23 de maio de 2022

Parolamente baloiçando

 



Convenhamos que a moda dos baloiços colocados em locais altos com vistas deslumbrantes, pela generalização, é em rigor uma parolice bem à portuguesa. Já são centenas por todo o país e a coisa continua a crescer e de uma interessante novidade inicial está a transformar-se numa praga porque todos querem instalar um.

Mesmo os passadiços e os miradouros são já mais que muitos, mesmo em locais que até podem ser percorridos e visitados de forma natural pelos simples trilhos e caminhos. Até pontes são feitas onde não há essa necessidade.

Mas somos assim, de modas e exagerados, sempre à procura de sítios falados, porque onde vai um vão todos. 

Os defensores da coisa dizem que são uma forma de chamar as pessoas e dar-lhes-lhes a conhecer os muitos e belos sítios das nossas paisagens. É um bom argumento e de facto assim é, mas em rigor o que é que um baloiço acrescenta na maior parte dos locais? Um miradouro todo xpto, em madeira, gradil de ferro ou vidro, balançado sobre o vazio o que acrescenta à vista já possível em qualquer outro local na imediação? Não é uma redundância artificial e desnecessária? E quanto ao impacto nos locais e natureza com o excesso de pessoas, carros, motas, motos-quatro, bicicletas, jeeps e outros artistas da adrenalina? 

De resto em vários desses pontos, como no conhecido Baloiço da Serra da Boneca, em Sebolido - Penafiel, já tem havido problemas de excesso de pessoas e viaturas, com risco de segurança e impacto negativo, porque boa educação e civismo são qualidades um pouco arredadas de muita boa gente. Mesmo com a mudança do local para minimizar o impacto, os atropelos têm sido muitos, contornando-se e desrespeitando-se as recomendações dos promotores.

Mas a coisa não vai ficar por aqui porque os responsáveis por essas instalações sabem que as pessoas agem por impulso e vão atrás das novidades como moscas atrás daquela coisa e daí a tentação de instalar mais e mais é forte.

Agora, porque a cena do baloiço em si já não é surpresa, porque se vulgarizou, a novidade da coisa passa por montar cavalos de baloiço e mesmo uma velha bicicleta pasteleira instalada sobre uma plataforma metálica giratória no alto dos montes e penhasco para se rodar e escolher o melhor ângulo para a selfie, para mostrar aos amigos que se esteve ali.

O que virá a seguir? Uma casa na árvore, uma torre Eiffel de vidro, um porco com asas, uma drone disfarçado de unicórnio? 

O equilíbrio e o bom senso são as palavras chaves. As modas podem ser interessantes mas quando transformadas em pregas deixam de o ser. Quem não for capaz de gostar e usufruir dos encantos da natureza, nos seus diferentes aspectos, e procurá-la mas de forma natural, não será por lhe acrescentarem um baloiço ou um miradouro que a coisa será diferente.

Confesso que, mesmo pouco ou nada entusiasta, também já terei tirado uma ou outra foto no baloiço, porque acaba por ser da praxe quando por eles se passa, mas perante tanto exagero, haja alguma paciência. Afinal, a natureza deve ser desfrutada de forma, imagine-se, natural. 

Naturalmente!

Já sinto saudade do baloiço que nos tempos de criança montáva-mos no sobreiro do monte do Viso. Duas cordas, um fueiro, um empurrão e toca a subir às alturas. Nesse altura não era novidade.

Segunda-Feira

Ó Saudosa e fugidia Segunda-Feira,

Sejas bem-vinda ao ciclo infernal

Daqueles que do trabalho penam.

Não temas, chega-te aqui, à beira,

Sê na nossa carne o tempero de sal.

E que se fodam os que te condenam!


Segunda-Feira, linda, deslumbrante,

Fada madrinha, bruxa, ou feiticeira,

Bela sereia no teu rabinho de prata,

Deixa que em ti todo eu me encante

No retomar desta benfazeja canseira

Porque o fim-de-semana, esse mata!


A. Almeida

22 de maio de 2022

S. Miguel e Santa Luzia nos enchem o dia

 


























Grupo da LIAM de Guisande - 37º aniversário



Neste Sábado, dia 21 de Maio, o Grupo da LIAM da paróquia de S. Mamede de Guisande celebrou o seu 37º aniversário.

Antes e depois da missa das 17:30 horas, realizou-se a já tradicional Feirinha Missionária  cujo valor apurado com as vendas dos diversos produtos reverterá para os Missionários do Espírito Santo e para as suas obras e acções sociais em prol das Missões. No final houve convívio entre os seus membros.

A missa foi celebrada pelo espiritano Pe. Edward Apambila (natural do Gana - África), que assim substituiu o pároco Pe. António Oliveira.

Parabéns e bem-haja ao grupo pela sua missão!


[foto: Grupo da LIAM]

20 de maio de 2022

Acreditar

Na próxima sexta-feira, 27 de Maio, pelas 21:00 horas, no polo de Guisande da Junta da União de Freguesias, vai ter lugar uma Assembleia de Freguesia com carácter extraordinário com um único ponto na agenda, concretamente a "Apreciação e votação das propostas de desegregação das freguesias de Gião, Louredo e Guisande".

Registo com apreço que para além de Guisande, Gião e Louredo também pretendem a desagregação. Pelos vistos Lobão, como cabeça, sente-se bem nesta União e não manifestou o interesse na desagregação. É legítimo, mas diz muito. De resto, neste processo Lobão foi quem menos perdeu ou mais ganhou. Mantém-se como cabeça, com a sua sede e com o presidente da sua área territorial.  Todas as demais perderam obviamente.

Sou a favor da desagregação e espero que se reunam as condições para tal. Todavia, numa sessão pública em que o público não pode intervir nem manifestar-se, por isso ouvir e calar,  questiono da importância de ter muita ou pouca gente a assistir. Neste pressuposto provavelmente não estarei presente, mas confio em quem avançou com o processo porque não tenho dúvidas que será do interesse da maioria dos guisandenses. Neste aspecto, tanto o Dr. Rui Giro, pelo PSD, como Celestino Sacramento, pelo PS, têm-se empenhado no processo.

Como já tenho uma idade que me legitima a dizer que já vi porcos a andar de bicicleta, espero e desejo que não haja engulhos de última hora, nem volte-faces nem inversões de marcha, nem ditos por não ditos, e que a coisa tenha o desfecho normal e natural, ou seja a aprovação por unanimidade rumo à defesa de cada uma das freguesias.

Não sendo fácil, e eu próprio tenho dúvidas, é preciso acreditar.

19 de maio de 2022

Assembleia de Freguesia a 27 de Maio de 2022

 

Desespero

Desci já ao poço mais fundo,

Negro, frio, de uma tristeza sem fim;

Corri no alvoroço do mundo,

Cego, vazio, numa palidez de marfim.


Assim triste, indolente, sem vida,

Um mar de dúvidas logo se agiganta;

O caminho torna-se beco sem saída

E dele tentar fugir, que adianta?


Mas nessa lassidão de má sorte

Que nos tolhe, mutila, emudece,

Talvez ainda, por última prece

Venha o prémio, a paz, a morte.


A. Almeida