27 de julho de 2022

Nem fod... nem sair de cima


Um pouco a propósito do assunto das ORU, Operações de Reabilitação Urbana, de que se tem falado no nosso município, pela minha experiência e profissão chego a uma conclusão: Ao longo dos anos foram muitos os projectos submetidos a diferentes câmaras municipais, incluindo a Feira, para reconstrução e requalificação de construções antigas, na maior parte dos casos mantendo as características originais de fachadas, mas que, por inconformidades regulamentares, por vezes cegas, porque tratando edifícios antigos ou mesmo seculares, como construções novas e de raíz, outras vezes por "pintelhos" e questões de semântica, acabaram por ser reprovados. Com isso, na larga maioria dos casos, os proprietários desistem e os edifícios permanecem na mesma, ou mesmo pior, porque a degradarem-se de dia para dia e com isso até à ruína total.

Ou seja, por parte de quem controla e licencia, as Câmaras, muito raramente se conseguem equlíbrios entre o cumprimento dos regulamentos e a realidade muito específica de existências antigas, com todos os seus defeitos ou virtudes.

Assim, as leis e os regulamentos, por mais que lhes mexam, continuam a não ser capazes de dar respostas sérias e sobretudo ajustáveis e flexíveis à realidade do edificado antigo e que promovam e incentivem a sua recuperação, sem engulhos ou pintelhos, e não se baseiem, apenas, ou quase sempre, em matar o bébé à nascença, por inconformidades anacrónicas. Por mais que  retoquem a coisa, parece-me, assim não vai lá. E repare-se que o RJUE - Regulamento Jurídio da Urbanização e Edificação, emanado do Decreto Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, já vai na sua 21ª versão. Por aqui percebe-se muito dos caminhos que levam a preferir ou a promover a existência de casas em ruínas do que casas requalificadas.

Por outro lado, face a estas dificuldades legais, algumas vão sendo restauradas sem qualquer controlo, clandestinamente. E, porventura, porque ficam novas, habitáveis, recuperadas e tantas vezes com qualidade funcional, e dotadas de todas as infra-estruturas básicas, digo eu, do mal o menos,

É o que temos!

26 de julho de 2022

Bandas de cá, de lá, dali e da colá


A propósito da Festa do Viso programada para este ano, parece que alguém terá dito que "...pela segunda vez em Guisande". Não é que seja importante, mas para além de já ter estado por cá recentemente, creio que em 2013, pessoalmente recordo-me de pelo menos duas outras anteriores participações, pelos anos 80 e 90. Por conseguinte, está será pela menos a quarta vez que vem dar música a Guisande.

Os Tekos, de Grijó, Vila Nova de Gaia, são uma das boas bandas musicais neste conceito de reprodutores de músicas de terceiros, habitualmente designadas de bandas de baile. 

Este tipo de bandas, que percorrem vários estilos, desde o popular até ao rock passando pelos ritmos latinos, disco, etc, até às pimbalhadas, geralmente com bons músicos e meninas de boa estampa e quase despidas, são na actualidade mais que muitas e o negócio, apesar dos efeitos negativos da pandemia da Covid 19, que certamente deixaram algumas pelo caminho, parece ser rentável, pois a maior parte delas já exibem um enorme aparato de pessoal, luz e som, até com grandes camiões palco. 

Abaixo, a lista com apenas algumas das bandas do estilo.

Tekos

Função Pública

Banda Universo

AS Band

Banda Vatikano

Grupo Uskadabila

Orquestra Sirilanka

Banda Século 21

Banda Repúblika

Banda Hi-Fi

Banda Implacáveis

Banda TV5

Banda Nova Onda

Banda Jovisom

Banda Top 5

AlmaBand

GBand

Magma

Banda Lux

Banda Katedral

Banda Sense

Banda INNEM

HD Musik

Uskadkasa

Grupo Kapittal

Arkádia

Miranka

Setor Públiko

Banda XCA

Top Som

Soma e Segue

Grupo Impakto

Belcanto Show

Euphoric Show

Terceira Dimensão

Grupo K7

Novasom Band

Novo Século

25 de julho de 2022

O meu comandante é cor, cor, cor, ...coronel da infantaria


Há dias um amigo confessava-me que em termos de relações as coisas andam esquisitas nas redes sociais. Que vira um velho conhecido seu com uma raparigota nova ao lado e que, comentando, lhe dera os parabéns por certamente ser um pai babado. Mas desse velho conhecido, que não via há uns anos, recebeu a informação de que, afinal, divorciara-se e aquela que parecia sua filha, era a sua nova companheira e com quem cavalgava novas aventuras.

Ficou perdoada a gaffe do meu amigo, mas este jurou não comentar mais este tipo de coisas. É que hoje veem-se pessoas a exporem-se desbragadamente, entrelaçadas, a declararem mutuamente um amor tão profundo e intenso que parece que vai ser eterno e chegar, no mínimo às bodas de ouro. Mas, pasme-se, dali a nada, a reviravolta, o mesmo enredo, e com a mesma lata as mesmas juras e declarações, mas a outros ou a outras. 

Portanto, em resumo e como lição, é melhor não comentar relações nem quadros de gente que se mostra apaixonada, porque a coisa por regra dura tanto como manteiga em nariz de cão.

É melhor fazermos de conta que, apesar da coisa ser com pessoas reais, as suas vidas e os seus amores, são como as encenadas e exibidas numa qualquer novela. Mas não falta quem goste de novelas e jure que são reais.

E a coisa calha a todos porque, vá lá saber-se porquê, não nos livramos dos telhados de vidro. Mas quem mais sobe e se expõe, mais se sujeita a cair com estrondo no chão do ridículo. Bom senso e discrição nunca fizeram mal.

Quem também percebe disto, é o meu amigo Luís B. que ainda há pouco viu um velho coronel, seu comandante na tropa, fardado e de pose militar, a lamentar-se por ter sido enxotado pela companheira de um casamento de décadas, trocando-o por um antigo namorico. Não havia necessidade de esperar pelos setenta e muitos para encornar o garboso militar. Ademais, para além da espada de prata, como todos os militares tinha uma boa e choruda reforma, coisa que agrada às mulheres. De pouco lhe valeu.

Mas as coisas são mesmo assim. As redes sociais são a antítese das velhas casamenteiras da aldeia e estão aí para abrir portas e janelas de forma vergonhosamente descancarada a novas relações e aventuras.

Quanto ao velho e brioso coronel, mesmo lamentando a situação, que não se afunde em lágrimas, que vá para o Tinder ou mesmo para o Facebook, cúmplice da traição, e um dia destes o Luís B. ainda lhe vai dizer que é um pai babado.

Love is in the air.

Quando o menos é mais





Quase sempre avaliamos a importância das nossas festas e romarias populares  pela sua dimensão, pelo seu aparato e importância dos cabeças do cartaz musical ou de entretenimento e, deste, pelo orçamento. 

Temos, assim, grandes festas, não só as de projecção nacional, como a Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, S. Mateus em Viseu, Feiras Novas de Ponte de Lima, S. João no Porto, Santo António em Lisboa, Festa das Cruzes, em Barcelos, dos Tabuleiros, em Tomar, o Senhor de Matosinhos, etc, etc.

Mesmo por perto, temos grandes festas de tradição como as Colheitas pelo S. Miguel em Arouca, Senhora da Saúde em Vale de Cambra e e em Pedroso, Vila Nova de Gaia, Santa Eufêmia, em Paraíso, Castelo de Paiva e S. Domingos, na Raiva,  ainda em Castelo de Paiva.

Também no nosso concelho temos grandes festas como a das Fogaceiras a S. Sebastião e, bem mais perto, a da Senhora da Piedade, em Canedo, mas, naturalmente, outras mais.

Apesar disso, quase todas têm como sua génese a religiosidade e devoção inerentes às figuras dos santos ou de Santa Maria nas suas diferentes invocações.

Certo é que, parece-me, quanto maior a dimensão, projecção e espalhatafosidade dos cartazes musicais e de entretenimento, menor a alma e o respeito pela verdadeira essência. Se quisermos, como se fosse uma partida de futebol, a parte profana e popular dá sempre uma cabazada à parte religiosa, da fé, da espiritualidade. É uma luta desproporcional. E de pouco serve que a procissão solene tenha dez, vinte ou trinta andores enfeitados a peso de ouro, com flores exôticas importadas, e que atrás dela marchem a toque de caixa duas bandas filarmónicas e na frente o pandemónio dos bombos e toques militares pelos clarins na fanfarra.

Neste contexto, pelo menos para mim, e estou certo que para muitos mais, nem sempre a grandes festas corresponde uma grande alma. A devoção e fé de muitos até podem estar e andar por ali, mas são engolidas pela voracidade da parte profana, do entretenimento, da música, da diversão, do barulho, do ruído. Os divertimentos, as tendas, os negócios, as barracas de comes-e-bebes, etc. E não surpreende, por isso, que a larga maioria dos visitantes de uma festa popular nem sequer se abeirem da porta da igreja, da capela ou da ermida, quanto mais nelas entrarem e deixarem uma esmola. Entre uma saudação ou oração à Senhora da Piedade ou arranjar lugar na primeira fila para ver a Rosita, a que apanha no pacote, para muitos não parece haver dúvidas quanto à opção.

Estes sentimentos que experienciamos ou vivemos, a de uma festa rija, imponente, barulhenta, com um cartaz de arromba, ou uma festa simples, humilde, em que nela participam pouco mais que os moradores do lugar ou da freguesia, são de facto diferentes, porque em cenários e contextos desiguais, mas não tenho qualquer dúvida de que a essência da devoção, dedicação, sentimentos de identidade e pertença, são bem mais sentidos e sensíveis numa pequena festa, muitas vezes sem orçamento para uma banda filarmónica, quanto mais para um Canário ou uma Rosita. Nada disso! Por ali vale o amor, a fé, a simplicidade, a partilha e convívio fraternais. 

Foi o que, de algum modo, senti ontem, na festa de S. Tiago, em Vila Nova Romariz, mesmo com a procissão a percorrer uma estrada em reles condições que a poderiam colocar na condição de caminho de cabras, ou mesmo que o espaço envolvente ao pequeno mas maneirinho arraial ainda estivesse em gravilha e sem pavimentação. Mas senti que toda aquela gente vivia a sua festa com alma, com sentimento. E quem viesse como forasteiro, como eu, ficaria contagiado por aquela honestidade. A mesma percepção sentida, uns momentos antes, ainda noutra festa dedicada ao mesmo santo apóstolo, em Chave, Arouca, em que num palco pequenino, a Banda de Santa Cruz de Alvarenga entretinha a assistência até que chegassa a hora da missa e depois a procissão. 

Numa trilogia festeira, ainda passei por S. Tiago de Lobão mas os santos nos muitos andores já estavam no sossego e fresquinho da ampla igreja matriz. Apesar de grande a freguesia, o seu padroeiro teve uma festa simples quanto baste e por isso certamente com devoção e alma. De resto, que S. Tiago, o de Lobão, que até é o mesmo de Chave e de Romariz, não fique triste, porque também em Guisande o Mamede, seu padroeiro, tem uma festa bem bonita e sentida apenas na forma de uma missa, sem grande solenidade e num dia em que a maioria dos paroquianos está a banhos. Pouco importa a imponência das festas e se no arraial vêm actuar o Quim Barreiros ou o Tony Carreira. Importa a alma!

Por conseguinte, esta nossa mania de vermos nas festas populares das freguesias apenas uma espécie de Rock in Rio, Marés Vivas ou outros que tais festivais musicais, não ajuda em nada. 

Mas neste jogo, já são poucos os que dão importância à coisa, e seja nas grandes festas, como nas médias ou pequenas, a religiosidade, a fé e devoção, já são apenas pretextos e tudo o resto gira em torno do divertimento, da farra e do aparato. 

Assim, nesta larga medida, as festas, como a de Canedo, sem desmerecimento e apenas e só como exemplo, enchem-nos as medidas das calças do profano, porque há ali de tudo, num orgasmo de movimento e barulho, com pistas, carrocéis, e musicalmente desde bandas filarmónicas a rositas e canários até a artistas emergentes laureados pelos concursos televisivos decididos a chamadas telefónicas. E pimbas, pois claro! Que seria de uma festa sem a ligeireza da brejeirice dos pimbas. Até mesmo, na nossa festa, os The Fucking Bastards, com um nome pouco católico, vêm compor o ramalhete no entretenimento, no  fun! A malta, sobretudo a mais nova, quer é fun! Os outros, os mais velhos, os que por regra  pagam a festa, esses já pouco se importam. Já viveram demasiado e não estão para gastar energias a  reclamarem um rancho minhoto ou uma Banda dos Mineiros do Pejão! Siga!

Haja festa e que S. Tiago e toda a malta santificada nos perdoe!

23 de julho de 2022

Recolha de Sangue no Centro Cívico - Resultados de 23 de Julho de 2022

O Centro Cívico do Centro Social S. Mamede de Guisande acolheu hoje, 23 de Julho de 2022, mais uma jornada de recolha de sangue. Entre as 09:00 e as 13:00 horas compareceram 44 pessoas das quais foram efectivadas 41 dádivas.

Como curiosidade e comparativamente, no ano passado, em 29 de Julho, o número de presenças foi igualmente de 44 sendo que com menos colheitas, no caso, 35.

Longe dos números de outros tempos, continuam, todavia, a ser preciosas estas dádivas.

Parabéns a quantos puderam e quiseram doar! Parabéns também ao Centro Cívico e à equipa que tornou possível a organização e apoio ao pessoal do IPS. Bem hajam!

Doar sangue


Tinha programado um trilho de 20 Km algures em S. Pedro do Sul, mas, que raio, marcaram o dia de colheita de sangue para a mesma data (23 de Julho de 2022).

Por isso, sem hesitações, fui dar sangue. E fui o primeiro, não por competição mas apenas como velho hábito desde que pelo início dos anos 90 começaram as colheitas em Guisande. 

Pelas minhas contas, nestes 30 anos já serão quase meia centena de dádivas válidas, embora o sistema, à portuguesa, diga que terei apenas 30 e picos. 

Seja como for, a menina do secretariado, como agora é moda dizer-se, informou-me que com a dádiva de hoje já tenho a isenção de forma definitiva. Não sei que diga, para além de ser mais uma constatação de que a velhice avança a passos certos e firmes como um touro enraivecido a correr com os cornos apontados aos collants dos forcados.

As coisas são como são e importa esperar pelo touro, de barriga para a frente, pelo menos com a esperança do animal vir com as pontas serradas e os olhos turvos. Sim, ninguém, nem mesmo os forcados, gosta de enfrentar o touro da vida no seu estado puro.

Posto isto, digo que fiquei espantado que a maioria dos presentes até à hora em que saí, era de mulheres. Bem sei que há machos que têm fobia e horror às agulhas, outros que andam nas corridas e nos sports, outros ainda na cama, alguns que até preferem doar na sede da Associação, mas esperava que em Guisande a coisa fosse mais equilibrada.

22 de julho de 2022

Gente jovem, bonita e feliz


Não sei se já repararam, mas eu que até fujo da publicidade televisiva como fugia o José Pratas dos jogadores do F.C. do Porto, já reparei: Os spots publicitários, nas diferentes situações já nos mostram casais homossexuais, inter-raciais e outras modernas combinações que até há pouco eram desconsideradas.

Está na moda e como na cantiga dos adeptos do futebol "...e quem não salta não é da malta", temos todos que saltar e estar contentes e maravilhados por esta onda de inclusão sem preconceitos de género, orientação sexual, de raça, credo, etc. Por mim, não me aquece nem arrefece. Limito-me a respeitar, porque no fundo tudo se deve resumir a isso. 

O mercado publicitário nunca se compadeceu com valores para além dos puramente comerciais, do marketing, do vender o produto, mesmo que gato por lebre. Por conseguinte, sempre foi eficiente a ajustar-se às modas e às tendências e como tal não surpreende a nova onda.

Apesar disso, não sei se também já repararam, e porque quase nunca é tema criticado e não está na ordem do dia, quase todos os anúncios metem gente jovem bonita e sorridente e raramente idosos, a não ser nos intervalos e espaços que antecedem programas como o "O Preço Certo", em que se se vendem carrinhos Egiros, plataformas elevatórias, aparelhos auditivos, cola para dentaduras, pensos para incontinentes, calcitrins, etc, etc. Muito raramente ou quase nunca vemos velhinhos em anúncios de pastas de dentes, de iogurtes, de telemóveis, shampôos, automóveis, etc, etc. 

Bem sei que a coisa designa-se por "target", por "público alvo". Ou seja, nós, consumidores, somos meros alvos a quem a publicidade tenta acertar na mouche. Mas, que raio, os idosos também comem iogurtes, bebem refrigerantes, usam telemóveis, usam perfumes, etc, etc. 

Em resumo: A coisa já mete casais homossexuais mas os velhinhos esses continuam discriminados. Importa, aos anunciantes e agências de publicidade meter gente jovem, bonita e feliz. Esse é o padrão. Gente velha, com rugas, gordos, sem cabelo, não vão lá. Nem mesmo face à realidade de que temos um país de gente envelhecida. Ele há coisas!

Assim, importa não perder o foco e tratar a publicidade com o valor que tem: Pouco ou nenhum e apenas como instrumentos de venda e promoção em que se tenta influenciar a decisão de compra. Os seus valores são muitas vezes baixos e questionáveis. Mas quem liga aos valores? Mandam as modas!


[foto: marcas.meioemensagem.com.br]