Nestas coisas, cada um é cada um e cada cabeça sua sentença. Admito que outros pensarão o contrário do que a seguir procuro reflectir.
Por mim, mesmo que até com risco e tentação em caír no mesmo pecado, procuraria não permitir que o que faço ou não ao serviço da paróquia e da Igreja fosse usado em contexto de campanha eleitoral. E por certas coisas que vou vendo, e conhecendo como julgo conhecer algumas pessoas, até fico na dúvida se essas coisas foram por elas autorizadas ou se, pelo contrário, ao arrepio do seu conhecimento e autorizaçao, este o motivo para o qual me inclino.
Sem particularizar, as pessoas são o que são e valem pelo seu todo, e num meio pequeno como o nosso e nas pequenas freguesias, são por demais conhecidas, nas suas virtudes e defeitos, e não precisam de apresentações nem que um qualquer estratega de marketing político, até usando a Inteligência Artificial exagere e exacerba as suas virtudes como trunfo ou relevância em contexto político. Não havia mesmo necessidade.
Não me refiro a ninguém em particular, mas apenas pelo que tenho visto, com esta situação a ser explorada em várias campanhas e em várias freguesias. Considero que não é a melhor forma para quem de algum modo, por livre opção, decide entrar em contexto político e eleitoral , usar ou deixar usar em sua promoção o serviço que presta na Igreja, por mais valoroso e louvável que seja.
Admito, isso sim, que sejam destacados os aspectos de cidadania cívica de quem está à frente de uma associação, de um clube, de um movimento, os seus feitos culturais e sociais, etc, pois revelam interesse e dedicação pelas causas de uma comunidade, mas já quanto ao papel em contexto de serviço à Igreja, parece-me pernicioso e até perigoso pela mistura, pois se na parte civil é legítimo que cada um e cada uma tenha a sua opção politica e ideológica, já na Igreja as pessoas têm que se pautar por outros valores que não os políticos, desde logo o de serviço discreto, com humildade e na máxima evangélica de que "somos apenas servos inúteis no muito ou pouco que façamos".
Mesmo na sociedade civil, em defesa da laicidade e respeito por outras orientações religiosas e culturais, há muito que se retiraram os símbolos religiosos das nossas escolas e instituições públicas pelo que é neste sentido que também devem ser guardadas as devidas distâncias.
O bom senso, a humildade e a discrição ainda são valores que importa ter em conta.
Mas isto sou eu a opinar e não quero dar lições a quem quer que seja, mas pelo menos, num sentido geral. que se faça a reflexão quanto às vantagens e desvantagens.
Por mim, em contexto local, não preciso que me lembrem em panfletos políticos as virtudes das pessoas, desde logo porque as conheço. Iremos muito mal quando o nosso sentido de voto numa qualquer eleição política possa ter em conta quem anda mais ou menos pela Igreja, quem é católico, muçulmano ou de qualquer outra religião.