21 de março de 2018

Coisas da bola


Da imprensa: "Cristiano Ronaldo pediu que valorizem mais os futebolistas portugueses e que "pensem grande", sem medo de terem ambição.
"Aborrece-me ver o valor que em Portugal dão aos estrangeiros, não vejo tanto valorizar o que é nosso, os jogadores portugueses", defendeu o avançado da seleção nacional e do Real Madrid, na gala anual da Federação Portuguesa de Futebol.

Ronaldo tem razão de princípio, mas não a tem toda. E não a tem toda porque fala de barriga cheia e não pode pretender que os adeptos dêem valor a "toscos" e a "coxos" em detrimento de verdadeiros artistas, mesmo que estrangeiros.
Mas reconhecendo-se o enorme ego de Ronaldo, no fundo ele estava a falar por si e a criticar aqueles adeptos portugueses que preferem a magia do futebol de Messi e a este classificam como o melhor futebolista de todos os tempos. 
Mesmo reconhecendo a extraordinária categoria de Ronaldo e o seu profissionalismo, obviamente que enquanto artista da bola eu também prefiro o Messi. Mas quanto a preferência cada um gosta do que gosta.
Para além disso, Ronaldo fala em valorizar o que é nosso, coisa que tanto ele como os mais categorizados jogadores portugueses em rigor não fazem, ao optarem, legitimamente, diga-se, por cedo escolherem outros clubes e países, tudo em nome do prestígio deles próprios e da sua carteira, obviamente. Ora se Ronaldo e Companhia fossem assim tão "patriotas" e "valorizassem o que é nosso", ainda estariam por cá em clubes como o Sporting, Benfica, Porto e mesmo outros e mesmo assim a ganharam muito acima dos comuns mortais. Com eles por cá certamente que o nosso futebol e a nossa liga teriam mais qualidade e com menos estrangeiros. Isso sim.
Assim sendo, o que Ronaldo diz ou pensa no que a lições de moral ou de patriotismo diz respeito, vale o que vale e vale pouco ou nada. 
Patriotismo e amor à camisola são coisas que há muito andam afogadas pelos interesses próprios e sobretudo pelo dinheiro, quanto mais melhor. Beijinhos aos emblemas e às camisolas valem tanto como beijos de Judas.

5 de março de 2018

A alegre casinha

Creio que todos reconhecem a casa abaixo retratada. Trata-se da casa do Ti Pereira, no lugar do Viso, ao lado da capela, actualmente propriedade de herdeiros. Entre uma e outra fotografia, passam quase cinquenta anos. A primeira foi retratada num dia 4 de Agosto de 1958, um sábado de Festa do Viso e a segunda tem dias.
Na foto de 1958, a casa tinha acabado de ser construída, mas ainda faltava parte do muro de vedação á face do então caminho bem como portões e grade no muro. Esse muro em falta foi feito de seguida e anos mais tarde demolido para possibilitar o alargamento da rua e construção de passeio. Curiosamente, também na parte nascente do prédio, nessa altura existia um espigueiro implantado à face do caminho e que também acabou por ser demolido para permitir o alargamento. Apesar disso, manteve-se o muro em alvenaria de granito defronte da casa, em harmonia com a arquitectura desta.
As fotografias de um mesmo local em diferentes épocas podem dar-nos este ar de surpresa decorrente da transformação das coisas e dos sítios, quase como um passe de mágica.
A casa na actualidade está com bom aspecto até porque foi recentemente alvo de obras de conservação por parte do actual proprietário.