23 de janeiro de 2019

Pausa para café

Quando algo nos intoxica, o melhor a fazer é fugir do ambiente com ar poluído e procurar a saúde de espaços abertos onde melhor se possa respirar.
Assim, com esta naturalidade, volto a fazer uma pausa na utilização da rede social Facebook. Apenas uma pausa terapêutica, nada mais. É que por ali tem-se respirado muito mal e a decadência da coisa não está longe. As pessoas é que fazem a coisa mas a própria rede tem dado uma enorme ajuda, intoxicando a casa com demasiada publicidade e partilhas patrocinadas que nos invadem sem qualquer controlo. De resto esse controlo supostamente existe mas sempre que tapamos um buraco são abertos dois. Pode ser da idade, mas começa já a faltar paciência ou pachorra para algumas coisas. Vão-se foder!
Em contrapartida, vou explorar algumas outras redes, nomeadamente o Twitter.
Quem tiver algum interesse no que vou dizendo, fotografando ou rabiscando sabe que é por aqui neste espaço que vou estando.

18 de janeiro de 2019

Rui, dá-me a tua camisola


E aí está. Toneladas de defensores da verdade e moralidade a colocar num pedestal o suposto hacker Rui Pinto, para todos não um criminoso mas sim um herói a merecer estátua, por "revelar a corrupção". Ora este heroísmo sabe bem quando, por enquanto, os acusados de corrupção e esquemas manhosos moram para o lado da 2ª circular lisboeta. Em resumo, a nobre aplicação do ditado de que "pimenta no cu dos outros no nosso é refresco".

Pessoalmente eu não tenho certeza nenhuma, nem quanto a Rui Pinto e suas motivações, nem quanto ao resto. Porque ainda nada foi provado, julgado e condenado em Rui Pinto, nem a propalada "corrupção" por parte de algumas entidades afectadas com o ataque informático, nem ainda houve julgamentos ou condenações. A presunção de inocência e acção da polícia e depois da Justiça aqui para estes moralistas são meros amendoins. Peanuts.

Com a mesma leviandade poderíamos tecer aqui muitos cenários e especulações desde a "encomenda" do trabalho, a quem interessaria, a sua motivação se por dinheiro e ou clubismo, a suposta chantagem, etc, etc. Mas deixemos isso com a polícia e a justiça, sabendo que, olhando para o passado, nem tudo o que se escuta, se vê ou se diz é coisa dourada.

Todavia, este cenário de defesa dos meios justificarem os fins é uma faca de dois gumes e preocupa-me que veja nele tantos defensores. Afinal, este suposto hacker, com os seus conhecimentos e eventuais apoios de outros como ele, pode, com a mesma facilidade que suposta e ilegitimamente acedeu a dados e informações privados, do Benfica mas não só (fala-se mesmo de organizações do Estado), podia ou pode, porque terá demonstrado ter capacidade para isso, aceder aos nossos dados pessoais, mesmo aos mais íntimos, até aos financeiros e fiscais e mesmo aceder a contas bancárias e nelas movimentar a seu favor dinheiros das nossas poupanças. Casos destes são mais que muitos. Em resumo, Ruis Pintos que podem de um momento para o outro destruir vidas não só de supostos e eventuais "criminosos" como de pessoas inocentes. Mas como não foi esse o caso, mas sim dirigido de modo incisivo e massivo ao clube nosso rival, estamos todos bem, de consciência tranquila a ver o fogo na casa do vizinho. - Fez bem o incendiário porque esse vizinho era a nossa fonte de preocupações e insónias. Se o fogo acabar por alastrar à nossa própria casa, logo se verá. - pensarão.

Não. Por mim não quero este cenário de menorização do acto criminoso e não me parece que todos os meios justifiquem os fins. Em países civilizados um crime não pode justificar outro, assim como um assassino, mesmo que de várias pessoas e de modo premeditado, não é condenado com a pena de morte. Mas, parece que há quem pense assim, que o crime deve ser recompensado, sobretudo quando afecta os nossos inimigos e adversários.

Travessias


Já votei ao centro, à direita e à esquerda e até em coisa nenhuma, e continuo ainda a achar que esta discriminação de posicionamento partidário resulta apenas de uma prática histórica iniciada algures no pós-revolução francesa e que em rigor não tem qualquer valor. Apenas semântica. Há, pois, valores que não são exclusivo da direita ou da esquerda e por isso na politica o que importará são as ideias e os projectos e a qualidade das pessoas a eles associadas e que juntos correspondam ao que acreditamos ser o melhor para nós próprios, para os nossos e para a sociedade. Movimento e ordem são importantes, mas pouco se um sem a outra.

Tudo isto para dizer que não sou militante de coisa nenhuma mas militante de ideias, valores, projectos e pessoas. Neste não posicionamento clubístico, procuro ver estas coisas  da politica com o distanciamento possível, incluindo esta situação recente vivida no PSD, em que o seu líder Rui Rio em resposta ao posicionamento de Luís Montenegro, dito notável do partido, convocou o seu Conselho Nacional para se sujeitar a uma moção de confiança. Foi já no alvor da manhã de hoje que se soube que Rui Rio passou na moção, merecendo a confiança da larga maioria dos conselheiros, com percentagem até reforçada comparativamente à das eleições directas de há um ano. Clarificada esta questão, julga-se, o líder clama agora por tranquilidade e que o deixem trabalhar.

Todavia, visto de fora, não me parece que vá ter tranquilidade, até porque as vozes contra são muitas e mostram um ressabiamento que já vem do antes da vitória inequívoca nas anteriores eleições directas.
Montenegro, que quem o melhor conhece diz não ser grande "rifa", de resto na linha dos políticos com muita prosápia mas pouca substância, ainda o líder mal tinha acabado de ser empossado e contra ele já se levantava dizendo que ia estar por aí. Por isso adivinhava-se que a travessia do deserto do menino Luís seria curta, apenas até que lhe desse ganas de confrontar e desafiar o chefe, em resumo no momento em que achasse mais adequado. Assim, a meio do jogo, como as jogadas não lhe estavam a agradar, decidiu desafiar Rio a recomeçar o jogo e a submeter-se a uma nova equipa, bem ao jeito do tempo da escola em que o menino rico quando estava a perder decidia parar o jogo, formar a sua equipa com os melhores e voltar a começar o jogo a zeros.

Em todo o caso, Luís Montenegro e seus pares adeptos de golpes palacianos até podem ter razões quanto à estratégia de Rui Rio e da sua aparente fraca oposição à geringonça, mas pretender mudar as regras do jogo e questionar e desafiar a liderança legitimada por eleições directas, não é coisa que fique bem na fotografia. Mas é lá com eles. De resto, como as coisas estão, mesmo com uma liderança "mais forte e mais incisiva"  ao gosto do Montenegro e parceiros, o mais certo é que não seja suficiente para destronar Costa e seus pares nos próximos actos eleitorais. Porque é ciclíco e porque gostamos de rebuçados, pelo menos enquanto os não enjoarmos.

Finalmente, creio que de facto Rui Rio tem um grande ou mesmo enorme handicap contra ele e que lhe pode ser fatal nas eleições que aí vêm, e que reside no facto de ser um político objectivo e sério, coisa que, mesmo não generalizando, não casa bem com a classe política. A esse nível ganhariam mais, ele o partido, se fosse mais astuto, mais demagogo, mais antes parecer do que ser. Ora esse é de facto um grande problema até porque nós, portugueses, por mais que os tenhamos em baixa estima, temos uma predisposição para apostar nos políticos mais polítiqueiros, com tudo o que de pernicioso possam ter. 

16 de janeiro de 2019

- Acudam que é lobo!


De volta e meia lá surgem as atoardas sobre a política de privacidade da rede social Facebook e que muitos utilizadores partilham e replicam às cegas, tornando-se no que se diz viral.
Por estes dias a coisa voltou a atacar com uma mensagem do género "Não se esqueça que o prazo termina amanhã. Tudo o que você já postou torna-se público a partir de amanhã. Até as mensagens que foram apagadas ou as fotos não permitidas.".

Esta, como muitas outras, é uma treta que já tem alguns anos e que volta e meia, apesar de desmentida, retorna a circular com intensidade. O que espanta é a quantidade de utilizadores que alinham nesta cadeia e copiam e colam sem sequer procurar saber se há algum fundamento na coisa. Alarmante não é, contudo, a réplica desta treta mas a predisposição que demonstramos para replicar outras, porventura, mais graves e com propósitos oportunistas  por quem as lança. Para além de tudo, com tanta treta misturada e tantos falsos alarmes, às tantas adoptamos a atitude do povo da aldeia para com Pedro o pequeno guardador de rebanhos que à custa de tantos falsos alarmes de "-Acudam que é lobo!", por brincadeira, quando o pedido de socorro tinha fundamento ninguém lhe deu ouvidos por pensar que era mais uma  do mentiroso. 

Apesar das fraquezas do Facebook, há coisas que ainda podemos controlar, desde logo o regime ou grau de privacidade que queremos dar a cada publicação, fotos incluídas. Para além de tudo há uma ferramenta muito boa que é de ir apagando o que de certa forma se tornou desactualizado. 

É certo que é fácil fabricar falsidades tidas como verdades mas um bocadinho de auto-regulação e sentido crítico só fariam bem. Já agora, menos exposição dos nossos e das nossas coisas mais pessoais e íntimas também seriam uma ajuda.

15 de janeiro de 2019

Futebóis


O F.C. de Arouca está à 17ª jornada do Campeonato da II Divisão, chamado Liga 2, no último lugar de uma tabela de 18 clubes. Depois de um brilharete que o conduziu à 1ª Liga e por onde se aguentou durante quatro épocas, está agora numa posição difícil que a não inverter-se na 2ª volta da competição o empurrará para uma divisão inferior e com isso o regresso à normalidade de um clube de um concelho ainda muito interior e com baixa densidade populacional. 

Mas o nosso C.D. Feirense, ainda na 1º Liga, não está melhor e se a 2ª volta da prova for mais do mesmo, a 2ª Liga é já ali ao dobrar da esquina. Não particularizando nem generalizando, este tipo de clubes muito suportados por apoios de empresários locais, quase numa lógica familiar, e de fortes investimentos, transparentes ou disfarçados das Câmaras Municipais, podem fazer uns brilharetes mais ou menos efémeros mas a normalidade tende a ser as divisões secundárias. De resto alguns clubes de grandes e médias cidades, e que já foram presença habitual nas principais provas do nosso futebol, andam por aí a amargurar em divisões inferiores, quiçá em campeonatos distritais. Exemplos como o F.C. Arouca e Tondela são excepções e condenados a curtos reinados. 

Mas é apenas futebol e este há muito que deixou de ser e pertencer ao povo e nalguns casos aos clubes. Agora a lógica é a do dinheiro e dos interesses de investidores abrigados pelas SADs desaculturados da cultura geográfica e social das cidades e municípios onde têm sede. O futebol do povo, das sandes de couratos e porradas nos árbitros e algum amor às camisolas ainda pode residir nos distritais mas também esse já teve melhores dias no que a clubismo diz respeito. 

Sinais dos tempos em que os interesses das massas andam por outros campos. Mas mesmo sem futebol na 1ª ou 2ª Ligas, Arouca terá sempre fortes motivos de visita. De resto, sendo visitante frequente, nunca lá fui arrastado pelo futebol. Um bom assado no forno, de vitela arouquesa foi sempre um futebol mais entusiasmante.

14 de janeiro de 2019

Tempo a falar do tempo


Noutros tempos não se perdia tanto tempo a falar do tempo. Na RTP, no final do Telejornal lá vinham então o Costa Malheiro ou o Anthímio de Azevedo, formais de fato e gravata, de ponteiro apontado ao preto quadro de lousa, com gatafunhos por eles desenhados manualmente a giz, como nas escolas primárias, a explicar-nos os estados de alma do anti-ciclone dos Açores e as consequências do mesmo na ondulação, vento e temperatura. Era o Boletim Meteorológico, em dois ou três minutos, se tanto, a preto-e-branco, como no quadro.

Hoje em dia a coisa pia mais fino e ele é alertas de várias cores, porque faz frio, porque faz calor porque chove ou porque não chove. Falar do tempo e sobre o tempo faz parte do nosso dia-a-dia e já não basta deitarmos o nariz de fora da porta para, constatando o óbvio, vermos o tempo que está, ou comprar o Seringador nas feiras dos "quatro" ou dos "dezoito" para saber quando estará de feição e de boa lua semear os nabos  ou plantar batatas. Alguém tem que o dizer, comentar e fundamentar. Dá lugar a reportagens, entrevistas a populares anónimos e a cientistas e até mesmo no "teatro de operações" com uma qualquer repórter, de cabelos a esvoaçar, afanosamente a informar com ares de coisa nunca vista de que está a chover ou a nevar forte e feio. As coisas do tempo até têm nomes, como pessoas. Um aguaceiro pode chamar-se Custódio ou Isaías, uma ventania, Alice ou Josefina. Coisa que parece brincadeira mas para levar a sério.

Não andamos com o quadro de lousa do Malheiro ou do Anthímio, mas trazemos no telemóvel uma ou mais apps que nos dizem o tempo em cada momento e em cada lugar. Já não vivemos sem as previsões e não nos basta a do dia seguinte nem nos contentamos sequer com a de dois ou três. Pelo menos uma previsão para 15 ou mesmo 30 dias. É uma aflição e expectativa saber se no dia do casamento, do piquenique da família ou da festa da aldeia vai haver sol ou chuva. Nas redes sociais somos todos meteorologistas e replicamos as previsões, partilhando-as numa vontade samaritana de avisarmos os vizinhos do perigo, não vá eles, distraídos, estarem desprevenidos para uma chuva ou uma ventania. E logo nos nossos dias em que ninguém anda de guarda-chuva pendurado na gola do casaco.

Sinais dos tempos, estes em que o exagerado 80 deixou o humilde 8 envergonhado, lá trás.

12 de janeiro de 2019

Nota de falecimento


Faleceu, de forma inesperada, Júlia de Fátima Moreira Teixeira, de 50 anos, esposa de Luís Manuel da Costa Paiva, nora de Joaquim Correia de Paiva. Vivia na Travessa de Fornos, Nº 85 - Guisande.
O funeral tem lugar amanhã, Domingo, 13 de Janeiro de 2019, pelas 11:45 horas, na Capela Mortuária e Igreja Matriz de Lourosa, de onde era natural.
Sentidos sentimentos a todos os familiares.Paz à sua alma!