2 de fevereiro de 2024

Reunião do Conselho Pastoral Vicarial da Feira

Local: Centro Paroquial de Santa Maria de Fiães

Data e horário: Quinta-Feira, 1 de Fevereiro de 2024 pelas 21:00 horas

A reunião principiou por volta das 21:15 horas. Presidiu e orientou a mesma o Pe. José Carlos Teixeira Ribeiro, vigário.

A recém nomeada delegada vicarial no CPD - Conselho Pastoral Diocesano, Maria Isabel Ribeiro Fontes da Silva, deu conta de que já participou num encontro do CPD mas que dos pontos da ordem de trabalhos pouco foi debatido pois o tempo programado foi quase todo preenchido com a apresentação mútua dos diversos delegados. De todo o modo e como disse que no CDP representava a vigararia e não a si própria, entendeu ser importante desde já colher testemunhos, opiniões e pontos de partilha para poder transmitir e partilhar em futura reunião.

O vigário Pe. José Carlos começou por fazer uma referência ao Caminho Sinodal, seu significado, sentido e objectivo e dentro desse contexto lançou ao grupo a questão do que é que em cada uma das nossas paróquias está a ser feito e dinamizado nesse sentido de caminho, nomeadamente qual a dinâmica e organização dos diferentes grupos.

Foram sendo colhidas várias impressões e testemunhos e foi possível perceber que há algumas paróquias com as estruturas em funcionamento, com  conselhos permanentes e conselhos paroquiais de pastoral mas também, porventura a maioria, ainda sem este nível de organização e os grupos vão funcionando cada um por si e coordenados entre eles ou pelos párocos.

O Pe. José Carlos considerou que apesar de estarem previstos e serem importantes esses grupos coordenadores, não são, todavia, condição para um melhor ou pior funcionamento, porque disse compreender e aceitar que cada paróquia, para além da dimensão de cada uma e suas especificidades, tem quase sempre as suas dinâmicas próprias e que funcionam relativamente bem. Exemplificou até, pela sua experiência e conhecimento, que mesmo na sua comunidade de origem (Amarante), com pequenas e várias paróquias apenas com um pároco comum, que tem sido aplicado um sistema de organização inter-paroquial e que vai funcionando face às limitações e que torna-se indispensável um entendimento, coordenação e partilha das diferentes paróquias de modo a atender às necessidades e expectativas de cada uma, mesmo que com cedências e adaptações de parte a parte.

Em resumo, as estruturas de organização das dinâmicas e actividades das paróquias são importantes mas não necessariamente fundamentais ou imprescindíveis. Mas importará sempre uma coordenação regular e colaboração mútua entre os diferentes grupos no interesse do funcionamento geral e que os párocos têm que dar atenção no seu funcionamento, promoção e incentivo.

Seguidamente foi lançada a questão do que é que em cada paróquia e sobretudo na Catequese, está ser feito no sentido das dinâmicas do Caminho Sinodal, nomeadamente nos escalões de adolescentes e jovens.

Nesta questão também foram vários os testemunhos, nomeadamente por parte de quem nas paróquias teve ou tem essa experiências como catequistas ou pais e a nota comum foi a de que está a ser muito difícil e nota-se cada vez mais um afastamento das crianças e jovens, por motivos vários, como o ambiente e dinâmica da nossa actual sociedade, muito fechada em si própria, com cada vez mais famílias desestruturadas,  bem como pelos pais e educadores que tendencialmente se demitem das suas funções e responsabilidades educativas deixando as opções e escolhas dos seus filhos, desde tenras idades, aos seus arbítrios, critérios e vontades, sendo que estas sem qualquer orientação e estruturação de valores. 

Foram relatados exemplos que demonstram negativamente esse desligamento como a da resposta de uns certos pais que responderam ao pároco que o “filho ainda andava pela Catequese porque queria e gostava, porque se fosse por vontade deles, já não”. Ou seja, o paradoxo da vontade positiva a prevalecer sobre a negativa dos pais. Mas este outros exemplos que ilustram as dificuldades que catequistas e orientadores sentem nas suas comunidades.

Em todo o caso, como salientaram alguns dos intervenientes e realçado pelo Pe. José Carlos, apesar destas dificuldades que são notórias, importará criar dinâmicas que envolvam as crianças e jovens de uma forma participativa e não apenas como ouvintes, levando-os a integrar tarefas e eles próprios serem promotores de dinâmicas em que se sintam activos e interessados. No fundo há uma necessidade de reinventar os meios para atingir os mesmos fins que é a partilha e valorização da Palavra e no modelo de vida e de vivência que é Jesus.

Mas a nota dominante foi que de facto os tempos estão difíceis em manter um interesse positivo por parte das crianças e jovens e mesmo dos pais, pelo que todos os caminhos e formas que conduzam a um renovar de interesse será de acolher. Mas é um grande desafio que se coloca na actualidade não só nas paróquias mas naturalmente em toda a Igreja. A própria Igreja, nomeadamente com os mediáticos casos de pedofilia no seu seio, como admitiu o vigário, tem ela própria sido motivo de erosão e algum afastamento e até descrédito perante muitos sectores e opiniões o que não tem ajudado, pelo que para o clero e sobretudo para os párocos a tarefa torna-se mais difícil pelo que cada vez é mais importante o envolvimento laical nos diversos níveis da comunidade. De resto, face ao número de padres que vão partindo e dos que se vão formando, as previsões conduzem a uma realidade de objectiva diminuição de párocos e dos actuais 16 na vigararia da Feira, o vigário considera que será inevitável que daqui a poucos anos esse número seja reduzido para metade.

A reunião foi dada como terminada por volta das 23:15 horas. Foram recolhidos pelos presentes os contactos pessoais para agilizar convocatórias e partilhas e foi acordado estabelecer um grupo na plataforma Whatsapp onde poderão em cada momento ser partilhadas pelos representantes das paróquias as experiências, questões, pensamentos, conteúdos pastorais, modelos de agendas, dinâmicas, actividades, etc.

Em resumo foi uma reunião interessante, porventura com uma duração um pouco longa mesmo com a maior parte dos presentes a não intervirem. Importará em reuniões futuras ser adoptado um esquema de trabalhos que possa ser produtivo mas mais sintético. Talvez lançar os temas de forma objectiva e depois estes serem aprofundados individualmente a nível do grupo Whatsapp e deles se fazendo um resumo que servirá de base à representante no Conselho Pastoral Diocesano para as suas participações ao nível diocesano.

A reunião contou com 19 elementos, tendo marcado presença os três representantes das paróquias do Pe. António Jorge (Guisande, Pigeiros e Caldas de S. Jorge).