4 de fevereiro de 2024

S. Brás e Senhora das Candeias - Vale

Festa a S. Brás e Senhora das Candeias.

Na bairrista freguesia de Santa Maria do Vale, numa tarde muito amena, uma festividade simples mas repleta de tradição. Programa de animação com dois bons ranchos folclóricos (de Ponte de Lima e Penafiel) e muita assistência. 


Alminhas em Estôze

 





No lugar de Estôze, um dos mais antigos da nossa freguesia, existem dois interessantes exemplares de alminhas. Uma delas encastrada na fachada da casa da D. Laurinda Angélica (2 fotos de cima), com imagem em azulejo policromático de um Cristo Crucificado e a ainda as designadas como alminhas do Vitorino (2 fotos em baixo), também com azulejo colorido e com a temática habitual das Senhora do Carmo.

A grafia do lugar de Estôze ao longo dos tempos tem tido algumas variantes e mesmo no dias de hoje presta-se a alguma confusão, nomeadamente quanto ao uso do "z" ou "s" ou ainda quanto ao acento sobre o "o", por vezes com o acento circunflexo ("^") e outras com o til ("~"). Aparece ainda nas duas formas, com "z" ou com "s" mas sem qualquer acento.
Eu próprio poderei nem sempre escrever da mesma forma mas pessoalmente considero como mais correcta a variante"Estôze".
Ainda em documentos antigos já vi a variante Estôs ou Estôz, sem o "e".
De todo o modo é um topónimo de origem desconhecida e mesmo após várias pesquisas não encontrei qualquer outro semelhante no nosso país.

Obras no cemitério de Guisande

A Junta da União de Freguesias está a realizar obras no cemitério de Guisande com vista à criação de novas sepulturas de modo a dar resposta à procura. Em simultâneo está a instalar sistemas de drenagem de maneira a mitigar os problemas de águas infiltradas no solo e que afectam o cemitério, sobretudo em tempo de inverno e de chuvas. Uma boa decisão.

Quanto fiz parte da Junta e ali também se realizaram obras com o mesmo objectivo, dependesse de mim e teriam sido construídas todas as sepulturas nos cantões ainda sem elas e de modo a aproveitar a oportunidade da mesma empreitada, porque é sempre um transtorno  e inconveniente para as zonas abrangidas  pelos trabalhos. Infelizmente, não tinha poder de decisão e também face a limitações  financeiras sentidas nesse primeiro mandato, entendeu quem mandava optar por fazer apenas o suficiente para as necessidades da altura.

Agora, como já era de esperar, teve que se voltar a fazer obras e novamente parte do cemitério transformado em estaleiro. Desconheço se desta vez irão ser realizadas sepulturas em todos os cantões ainda vagos. Se sim, é uma boa opção até porque a concessão das sepulturas pagará  o investimento. Se não, tem que se aceitar a opção, mas o problema voltará a sentir-se daqui a mais alguns anos e lá teremos novamente o cemitério em trabalhos e cada vez com menos espaço para movimentar máquinas.



2 de fevereiro de 2024

Reunião do Conselho Pastoral Vicarial da Feira

Local: Centro Paroquial de Santa Maria de Fiães

Data e horário: Quinta-Feira, 1 de Fevereiro de 2024 pelas 21:00 horas

A reunião principiou por volta das 21:15 horas. Presidiu e orientou a mesma o Pe. José Carlos Teixeira Ribeiro, vigário.

A recém nomeada delegada vicarial no CPD - Conselho Pastoral Diocesano, Maria Isabel Ribeiro Fontes da Silva, deu conta de que já participou num encontro do CPD mas que dos pontos da ordem de trabalhos pouco foi debatido pois o tempo programado foi quase todo preenchido com a apresentação mútua dos diversos delegados. De todo o modo e como disse que no CDP representava a vigararia e não a si própria, entendeu ser importante desde já colher testemunhos, opiniões e pontos de partilha para poder transmitir e partilhar em futura reunião.

O vigário Pe. José Carlos começou por fazer uma referência ao Caminho Sinodal, seu significado, sentido e objectivo e dentro desse contexto lançou ao grupo a questão do que é que em cada uma das nossas paróquias está a ser feito e dinamizado nesse sentido de caminho, nomeadamente qual a dinâmica e organização dos diferentes grupos.

Foram sendo colhidas várias impressões e testemunhos e foi possível perceber que há algumas paróquias com as estruturas em funcionamento, com  conselhos permanentes e conselhos paroquiais de pastoral mas também, porventura a maioria, ainda sem este nível de organização e os grupos vão funcionando cada um por si e coordenados entre eles ou pelos párocos.

O Pe. José Carlos considerou que apesar de estarem previstos e serem importantes esses grupos coordenadores, não são, todavia, condição para um melhor ou pior funcionamento, porque disse compreender e aceitar que cada paróquia, para além da dimensão de cada uma e suas especificidades, tem quase sempre as suas dinâmicas próprias e que funcionam relativamente bem. Exemplificou até, pela sua experiência e conhecimento, que mesmo na sua comunidade de origem (Amarante), com pequenas e várias paróquias apenas com um pároco comum, que tem sido aplicado um sistema de organização inter-paroquial e que vai funcionando face às limitações e que torna-se indispensável um entendimento, coordenação e partilha das diferentes paróquias de modo a atender às necessidades e expectativas de cada uma, mesmo que com cedências e adaptações de parte a parte.

Em resumo, as estruturas de organização das dinâmicas e actividades das paróquias são importantes mas não necessariamente fundamentais ou imprescindíveis. Mas importará sempre uma coordenação regular e colaboração mútua entre os diferentes grupos no interesse do funcionamento geral e que os párocos têm que dar atenção no seu funcionamento, promoção e incentivo.

Seguidamente foi lançada a questão do que é que em cada paróquia e sobretudo na Catequese, está ser feito no sentido das dinâmicas do Caminho Sinodal, nomeadamente nos escalões de adolescentes e jovens.

Nesta questão também foram vários os testemunhos, nomeadamente por parte de quem nas paróquias teve ou tem essa experiências como catequistas ou pais e a nota comum foi a de que está a ser muito difícil e nota-se cada vez mais um afastamento das crianças e jovens, por motivos vários, como o ambiente e dinâmica da nossa actual sociedade, muito fechada em si própria, com cada vez mais famílias desestruturadas,  bem como pelos pais e educadores que tendencialmente se demitem das suas funções e responsabilidades educativas deixando as opções e escolhas dos seus filhos, desde tenras idades, aos seus arbítrios, critérios e vontades, sendo que estas sem qualquer orientação e estruturação de valores. 

Foram relatados exemplos que demonstram negativamente esse desligamento como a da resposta de uns certos pais que responderam ao pároco que o “filho ainda andava pela Catequese porque queria e gostava, porque se fosse por vontade deles, já não”. Ou seja, o paradoxo da vontade positiva a prevalecer sobre a negativa dos pais. Mas este outros exemplos que ilustram as dificuldades que catequistas e orientadores sentem nas suas comunidades.

Em todo o caso, como salientaram alguns dos intervenientes e realçado pelo Pe. José Carlos, apesar destas dificuldades que são notórias, importará criar dinâmicas que envolvam as crianças e jovens de uma forma participativa e não apenas como ouvintes, levando-os a integrar tarefas e eles próprios serem promotores de dinâmicas em que se sintam activos e interessados. No fundo há uma necessidade de reinventar os meios para atingir os mesmos fins que é a partilha e valorização da Palavra e no modelo de vida e de vivência que é Jesus.

Mas a nota dominante foi que de facto os tempos estão difíceis em manter um interesse positivo por parte das crianças e jovens e mesmo dos pais, pelo que todos os caminhos e formas que conduzam a um renovar de interesse será de acolher. Mas é um grande desafio que se coloca na actualidade não só nas paróquias mas naturalmente em toda a Igreja. A própria Igreja, nomeadamente com os mediáticos casos de pedofilia no seu seio, como admitiu o vigário, tem ela própria sido motivo de erosão e algum afastamento e até descrédito perante muitos sectores e opiniões o que não tem ajudado, pelo que para o clero e sobretudo para os párocos a tarefa torna-se mais difícil pelo que cada vez é mais importante o envolvimento laical nos diversos níveis da comunidade. De resto, face ao número de padres que vão partindo e dos que se vão formando, as previsões conduzem a uma realidade de objectiva diminuição de párocos e dos actuais 16 na vigararia da Feira, o vigário considera que será inevitável que daqui a poucos anos esse número seja reduzido para metade.

A reunião foi dada como terminada por volta das 23:15 horas. Foram recolhidos pelos presentes os contactos pessoais para agilizar convocatórias e partilhas e foi acordado estabelecer um grupo na plataforma Whatsapp onde poderão em cada momento ser partilhadas pelos representantes das paróquias as experiências, questões, pensamentos, conteúdos pastorais, modelos de agendas, dinâmicas, actividades, etc.

Em resumo foi uma reunião interessante, porventura com uma duração um pouco longa mesmo com a maior parte dos presentes a não intervirem. Importará em reuniões futuras ser adoptado um esquema de trabalhos que possa ser produtivo mas mais sintético. Talvez lançar os temas de forma objectiva e depois estes serem aprofundados individualmente a nível do grupo Whatsapp e deles se fazendo um resumo que servirá de base à representante no Conselho Pastoral Diocesano para as suas participações ao nível diocesano.

A reunião contou com 19 elementos, tendo marcado presença os três representantes das paróquias do Pe. António Jorge (Guisande, Pigeiros e Caldas de S. Jorge). 

1 de fevereiro de 2024

500 amigos (e amigas)


Convenhamos que o Facebook vulgarizou o conceito de amigo. Parece que à data tenho 500, meio milhar. Deve haver engano porque pensando bem, assim com umas contas por alto, em tal conta serão pouco mais que os dedos de uma mão, e desses alguns nem estão na lista deste meio milhar.  Mas tenho uma boa parte como gente que conheço, considero e estimo. O resto, até acredito que são todos boas pessoas e que todos me querem bem, ou pelo menos não me desejam mal, sendo que nesta coisa de desejar, desejo sempre em dobro daquilo que me desejam. Mas também sei que nestes 500 andam por ali alguns com umas pedritas nas mãos atrás das costas e com uns alfinetes bem afiadinhos. Melhor é fingir que não sei.

Vale o que vale e o que não faltam por aí é trocadilhos e frases sobre amigos, mas aparte alguma ironia, dos bons todos queremos ter e precisamos, tanto nos bons como sobretudo nos maus momentos. A todos estimo.

Em todo o caso, a avaliar por certas figuras que os coleccionam, 500 amigos é mesmo um número baixo, e qualquer Manel Pancrácio e Zé da Esquina tem bem mais que isso, dos quais alguns que conhecem.

Mas convenhamos que 500 é um número redondinho e quase apetece não ter mais "amigos"  para não estragar a conta.  Caso para se dizer  que me bastam"poucos mas bons". É verdade que não tenho mais porque sou envergonhado a convidar, mesmo com o Facebook todos os dias a recomendar-me paletes de gente conhecida ou nem por isso, mas deste meio milhar quase ninguém convidei e, pelo contrário, quase todos tiveram a amabilidade e fizeram-me o favor de se convidarem. Bem hajam por isso e obrigado por fazerem parte dos 500!

Coragem ou falta dela

Em comentário a alguém que pela blogosfera considerou como falta de coragem o facto de Luís Montenegro não defrontar directamente Pedro Nuno Santos pelo ciclo de Aveiro, preferindo encabeçar Lisboa, também acho que deveria concorrer por esse ciclo de residência, e apenas por esse princípio, legítimo. De resto não me agradam paraquedistas a encabeçar listas em distritos onde porventura nunca, ou raramente, lá puseram os pés.

Em todo o caso, em termos meramente estratégicos, parece-me que a escolha de Emídio de Sousa como cabeça-de-lista é acertada. Afinal, é só o presidente da Câmara do município (Santa Maria da Feira) de longe o mais populoso do distrito e que  tem gozado de popularidade bastante para ter vencido com vitórias amplas.

Mas vale o que vale. No resto, no toca a coragem, porque era dela que se falava, gostaria de ver estes candidatos a chefes de governo, Pedro Nuno Santos e Luis Montenegro, mas mesmo líderes de outros partidos, a intregrarem as listas em círculos de menor implantação e em posições de eleição não garantida. Aí sim, era de homens e, claro, de mulheres. 

30 de janeiro de 2024

Fonte de emoções

Há muito que me desacreditei da verdadeira utilidade ou motivo fundado das redes sociais, como o Facebook, e assim por entre pausas sanitárias lá vou ganhando fôlego para um novo mergulho e retomando a ligação, já não tanto para beber, que as fontes ou estão secas ou inquinadas, mas apenas como alguém idoso que à sombra de um beiral de uma casita de esquinas coçadas de algumas das nossas aldeias interiores e quase desertas, ainda aponta com sentido de utilidade a direcção certa para uma sítio ou curiosidade que um ou outro turista de roteiro nas mãos procura mas não encontra. - Ali à esquerda, ao fundo daquela vereda e depois a cerca de 100 metros a subir, corta à direita e vai descendo até encontrar do lado esquerdo! Não tem que enganar!

Em suma, já pouco de verdadeiro e de talento próprio que mereça a atenção, ali desagua, mas de quando em vez lá surge um vislumbre de que ainda há gente que para lá do seu umbigo partilha coisas interessantes e em resposta alguém expressa reconhecimento, acrescenta valor ou até se emociona. 

Ainda há dias, fora da lista de "amigos", alguém partilhava por cá um pedaço de prosa do José Saramago, a parte inicial do seu discurso aquando do recebimento do Nobel da Literatura, a descrever os seus avôs e os seus modos de vida e de pensamento parante a mesma, a ponto de dormirem com os porcos pequenos na mesma cama, não por questões de afecto mas tão somente para, preservando-os do frio, aumentar as suas possibilidades de sobrevivência e que depois de criados e vendidos seriam eles próprios pão-nosso-de-cada-dia dos criadores. A este pedaço de prosa, que poucos leem porque mal habituados a frases curtas e grossas, alguém respondeu "...que emocionante". 

Sim, de facto, até eu que não tenho em Saramago a leitura mais favorita, quando já havia lido o seu discurso, deliciei-me de princípio ao fim e também me emocionei, não pela qualidade da escrita mas por toda aquela cena, aquele quadro de vida, ser autêntico e com gente verdadeira. Era na Azinhaga do Ribatejo mas poderia ser aqui em Guisande, no Viso, no Reguengo ou em qualquer outro lugar no tempo dos nossos avôs e bisavós. A vida era de miséria e trabalho duro mas era plena e na mais profunda ligação entre o ser humano, a terra e os animais. Não tenho memória de lá por casa se ter dormido com porquinhos mas dormiu-se várias vezes no aido ao lado vacxa que estaria para parir.

Também eu, de talento escasso face à grandeza de Saramago, poderia aqui tentar descrever cenas desse tempo, de gente dessa cepa retorcida, em que nos poucos momentos em que o corpo não podia recusar o descanso, as noites eram passadas a olhar um tecto de estrelas e apesar da ignorância das letras e das ciências, o homem de antanho questionava Deus sobre todas as coisas e o sentido delas. Se antes de adormecer o corpo cansado era todo ele um poço de dúvidas, logo que volvidas poucas horas e o sol já a despontar pelos pinhais, a bater nas janelas ou por entre as folhas da árvores da horta, tinha na ponta da língua todas as respostas ao que era preciso fazer para mais um dia assegurar a sua sobrevivência e dos seus. Cuidava dos animais e dos filhos com o mesmo peso e medida e das coisas da terra tratava como um mestre, esclarecido e sem dúvidas. Se delas  persistia uma ou outra num momento de distracção dos afazares, à noite voltaria a questionar o Criador. 

A fonte das emoções jorra caudalosa mas são poucos aqueles que dela se abeiram com sede.