26 de abril de 2022

O 26 de Abril deveria ser feriado

O 26 de Abril deveria ser feriado. É que o 25 de Abril é um feriado cansativo, com muito protocolo, cerimónias solenes, discursos, cravos na lapela, marchas, grândolas, etc, etc. 

Ainda ter que apanhar com o extremista e  idiota do Ventura e o canto do cisne dum PCP em agonia, é dose a mais. 

Os políticos foram quem mais ganharam com o 25 de Abril e todos os anos temos que apanhar com eles, bem dispostinhos na suas vida fartas, como se fossem os baluartes e garantes da liberdade, direitos e garantias. O tanas. 

O povo anda a cantar desde então que unido nunca mais será vencido mas vencido é todos os dias porque já com mais tempo de liberdade do que ditadura, ainda tanto continua por cumprir e daqui a outros 50 anos ainda vamos andar nisto sempre cerimoniosos, sem liberdade e independência plenas porque endividados publicamente até às orelhas.

Não fosse outro 25, o de Novembro, e a liberdade talvez fosse uma quimera, porque em rigor quem fez o de Abril teve sempre como propósito primeiro um sentido militar corporativista e, logo depois, inverter a ditadura, resgatando-a da direita para encaminhar para a esquerda. Felizmente a liberdade e a democracia escaparam dessa garra em 25 de Novembro e daí talvez se justificasse mais que fosse esse o feriado e Dia da Liberdade e Democracia. Mas dizem, certos fosquinhas, que a coisa é fracturante e que não interessa nela mexer porque levanta a casca de certas feridas. 

Finalmente, como uma boa parte dos portugueses festeja o 25 de Abril, dia da Liberdade, como o Dia do Turismo, sobretudo quando o calendário permite uma ponte ou extensão do fim-de-semana, a coisa torna-se mesmo cansativa. 

Proponha-se, pois, o 26 de Abril a feriado nacional.

25 de abril de 2022

25 de Abril

 


Do meu livro "Palavras Floridas":


A revolução saíu à rua,

Num grito sufocado,

Mas libertado

Pelo querer.

A seiva da liberdade,

Na aurora da Primavera,

Jorrou fecunda

E as armas floriram cravos,

De vermelho e verde,

Natureza desfraldada

Como bandeira,

De novo erguida,

A anunciar

Portugal.

24 de abril de 2022

Pe. André Almeida Pereira - Missa Nova













Neste dia 24 de Abril de 2022 celebrou Missa Nova na sua terra Natal, S. Vicente de Louredo, o Pe. André Almeida Pereira, dos Missionários Passionistas.

Um orgulho ter um sacerdote na família. Que Deus o proteja e lhe dê uma vida repleta de bênçãos ao serviço da Igreja.

21 de abril de 2022

Os burros também se ensinam

Tenho para mim que o Belmiro é um revoltado. Mas de uma revolta obscura, enigmática, porque nunca sabemos distinguir se apenas com os outros, com o mundo, ou se apenas com ele próprio. 

O raio do homem não está sossegado em lado algum e se está aqui, já está a pensar em ir ali, e se ali, já pronto a ir acolá. Depois, se está aqui está como se não estivesse, porque com o olhar distante como se já  a ver o que mais ninguém vê.

Apesar disso, o Belmiro é figura indispensável numa roda de amigos, no café ou num evento da aldeia. Todos, à sua roda, gostam de o ouvir contar histórias, que são anedotas ou anedotas que são histórias. E quanto mais se riem os seus ouvintes, mais ele conta e encanta. Mesmo que uma história repetida, porque já contada mil vezes, ele adorna-a e veste-a com diferentes roupagens e passa por ser nova.

Mas num repente, ainda Fernando, o Musga e o Neves se riam desbragadamente  da sua última história, sobre aquela vez em que o Quim Correia enfrentou o padre da aldeia a propósito deste ter mandado interromper a música nos altifalantes na festa de S. Januário, porque queria dormir a sesta, e já o Belmiro estava a engrenar a primeira a caminho de um sítio que naquele momento nem próprio sabia para onde. Como muitas vezes, daria a volta ao quarteirão, passaria à casa da Helena na esperança de a ver de cócoras a mexer nos bolbos das tulipas e dali a nada estaria de novo cercado por uma plateia atenta às suas novas velhas histórias. Com sorte, ouviriam aquela em que o Manduca indo arriar o calhau ao mato acabou a limpar o dito cujo com um sapo que inadvertidamente por ali passava ou do Zé da Canoa que ia às putas e lhes pagava com bolachas Maria, torradas e uma garrafa de Sumol de ananás.

É, pois, este Belmiro, uma figura revoltada mas apreciada, mesmo estimada. Ademais a sua revolta não é revolucionária, daquela que assalta quartéis e derruba governos, mas antes espiritual, psicológica mesmo. 

Não espanta que nessa dualidade de cómico e de revoltado o Belmiro também divida opiniões sobre a sua forma de ser e estar. Há quem de facto o aprecie, mas também quem lhe tenha um certo fastio para não dizer ódio de estimação porque o consideram um montador nato de minas e armadilhas, um mestre de intrigas capaz de virar a unha contra a carne. Cose aqui, descose ali, compõe acolá, descompõe além e num repente consegue o que quer. Não surpreende que nessa agilidade teatral o Belmiro tenha já feito deitar por terra negócios apalavrados e revirado acordos e contratos mesmo a quem tem a palavra por honrada.

Mas o Belmiro tem andado mais soturno e as suas histórias já cheiram a rançosas e os ouvintes já são menos e não riem tanto, desde que há bem pouco ele próprio foi apanhado numa teia que andou minuciosamente a tecer para emperrar um negócio da venda de um porco que o Manel da Nanda tinha prometido ao Silva da Lamosa. Acabou por ser ele próprio a comprar o porco, entregue prontinho em casa, morto e desmanchado, aviado em  febras, lombos e rojões. Só depois de convocada a família para a rojoada e papas de sarrabulho é que percebeu, que aquilo não sabia a nada, uma vulgar carne industrial de um qualquer talho.

Rapidamente descobriu que afinal o Manel da Nanda, com rebate de consciência à palavra dada, vendera mesmo o bicho caseiro ao Lamosa. Desculpando-se e justificando a queixa do Belmiro pela carne de fraca qualidade, sem gosto nem sabor a caseiro, rogou-lhe o Manel que lhe perdoasse a troca, ...que matara dois iguais mas que o que a ele lhe calhou não gostava de couves nem milho e apenas comia ração industrial e o que sobrava da ração dos cães.

Feitas as contas, verificados os factos, o Belmiro nem foi enganado, apenas provou da sua velha estratégia e tem que admitir que por vezes os melhores planos têm furos.

Não sei se contará esta como uma das suas histórias à malta do costume quando de novo o cercarem, mas acredito que sim, nem que lhe dê uma caiadela e que troque os nomes aos intérpretes. Afinal sempre ouvimos dizer que rir de nós próprios é melhor que uma consulta no médico ou psicólogo.

Certo é que o Belmiro, mesmo fazendo rir os outros com as suas histórias, parece andar agora mais revoltado desde que comeu os rojões vulgares a pensar que eram caseiros. 

Quem não se importou com a infelicidade do Belmiro, foi o Silva da Lamosa, que, por despeito o tendo como "um burro", sentenciou “...Que se foda! Os burros também se ensinam!”

Um livro ao professor Rodrigo


Ontem tive o ensejo e o prazer de oferecer o meu simples livro ao professor Rodrigo Sá Correia.

Sendo um "risco" oferecer um nosso livro a alguém que foi professor, e sobretudo de português (creio não estar enganado), certamente que a sua leitura terá sempre esse sentido analítico e admito que não faltarão por ali, no livro, algumas coisas a merecer reparos no olhar de um professor, mas como nesse aspecto tanto a publicação como seu autor não se apresentam como pretenciosos, creio que me há-de relevar.

Em todo o caso é mesmo um prazer a simples oferta, porque tenho de há muito uma natural consideração por esta figura guisandense, pela sua relevância enquanto cidadão e pela sua longa intervenção cívica na sua, minha e nossa freguesia. Desde atleta do Guisande F.C. dos primeiros tempos, bem como pela sua participação como dirigente e sobretudo como autarca, naturalmente que me merece uma natural estima e consideração. Guisande bem que precisaria e ganharia com mais pessoas com a sua bagagem cívica e intelectual.

Para além de tudo, sempre que com ele contactei, não só em contexto pessoal como inclusive em representação da Junta da União das Freguesias (nomeadamente no processo de compra/venda de um seu terreno contíguo ao cemitério), mostrou sempre ser afável, receptivo, compreensivo, dialogante e pragmático. Ora nem sempre estas virtudes abundam em muitos de nós na nossa freguesia, já que tendemos a complicar o fácil, a dificultar o óbvio e a esgrimir a importância do nosso rei na barriga.

Naturalmente que todos aqueles por quem tenho como amigos ou pessoas de estima, me merecem igualmente a mesma deferência mas penso que é de justiça realçar aqui de forma muito simples e pública a figura e pessoa do Prof. Rodrigo Sá Correia, mesmo com as naturais diferenças e posicionamentos que possamos ter.

Fica, pois, aqui esta referência.

Janela Aberta - Folha Dominical


Muitos já estarão esquecidos porque passam já quase seis anos (Junho de 2016) sobre a publicação do último número da "Janela Aberta", a folha dominical da nossa paróquia de S. Mamede de Guisande.

Por conseguinte, tem a importância que tem, mas tem já, seguramente, um lugarzinho na história ou nas estórias da nossa freguesia.

Como com todas as coisas, a "Janela Aberta" teve uma origem; Antes, pois, que fiquemos mais esquecidos vamos aqui relembrar a desta simples publicação.

Na última semana de Novembro de 2012 o nosso ex-pároco Pe. Arnaldo Farinha começou a compor e a publicar uma folha dominical para distribuição na igreja, dando-lhe precisamente esse nome "Folha Dominical". Era uma folha do tamanho A4 dobrada a meio, por isso apresentada no formato A5. Era composta pelos textos da liturgia do respectivo Domingo, algumas informações de agenda e horários e algumas imagens a ilustrar.

Este formato inicial durou seis números, referindo-se o último a 30 de Dezembro de 2012.

Nessa altura, por achar que o aspecto gráfico estava pobrezinho e que poderia ser feito de forma mais apelativa, falei com o pároco e propus-me a ajudar, ficando responsável pela composição e grafismo. Propus ainda que a publicação tivesse um outro título, que de algum modo emprestasse uma melhor identidade à publicação. O Pe. Farinha aceitou imediatamente, gostou da ideia e assim dali em diante, semanalmente, a partir do Nº 7, a folha dominical passou a publicar-se nessa nova etapa com o título "Janela Aberta", impressa em sistema laser, com muita qualidade, ao contrário dos primeiros números produzidos na impressora da paróquia em sistema de jacto de tinta.

Mas o título "Janela Aberta" não surgiu do acaso porque considerei interessante que fosse retomado do boletim informativo do Grupo da LIAM, com esse mesmo nome, uns anos antes, quando por minha iniciativa, o grupo então orientado pela saudosa D. Laurinda da Conceição, publicou mensalmente durante quase três anos esse boletim, com o primeiro número a sair em Janeiro de 2001 e que terminou no Nº 14, correspondente ao período de Janeiro/Junho de 2003.

Por conseguinte, a "Janela Aberta" enquanto folha paroquial e dominical teve o seu início quase 10 anos depois do boletim informativo do Grupo da LIAM.

Durante o período de publicação, a "Janela Aberta" teve dois formatos: Começou no formato original, no tamanho A5 (folha A4 dobrada a meio), com 4 páginas a cores e depois passou para o mesmo formato mas com 8 páginas e numa fase final, desde o Nº 117  de 24 de Janeiro de 2016 ao Nº 139 de 26 de Junho de 2016, passou para o formato A4 (folha A3 dobrada a meio) mas apenas a preto e branco de modo a compensar os gastos com o tamanho.

Depois da habitual paragem para férias, com a publicação do atrás referido Nº 139, a publicação não voltou a ser impressa. 

Importa referir que a paragem apenas se deveu à contenção de gastos pela paróquia pois a publicação, entre 80 a 100 exemplares, era distribuída gratuitamente e por conseguinte era sempre uma despesa regular a ter em conta semanalmente, apesar do baixo custo conseguido na impressão em sistema a laser. Por isso, pela minha parte, apesar do trabalho semanal de composição e impressão,  que me ocupava umas horas e naturalmente sem qualquer paga, a publicação teria continuado a ser composta e impressa.

Seja como for, é uma inevitabilidade que estas coisas tenham os seus momentos e períodos e nada dura eternamente, tanto mais quando representam custos que de algum modo não são compensados.

Na sua fase final, para além da habitual publicação da liturgia dominical, o conteúdo englobava ainda reflexões sobre a mesma liturgia, apontamentos relacionados às intervenções semanais do Papa Francisco, ainda a agenda dos serviços religiosos e alguns outros apontamentos ou informações de interessa da paróquia, particulares ou de âmbito geral. Creio que era uma interessante publicação e que por muitos era valorizada. Não sei se alguém guardou a totalidade dos números, mas quem o fez certamente que tem um documento interessante e que mais valor terá no futuro. 

Foi bonito enquanto durou e, como se disse no início deste apontamento, a "Janela Aberta" tem um lugarzinho na história da nossa comunidade paroquial. 

Abaixo deixo a reprodução de alguns números relacionados à transição das diferentes versões da "Janela Aberta", começando pelo tal primeiro número do boletim do Grupo da LIAM datado de Janeiro de 2001 em cujo texto de abertura se explicam e justificam as razões para a sua publicação.









Abaixo alguns outros números














20 de abril de 2022

Comparações


Entre uma e outra fotografia, quase 62 anos.

Aquele canteiro do lado norte da na nossa igreja matriz,  em 21 de Maio de 1960, um Sábado, acabara de ser preparado pelos trolhas, sendo feita no piso uma Cruz da Ordem de Cristo a envolver o cruzeiro ali existente. Tanto a cruz como o cruzeiro ainda existem como o demonstra a foto tirada precisamente ontem. Apenas se alterou a vegetação em redor (que já teve melhor aspecto, com os arbustos a fazerem arco, e, claro está, o tempo passado. 

Quem terão sido os trolhas? Sinceramente não os consigo reconhecer, mas certamente pessoas dedicadas à causa de fazer pela freguesia, o que vai faltando hoje em dia.