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22 de maio de 2017

Historiando - Padre Manuel de Carvalho



Pouco se sabe da biografia do Abade Manuel de Carvalho, que foi pároco de S. Mamede de Guisande em grande parte da primeira metade do séc. XVIII (de 1710 a 1754), para além da referência que na lista de párocos lhe é feita pelo Cónego António Ferreira Pinto na sua monografia sobre Guisande "Defendei Vossas Terras", publicada em 1936, que abaixo se transcreve:

-Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. Alma verdadeiramente apostólica, fundou uma obra, que ainda hoje está florescente e é o orgulho de Guisande. Refiro-me à Confraria de N. S. do Rosário, fundada em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.

Ficamos por isso a saber alguns dados importantes, desde logo que foi o fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, a qual ainda existe e está activa  na nossa paróquia, embora já sem a importância que teve noutros tempos e que lhe trazia irmãos provenientes de muitas freguesias vizinhas.
Infelizmente, e será um assunto para futura pesquisa, não sabemos a sua naturalidade, sendo de considerar que não seria natural de Guisande, já que o Cónego António Ferreira Pinto não o inclui na lista dos sacerdotes naturais de Guisande que elencou na sua monografia atrás referida. Sabe-se que por sua vontade foi sepultado no solo da capela-mor da nossa igreja matriz, tendo os seus restos mortais sido exumados e transferidos para o cemitério paroquial duzentos anos após o seu falecimento, aquando da comemoração do segundo centenário da Confraria, em 1933.

A sua sepultura durante muitos anos esteve assinalada por uma simples mas imponente lápide em pedra, encimada por uma cruz, que se destacava das simples lápides em ardósia das demais sepulturas, em campa rasa, com então era norma. Esta lápide, por desleixo ou incúria e até de desrespeito pela memória de tão importante figura, aquando da realização de obras no cemitério no início dos anos 70,  foi removida para local incerto ou até mesmo transformada em cascalho como uma vulgar pedra. O local ocupado pela sepultura, certamente foi vendido pela Junta de Freguesia de então, dando lugar a um novo jazigo. 

Foi uma grande perda e de facto lamentável e até reprovável. Desconhece-se também qual o destino que foi dado aos seus restos mortais caso ainda fossem existentes à data das obras e se houve ou não esse cuidado. Eventualmente terão sido removidos para campa comum, a qual também foi vendida posteriormente. À falta de testemunhos e documentos, tudo indica que o descuido neste assunto foi muito ou mesmo total.

 Felizmente, para além da memória e como única prova da existência dessa lápide, existe uma  fotografia datada de Julho de 1966, que abaixo se reproduz, com vista para o cemitério da Guisande, nela sendo perfeitamente visível a lápide e o local da sepultura.



 Como sabemos pela referência deixada na monografia "Defendei Vossas Terras", o Padre Manuel de Carvalho, por doença, resignou em 1752 e faleceu poucos anos depois, precisamente em 4 de Fevereiro de 1758 e sepultado no dia seguinte. Após a sua resignação, sucedeu-lhe no cargo o Padre Dr. Manuel Rodrigues da Silva, natural de Santo Ildefonso, Porto. 

Abaixo reproduzimos as páginas do livro de assentos paroquias (com registos entre 1733 e 1780), em que se verifica o último assento lavrado pela mão do Padre Manuel de Carvalho, relativo ao falecimento de um Domingos Ferreira, viúvo do lugar do Outeiro, curiosamente com a data de 14 de Janeiro de 1754, o que se deduz que apesar da sua doença e da sua resignação, continuou à frente da paróquia pelo menos mais dois anos. já que o primeiro registo do seu sucessor, Padre Dr. Manuel Rodrigues da Silva, no livro de assentos paroquiais, tem a data de 15 de Maio de 1754, referente ao falecimento de Anna (10 anos de idade), filha de José da Mota e Maria Pinto, do lugar da Barrosa. Em face destas duas datas, é natural concluir que o Padre Manuel de Carvalho terá sido efectivamente substituído nas funções de pároco entre Janeiro e Maio do ano de 1754.


 Abaixo, o assento de falecimento do próprio Padre Manuel de Carvalho, lavrado pela mão do seu sucessor Padre Dr. Manuel Rodrigues da Silva.


A. Almeida

8 de agosto de 2022

Presidentes de Câmara, ou equiparáveis, de Vila da Feira - Santa Maria da Feira

1800 - Sebastião Pitta de Castro

1811 - José Bernardo Henrique de Faria (Juiz de Fora)

1829 - José Apolinário da Costa Neves

1883 - Bernardino Maciel Rebelo de Lima (Juíz de Fora interino)

1833 - Francisco Monteiro Mourão Guedes de Carvalho (Juiz de Fora)

1834 - João José Teixeira Guimarães (Comissão Municipal)

1836 - Pedro José Correa Ribeiro

1837 - Manuel de Lima Ferraz da Silva

1838 - Manuel de Lima Ferraz da Silva

1841-1842 - Bernardo José Correa de Sá

1845-1846 - Francisco Correa de Pinho de Almeida Lima

1846 - António Fernandes Alves Fortuna (Juíz da Comarca)

1846 - António Soares Barbosa da Cunha

1847-1848 - Joaquim Vaz de Oliveira Júnior

1847 - Bernardo José Correa de Sá

1848-1851 - Bernardo José Correa de Sá

1852 - 1854 - Bernardo José Correa de Sá

1854-1855 - José António Varela Falcão Souto Maior

1856-1857 - João Nunes Cardoso

1858-1859 - Miguel Augusto Pinto de Menezes

1860-1861 - Fausto da Veiga Campos

1862-1863 - José Bonifácio do Carmo Soares

1866-1867 - Domigos José Godinho

1868-1869 - José António Varela Falcão Souto Maior

1870-1871 - Domigos José Godinho

1876-1877 - Manuel Augusto Correa Bandeira

1880-1881 - Manuel Pinto de Almeida

1882-1883 - António de Castro Pereira Corte Real

1884-1885 - António de Castro Pereira Corte Real

1888 - Roberto Alves (Presidente da Câmara)

1890 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)

1893-1897 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)

1897 - Pe. Manuel de Oliveira Costa

1899 - Pe. Manuel de Oliveira Costa (Comissão Administrativa)

1899-1901 - Pe. Manuel de Oliveira Costa

1905 - João Pereira de Magalhães

1907 - João Pereira de Magalhães

1908 - Eduardo Vaz de Oliveira (Comissão Administrativa)

1911 - António Ferreira Pinto da Mota (Comissão Administrativa)

1912 - Elísio Pinto de Almeida e Castro (Comissão Administrativa)

1914 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)

1915 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)

1915 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)

1917 - Crispim Teixeira Borges de Castro

1918-1919 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)

1919 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Administrativa)

1923-1925 -Saúl Eduardo Ribeiro Valente

1926 - José António Teixeira Saavedra

1926-1933 - Crispim Teixeira Borges de Castro

1933-1937 - Gaspar Alves Moreira

1934-1937 - Presidente da Comissão Administrativa: Gaspar Alves Moreira.

1937-1939 - António Soares de Albergaria (Conselho Municipal)

1937-1945 - Roberto Vaz de Oliveira

1945-1959 - Domingos Caetano de Sousa

1959-1971 - Domingos da Silva Coelho

1971-1974 - Alcides Branco de Carvalho

1974-1976 - Arnaldo dos Santos Coelho (Comissão Administrativa)

1976-1982 - Aurélio Gonçalves Pinheiro

1982-1985 - Joaquim Dias Carvalho

1985-2013 - Alfredo de Oliveira Henriques

2013-2017 - Emídio Joaquim Ferreira dos Santos Sousa 

12 de maio de 2017

Historiando – Lista de párocos em S. Mamede de Guisande

Joyon Pais, era abade de Guisande na era de 1322, ano de 1284. Consta do livro de algumas cartas sobre foros e decretos da Feira e outros julgados, existentes na Torre do Tombo, gaveta 12, maço 11, n.º 24.

Domingos Esteves, foi apresentado pela Abadessa de Rio Tinto e confirmado pelo bispo D. Vicente em 1295.

Martim Annes, falecido em 13 de Fevereiro de 1503.

Artur Gonçalo Annes, bacharel formado, foi confirmado pároco, em 12 de Janeiro de 1504.

João de Araújo permutou com o antecedente, em 28 de Junho de 1505. Estes três párocos são do tempo do bispo D. Diogo de Sousa.

Rodrigo Afonso, cónego da Sé do Porto, permutou com o anterior, em 1 de Fevereiro de 1510.

João Alves Pais, cónego arcediago da Sé do Porto, foi confirmado pároco, em 27 de Junho de 1530.

João Martins foi confirmado, em 12 de Junho de 1533, depois da renúncia do antecessor.

João Alves Pais voltou novamente a ser pároco de Guisande, em 31 de Agosto de 1534 e viveu, pelo menos, até 1541. Aparece também como cónego da Colegiada de Cedofeita.

Afonso Correia.

Manuel de Sá, arcediago da Sé do Porto, foi nomeado pároco, em 3 de Junho de 1555 e faleceu em 1561.

João Campelo, entre 1562 e 1570, foi apresentado pela Abadessa do mosteiro de S. Bento da Avé Maria, mas o bispo D. Rodrigo Pinheiro não o aceitou como pároco de Guisande, nem lhe conferiu a instituição canónica. A Abadessa apelou para a Relação de Braga, que lhe foi favorável. O tribunal bracarense julgou in solidum a favor do mosteiro, isto é, que a este pertencia sempre a apresentação, sem alternativa episcopal ou romana. No Arquivo do Cabido há referências a uma casa deixada pelo cónego João Campelo, em 1569, como consta do livro das Sentenças com o n.º 766. Deve ser o pároco de Guisande.

Manuel de Seabra, que renunciou a favor do seguinte.

Gaspar de Figueiroa, foi confirmado em Setembro de 1572, e recebeu a instituição canónica na mesma data. Estava vaga a diocese pelo falecimento de D. Rodrigo e ainda era viva D. Maria de Melo, que foi a primeira Abadessa de S. Bento da Avé Maria.

Dr. João Diogo Carrilho de Mendonça, foi colado em 1 de Setembro de 1595. Renunciou a favor do seguinte.

António de Castro, foi colado em 6 de Junho de 1600.

Manuel Caldeira de Miranda, recebeu o benefício de Guisande em 1630, pela renúncia de António de Castro.

Vicente Carneiro Diniz, foi pároco de Guisande pela renúncia do seu antecessor, em 1635.

Marcos de Meireles Freire, era natural de Gandra, no concelho de Paredes, e pertencia à ilustre e antiga família dos Moreiras, da casa de Sousa. Formado pela Universidade de Coimbra, foi também comissário do Santo Ofício e visitador das comarcas do bispado, segundo informações transmitidas pelo rev. Francisco Moreira das Neves, de Gandra, recolhidas num manuscrito de 1730, de que é autor António Henriques Moreira da Cunha. Do arquivo de S. Bento consta que, em 1672, apareceu na residência de Guisande o Juiz das Sentenças do Cabido e o procurador do mosteiro da Avé Maria, exigindo a Marcos de Meireles Freire o título ou documento da sua apresentação. Respondeu que tinha sido nomeado e apresentado pelo Cabido, “sede vacante”, em virtude das Bulas Apostólicas de Inocêncio X, em 1650. Defendeu a apresentação, mas reconheceu sempre o censo devido a S. Bento. O procurador mandou tomar termo de protesto, alegando que Guisande era de apresentação in solidum do mosteiro de S. Bento e o Juiz mandou tomar conhecimento e seguir, como consta do livro 268 do arquivo de Rio Tinto. De Guisande foi transferido para S. Mamede de Coronado, havendo divergências entre as religiosas de S. Bento e o bispo D. Fernando Correia de Lacerda. Marcos de Meireles deixou o legado de uma missa quotidiana à misericórdia de Arrifana do Sousa (Penafiel), em cuja igreja foi sepultado.

Dos livros de assentos paroquiais existentes da nossa freguesia, o primeiro a partir de 1676 é iniciado por este pároco. Com caligrafia pouco clara, poupado nos dados e ainda dado a abreviações. Abaixo um exemplo.




Manuel de Oliveira, era pároco em 1682.

Exemplo de assento deste pároco:



Joaquim José de Sousa, em 1685 paroquiava Guisande.

João Sequeira (ou Cerqueira) de Sousa, faleceu como pároco, em 28 de Setembro de 1693. Nos assentos paroquiais é poupado nos dados e com uma caligrafia de difícil leitura. Exemplo na imagem abaixo.




Gonçalo da Silva, substituiu o anterior e o seguinte.



Valério Alves Pereira, natural da freguesia da Sé do Porto e residente em Campanhã, estudante, requereu habilitação de genere, em 23 de Dezembro de 1693, alegando que todos os seus ascendentes eram limpos de sangue, cristãos-velhos, sem raça de raça infecta, habilitação que foi executada, em 26 de Janeiro de 1694. Tomou menores e, logo a 11 de Fevereiro, foi nomeado pároco de Guisande. Em 6 de Março, foi examinado em latim e casos de consciência perante um júri de dois jesuítas e dois carmelitas, sendo aprovado. Recebeu ordens sacras, em datas não apuradas. O pároco Valério era da família Pantaleão Perestrelo, de Campanhã. Por este motivo e outro é que foi nomeado pároco da freguesia de Guisande, sempre muito apetecida e cobiçada até à lei da separação, embora fosse pequeno o número de almas para salvar!! Tinha bons campos, tapadas, juros de inscrições e ainda côngrua.

Durante o tempo deste Valério Alves Pereira, nalguns assentos paroquiais aparecem como coadjutores um Pe. Manuel Gomes Leite, em 1703 e um Pe. Manuel Alvares da Silva, entre 1704 e 1710.



Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. No livro de assentos paroquiais existe uma nota por ele lavrada em que declara que tomou posse num Domingo, 2 de Março de 1710.
Alma verdadeiramente apostólica, fundou a Confraria de N. S. do Rosário, em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. 
Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.



Dr. Manuel Rodrigues da Silva: Pelo Arquivo de S. Bento, a resignação a favor deste foi em 1746, mas no registo o seu nome aparece só em 1750. Natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, formado em cânones pela Universidade de Coimbra, dele escreveu o visitador de 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja. Advogou no Porto e o faz ainda hoje”. A torre da igreja que é sólida, foi construída em 1764, por iniciativa deste reverendo pároco. A freguesia foi visitada, em 15 de Maio de 1754, por D. João da Silva Ferreira, bispo de Tânger. Por morte deste pároco, em 12 de Abril de 1790, surgiu a terceira e a maior das questões entre a Abadessa de S. Bento da Avé Maria e o bispo D. João Rafael de Mendonça.
Este pároco deixou testamento deixando bens ás confrarias da paróquia, a seus criados, à sua afilhada e ao seu testamenteiro, um seu primo de nome Pantaleão da Silva Coimbra e ainda a irmãos.

Nota: Durante o seu cargo em Guisande, aparecem vários assentos lavrados pelo Padre Manuel Alves Moreira, de S. Silvestre de Duas Igrejas. Ainda pelo Padre Caetano José da Costa, da freguesia de Gião.




Bernardo António Pereira de Andrade e José António de Azevedo, foram encarregados da paroquialidade até ao fim da questão referida.

José dos Santos Figueiredo, foi colado e tomou posse em Janeiro de 1793. Faleceu a 24 de Março de 1828. Foi sepultado no dia 26 do mesmo mês dentro da igreja da nossa freguesia tendo sido realizado ofício acompanhado de trinta padres.

Teve como coadjutores os sacerdote guisandenses o Pe. José Ferreira Coelho e o Pe. José Manuel Reimão, tendo sido este a lavrar o respectivo assento de óbito mas que também faleceu pouco depois, a 20 de Junho de 1828.

Teve como sua assistente uma sua tia de nome Ana Maria de S. José que havia ficado viúva de João Francisco da Silva Guimarães. Esta faleceu na residência paroquial de Guisande em 25 de Fevereiro de 1821, tendo sido sepultada no dia 27 do mesmo mês dentro da igreja matriz. Teve ofício de corpo presente com 26 padres.
Deixou testamento em favor dos seus sobrinhos Clemente José dos Santos, António José dos Santos, Padre Manuel José dos Santos, este seu afilhado, e Bárbara, esta casada com Francisco Pereira Barbosa. Ao seu sobrinho e afilhado padre incumbiu de lhe fazer os bens de alma com três trintários de missas e a seu favor e dos seus pais com dois trintários cada e ainda com outros dois trintários a favor da alma da Abadessa do Mosteiro de S. Bento da Avé Maria - Porto, que o havia apresentado como Abade de Guisande. Delegou ainda missas por alma de seu irmão Miguel e de sua cunhada, esposa do dito Miguel, ainda pela alma do tio Francisco Guimarães e mulher Ana Maria (que foi sua assistente) e pelo Padre João Botelho. Ao sobrinho Clemente, testamenteiro, deixou a casa que tinha na Rua de Santo António cidade do Porto, donde seria natural bem como ainda a este as rendas devidas de outras casas.


Manuel Jose Reimão - Não foi pároco em Guisande mas coadjutor e encomendado. Era natural de Guisande, mas não consegui ainda dados quanto à sua filiação. Sabe-se que faleceu em 20 de Junho de 1828, tendo sido sepultado dentro da igreja matriz de Guisande. O seu assento de óbito é muito curto e sem mais dados, omitindo a sua idade e filiação. Ao seu falecimento ficou como encomendado o Pe. António Leite Ribeiro Moreira que lavrou o seu assento de falecimento.
Foi padrinho de muitos guisandenses e lavrou muitos assentos paroquiais.


Manuel Agostinho da Cruz Rodrigues, natural da Vitória, presbítero secularizado dos Eremitas Calçados de S. Agostinho, era pároco de Escariz, também do padroado de S. Bento. Logo no dia 28 de Março de 1828, foi apresentado pela Abadessa D. Juliana Isabel Garcia, sendo escrivã do mosteiro D. Antónia Augusta Pinto da Cunha. Nos autos para a colação, D. João de Magalhães e Avelar, um dos homens mais ilustrados do seu tempo, escreveu, em 2 de Maio, um parecer importante sobre o direito da apresentação das freiras, mas para que os fiéis não sofram detrimento espiritual anuiu ao proposto, aceitou a carta de apresentação, admitiu-o a exame sinodal e deu-lhe a colação. Este pároco faleceu em 5 de Dezembro de 1851 e ficou como encomendado o Pe. José Ferreira Coelho o qual lavrou o seu assento de óbito, mas muito resumido e sem informação adicional.

José Ferreira Coelho, foi encomendado em 1852. Era natural de Guisande. Chegou a ser coadjutor do pároco José dos Santos Figueiredo. Era filho de Custódia Maria Gomes, do lugar da Lama, falecida em 4 de Novembro de 1856. Tinha este padre  uma irmã de nome Maria Joana.

António Gomes Soares Teixeira da Silva: Egresso da extinta ordem de S. João Evangelista de Vilar de Frades, foi apresentado por decreto de D. Maria II, em 31 de Agosto de 1852 e colado, em 13 de Outubro do mesmo ano. Era natural de Fajões e foi ordenado, em Braga, em 1 de Maio de 1825. Faleceu a 12 de Agosto de 1858, sendo nomeado encomendado o Pe. José Ferreira Coelho, de Guisande.

Manuel Ferreira Pinto, natural de Santiago de Lobão. Terá nascido por 1825. Era filho de Manuel Ferreira Borralho e  de Maria de Jesus Pinto, esta de Canedo.
Recebeu a ordem de presbítero, em 20 de Dezembro de 1845. Frequentou a Universidade de Coimbra e fez os seguintes exames:
1852-53—1.° ano de Direito e Grego.
1853-54—2.° ano de Direito
1854-55—3.° ano de Direito e Grego, como consta dos anuários da Universidade. Foi condiscípulo de D. António Aires de Gouveia, mas não concluiu a formatura. Por decreto de D. Pedro V, em 25 de Janeiro de 1859,foi apresentado pároco e colado em 9 de Abril do mesmo ano. Faleceu a 19 de Agosto de 1875 com 50 anos de idade e foi sepultado no adro da igreja de Guisande. Foi pregador de nome.
Sobre a data do seu falecimento, há um assento em que refere que nasceu a 19 de Julho de 1875, sendo posteriormente rectificado por despacho do Vigário Geral para a data 19 de Agosto de 1875.
Pelo mesmo assento de óbito é referido que deixou um filho.


Domingos Alves de Oliveira, natural do Vale, foi encomendado por morte do anterior.

António Domingues da Conceição, natural de Caldas de S. Jorge, ordenou-se em 21 de Setembro de 1850 e foi colado, em Guisande, a 21 de Dezembro de 1877. Gravemente enfermo, retirou para S. Jorge, em 1904, e faleceu em 19 de Novembro de 1906.

José Leite de Resende, foi nomeado encomendado em 15 de Abril de 1904, por motivo da retirada do anterior.

António José Henriques Coutinhonasceu nu lugar de Aldeia, freguesia de Pigeiros, a 17 de Setembro de 1878, filho de Rufino José Henriques Coutinho e de Maria Rosa Alves de Jesus. Estudou no Colégio de S. Dâmaso (Guimarães) e no Seminário dos Carvalhos. Ordenou-se em Julho de 1905. Rezou missa a 10 de Setembro de1905. Foi encomendado na paróquia de Guisande, nomeado em 9 de Fevereiro de 1906. Foi ainda pároco de Canedo e de Ramalde, e também encomendado de Labruge - Vila do Conde. Faleceu com 73 anos, a 1 de Abril de 1952.

Abel Alves de Pinho, nasceu no lugar de Vilar (o mesmo lugar de nascimento do Pe. Francisco Gomes de Oliveira), na freguesia de Fiães, do concelho de Vila da Feira, filho de António Alves de Pinho e Ana Leopoldina. Era tio daquele que viria a ser uma ilustre figura da freguesia de Fiães, do concelho da Feira e da Igreja, D. Moisés Alves de Pinho (17/07/1883-26/06/1980), que foi Provincial da Congregação dos Missionários do Espírito Santo e Arcebispo de Luanda. Recebeu a instituição canónica em 22 de Junho de 1907. Retirou de Guisande em 1923, num processo algo confuso e com algum mistério, e resignou o benefício, em 19 de Novembro de 1927. Faleceu na cidade de Espinho, no dia 28 de Outubro de 1937. Foi sepultado no cemitério da sua terra natal, Santa Maria de Fiães.

Rodrigo José Milheiro, nasceu na Quintã, freguesia de Pigeiros, a 12 de Setembro de 1884, sendo filho de Quintino José Milheiro e de Margarida Emília Augusta da Conceição. Foi ordenado em Cabo Verde. Rezou missa nova na paróquia de Pigeiros a 25 de Julho de 1908. Foi pároco de Santiago de Cabo Verde e Vigário da 1.ª Vara na cidade da Praia, Cabo Verde. Na Metrópole foi pároco de Guisande, depois de 21 de Outubro de 1923, indo para Escariz, de que toma posse a 11 de Setembro de 1936, e depois, em 1941, seguiu para Gulpilhares. Veio a falecer em Pigeiros a 4 de Julho de 1949, onde está sepultado.

Custódio Augusto de Silva Marques, natural de Castelões de Cambra e ordenado presbítero em 2 de Agosto de 1936, foi nomeado pároco e tomou posse em 11 de Setembro de 1936. 

Fonte: “Defendei vossas terras... S. Mamede de Guisande, no concelho da Feira, bispado do Porto”, António Ferreira Pinto - Porto: Soc. de Papelaria, 1936.

ACTUALIZAÇÃO

Benjamim Soares, pároco de Louredo, que assume a paróquia em 1937 após o falecimento do anterior pároco, P.e Custódio Augusto de Siva Marques, o qual, pelas datas de ordenação e de falecimento, deduz-se que faleceu novo e de forma inesperada.

Guilherme Ferreira, nomeado pároco em 1938. Tendo em conta o curto período entre a nomeação do pároco seguinte, assume-se que tenha sido nomeado com carácter de transição.

Francisco Gomes de Oliveira, nomeado pároco de S. Mamede de Guisande em 30/08/1938, acumulando o cargo na paróquia de Pigeiros. A tomada de posse aconteceu em 23/09/1939, ficando a residir em Guisande. Faleceu em 15/05/1998 sendo sepultado em jazigo de família  no Cemitério Paroquial de Fiães, sua terra natal. Durante a sua doença foi ajudado pelo incansável sobrinho P.e Benjamim Sousa. Este jovem sacerdote, com especial apreço pela paróquia do seu tio, continuou a ajudar a paróquia de Guisande, com especial relevo já durante a administração do P.e Domingos de Azevedo Moreira, que adiante mencionaremos. Ainda na actualidade não se escusa a ajudar num qualquer serviço religioso sempre que lho pedem e o seu pouco tempo livre de outras funções, o permite.

Acácio Ribeiro de Freitas. Após a morte do pároco anterior é nomeado em 16 de Maio de 1998 como Administrador Paroquial de Guisande. O P.e Acácio Freitas, nasceu no concelho de Marco de Canavezes em 13 de Fevereiro de 1928, sendo ordenado em 31 de Julho de 1955. Faleceu em 17 de Setembro de 2014, com 86 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Louredo.

Domingos de Azevedo Moreira. Nasceu no lugar da Reguenga, freguesia de Romariz em 8 de Abril de 1933, sendo que foi registado na freguesia de Escariz. Foi pároco de Pigeiros, cargo que manteve desde 3 de Junho de 1961 até à sua morte, em 10 de Janeiro de 2011.
Após uma breve passagem do P.e Acácio Ribeiro de Freitas, substituiu este no cargo de administrador paroquial de Guisande, nunca chegando a ser nomeado pároco, talvez por vontade própria e devido à sua longa idade e por não ter meios próprios de deslocação. Serviu Guisande quase até à sua morte, tendo nos últimos tempos, já afectado pela doença, sido substituído pelo vigário P.e José Carlos Ribeiro Teixeira, por sua vez ajudado por dois sacerdotes provenientes de Angola, o P.e Agostinho Wattela e P.e Arnaldo farinha, os quais também ajudaram nas paróquias de S. Miguel do Mato e Fermedo, do concelho de Arouca.

Agostinho Wattela. Foi nomeado pároco de Guisande, sendo auxiliado pelo P.e Arnaldo Farinha, este como vigário paroquial. A cerimónia de acolhimento destes dois sacerdotes na paróquia de Guisande teve lugar em 5 de Setembro de 2010. Ambos os sacerdotes residem na freguesia de S. Miguel do Mato, acumulando a paroquialidade desta freguesia e ainda de Fermado, ambas do concelho de Arouca.

Arnaldo Farinha. Foi nomeado pároco de Guisande, com a cerimónia de posse em 12 de Outubro de 2014. Em simultâneo foi nomeado pároco do Vale por falecimento do seu pároco P.e Santos Silva. Por sua vez, o P.e Agostinho Wattela é nomeado pároco de Escariz, concelho de Arouca, acumulando com as paróquias arouquenses de S. Miguel do Mato e Fermedo. O Padre Arnaldo Farinha nasceu em Angola, em 14 de Dezembro de 1980, sendo ordenado em 09 de Julho de 2007.

António Jorge Correia de Oliveira - Nasceu em Cepêlos - Vale de Cambra, em 24 de Outubro de 1968. Frequenteou a Telescola do Casal (Cepelos – Vale de Cambra).

Ensino Secundário
Seminário dos Missionários Combonianos (Maia)
Seminário dos Missionários Combonianos (Viseu)
Seminário Menor de São José (Fornos de Algodres – Viseu)
Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Viseu)
Seminário Maior
Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Viseu)
Seminário Maior da Sé (Porto)

Ensino Superior
Universidade Católica Portuguesa – Porto
Frequentou e concluiu o Curso de Licenciatura em Teologia nos Anos 1991/93
No ano de 1993/94 frequentou e concluiu a Pós-Graduação em Teologia Pastoral
No ano de 1994/95 realizou o Estágio Pastoral na Paróquia do Santíssimo Sacramento – Porto

É ordenado sacerdote em 09 de Julho de 1995.

A 25 de Julho de 1995 é nomeado Pároco da Paróquia do Divino Salvador de Real, Divino Salvador de Castelões e São Romão de Carvalhosa. Tomou posse a 8 de Outubro de 1995.
A 24 de Julho de 2003 é nomeado Pároco da Paróquia de Santa Eulália de Banho. Tomou posse a 24 de Agosto de 2003.
A 25 de Julho de 2014 é nomeado Pároco da Paróquia de São Pedro de Ataíde e São Paio de Oliveira. Tomou posse a 12 Outubro de 2014.
A 20 de Julho de 2011 (Triénio 2011-2014) é nomeado Adjunto do Vigário da Vara da Vigararia de Amarante – Região Pastoral Nascente.
A 28 de Outubro de 2014 (Triénio 2014-2017) é nomeado Vigário da Vara da Vigaria de Amarante – Região Pastoral Nascente.
A 21 de Junho de 2018 (Triénio 2018-2021) é nomeado Vigário da Vara da Vigaria de Amarante – Região Pastoral Nascente.
Em Março de 2001 é nomeado Capelão da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã, Amarante.
Em Abril de 2002 – Presidente do Centro Social e Cultural da Paroquia Divino Salvador de Real, Instituição Particular de Solidariedade Social.
A 30 de Julho de 2007 é nomeado Assistente do Núcleo Este do CNE que engloba os Concelhos de Baião, Amarante, Felgueiras, Penafiel, Marco de Canaveses, Paredes e Paços de Ferreira.

Em 22 de Julho de 2021 é nomeado pelo Bispo do Porto como Pároco de Caldas de S. Jorge (S. Jorge), Guisande (S. Mamede) e Pigeiros (Nª Srª da Assunção), da Vigararia de Santa Maria da Feira, sendo dispensado dos múnus anteriores.

Em 03 de Outubro de 2021 toma posse como pároco das paróquias de S. Mamede de Guisande, Senhora da Assunção de Pigeiros e Caldas de S. Jorge.

31 de agosto de 2017

Historiando - A lápide da sepultura do Padre Manuel Carvalho

Já nos referimos aqui ao Padre Manuel Carvalho, ilustre figura da nossa paróquia de S. Mamede de Guisande, desde logo por ter sido o fundador, no ano de 1933, da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, irmandade que ainda se encontra activa nos dias actuais, embora já sem a pujança de tempos idos.

Quanto às notas biográficas sobre esse ilustre clérigo, para além da referência que na lista de párocos lhe é feita pelo Cónego Dr. António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre Guisande "Defendei Vossas Terras", publicada em 1936, que abaixo se transcreve, pouco mais se sabe para além de que foi pároco de S. Mamede de Guisande em grande parte da primeira metade do séc. XVIII (de 1710 a 1754), 

-Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. Alma verdadeiramente apostólica, fundou uma obra, que ainda hoje está florescente e é o orgulho de Guisande. Refiro-me à Confraria de N. S. do Rosário, fundada em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.

Para além destas escassas mas importantes referências, fica-se a saber que em 1933 (...esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria). Os seus restos mortais foram assim enterrados no cemitério, em local à esquerda de quem entra pelo portão principal, o que se pode comprovar pela fotografia abaixo, datada de Julho de 1966. 
O local foi assinalado pela colocação de uma lápide em granito, com uma altura entre um metro e meio a dois metros, encimada por uma cruz e com uma inscrição que fazia referência ao nome, ao motivo e à data da trasladação. Infelizmente não são conhecidas fotografias com mais pormenor da referida lápide que sirvam de fiel testemunho.




Conforme se pode verificar pela fotografia acima, ainda existiam as sebes de bucho a delimitar os quatro canteiros e para além dos jazigos da Casa do Sr. Almeida do Viso, da capela da Casa do Sr. Moreira da Igreja e mais um ou outro jazigo realizados em granito, a maioria das campas eram rasas, em terra, assinaladas com as características lápides negras em xisto. Nesse tempo as dificuldades eram outras e, porque não dizê-lo, as vaidades eram menores. 

Esta configuração do cemitério composto maioritariamente por campas rasas e sem concessão perpétua, durou até ao ano de 1973 altura em que a Junta de Freguesia e Comissão Fabriqueira ali realizaram obras, sendo removidas as sebes de bucho e pavimentados os passeios com calçada em pedrinha de calcário e basalto. A data, lá inscrita, conforme fotografia abaixo, refere-se a 1973, por isso ainda no tempo do Estado Novo. Era nessa altura presidente da Junta Joaquim Ferreira Coelho, o secretário Higino Gomes de Almeida e o tesoureiro Alcides da Silva Gomes Giro.


Com as referidas obras realizadas em 1973, a maior parte do terreno ocupado era ainda pertença da Junta, sendo então este dividido em sepulturas que foram sendo vendidas ao longo dos anos 70 e mesmo ainda em parte da década de 80 até que, já por falta de terreno vendável face à procura, se tornou imperativa a construção do cemitério novo. Infelizmente, esta requalificação decorrente das obras de 1973 resultou em sepulturas com pouca métrica e nenhumas preocupações de alinhamentos, pelo que se nota uma desorganização nos jazigos e nos exíguos espaços de circulação envolventes, mais notória no cantão norte/nascente, precisamente onde estavam os restos mortais do Padre Manuel Carvalho.

Mas mais grave que esta desorganização geométrica das actuais sepulturas, em parte motivada por cada um construir à sua maneira e à necessidade de manter uma ou outra sepultura já vendida com carácter de concessão perpétua, foi o facto de ter sido vendido o espaço ocupado pela sepultura dos restos mortais do padre fundador da Confraria, bem como a remoção da referida lápide cujo paradeiro se desconhece, temendo-se que mais do que o seu desaparecimento ou apropriação indevida por alguém, tenha mesmo sido destruída, despedaçada e enterrada algures no solo do cemitério ou de qualquer outro aterro. Mandava o bom senso e o sentido de preservação, e até o respeito pela memória de figura ilustre, que pelo menos a lápide e os restos mortais, se ainda visíveis, fossem colocados com dignidade num dos canteiros do adro, senão no próprio cemitério.

Apesar de o assunto já ter sido pegado por alguém num passado recente, nomeadamente pelo Sr. Mário Baptista, honra lhe seja feita, certo é que nunca se chegou ao apuramento da verdade quanto ao destino ou paradeiro da lápide. Foi, obviamente uma irresponsabilidade de várias pessoas, mesmo que por negligência involuntária, mas seguramente uma enorme falta de sensibilidade pelas coisas da nossa história e memória colectiva mesmo que na forma de uma pedra. Infelizmente para muitos as pedras são isso mesmo, pedras ou calhaus, mesmo que nos contem histórias, recordem factos, nos lembrem ou evoquem pessoas. 

É triste e revelador de insensibilidade e de ignorância, pelo menos cultural, mas foi o que aconteceu e em muitos aspectos ainda continua a acontecer e tem-se descurado o arquivamento de documentos e anotações que pelo menos no futuro seriam importantes para a história comum da nossa freguesia e paróquia. Não nos serve o mal dos outros como consolo, mas infelizmente este não é apenas um pecado nosso mas de muitas outras paróquias e instituições. Alegra-nos a esperança de pensar que nunca é tarde para se começar a preservar, mesmo que nos entristeça o muito que já foi perdido.


Acima, um desenho rudimentar com a representação aproximada da configuração da lápide de granito que assinalava a localização dos restos mortais do Padre Manuel Carvalho. Obviamente ali falta  a inscrição, que em rigor se desconhece mas que certamente para além do nome faria referência à data e ao motivo.

Américo Almeida

20 de março de 2024

Francisco Guedes - Homem de quatro mulheres

 


Pelo assento de baptismo de uma rapariga de nome Escolástica, nascida em 5 de Fevereiro de 1738, o seu pai, um Francisco Guedes, do lugar do Reguengo, já ía na sua quarta mulher, a Isabel Francisca.  

O homem não teria um harém, mas tão simplesmente porque, certamente, por falecimento das anteriores esposas. Nessa altura a morte em idades jovens era frequente, nomeadamente durante a gestação ou o parto. Também não é de supor que o homem somasse divórcios pois por esses tempos era coisa rara ou mesmo inexistente.

Para além dessa particularidade, o assento feito pelo abade Manuel de Carvalho, então pároco de S. Mamede de Guisande, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário, revela-nos que o padrinho da Escolástica foi um Manuel Ferreira, que era "caseiro dos padres desta Igreja de Guisande". Ora, padres, no plural, significa que havia na igreja mais que um padre? Efectivamente sim, no caso o Pe. Manuel Rodrigues da Silva, que então era assistente do Pe. Manuel de Carvalho. Este Pe. Manuel Rodrigues da Silva acabou mesmo por suceder ao Pe. Manuel Carvalho como pároco da nossa freguesia a partir da data da sua resignação por motivo de doença, em 1750. Acabou por falecer o fundador da Irmandade em 4 de Fevereiro de 1758. 

Apesar de tudo não deixa de ser curioso e interessante que estivesse o Pe. Manuel Rodrigues da Silva tantos anos como assistente. Outros tempos, com fartura de sacerdotes.

Já agora, refira-se que deve-se a este Pe. Manuel Rodrigues da Silva a construção da torre da nossa igreja, em 1764.

Fica aqui este interessante apontamento, que apesar de parecer coisa pouca, revela vários pormenores e mesmo muito da realidade social da época.

Finalmente, o nome de Escolástica, parece-nos fora do comum, mas na época embora não muito corrente era usado. Isto certamente em devoção a uma santa que teve esse nome, concretamente Santa Escolástica de Núrsia que era irmã do conhecido S. Bento.

20 de setembro de 2023

Alfaiate setecentista


Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família. 

Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o  Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.

Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.

Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.

Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."

Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso. 

Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme. 

Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.

Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.

Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.

21 de novembro de 2023

Pedro, o escravo negro do pároco de S. Mamede de Guisande

 


Quem tem um bocadinho de interesse pela nossa História, saberá que Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura, com o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal. 

Apesar dessa espécie de galardão, não nos retira o peso da consciência de termos sido, em contraponto, o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos provenientes de África. Estima-se que entre 1450 e 1900, Portugal terá traficado cerca de 11 milhões de pessoas. 

O referido decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal a abolir a escravatura em rigor não acabou com os escravos, pois em boa verdade apenas foi proibida, a entrada de novos escravos. Desse modo tal decreto não resultou só por si no fim da escravatura, pois para além dos escravos que já existiam à data, havia também os que nasciam de mãe escrava e que desse modo continuavam na condição de escravos. O propósito foi melhorado e pouco tempo depois, em 1763, o Marquês de Pombal voltou ao assunto fazendo aprovar uma nova lei, designada de "lei do ventre livre", que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados.

Certo é que, dizem estudiosos do assunto da escravatura no nosso país, esta continuou, embora já à margem da lei o que não era difícil contornar, mantendo-se a entrada ilegal de escravos provenientes das nossas colónias. Desta situação que se prolongou no tempo, é considerado que a última pessoa que havia sido escrava em Portugal terá morrido apenas na década de 1930, já em plena república. Os jornais da época escreveram que teria 120 anos e que vivia no Bairro Alto em Lisboa, onde vendia amendoins e tinha sido escrava até 1869 data em que um novo decreto abolia de facto a escravatura em todo o nosso território. 

Depois desta introdução histórica, descobri que mesmo aqui em Guisande também existiu alguém na condição de escravo. E logo do pároco, conforme o atesta o documento acima, precisamente o assento de óbito de um Pedro, descrito como "solteiro, homem preto, escravo do Reverendo Manuel Rodrigues da Silva, Abade desta freguesia de Guisande". 

Faleceu este Pedro em 3 de Dezembro de 1787, como se vê já depois dos decretos publicados pelo Marquês de Pombal. O assento é omisso quanto à sua idade, Não sabemos também a sua origem e proveniência, sendo de supor que já seria criado escravo do abade quando este tomou conta de Guisande e que o terá trazido consigo.

Este pároco de Guisande, sacerdote e advogado, Dr. Manuel Rodrigues da Silva, sucedeu na nossa paróquia ao Abade Manuel de Carvalho, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário. 

Este dono do escravo Pedro era natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, tendo sido formado em cânones pela Universidade de Coimbra. Sobre ele escreveu o visitador da Sé em 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja".  

A torre da nossa igreja foi construída em 1764, por iniciativa deste pároco Manuel Rodrigues da Silva. Faleceu em 12 de Abril de 1790, com cerca de 80 anos ("pouco mais ou menos" como dito no seu assento de óbito), sobrevivendo ao seu escravo em cerca de dois anos e meio. 

Deixou este Abade Manuel Rodrigues da Silva um testamento o qual foi aberto pelo Reverendo João Leite de Bastos, pároco de Santa Maria de Pigeiros. Do testamento, com caligrafia gasta e de difícil leitura, sabe-se que instituiu como seu testamenteiro um seu primo, de nome Pantaleão da Silva Coimbra, a quem deixou bens tal como a uns irmãos, mas ainda várias doações e bens aos seus criados, às confrarias da paróquia e mesmo a Maria, sua afilhada, filha de António Gomes Loureiro, da Barrosa. Também se percebe que do seu atrás referido criado escravo Pedro, este teria uma filha chamada Maria que também terá recebido alguns bens móveis.

Apesar de algum modo podermos ficar surpreendidos que logo o pároco, a autoridade moral e espiritual, tivesse um criado na condição de escravo, temos, todavia, que atentar nos valores da época e que tal não seria caso único. Além do mais, estamos em crer que seria bem tratado e com toda a dignidade humana. De resto teve direito a um ofício exequial com a presença de 11 sacerdotes e até como os demais paroquianos foi sepultado no interior da nossa igreja. E como atrás se disse, à filha deste escravo foram deixados em testamento alguns bens.

Este documento e esta constatação não deixam, porém, de ser uma interessante curiosidade.

27 de novembro de 2019

Memórias Paroquiais de 1758 - Guisande - Lugares


Em 1758, três anos após o terrível sismo de Lisboa de 1755, em certa medida para saber da situação das terras e consequências do terramoto no território nacional, o Marquês de Pombal mandou realizar um inquérito em todas as paróquias. O mesmo foi enviado a todos os Bispos das Dioceses do país, para que por sua vez fosse encaminhado às então 4073 freguesias existentes em Portugal  e respondido pelos seus párocos. As respostas às diferentes perguntas (ver abaixo) deveriam ser tão precisas quanto possível e de seguida remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.

A tarefa de proceder à organização das respostas de todos os documentos coube ao Padre Luís Cardoso, sendo concluída apenas em 1832, já depois do seu falecimento, altura em que se terá completado o índice de todas as respostas aos inquéritos. Os originais das respostas ao inquérito encontram-se na Torre do Tombo.
Na paróquia de S. Mamede de Guisande, sucedendo ao Pe. Manuel de Carvalho, fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, no presente ainda activa, era pároco na altura o Dr. Manuel Rodrigues da Silva, que respondeu ao referido inquérito.

Desde há muitos anos que é de consenso comum e adquirido que a nossa freguesia de Guisande é constituída pela Parte de Cima e pela Parte de Baixo e por 14 lugares, concretamente: Igreja, Quintães, Viso, Cimo de Vila, Outeiro, Estôse, Pereirada, Leira, Gândara, Fornos, Barrosa, Reguengo, Lama e Casaldaça.

No entanto, na resposta ao ponto 6º do referido inquérito de 1758, o pároco referiu as partes ou metades de Cima e de Baixo, bem como os 14 lugares, mas estes com nomes que diferem um pouco da situação actual.
Respondeu o abade que a metade de Baixo era formada por  sete lugares chamados de Reguengo, Barroza, Fornos, Lama, Lamozo e Cazaldaça; e que a outra metade, chamada de Cima, tinha oito lugares, chamados de Leyra, Estôze, Pereirada, Quintam, Oiteiro, Simo de Villa, Quintana e Trás-da-Igreja.
Ora atentos à descrição, e relevando a questão da grafia própria da época, o abade começa por se enganar no total de lugares da parte de Baixo, dizendo 7 quando elenca apenas seis. Além disso, acrescenta os lugares de Lamozo e Quintam (este último que corresponderá a Quintão), mas não refere os lugares do Viso e Gândara.

Claro que ficamos sem saber em rigor qual o uso da época, podendo até ser esse o alinhamento dos lugares da freguesia na época, pelo que posteriormente, certamente devido à expansão dos lugares, terão sido acrescidos o do Viso e o da Gândara enquanto que por sua vez os lugares de Lamozo e Quintam deixaram o estatuto de lugares, passando a sítios, que de resto ainda hoje são conhecidos.

O Abade Dr. Manuel Rodrigues da Silva à data do inquérito já paroquiava Guisande há vários anos pelo que não é crível que ainda desconhecesse a composição por lugares da sua paróquia a ponto de se justificar o que poderia ser um lapso.
De todo o modo, fica a dúvida e o mistério para procurar esclarecer no futuro.

Voltaremos a este assunto das Memórias Paroquiais e o inquérito de 1758 que lhe deu corpo.

Entretanto ficam abaixo as perguntas que constavam do Inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal.

Acrescente-se que, pelo que fui lendo nas respostas dadas por certos párocos de certas freguesias, referentes a várias freguesias, tanto do nosso concelho como de Arouca, Castelo de Paiva e outras, nem sempre os párocos respondiam à totalidade das perguntas ou apenas resumiam as mesmas tanto quanto possível, ou diziam nada ter a declarar. Sendo os padres uma entidade com conhecimento e cultura bastantes, não podiam encontrar desculpa no desconhecimento ou incapacidade de resposta às várias perguntas. Preguiça, certamente, pois tempo é que não faltaria aos então clérigos.


As perguntas colocadas no inquérito de 1758 foram as seguintes:

Parte I: O que se procura saber da terra

1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence.

2. Se é d’el-Rei, ou de donatário, e quem o é ao presente.

3. Quantos vizinhos tem, e o número de pessoas.

4. Se está situada em campina, vale, ou monte e que povoações se descobrem dela, e quanto distam.

5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem.

6. Se a Paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a freguesia, e todos pelos seus nomes.

7. Qual é o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem Irmandades, quantas e de que santos.

8. Se o Pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem.

9. Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta.

10.Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros.

11.Se tem hospital, quem o administra e que renda tem.

12. Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver de notável em qualquer destas coisas.

13. Se tem algumas ermidas, e de que santos, e se estão dentro ou fora do lugar, e a quem pertencem.

14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes.

15. Quais são os frutos da terra que os moradores recolhem com maior abundância.

16. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta.

17. Se é couto, cabeça de concelho, honra ou beetria.

18. Se há memória de que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras ou armas.

19. Se tem feira, e em que dias, e quanto dura, se é franca ou cativa.

20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde ele chega.

21. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do Reino.

22. Se tem algum privilégio, antiguidades, ou outras coisas dignas de memória.

23. Se há na terra, ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas tem alguma especial virtude.

24. Se for porto de mar, descreva-se o sitio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o frequentam e que pode admitir.

25. Se a terra for murada, diga-se a qualidade dos seus muros; se for praça de armas, descreva-se a sua fortificação. Se há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente.

26. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê, e se está reparada.

27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.

Parte II: O que se procura saber da serra

1. Como se chama.

2. Quantas léguas tem de comprimento e quantas tem de largura, aonde principia e acaba.

3. Os nomes dos principais braços dela.

4. Que rios nascem dentro do seu sítio, e algumas propriedades mais notáveis deles; as partes para onde correm e onde fenecem.

5. Que vilas e lugares estão assim na Serra, como ao longo dela.

6. Se há no seu distrito algumas fontes de propriedades raras.

7. Se há na Serra minas de metais, ou canteiras de pedras, ou de outros materiais de estimação.

8. De que plantas ou ervas medicinais é a serra povoada, e se se cultiva em algumas partes, e de que géneros de frutos é mais abundante.

9. Se há na Serra alguns mosteiros, igrejas de romagem, ou imagens milagrosas.

10. A qualidade do seu temperamento.

11. Se há nela criações de gados, ou de outros animais ou caça.

12. Se tem alguma lagoa ou fojos notáveis.

13. E tudo o mais que houver digno de memória.

Parte III: O que se procura saber do rio

1. Como se chama assim, o rio, como o sitio onde nasce.

2. Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o ano.

3. Que outros rios entram nele, e em que sitio.

4. Se é navegável, e de que embarcações é capaz.

5. Se é de curso arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela.

6. Se corre de norte a sul, se de sul a norte, se de poente a nascente, se de nascente a poente.

7. Se cria peixes, e de que espécie são os que traz em maior abundância.

8. Se há nela pescarias, e em que tempo do ano.

9. Se as pescarias são livres ou algum senhor particular, em todo o rio, ou em alguma parte dele.

10. Se se cultivam as suas margens, e se tem muito arvoredo de fruto, ou silvestre.

11. Se têm alguma virtude particular as suas águas.

12. Se conserva sempre o mesmo nome, ou começa a ter diferente em algumas partes, e como se chamam estas, ou se há memória que em outro tempo tivesse outro nome.

13. Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sitio em que entra nele.

14. Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegável.

15. Se tem pontes de cantaria, ou de pau, quantas e em que sítio.

16. Se tem moinhos, lagares de azeite, pisões, noras ou algum outro engenho.

17. Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias.

18. Se os povos usam livremente as suas águas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão.

19. Quantas léguas tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até onde acaba.

20. E qualquer coisa notável, que não vá neste interrogatório.

3 de dezembro de 2021

Igreja Matriz - Obras realizadas de 1923 a 1929


Qualquer construção, desde a mais singela à mais sumptuosa, para perdurar no tempo tem que beneficiar de obras regulares, que podem ser apenas de conservação face aos elementos da natureza, como aplicação de pinturas e reparação de telhados, mas também de requalificação de modo a ampliar espaços ou reformular elementos e suas funções.

Ora se numa mera habitação é imperiosa essa necessidade de obras, tanto mais o é numa construção com carácter comunitário e simbólico como acontece com um edifício de igreja ou capela, ou mesmo de monumentos de carácter local ou nacional, entre outros.

Neste contexto, é pois natural que a nossa igreja matriz de S. Mamede de Guisande tenha ao longo dos tempos, mais recuados ou mais recentes, sido alvo de diversas obras, umas mais ligeiras outras mais profundas, como as que aconteceram entre os anos de 1923 a 1929 e que neste artigo procuramos falar e trazer a público alguns interessantes apontamentos. 

Desde logo, o que é singelo e invulgar, a propósito do processo dessas obras, designadas de "reparações", o então pároco, Pe. Rodrigo Milheiro, no final mandou imprimir um livrinho com 20 páginas, datado de Janeiro de 1930, onde para além da introdução e justificação das obras, que abaixo transcrevemos, apresenta a descrição das diferentes tarefas e das respectivas contas. Nomeia ainda as pessoas que contribuíram e as respectivas ofertas. 

Este impresso na ocasião foi oferecido a algumas famílias e existe igualmente no acervo dos papéis e documentos da paróquia, que de algum modo pode representar o arquivo paroquial, sendo que este na realidade não existe como tal, nem organiado nem em local digno e adequado à consulta e preservação. Certamente um trabalho que importará fazer.

No fundamental, de referir que o ponto de partida para a realização das reparações prendeu-se com o facto de na altura o corpo da nave da igreja ter sido dado como em eminente ruína já que as paredes exteriores apresentavam um desaprumo. De resto, situação que ainda hoje se verifica, sobretudo na parede da fachada sul (voltada ao cemitério). Há quem refira que este desaprumo vem desde o famoso terramoto de 1755 (que destruíu Lisboa e que por cá também se fez sentir) enquanto que outros, como o autor do atrás referido impresso, atribui o defeito à armação da cobertura da igreja. Resulta, pois, dessas obras, a aplicação dos actuais varões de ferro transversais que ligam ambas as paredes e que são visíveis do interior do edifício. 

Interessante todo este contexto e fundamento.

É indicado que para angariação de fundos para a obra, se realizaram dois bazares (a que hoje chamámos de feirinhas) no dia 28 de Dezembro de 1924, um na Parte-de-Cima da freguesia e outro na Parte-de-Baixo, que renderam ambos 2.430$00.

Em resumo e em balanço, a totalidade das obras realizadas nesse período de tempo custaram 25.146$55 (escudos) e para elas apurou-se uma receita de 23.488$17, por isso registando-se um saldo negativo de 1.658$38. Para ajudar a cobrir o saldo foi realizado um empréstimo de 1.215$00, ficando por isso um remanescente negativo de 443$38. O empréstimo foi concedido pelo Pe. Dr. António Ferreira Pinto, sendo 215$00 para pratear os padrões e mais um conto (1.000$00) para liquidar as contas com o sineiro.

Os 443$38 foram pagos com 100$00 pelo próprio pároco, ainda com dinheiros de juros, esmolas, promessas e sobras de confrarias. Diz ainda o pároco que ele próprio pagou 300$00 como parte do empréstimo ao Dr. Ferreira Pinto.

É dito ainda que "...o falecido Snr. Custódio António de Pinho (nota: da Casa da Quintão, no Outeiro) fez à sua custa a porte principal e o guarda-vento onde gastou cerca de oito contos. Deus Nosso Senhor dê paz à sua alma. O Snr. Manuel A. Guedes mandou levantar a tôrre gastando cêrca de seiscentos escudos. 

As casas principais da freguesia deram os pinheiros precisos para as obras a saber : Custódio A. de Pinho, três ; António dos Reis Oliveira, dois; Raimundinho Loureiro, dois ; Manuel da Costa Moreira, dois ; Manuel Henriques Correia, um; Rufino Ferreira Pinto e irmãos, dois e Manuel António dos Santos, um."

O pároco agradeceu a todos "...o terem concorrido tão generosamente para a reparação da Igreja. Deus Nosso Senhor é que há-de pagar a todos o sacrifício que fizeram para dar as suas esmolas. Todos, pobres e ricos, deram as suas esmolas e quando dos bazares trouxeram os sous presentes, na medida das suas posses. Os ricos continuaram a ser ricos e os pobres não pioraram na sua pobreza. Bem diz a S. Escritura — quem dá a Deus, não dá, empresta".

Procurou na execução dos trabalhos "... ser o mais económico e fazer obra sólida e o melhor possível. Nem tudo ficaria bem e ao agrado, mas não o fiz por maldade ou falta de cuidado. Errar é próprio dos homens. O povo de Guisande tem mostrado sempre ser crente e brioso, orgulhando-se ao ver a sua Igreja limpa, embora modesta.  Eu da minha parte também estou satisfeito porque todas as vezes que bati à porta dos paroquianos pedindo uma esmola para a Casa de Deus não me foi recusada. 

O Ex." Snr. Dr. F. Pinto comprou para a igreja: 1 paramento verde, um relicário de prata, 1 estola preta, 1 paramento branco (usado), 1 missal, 1 cadeira paroquial, pagou a escritura, ciza e mais despesas com a doação da residência, mandou fazer uma varanda em cimento, comprou 1 bomba para o poço, mandou caiar a residência em 1923 e pô-la no seguro pagando o 1.° ano, comprou um pedaço de terreno para alargar o terreno em frente à residência por um conto, recebendo do povo 55-mente 753$50 ; mandou encarnar a imagem de Nossa Senhora do Rosário e outra da Capela, etc. "



Ainda no mesmo impresso, é dada conta que em Dezembro de 1929 fez-se um pequeno bazar para angariar verbas para compor a Capela do Viso, tendo sido apurada a quantia de 835$00. veja-se na folha abaixo.


Em resumo, apontamentos com muito interesse e certamente, pela data a que se reportam, já do esquecimento da totalidade da nossa população.
Daremos continuidade a estes apontamentos relacionados com as obras tanto na igreja, como na capela e na residência.

Quanto ao contexto e justificação das obras, cujo texto consta do já referido impresso, é particularmente interessante e para além de tudo relata-nos pormenores e procedimentos muito particulares.

Segue-se, então, a transcrição do texto, com uma outra actualização de vocabulário e acentuação bem como algumas notas explicativas para melhor leitura e interpretação.

INTRODUÇÃO, CONTEXTO E JUSTIFICAÇÃO DAS OBRAS DE REPARAÇÃO

A Igreja Paroquial da freguesia de São Mamede de Guisande já existia em 1686, como se vê por uma determinação do Ex.mo e Rev.mo Snr. Bispo D. João de Sousa que, estando de visita à freguesia de São Jorge, no dia 16 de Julho de 1686, aí chamou o Rev.do Pároco de Guisando com seus fregueses para lhes administrar a Sagrada Comunhão e Crisma; diz : ... Mandando visitar esta Igreja (S. Mamede de Guisande) por nos constar que a capela-mór está arruinada, ser mui pequena, e não ter sacristia, mandamos que o abade faça de novo a capela-mór mais larga e comprida do que é a actual, e com sacristia para que com maior decência se possam celebrar os ofícios divinos ; e estas obras se façam dentro de ano e meio com cominação (nota: ameaçar com pena ou castigo) de que faltando o Rev.do Abade a acabação deste capítulo será condenado em 20$00 para o seu Meirinho (nota: magistrado encarregado de aplicar a Justiça e fiscalizar a aplicação da justiça)

Em 28 de Setembro de 1687 foi a freguesia visitada pelo Dr. João da Fonseca; este deixou escrito « ... como o Rev.do Abade se tem havido com descuido em não ter feito preparo algum para as obras ... mando sob pena de Excomunhão, Maior, ipso facto ... as executo no referido prazo de tempo». Em 6 de Maio de 1689, visitada a freguesia pelo Dr. Gaspar Pacheco foi por este resolvida uma pendência entre o pároco e o mestre de obras, construtor da capela-mór, sobre se o arco-cruzeiro tinha ou não entrado no contrato. O visitador deliberou fosse construído o arco-cruzeiro à custa de ambas as partes, no que todos concordaram. 

O visitador obrigou o empreiteiro a ter a obra acabada até ao dia de S. João p. f. Em 2 de Maio de 1690 foi visitada a freguesia por João de Almeida Ribeiro que mandou pôr duas vidraças nas friestas da capela-mór. 

Visitada em 19 de Dezembro de 1694 pelo Dr. Francisco Monteiro Pereira, diz : «Fui informado que o Rev.do Abade defunto (P.e João Sequeira de Sousa) dos ornamentos desta Igreja vendeu, para fora, uma vestimenta e com outra se enterrou, o que não podia fazer... como também os gastos que (o pároco actual, Valério R. da Luz) fez em acabar a capela-mór e a sacristia, o que tudo devia ser à custa dos herdeiros do defunto, como deverá cobrar-se.» 

Daqui se conclui que a capela-mór e a sacristia foram principiadas em 1620 e acabadas em 1690 a 1694. O corpo da Igreja já existia nesta altura, mas é desconhecida a data da sua construção. E construído a pedra e cal, com janelas e portas de cantaria lavrada, ao passo que a Capela-Mór, sem cantaria nas janelas, tem na das portas o que há de mais ordinário, sendo as paredes construídas a pedra e barro. 

A data de 1737, gravada no arco-cruzeiro, é muito posterior à construção da Igreja. Essa data deve referir-se às pinturas da Igreja. O Rev." Padre Carvalho (nota: Pe. Manuel Carvalho, fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário) que tomou posse desta freguesia em 10 de Março de 1710, já encontrou a Igreja construída; porém, a torre data de 1764. O altar-mór também atesta a veracidade destas transcrições, pois tem um remate na parte superior em talha Luís XV, quando no seu todo é renascença. 

Aos lados do altar-mór há duas peças de talha estilo renascença como o altar, mas de proporções muito maiores, prova de que não foi obra do mesmo artista. 
As paredes do corpo da Igreja estão desaprumadas para fora, cerca de 0,15 m. Este desaprumo é proveniente de a Igreja não ter cume nem terças. 
A Igreja compõe-se de: corpo da Igreja com 17,00 m de comprimento por 7,00 m de largura, a capela-mór com 3,00 X 5,00 m, o plano do altar-mór com 2,50 X 5,00 m e duas sacristias. Tem quatro altares em talha. 

A Igreja paroquial da freguesia de S. Mamede de Guisande foi fechada ao culto nos fins do ano de 1923, a pedido do pároco desta freguesia (nota: então o Pe. Abel Alves de Pinho), por ordem do Ex.mo Prelado diocesano, em virtude das informações que lhe deram o pároco e peritos, afirmando que estava a ameaçar ruína. Foi mudado então o SS. Sacramento para a Capela de Vizo e aí se começaram a celebrar todos os actos do culto. 

Passados alguns dias, o pároco cansado de ir diariamente à Capela, pediu ao Ex." Prelado para celebrar à semana no altar-Mór, ficando o povo do arco-cruzeiro para cima, servindo-se pela porta da sacristia. O Ex." Prelado concordou, e o pároco principiou a celebrar no altar-Mór; servia-se do confessionário que estava debaixo do púlpito e administrava o baptismo no seu devido lugar, indo o sobrinho ligeiro (não fosse a Igreja caír) abrir a porta principal para entrar o povo, e o pároco paramentado seguia pelo adro e entrava também pela parte principal. 

O Rev..do Pároco exortava o povo a que compusesse a Igreja e para esse fim nomeou uma comissão de paroquianos. Principiou a receber donativos para as reparações e no dia 20 de Outubro de 1923 (véspera da sua despedida) entregou ao Snr. Moreira, nomeado tesoureiro, a quantia de 2.528$30. Nesta altura tomei posse da paroquialidade desta freguesia de Guisande para a qual fui nomeado (nota: Pe. Rodrigo Milheiro)

É costume fazer-se durante todo o mês de Novembro, de madrugada, o exercício do mês das Almas e de N.ª S.ª do Rosário e como na Capela-Mór não cabiam homens e mulheres  e não podendo além disse estar todos misturados, falei a este respeito com o Rev.do Vigário da Vara que me deu vários esclarecimentos e instruções sobre o caso. 

Examinei, na companhia do pessoas competentes, a construção da Igreja e vimos se realmente estava ou não a ameaçar ruína. Feito o exame, chegamos a conclusão de que foi bem construída, empregaram materiais sólidos e madeiramentos resistentes; mas talvez porque as madeiras não estivessem bem secas, celaram (nota:contrairam) muito e obrigaram as paredes a desaprumar, devendo também influir muito neste grande celamento das madeiras cerca de três toneladas de caliça (nota: mistura de pedra e barro) existente entre o fôrro e o guarda pó. 

As paredes da Igreja têm de espessura 0,70 m ; desaprumando 0,15 m, ficando ainda em prumo 0,55 m. Ora uma parede com 5,50 m de altura e 0,55 m de espessura, sendo bem construída não se pode dizer esteja a ameaçar ruína. Os peritos que o Snr. Abade chamou bem o compreenderam, mas para o não desgostar assinaram de cruz, e o pároco tomou esta resolução para ver se conseguia que o povo desse os donativos para as reparações. 

Abrir a Igreja era uma desconsideração para o meu antecessor (e não fica bem que o novo pároco altere logo de entrada quanto seu antecessor fez). Além disso o meu antecessor paraquiou a freguesia durante 16 anos sempre com muito zêlo, piedade e fervor. Oxalá eu conserve ao menos o que dele recebi.

Fiz então desta maneira: dividi a Igreja, da parte traversa do norte em direcção ao arco do altar de N.a S.ª do Rosário, e ordenei que as mulheres entrassem pela parte travessa e não passassem para baixo da divisão nem para cima do arco-cruzeiro, e os homens entrassem pela sacristia para ficarem na Capela-Mór. Assim principiei a exercer todos os actos do culto na Igreja, indo à Capela semente aos domingos, celebrar a primeira Missa, a da Capelania. 

A 28 de Janeiro de 1924 principiaram os pedreiros a pear o corpo da Igreja com vigas de ferro, e no dia 1 de Fevereiro, terminadas as peações, autorizou o Ex.mo Prelado a abrir a Igreja ao culto. 
Na terça-feira da Páscoa, 22 de Abril, principiaram os carpinteiros e os trolhas a descobrir a Igreja. Antes disto tinha-se levantado um altar na sacristia sul, onde foram colocadas as imagens e o SS. Sacramento, celebrando nele Missa à semana. Aos domingos celebrava-se no altar-Mór, sendo convenientemente preparada a Igreja no sábado à tarde, depois de se retirarem os operários. 

A Igreja foi coberta com telha francesa, soalhada, remendado e pintado o fôrro, forrado de novo o côro, concertadas a grade e a cimalha do côro ; foi feita uma porta principal e outra travessa, remendadas e vestidas de novo três portas, levantada a torre de sete metros, picada a cal da torre e argamassada de novo, vestido o frontispício da Igreja a massa de areia, concertada a cal das paredes da Igreja, lavada e caiada; 

Foram feitos novos beirais e cimalhas (nota: parte superior da cornija onde assenta o beiral da cobertura), concertados três altares e lavados ; foram dadas três mãos de cola, feitos quatro estrados novos, rasgadas as janelas da Igreja, levando grades e vidros novos, foi feito um guarda-vento, composta a grade do arco cruzeiro e aumentada foram feitos seis confessionários novos, comprada uma Custódia nova, um sino, prateados dois padrões e uma vara de juiz; 

Foram comprados dois panos : um para o gavetão da sacristia e outro para o harmónio ; um tapete para o Altar-Mór ; foi feita uma dúzia de bancos grandes e seis pequenos ; foram reparados o gazómetro, as lâmpadas e as credências e compradas duas pedras de mármore e uma cadeira paroquial e ultimamente foram dourados três altares e o púlpito. 

Tem a freguesia de Guisande uma boa residência construída em 1907, e uma espaçosa casa para reuniões da Junta, mordomos e confrarias, construída em 1909. 
O cemitério é amplo e data de 1910. Todas estas construções estão em volta do adro e dão um belo aspecto ao local. 
Os paroquianos, voluntariamente, contribuíram sempre para estas obras e podem ter justo orgulho das suas iniciativas e realizações. 

Pe. Rodrigo Milheiro - Janeiro de 1930


- Datas relacionadas a obras:
1703, 03 março - contrato de Manuel da Fonseca para a obra de dois retábulos; 1712 - data gravada na pia baptismal; 1737 - data pintada no arco cruzeiro; 1764 - data da torre sineira, primeira construção; 1933 / 1934 - demolição, reconstrução e ampliação da capela-mor.