O Claude, um serviço de IA - Inteligência Artificial, disse ao Aparício, rapaz com mais ou menos a minha idade e mais ou menos o meu peso, que para essa relação de motor, digamos assim, pode continuar a correr com ritmos entre o 5:30/6.00 minutos/km, e por vezes mesmo na ordem dos 5 minutos/km, em planos, mas que já são valores que exigem boa capacidade cardiorespiratória e boa base de treino.
Não obstante, o Claude alerta o Aparício para os problemas de impacto nas articulações, bem como para o risco cardiovascular, sobretudo se houver situações de hipetensão, diabetes e ou problemas cardíacos, que, felizmente o Aparício diz não ter. Eu também, até ver, também não.
Também alerta o Dr. Calude que, no geral e para essa relação de idade/peso, ritmos com 10 Km abaixo de uma hora exigem mais do coração mesmo que saudável.
Em resumo, para além das recomendações que poderiam ser de qualquer médico a cobrar 50 ou 100 euros por consulta, não é difícil admitir que o Dr. Claude tem razão.
De resto, o problema nestas coisas, não disse o Claude mas presumo eu, e falo em modo abstracto e para todos, é acharmos, eu, o Aparício e muita malta, que independentemente da idade e peso, somos todos campeões, como se atletas profissionais, com vinte e poucos anos, com 65 ou 70 kg de peso, boas capacidades físicas e treinos xpto. E no geral não somos. Fui, sim, na tropa, há 40 anos, em que pesava 70 kg e fazia 10 km com ritmos na ordem dos 3 minutos e picos. Em qualquer idade, mas sobretudo acima dos 50 ou 60, somos apenas uns coxos iguais a milhões de outros coxos. Mas com o impacto da moda das corridas e sua exposição mediática, desde logo nas redes sociais, tendemos a exagerar no tempo e distância, tantas vezes em níveis desconfortáveis e mesmo perigosos. Mas queremos dar ares de campeões, de supermans, e no final dos treinos ou das provas, glorificar o esforço e o sofrimento como troféus. Pura idiotice! O cemitério está cheio de campeões. O sensato, o correcto, o aconselhável, quer seja pelo Claude, quer seja por um especialista, é perceber os sinais do corpo, ter noção da idade e do peso, deixar o relógio em casa, cagar nas médias e correr ou caminhar de forma confortável, misturando corrida com caminhada e mesmo pausas se necessário, e em percursos com características adequadas e não andar por aí a fazer de cabras montesas a trepar freitas e caramulos.
Em resumo, assim como quem faz tatuagens e coloca piercings e outros artefactos no corpo, mesmo nos mais recônditos buracos, cada um pode fazer o que quiser, mas caldos de galinha e bom senso nunca fizeram mal a ninguém.
Com igual idade e peso do Aparício, consigo correr 20 km? Sim, até já corri mais. Mas é recomendado? Não! Seguramente nem metade disso, antes. 4, 5 ou 6, por exagero, mas mesmo que 10, sempre de forma confortável. Porventura, até de maneira mais saudável, apenas caminhadas entre os 40 e 60 minutos.
Posto isto, o Aparíco faça como quiser, mas por mim, tendencialmente, vou abandonar a corrida, ficando-me pelos trilhos semanais e caminhadas e retomar mais a bicicleta, porque pemite-me uma melhor gestão do esforço e, verdade se diga, a descer é a descer e todos os santos ajudam.
O resto, como diz alguém que gosta de poesia, que se foda!