Comissão Administrativa)
1899-1901 - Pe. Manuel de Oliveira Costa
1905 - João Pereira de Magalhães
1907 - João Pereira de Magalhães
1908 - Eduardo Vaz de Oliveira (Comissão Administrativa)
1911 - António Ferreira Pinto da Mota (Comissão Administrativa)
1912 - Elísio Pinto de Almeida e Castro (Comissão Administrativa)
1914 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)
1915 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)
1915 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)
1917 - Crispim Teixeira Borges de Castro
1918-1919 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)
1919 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Administrativa)
1923-1925 -Saúl Eduardo Ribeiro Valente
1926 - José António Teixeira Saavedra
1926-1933 - Crispim Teixeira Borges de Castro
1933-1937 - Gaspar Alves Moreira
1934-1937 - Presidente da Comissão Administrativa: Gaspar Alves Moreira.
1937-1939 - António Soares de Albergaria (Conselho Municipal)
1937-1945 - Roberto Vaz de Oliveira
1945-1959 - Domingos Caetano de Sousa
1959-1971 - Domingos da Silva Coelho
1971-1974 - Alcides Branco de Carvalho
1974-1976 - Arnaldo dos Santos Coelho (Comissão Administrativa)
1976-1982 - Aurélio Gonçalves Pinheiro
1982-1985 - Joaquim Dias Carvalho
1985-2013 - Alfredo de Oliveira Henriques
2013-2017 - Emídio Joaquim Ferreira dos Santos Sousa
12 de maio de 2017
Historiando – Lista de párocos em S. Mamede de Guisande
Domingos Esteves, foi apresentado pela Abadessa de Rio Tinto e confirmado pelo bispo D. Vicente em 1295.
Martim Annes, falecido em 13 de Fevereiro de 1503.
Artur Gonçalo Annes, bacharel formado, foi confirmado pároco, em 12 de Janeiro de 1504.
João de Araújo permutou com o antecedente, em 28 de Junho de 1505. Estes três párocos são do tempo do bispo D. Diogo de Sousa.
Rodrigo Afonso, cónego da Sé do Porto, permutou com o anterior, em 1 de Fevereiro de 1510.
João Alves Pais, cónego arcediago da Sé do Porto, foi confirmado pároco, em 27 de Junho de 1530.
João Martins foi confirmado, em 12 de Junho de 1533, depois da renúncia do antecessor.
João Alves Pais voltou novamente a ser pároco de Guisande, em 31 de Agosto de 1534 e viveu, pelo menos, até 1541. Aparece também como cónego da Colegiada de Cedofeita.
Afonso Correia.
Manuel de Sá, arcediago da Sé do Porto, foi nomeado pároco, em 3 de Junho de 1555 e faleceu em 1561.
João Campelo, entre 1562 e 1570, foi apresentado pela Abadessa do mosteiro de S. Bento da Avé Maria, mas o bispo D. Rodrigo Pinheiro não o aceitou como pároco de Guisande, nem lhe conferiu a instituição canónica. A Abadessa apelou para a Relação de Braga, que lhe foi favorável. O tribunal bracarense julgou in solidum a favor do mosteiro, isto é, que a este pertencia sempre a apresentação, sem alternativa episcopal ou romana. No Arquivo do Cabido há referências a uma casa deixada pelo cónego João Campelo, em 1569, como consta do livro das Sentenças com o n.º 766. Deve ser o pároco de Guisande.
Manuel de Seabra, que renunciou a favor do seguinte.
Gaspar de Figueiroa, foi confirmado em Setembro de 1572, e recebeu a instituição canónica na mesma data. Estava vaga a diocese pelo falecimento de D. Rodrigo e ainda era viva D. Maria de Melo, que foi a primeira Abadessa de S. Bento da Avé Maria.
Dr. João Diogo Carrilho de Mendonça, foi colado em 1 de Setembro de 1595. Renunciou a favor do seguinte.
António de Castro, foi colado em 6 de Junho de 1600.
Manuel Caldeira de Miranda, recebeu o benefício de Guisande em 1630, pela renúncia de António de Castro.
Vicente Carneiro Diniz, foi pároco de Guisande pela renúncia do seu antecessor, em 1635.
Marcos de Meireles Freire, era natural de Gandra, no concelho de Paredes, e pertencia à ilustre e antiga família dos Moreiras, da casa de Sousa. Formado pela Universidade de Coimbra, foi também comissário do Santo Ofício e visitador das comarcas do bispado, segundo informações transmitidas pelo rev. Francisco Moreira das Neves, de Gandra, recolhidas num manuscrito de 1730, de que é autor António Henriques Moreira da Cunha. Do arquivo de S. Bento consta que, em 1672, apareceu na residência de Guisande o Juiz das Sentenças do Cabido e o procurador do mosteiro da Avé Maria, exigindo a Marcos de Meireles Freire o título ou documento da sua apresentação. Respondeu que tinha sido nomeado e apresentado pelo Cabido, “sede vacante”, em virtude das Bulas Apostólicas de Inocêncio X, em 1650. Defendeu a apresentação, mas reconheceu sempre o censo devido a S. Bento. O procurador mandou tomar termo de protesto, alegando que Guisande era de apresentação in solidum do mosteiro de S. Bento e o Juiz mandou tomar conhecimento e seguir, como consta do livro 268 do arquivo de Rio Tinto. De Guisande foi transferido para S. Mamede de Coronado, havendo divergências entre as religiosas de S. Bento e o bispo D. Fernando Correia de Lacerda. Marcos de Meireles deixou o legado de uma missa quotidiana à misericórdia de Arrifana do Sousa (Penafiel), em cuja igreja foi sepultado.
Manuel de Oliveira, era pároco em 1682.
Joaquim José de Sousa, em 1685 paroquiava Guisande.
João Sequeira (ou Cerqueira) de Sousa, faleceu como pároco, em 28 de Setembro de 1693. Nos assentos paroquiais é poupado nos dados e com uma caligrafia de difícil leitura. Exemplo na imagem abaixo.
Gonçalo da Silva, substituiu o anterior e o seguinte.
Valério Alves Pereira, natural da freguesia da Sé do Porto e residente em Campanhã, estudante, requereu habilitação de genere, em 23 de Dezembro de 1693, alegando que todos os seus ascendentes eram limpos de sangue, cristãos-velhos, sem raça de raça infecta, habilitação que foi executada, em 26 de Janeiro de 1694. Tomou menores e, logo a 11 de Fevereiro, foi nomeado pároco de Guisande. Em 6 de Março, foi examinado em latim e casos de consciência perante um júri de dois jesuítas e dois carmelitas, sendo aprovado. Recebeu ordens sacras, em datas não apuradas. O pároco Valério era da família Pantaleão Perestrelo, de Campanhã. Por este motivo e outro é que foi nomeado pároco da freguesia de Guisande, sempre muito apetecida e cobiçada até à lei da separação, embora fosse pequeno o número de almas para salvar!! Tinha bons campos, tapadas, juros de inscrições e ainda côngrua.
Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. No livro de assentos paroquiais existe uma nota por ele lavrada em que declara que tomou posse num Domingo, 2 de Março de 1710.
Dr. Manuel Rodrigues da Silva: Pelo Arquivo de S. Bento, a resignação a favor deste foi em 1746, mas no registo o seu nome aparece só em 1750. Natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, formado em cânones pela Universidade de Coimbra, dele escreveu o visitador de 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja. Advogou no Porto e o faz ainda hoje”. A torre da igreja que é sólida, foi construída em 1764, por iniciativa deste reverendo pároco. A freguesia foi visitada, em 15 de Maio de 1754, por D. João da Silva Ferreira, bispo de Tânger. Por morte deste pároco, em 12 de Abril de 1790, surgiu a terceira e a maior das questões entre a Abadessa de S. Bento da Avé Maria e o bispo D. João Rafael de Mendonça.
Bernardo António Pereira de Andrade e José António de Azevedo, foram encarregados da paroquialidade até ao fim da questão referida.
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António Gomes Soares Teixeira da Silva: Egresso da extinta ordem de S. João Evangelista de Vilar de Frades, foi apresentado por decreto de D. Maria II, em 31 de Agosto de 1852 e colado, em 13 de Outubro do mesmo ano. Era natural de Fajões e foi ordenado, em Braga, em 1 de Maio de 1825. Faleceu a 12 de Agosto de 1858, sendo nomeado encomendado o Pe. José Ferreira Coelho, de Guisande.
Manuel Ferreira Pinto, natural de Santiago de Lobão. Terá nascido por 1825. Era filho de Manuel Ferreira Borralho e de Maria de Jesus Pinto, esta de Canedo.
1853-54—2.° ano de Direito
1854-55—3.° ano de Direito e Grego, como consta dos anuários da Universidade. Foi condiscípulo de D. António Aires de Gouveia, mas não concluiu a formatura. Por decreto de D. Pedro V, em 25 de Janeiro de 1859,foi apresentado pároco e colado em 9 de Abril do mesmo ano. Faleceu a 19 de Agosto de 1875 com 50 anos de idade e foi sepultado no adro da igreja de Guisande. Foi pregador de nome.
Domingos Alves de Oliveira, natural do Vale, foi encomendado por morte do anterior.
António Domingues da Conceição, natural de Caldas de S. Jorge, ordenou-se em 21 de Setembro de 1850 e foi colado, em Guisande, a 21 de Dezembro de 1877. Gravemente enfermo, retirou para S. Jorge, em 1904, e faleceu em 19 de Novembro de 1906.
José Leite de Resende, foi nomeado encomendado em 15 de Abril de 1904, por motivo da retirada do anterior.
António José Henriques Coutinho, nasceu nu lugar de Aldeia, freguesia de Pigeiros, a 17 de Setembro de 1878, filho de Rufino José Henriques Coutinho e de Maria Rosa Alves de Jesus. Estudou no Colégio de S. Dâmaso (Guimarães) e no Seminário dos Carvalhos. Ordenou-se em Julho de 1905. Rezou missa a 10 de Setembro de1905. Foi encomendado na paróquia de Guisande, nomeado em 9 de Fevereiro de 1906. Foi ainda pároco de Canedo e de Ramalde, e também encomendado de Labruge - Vila do Conde. Faleceu com 73 anos, a 1 de Abril de 1952.
Rodrigo José Milheiro, nasceu na Quintã, freguesia de Pigeiros, a 12 de Setembro de 1884, sendo filho de Quintino José Milheiro e de Margarida Emília Augusta da Conceição. Foi ordenado em Cabo Verde. Rezou missa nova na paróquia de Pigeiros a 25 de Julho de 1908. Foi pároco de Santiago de Cabo Verde e Vigário da 1.ª Vara na cidade da Praia, Cabo Verde. Na Metrópole foi pároco de Guisande, depois de 21 de Outubro de 1923, indo para Escariz, de que toma posse a 11 de Setembro de 1936, e depois, em 1941, seguiu para Gulpilhares. Veio a falecer em Pigeiros a 4 de Julho de 1949, onde está sepultado.
Custódio Augusto de Silva Marques, natural de Castelões de Cambra e ordenado presbítero em 2 de Agosto de 1936, foi nomeado pároco e tomou posse em 11 de Setembro de 1936.
Guilherme Ferreira, nomeado pároco em 1938. Tendo em conta o curto período entre a nomeação do pároco seguinte, assume-se que tenha sido nomeado com carácter de transição.
Francisco Gomes de Oliveira, nomeado pároco de S. Mamede de Guisande em 30/08/1938, acumulando o cargo na paróquia de Pigeiros. A tomada de posse aconteceu em 23/09/1939, ficando a residir em Guisande. Faleceu em 15/05/1998 sendo sepultado em jazigo de família no Cemitério Paroquial de Fiães, sua terra natal. Durante a sua doença foi ajudado pelo incansável sobrinho P.e Benjamim Sousa. Este jovem sacerdote, com especial apreço pela paróquia do seu tio, continuou a ajudar a paróquia de Guisande, com especial relevo já durante a administração do P.e Domingos de Azevedo Moreira, que adiante mencionaremos. Ainda na actualidade não se escusa a ajudar num qualquer serviço religioso sempre que lho pedem e o seu pouco tempo livre de outras funções, o permite.
Acácio Ribeiro de Freitas. Após a morte do pároco anterior é nomeado em 16 de Maio de 1998 como Administrador Paroquial de Guisande. O P.e Acácio Freitas, nasceu no concelho de Marco de Canavezes em 13 de Fevereiro de 1928, sendo ordenado em 31 de Julho de 1955. Faleceu em 17 de Setembro de 2014, com 86 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Louredo.
Domingos de Azevedo Moreira. Nasceu no lugar da Reguenga, freguesia de Romariz em 8 de Abril de 1933, sendo que foi registado na freguesia de Escariz. Foi pároco de Pigeiros, cargo que manteve desde 3 de Junho de 1961 até à sua morte, em 10 de Janeiro de 2011.
Agostinho Wattela. Foi nomeado pároco de Guisande, sendo auxiliado pelo P.e Arnaldo Farinha, este como vigário paroquial. A cerimónia de acolhimento destes dois sacerdotes na paróquia de Guisande teve lugar em 5 de Setembro de 2010. Ambos os sacerdotes residem na freguesia de S. Miguel do Mato, acumulando a paroquialidade desta freguesia e ainda de Fermado, ambas do concelho de Arouca.
Arnaldo Farinha. Foi nomeado pároco de Guisande, com a cerimónia de posse em 12 de Outubro de 2014. Em simultâneo foi nomeado pároco do Vale por falecimento do seu pároco P.e Santos Silva. Por sua vez, o P.e Agostinho Wattela é nomeado pároco de Escariz, concelho de Arouca, acumulando com as paróquias arouquenses de S. Miguel do Mato e Fermedo. O Padre Arnaldo Farinha nasceu em Angola, em 14 de Dezembro de 1980, sendo ordenado em 09 de Julho de 2007.
31 de agosto de 2017
Historiando - A lápide da sepultura do Padre Manuel Carvalho
Apesar de o assunto já ter sido pegado por alguém num passado recente, nomeadamente pelo Sr. Mário Baptista, honra lhe seja feita, certo é que nunca se chegou ao apuramento da verdade quanto ao destino ou paradeiro da lápide. Foi, obviamente uma irresponsabilidade de várias pessoas, mesmo que por negligência involuntária, mas seguramente uma enorme falta de sensibilidade pelas coisas da nossa história e memória colectiva mesmo que na forma de uma pedra. Infelizmente para muitos as pedras são isso mesmo, pedras ou calhaus, mesmo que nos contem histórias, recordem factos, nos lembrem ou evoquem pessoas.
Américo Almeida
20 de março de 2024
Francisco Guedes - Homem de quatro mulheres
Pelo assento de baptismo de uma rapariga de nome Escolástica, nascida em 5 de Fevereiro de 1738, o seu pai, um Francisco Guedes, do lugar do Reguengo, já ía na sua quarta mulher, a Isabel Francisca.
O homem não teria um harém, mas tão simplesmente porque, certamente, por falecimento das anteriores esposas. Nessa altura a morte em idades jovens era frequente, nomeadamente durante a gestação ou o parto. Também não é de supor que o homem somasse divórcios pois por esses tempos era coisa rara ou mesmo inexistente.
Para além dessa particularidade, o assento feito pelo abade Manuel de Carvalho, então pároco de S. Mamede de Guisande, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário, revela-nos que o padrinho da Escolástica foi um Manuel Ferreira, que era "caseiro dos padres desta Igreja de Guisande". Ora, padres, no plural, significa que havia na igreja mais que um padre? Efectivamente sim, no caso o Pe. Manuel Rodrigues da Silva, que então era assistente do Pe. Manuel de Carvalho. Este Pe. Manuel Rodrigues da Silva acabou mesmo por suceder ao Pe. Manuel Carvalho como pároco da nossa freguesia a partir da data da sua resignação por motivo de doença, em 1750. Acabou por falecer o fundador da Irmandade em 4 de Fevereiro de 1758.
Apesar de tudo não deixa de ser curioso e interessante que estivesse o Pe. Manuel Rodrigues da Silva tantos anos como assistente. Outros tempos, com fartura de sacerdotes.
Já agora, refira-se que deve-se a este Pe. Manuel Rodrigues da Silva a construção da torre da nossa igreja, em 1764.
Fica aqui este interessante apontamento, que apesar de parecer coisa pouca, revela vários pormenores e mesmo muito da realidade social da época.
Finalmente, o nome de Escolástica, parece-nos fora do comum, mas na época embora não muito corrente era usado. Isto certamente em devoção a uma santa que teve esse nome, concretamente Santa Escolástica de Núrsia que era irmã do conhecido S. Bento.
20 de setembro de 2023
Alfaiate setecentista
Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família.
Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.
Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.
Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.
Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."
Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso.
Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme.
Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.
Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.
Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.
Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.
21 de novembro de 2023
Pedro, o escravo negro do pároco de S. Mamede de Guisande
Quem tem um bocadinho de interesse pela nossa História, saberá que Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura, com o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal.
Apesar dessa espécie de galardão, não nos retira o peso da consciência de termos sido, em contraponto, o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos provenientes de África. Estima-se que entre 1450 e 1900, Portugal terá traficado cerca de 11 milhões de pessoas.
O referido decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal a abolir a escravatura em rigor não acabou com os escravos, pois em boa verdade apenas foi proibida, a entrada de novos escravos. Desse modo tal decreto não resultou só por si no fim da escravatura, pois para além dos escravos que já existiam à data, havia também os que nasciam de mãe escrava e que desse modo continuavam na condição de escravos. O propósito foi melhorado e pouco tempo depois, em 1763, o Marquês de Pombal voltou ao assunto fazendo aprovar uma nova lei, designada de "lei do ventre livre", que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados.
Certo é que, dizem estudiosos do assunto da escravatura no nosso país, esta continuou, embora já à margem da lei o que não era difícil contornar, mantendo-se a entrada ilegal de escravos provenientes das nossas colónias. Desta situação que se prolongou no tempo, é considerado que a última pessoa que havia sido escrava em Portugal terá morrido apenas na década de 1930, já em plena república. Os jornais da época escreveram que teria 120 anos e que vivia no Bairro Alto em Lisboa, onde vendia amendoins e tinha sido escrava até 1869 data em que um novo decreto abolia de facto a escravatura em todo o nosso território.
Depois desta introdução histórica, descobri que mesmo aqui em Guisande também existiu alguém na condição de escravo. E logo do pároco, conforme o atesta o documento acima, precisamente o assento de óbito de um Pedro, descrito como "solteiro, homem preto, escravo do Reverendo Manuel Rodrigues da Silva, Abade desta freguesia de Guisande".
Faleceu este Pedro em 3 de Dezembro de 1787, como se vê já depois dos decretos publicados pelo Marquês de Pombal. O assento é omisso quanto à sua idade, Não sabemos também a sua origem e proveniência, sendo de supor que já seria criado escravo do abade quando este tomou conta de Guisande e que o terá trazido consigo.
Este pároco de Guisande, sacerdote e advogado, Dr. Manuel Rodrigues da Silva, sucedeu na nossa paróquia ao Abade Manuel de Carvalho, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário.
Este dono do escravo Pedro era natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, tendo sido formado em cânones pela Universidade de Coimbra. Sobre ele escreveu o visitador da Sé em 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja".
A torre da nossa igreja foi construída em 1764, por iniciativa deste pároco Manuel Rodrigues da Silva. Faleceu em 12 de Abril de 1790, com cerca de 80 anos ("pouco mais ou menos" como dito no seu assento de óbito), sobrevivendo ao seu escravo em cerca de dois anos e meio.
Deixou este Abade Manuel Rodrigues da Silva um testamento o qual foi aberto pelo Reverendo João Leite de Bastos, pároco de Santa Maria de Pigeiros. Do testamento, com caligrafia gasta e de difícil leitura, sabe-se que instituiu como seu testamenteiro um seu primo, de nome Pantaleão da Silva Coimbra, a quem deixou bens tal como a uns irmãos, mas ainda várias doações e bens aos seus criados, às confrarias da paróquia e mesmo a Maria, sua afilhada, filha de António Gomes Loureiro, da Barrosa. Também se percebe que do seu atrás referido criado escravo Pedro, este teria uma filha chamada Maria que também terá recebido alguns bens móveis.
Apesar de algum modo podermos ficar surpreendidos que logo o pároco, a autoridade moral e espiritual, tivesse um criado na condição de escravo, temos, todavia, que atentar nos valores da época e que tal não seria caso único. Além do mais, estamos em crer que seria bem tratado e com toda a dignidade humana. De resto teve direito a um ofício exequial com a presença de 11 sacerdotes e até como os demais paroquianos foi sepultado no interior da nossa igreja. E como atrás se disse, à filha deste escravo foram deixados em testamento alguns bens.
Este documento e esta constatação não deixam, porém, de ser uma interessante curiosidade.
27 de novembro de 2019
Memórias Paroquiais de 1758 - Guisande - Lugares
Entretanto ficam abaixo as perguntas que constavam do Inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal.
Acrescente-se que, pelo que fui lendo nas respostas dadas por certos párocos de certas freguesias, referentes a várias freguesias, tanto do nosso concelho como de Arouca, Castelo de Paiva e outras, nem sempre os párocos respondiam à totalidade das perguntas ou apenas resumiam as mesmas tanto quanto possível, ou diziam nada ter a declarar. Sendo os padres uma entidade com conhecimento e cultura bastantes, não podiam encontrar desculpa no desconhecimento ou incapacidade de resposta às várias perguntas. Preguiça, certamente, pois tempo é que não faltaria aos então clérigos.
As perguntas colocadas no inquérito de 1758 foram as seguintes:
Parte I: O que se procura saber da terra
1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence.
2. Se é d’el-Rei, ou de donatário, e quem o é ao presente.
3. Quantos vizinhos tem, e o número de pessoas.
4. Se está situada em campina, vale, ou monte e que povoações se descobrem dela, e quanto distam.
5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem.
6. Se a Paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a freguesia, e todos pelos seus nomes.
7. Qual é o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem Irmandades, quantas e de que santos.
8. Se o Pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem.
9. Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta.
10.Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros.
11.Se tem hospital, quem o administra e que renda tem.
12. Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver de notável em qualquer destas coisas.
13. Se tem algumas ermidas, e de que santos, e se estão dentro ou fora do lugar, e a quem pertencem.
14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes.
15. Quais são os frutos da terra que os moradores recolhem com maior abundância.
16. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta.
17. Se é couto, cabeça de concelho, honra ou beetria.
18. Se há memória de que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras ou armas.
19. Se tem feira, e em que dias, e quanto dura, se é franca ou cativa.
20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde ele chega.
21. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do Reino.
22. Se tem algum privilégio, antiguidades, ou outras coisas dignas de memória.
23. Se há na terra, ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas tem alguma especial virtude.
24. Se for porto de mar, descreva-se o sitio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o frequentam e que pode admitir.
25. Se a terra for murada, diga-se a qualidade dos seus muros; se for praça de armas, descreva-se a sua fortificação. Se há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente.
26. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê, e se está reparada.
27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.
Parte II: O que se procura saber da serra
1. Como se chama.
2. Quantas léguas tem de comprimento e quantas tem de largura, aonde principia e acaba.
3. Os nomes dos principais braços dela.
4. Que rios nascem dentro do seu sítio, e algumas propriedades mais notáveis deles; as partes para onde correm e onde fenecem.
5. Que vilas e lugares estão assim na Serra, como ao longo dela.
6. Se há no seu distrito algumas fontes de propriedades raras.
7. Se há na Serra minas de metais, ou canteiras de pedras, ou de outros materiais de estimação.
8. De que plantas ou ervas medicinais é a serra povoada, e se se cultiva em algumas partes, e de que géneros de frutos é mais abundante.
9. Se há na Serra alguns mosteiros, igrejas de romagem, ou imagens milagrosas.
10. A qualidade do seu temperamento.
11. Se há nela criações de gados, ou de outros animais ou caça.
12. Se tem alguma lagoa ou fojos notáveis.
13. E tudo o mais que houver digno de memória.
Parte III: O que se procura saber do rio
1. Como se chama assim, o rio, como o sitio onde nasce.
2. Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o ano.
3. Que outros rios entram nele, e em que sitio.
4. Se é navegável, e de que embarcações é capaz.
5. Se é de curso arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela.
6. Se corre de norte a sul, se de sul a norte, se de poente a nascente, se de nascente a poente.
7. Se cria peixes, e de que espécie são os que traz em maior abundância.
8. Se há nela pescarias, e em que tempo do ano.
9. Se as pescarias são livres ou algum senhor particular, em todo o rio, ou em alguma parte dele.
10. Se se cultivam as suas margens, e se tem muito arvoredo de fruto, ou silvestre.
11. Se têm alguma virtude particular as suas águas.
12. Se conserva sempre o mesmo nome, ou começa a ter diferente em algumas partes, e como se chamam estas, ou se há memória que em outro tempo tivesse outro nome.
13. Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sitio em que entra nele.
14. Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegável.
15. Se tem pontes de cantaria, ou de pau, quantas e em que sítio.
16. Se tem moinhos, lagares de azeite, pisões, noras ou algum outro engenho.
17. Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias.
18. Se os povos usam livremente as suas águas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão.
19. Quantas léguas tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até onde acaba.
20. E qualquer coisa notável, que não vá neste interrogatório.
3 de dezembro de 2021
Igreja Matriz - Obras realizadas de 1923 a 1929
Qualquer construção, desde a mais singela à mais sumptuosa, para perdurar no tempo tem que beneficiar de obras regulares, que podem ser apenas de conservação face aos elementos da natureza, como aplicação de pinturas e reparação de telhados, mas também de requalificação de modo a ampliar espaços ou reformular elementos e suas funções.
Ora se numa mera habitação é imperiosa essa necessidade de obras, tanto mais o é numa construção com carácter comunitário e simbólico como acontece com um edifício de igreja ou capela, ou mesmo de monumentos de carácter local ou nacional, entre outros.
Neste contexto, é pois natural que a nossa igreja matriz de S. Mamede de Guisande tenha ao longo dos tempos, mais recuados ou mais recentes, sido alvo de diversas obras, umas mais ligeiras outras mais profundas, como as que aconteceram entre os anos de 1923 a 1929 e que neste artigo procuramos falar e trazer a público alguns interessantes apontamentos.
Desde logo, o que é singelo e invulgar, a propósito do processo dessas obras, designadas de "reparações", o então pároco, Pe. Rodrigo Milheiro, no final mandou imprimir um livrinho com 20 páginas, datado de Janeiro de 1930, onde para além da introdução e justificação das obras, que abaixo transcrevemos, apresenta a descrição das diferentes tarefas e das respectivas contas. Nomeia ainda as pessoas que contribuíram e as respectivas ofertas.
Este impresso na ocasião foi oferecido a algumas famílias e existe igualmente no acervo dos papéis e documentos da paróquia, que de algum modo pode representar o arquivo paroquial, sendo que este na realidade não existe como tal, nem organiado nem em local digno e adequado à consulta e preservação. Certamente um trabalho que importará fazer.
No fundamental, de referir que o ponto de partida para a realização das reparações prendeu-se com o facto de na altura o corpo da nave da igreja ter sido dado como em eminente ruína já que as paredes exteriores apresentavam um desaprumo. De resto, situação que ainda hoje se verifica, sobretudo na parede da fachada sul (voltada ao cemitério). Há quem refira que este desaprumo vem desde o famoso terramoto de 1755 (que destruíu Lisboa e que por cá também se fez sentir) enquanto que outros, como o autor do atrás referido impresso, atribui o defeito à armação da cobertura da igreja. Resulta, pois, dessas obras, a aplicação dos actuais varões de ferro transversais que ligam ambas as paredes e que são visíveis do interior do edifício.
Interessante todo este contexto e fundamento.
É indicado que para angariação de fundos para a obra, se realizaram dois bazares (a que hoje chamámos de feirinhas) no dia 28 de Dezembro de 1924, um na Parte-de-Cima da freguesia e outro na Parte-de-Baixo, que renderam ambos 2.430$00.
Em resumo e em balanço, a totalidade das obras realizadas nesse período de tempo custaram 25.146$55 (escudos) e para elas apurou-se uma receita de 23.488$17, por isso registando-se um saldo negativo de 1.658$38. Para ajudar a cobrir o saldo foi realizado um empréstimo de 1.215$00, ficando por isso um remanescente negativo de 443$38. O empréstimo foi concedido pelo Pe. Dr. António Ferreira Pinto, sendo 215$00 para pratear os padrões e mais um conto (1.000$00) para liquidar as contas com o sineiro.
Os 443$38 foram pagos com 100$00 pelo próprio pároco, ainda com dinheiros de juros, esmolas, promessas e sobras de confrarias. Diz ainda o pároco que ele próprio pagou 300$00 como parte do empréstimo ao Dr. Ferreira Pinto.
É dito ainda que "...o falecido Snr. Custódio António de Pinho (nota: da Casa da Quintão, no Outeiro) fez à sua custa a porte principal e o guarda-vento onde gastou cerca de oito contos. Deus Nosso Senhor dê paz à sua alma. O Snr. Manuel A. Guedes mandou levantar a tôrre gastando cêrca de seiscentos escudos.
As casas principais da freguesia deram os pinheiros precisos para as obras a saber : Custódio A. de Pinho, três ; António dos Reis Oliveira, dois; Raimundinho Loureiro, dois ; Manuel da Costa Moreira, dois ; Manuel Henriques Correia, um; Rufino Ferreira Pinto e irmãos, dois e Manuel António dos Santos, um."
O pároco agradeceu a todos "...o terem concorrido tão generosamente para a reparação da Igreja. Deus Nosso Senhor é que há-de pagar a todos o sacrifício que fizeram para dar as suas esmolas. Todos, pobres e ricos, deram as suas esmolas e quando dos bazares trouxeram os sous presentes, na medida das suas posses. Os ricos continuaram a ser ricos e os pobres não pioraram na sua pobreza. Bem diz a S. Escritura — quem dá a Deus, não dá, empresta".
Procurou na execução dos trabalhos "... ser o mais económico e fazer obra sólida e o melhor possível. Nem tudo ficaria bem e ao agrado, mas não o fiz por maldade ou falta de cuidado. Errar é próprio dos homens. O povo de Guisande tem mostrado sempre ser crente e brioso, orgulhando-se ao ver a sua Igreja limpa, embora modesta. Eu da minha parte também estou satisfeito porque todas as vezes que bati à porta dos paroquianos pedindo uma esmola para a Casa de Deus não me foi recusada.
O Ex." Snr. Dr. F. Pinto comprou para a igreja: 1 paramento verde, um relicário de prata, 1 estola preta, 1 paramento branco (usado), 1 missal, 1 cadeira paroquial, pagou a escritura, ciza e mais despesas com a doação da residência, mandou fazer uma varanda em cimento, comprou 1 bomba para o poço, mandou caiar a residência em 1923 e pô-la no seguro pagando o 1.° ano, comprou um pedaço de terreno para alargar o terreno em frente à residência por um conto, recebendo do povo 55-mente 753$50 ; mandou encarnar a imagem de Nossa Senhora do Rosário e outra da Capela, etc. "