15 de setembro de 2023

A D. Anunciação da Barrosa





Ali no lugar da Barrosa, aqui em Guisande, no gaveto entre a Rua 25 de Abril e a Rua Senhor do Bonfim, ainda sobram as ruínas do que foi uma casa abastada e importante e de uma das ilustres famílias guisandenses. Ali morou uma figura ainda conhecida dos mais velhos, e de que eu próprio ainda tenho memória, mas uma ilustre desconhecida para os mais novos. Falo da figura da D. Maria da Anunciação de Leite Resende, que, sabem os mais velhos, chegou a ser organista no Grupo Coral de Guisande. Aquele velho órgão de foles que existia na nossa igreja matriz, e no qual ainda eu toquei, e que no tempo do Padre Francisco, já sem a D. Anunciação a tocar, ele usava para os ensaios dos novos cânticos.

Esta ilustre senhora terá tido, pois, uma esmerada educação e dizem que terá estudado piano no Porto, onde também teria origens familiares por parte da mãe, de nome Jovita Gomes da Conceição. 

Os pais da D. Maria da Anunciação, Raimundo e Jovita casaram na paróquia de Nossa Senhora da Vitória, na cidade do Porto, em 22 de Agosto de 1887. Quando casaram tinha ele 25 anos e ela 17. Do que foi possível apurar, do casamento nasceram duas filhas, a Maria da Anunciação, a Maria e o António, que abaixo identificaremos.

O pai da D. Anunciação e por isso marido de D. Jovita era um ilustre guisandense do seu tempo, o Raimundo José de Leite Resende, que chegou a ser presidente da Junta Paroquial de Guisande, equivalente à Junta de Freguesia, no final do séc. XIX.

Raimundo Almeida de Leite Resende nasceu no dia 24 de Fevereiro do ano de 1872.  Era filho de António Leite de Resende e Margarida Felizarda de S. José. Era neto paterno de José Leite de Resende e Teresa de Jesus e neto materno de Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de S. José. Foi padrinho de baptismo Raimundo José de Almeida (morador no lugar da Lama e tio materno, e Rita Felizarda de S. José (tia materna). Faleceu em Guisande em 1933 com 61 anos.

Este Raimundo teve pelo menos uma irmã, a Maria, nascida 3m 28 de Julho de 1858 e falecida em 5 de Julho de 1941.

Quanto a Margarida Felizarda de S. José, esposa de Raimundo Almeida de Leite Resende, era bisneta paterna de Domingos Francisco de Almeida Vasconcelos (de Mafamude - Gaia) e Clara Angélica Rosa. Este Domingos Francisco era filho de Manuel Francisco Trindade e de Maria de Almeida (da Sé-Porto). Esta Clara Angélica era filha de Domingos Francisco e de Teresa Vitória (de Cortegaça-Ovar)

Ainda quanto ao Raimundo, era bisneto paterno de José Leite de Resende (do lugar de Trás-da- Igreja) e Teresa Maria. Este José Leite de Resende era filho de Manuel José de Resende e de Mariana da Silva. Esta Teresa era filha de Veríssimo Fernandes dos Santos e de Maria Francisca

Jovita Gomes da Conceição nasceu no lugar da Estrada, freguesia de Mansores, concelho de Arouca, a 31 de Janeiro de 1870, tendo sido baptizada na igreja paroquial local em 25 de Março de 1870. Era filha de António da Conceição Neves Cardoso e de Ana Gomes da Conceição Neves Cardoso (de Estrada - Mansores - Arouca). Era neta paterna de Manuel da Conceição e de Maria Rosa. Era neta materna de Ana Margarida. Faleceu em Guisande em 12 de Abril de 1940 com 70 anos. Sobreviveu ao marido 9 anos.



D. Jovita Gomes da Conceição


Os filhos de Raimundo de Almeida Leite Resende e Jovita Gomes da Conceição:


António de Leite Resende, nasceu em 21 de Abril de 1889. Foi baptizado em Guisande em 24 de Abril de 1889. Foi padrinho Raimundo José de Almeida, seu tio e a avó materna Ana Gomes da Conceição Neves Cardoso.

Maria Leite Resende, nasceu a 30 de Novembro de 1890. Foi baptizada em Guisande no dia 1 de Dezembro de 1890.

Foram padrinhos de baptismo António Joaquim dos Reis Oliveira (do Reguengo) e Margarida Felizarda de S. José (avó paterna).

Foi casada com Joaquim Gomes de Almeida, este falecido em Guisande no dia 1 de Julho de 1915 e ela faleceu em 15 de Dezembro de 1927.

Maria da Anunciação Leite Resende, nasceu em 4 de Julho de 1908. Foi baptizada no dia 9 do mesmo mês e ano na igreja matriz de Guisande. Foram padrinhos de baptismo António Joaquim dos Reis Oliveira (do Reguengo) e a sua irmã Maria, então solteira, com 17 anos. Faleceu a 5 de Maio de 1989, no Hospital em S. Paio de Oleiros, com 81 anos de idade.


Observação: Os dados acima indicados podem padecer de imprecisões e podem não corresponder à totalidade dos familiares, referindo-se estes elementos apenas ao que foi possível pesquisar e encontrar pelo autor. Se obtidos novos elementos ou motivos a corrigir, far-se-á a actualização.

Romaria de Santa Eufêmia - Já não é o que foi mas há ainda um aroma...

 


15 de Setembro, há romaria a Santa Eufêmia na pacata freguesia de S. Pedro do Paraíso - Castelo de Paiva.  É claro que já não é de todo o que foi noutros tempos, mas ainda há um aroma que permanece ali enroscado naqueles carvalhos e nos faz lembrar memórias de outras festas noutros tempos.

Porventura nessa altura mais devoção que barrriga, mas actualmente, e eu pecador me confesso, mais barriga que devoção. Mas há tempo para tudo, para saciar a pança mas também dar algum conforto ao espírito e à alma. Mas, convenhamos, a maioria já lá vai apenas pelo bife, e nem na capela entra, não ouve as bandas filarmónicas, não passa por entre as barracas de doces nem se regala com as cores da fruta, incluindo as castanhas e já assadas. Há ainda cestaria, enchidos e presuntos.

É o que é. Para além disso, todos os anos nota-se que há ali algo ou alguém em falta. Um não sei o quê, como os doces de Serradelo ou o melão de casca-de-carvalho, ou mesmo um ou outro pedinte de mão estendida. Mas falta! E só não está transformada numa qualquer festa de Canedo ou outra pelos nossos lados, entregues excesso de barulho e confusão, porque o espaço não favorece a entrada de grande trânsito, roulottes nem camiões palco. 

Duas boas bandas, dois palcos cheios e dois coretos vazios, a costumeira dos Mineiros do Pejão e a de Avintes. Para além de tudo, talvez porque haverá festa ainda amanhã, Sábado, e Domingo, deu para perceber que havia mais carros que forasteiros. Mas as barracas, principalmente as do costume, continuavam apinhadas a aviar bifes e outras iguarias. Será assim até à noite de Domingo.

Para o ano, se Deus quiser, haverá mais!



















13 de setembro de 2023

Fotógrafo mestre! - Ena?

 


Nada que interesse ao mais comum dos mortais, mas entedeu a Google, pela minha humilde contribuição no Google Maps, como Guia Local Nível 7, conceder-me agora o nível de Fotógrafo Mestre, isto porque já adicionei  mais de 100 diferentes locais, mais de 1000 fotos e estas com pelo menos 1 milhão de visualizações.

Fica aqui a nota para um ou outro colaborador do Google Maps que melhor perceberá o significado da coisa.


Outonal



Lá fora, na plenitude dos campos abertos,

Anda solta a brisa do perfume das searas maduras

A ondular as ervas secas, rendidas à ceifa, à foice;

De grilos, ralos e cigarras já não há concertos

Num Outono como um velho alquebrado nas agruras,

Já que o tempo de viço, folguedos e juventude, foi-se.


Mas ainda há tempo para encher os regaços,

Fartar de ouro os celeiros e de uvas lagares,

Talvez a tempo de te colher em meus braços,

Na esperança, no alento, de ainda me amares.



A.Almeida - 27082023



12 de setembro de 2023

Sossego



Perco-me no meio da multidão,

Com mil rostos, mas o meu desencontrado

Entre sorrisos fechados e olhos a vaguear.


Encontro-me na plena solidão

Do monte, numa noite clara de céu estrelado

Num horizonte, a presumir que vejo o mar.


Fico surdo no ruído da cidade

E nesse silêncio sufocado ouço os teus gritos,

A clamarem por um abraço de braços vazios.


Então, é sossego o que me invade,

Quando te olho nos teus olhos doces,bonitos,

Porque no meu mar cabem todos os teus rios.



A.Almeida - 08032023

Uma bola à chuva


Aqui, bem no meio deste terreiro,

Já chove miudinho e eu estou só,

A esperar, de bola junto aos pés,

Que apareçam, os amigos e o sol.


Mas nada, e engrossa o aguaceiro,

Já escorre e corre em lama o pó,

E de pouco vale nas costas o dez

Porque já não vai haver futebol.


Mas se não vêm, a malta e o sol,

Seja no terreiro ou no caminho,

Porque gosto da bola, de futebol,

Jogarei à chuva, nem que sozinho.


A.Almeida - 12092023


Gatões e ratinhos

Na vida real ninguém, presumo, gosta de ver um adulto a bater numa criança ou num inadaptado, mas no futebol de selecções ao mais alto nível isso acontece sem esmorecimento. 

Não se percebe, pois, o que selecções de futebol como Luxemburgo, S. Marino, Andorra, Ilhas Faroé, Liechtenstein, Gibraltar, Malta e outras que tais, andam por ali a fazer, a não ser de figuras de meigos passarinhos para os gatões os depenarem e se lambuzarem.

Mas dizem os entendidos nesta matéria difícil do chuto na bola, que as senhoras FIFA e UEFA, duas gatonas gorduchas e ávidas por whiskas com cifrões, não se incomodam com isso porque quanto mais selecções, mais jogos e mais direitos. Com jeitinho ainda lá metem os Açores, a Madeira e as Canárias.

Poderia e deveria haver um sistema de divisões,  ou então, mal por mal, um sorteio puro e duro, pelo menos para se garantir um princípio de aleatorieadde; Mas não, a FIFA e a UEFA não querem saber disso e para além desse desequilíbrio notório, ainda o potencia e confina com o sistema de potes, à moda dos antigos fojos que os pastores usavam para caçar os malvados dos lobos que lhes apanhavam os mansos cordeirinhos. Assim, com este sistema de pirâmide, garante-se o direito de que a dois gatos mais fortes, cabem sempre um ou dois ratinhos tenros. 

Mas a quem incomoda isto? À maioria era vê-los, ontem, todos rejubilosos, no Algarve, a festejarem a cabazada ao Luxemburgo, como se fosse um jogo de hóquei em patins. Só lá faltava o Ronaldo para somar mais uns quantos.

Se o futebol competitivo é isto...