São conhecidas as listas, os protagonistas e as suas ideias, medidas e projectos embora, de um modo geral, ninguém tenha esclarecido de que forma algumas dessas ideias serão concretizadas, sobretudo as que dependem de vontades terceiras.
Asssim, neste próximo Domingo, dia 12 de Outubro, decidirão os eleitores guisandenses, escolhendo aqueles que nos próximos quatro anos farão a gestão da freguesia nos diferentes aspectos que a a lei e as competências conferem.
Uns votarão de forma esclarecida e considerando as capacidades de cada lista, de cada elemento, sobretudo das três primeiras figuras. Outros escolherão apenas de forma convictamente partidária, clubista mesmo, independentemente da qualidade dos elementos da sua lista ou da concorrente. Outros, ainda, decidirão porque foram pressionados até à exaustão, quiçá com promessas com o interesse privado a sobrepor-se ao público.
Quanto a esta questão da pressão sobre as pessoas, em 2014, no sentido de ajudar a freguesia num ciclo de transição para a União de Freguesias, fiz então uma campanha quase solitária, falando com todos e todas, expondo as minhas ideias e sobretudo os motivos que me levavam a ter acedido a participar, num propósito de ajudar e minimizar a perda de proximidade. Nesse contexto, uma coisa posso garantir: A ninguém pedi ou pedinchei o voto, nem fiz promessas cujo cumprimento não dependia de mim cumprir, até porque era sabido que não seria mais que um vogal, sem competências. Ninguém, de boa fé, pode dizer-me o contrário. Em campanha não se devem pedir votos, mas apenas apresentar as ideias, os projectos, as propostas para que o eleitorado possa decidir de forma esclarecida. O resto, a decisão, é da livre vontade de cada pessoa. Considero, por isso, que é feio, muito feio, pedir o voto ou, pior do que isso, tentar comprá-lo ou condicioná-lo.
Por conseguinte, em 2014 o meu foco foi sempre esclarecer e sensibilizar as pessoas para a mudança que se avizinhava e que já antevia como prejudicial à nossa freguesia. Infelizmente não me enganei e sendo que esse mandato de apenas 3 anos foi difícil, com pesados compromissos e dívidas herdadas, teve o mérito de assegurar a mudança de uma realidade para outra e colocar a união de freguesias a funcionar e ainda se fez alguma obra. Do pouco que dependia de mim, estive sempre próximo e atento e cumpri até para além das minhas competência, que eram nenhumas.
Certo é que, com essa atitude de transparência e de honestidade, sem sofismas, pressões ou promessas, consegui vencer por maioria, mesmo a lutar contra quem à frente e atrás realizava uma campanha suja, com recurso a ataques pessoais e até mesmo lutando contra uma imagem negativa ou com muitas reticências que o então candidato a presidente gozava na nossa freguesia, em muito devido a desinformação e a essa campanha suja que ía sendo feita à frente.
Apesar dessas dificuldades e do que foi possível realizar nesse mandato, considerei que o modelo de gestão seguido não correspondia ao que tinha perspectivado e que seria melhor para as freguesias, e daí que com toda a naturalidade recusei continuar. Não era o meu modelo e o seguido não respeitava as freguesias e suas particularidades e necessidades.
Mais dois mandatos se seguiram e apesar de herdarem ambos bons saldos positivos, e com as coisas já a funcionar, as coisas não melhoraram, antes pelo contrário. Melhoraram nalguns aspectos mas no essencial ficou tudo na mesma.
Doze anos depois, chegados aqui, foi possível a desagregação e é com ela que agora contamos e assim vai iniciar um novo ciclo, já com a freguesia a ser gerida por guisandenses e a depender de si própria.
Retomando o pensamento inicial, a partir do próximo Domingo, ou mais concretamente depois da tomada de posse, que deverá ocorrer por meados de Novembro, teremos um Assembleia de Freguesia, como órgão de fiscalização e deliberação e uma Junta de Freguesia como executivo.
Considerando que em Guisande apenas concorrem duas listas, significa que bastará a qualquer uma delas vencer por um voto de diferença para alcançar maioria e assim governar sem necessidade de acordos. Num contexto de pluralidade, é pena que sejam somente duas listas, porque permitiria uma terceira opção. Numa analogia com cores, os guisandenses para além do branco e preto poderiam optar pelo cinzento.
Neste contexto, e independentemente de quem venha a formar Junta, cada um falará por si mas por mim desejo que seja uma Junta de Freguesia a gerir com competência, com rigor no aspecto de contas, com proximidade, com inovação, com dinâmica e capacidade de ir além do quanto baste. Espero uma Junta que não nos envergonhe, dentro ou fora de portas, capaz de ajudar e dinamizar a cultura, o desporto, a valorizar o nosso passado e presente, a ser capaz de melhorar, requalificar e realizar obras necessárias. Que seja capaz de requalificar o monte do Viso, a envolvente da igreja matriz, na sede da Junta, modernizar os espaços, renovar e cuidar do arquivo, que não se percam livros de actas ou outros documentos como aconteceu num passado recente. Que toda a documentação, incluindo comunicações, ofícios, actas de reuniões de Junta e Assembleia de freguesia, seja feita com competência e qualidade e não apenas resumos mal escritos em meia folha A4, como também num passado recente.
Não é pedir muito e quem quer que aceite fazer parte de uma lista e por isso sujeito a vencer eleições e depois a assumir funções públicas, tem que ter capacidade e competência naquilo que tem de fazer. Os tempos actuais não se compadecem com amadorismo ou com iliteracias. O tempo de contas em papel de mercearia e pouca ou nenhuma transparência é do passado.
Espero também que os dinheiros sejam geridos de forma rigorosa e transparente, e que não sejam mal gastos, por vezes na tentação de coisas populistas, apenas baseadas em pão e circo, sem retorno, cuja utilidade se esgota num dia ou dois, ficando o essencial por realizar. Importa, pois, o equilíbrio e bom senso.
Em resumo, espero eu e certamente que muitos guisandenses, que a futura Junta seja mesmo capaz, para além das palavras bonitas e idealistas que se possam dizer e prometer em campanha.
Como já escrevi por aqui noutro apontamento, repetindo-me, digo que pela parte que me toca, independentemente de quem venha a formar Junta, estarei disponível para apoiar e colaborar, desde que útil nos meus poucos talentos, e se solicitado, mas também estarei atento e a apontar o foco para o que entender não corresponder a uma boa gestão, e para o que considerar como desleixo e incompetência. Acima de tudo quero ter orgulho na Junta da minha freguesia e não vergonha. Importará unir a freguesia e a comunidade e só com uma Junta capaz e competente é que isso será feito.
Finalizo a expressar a pena de não ter sido possível concretizar com tempo uma lista independente, a unir gente boa de ambos os partidos, a remar para o mesmo lado. Nesse contexto daria o meu humilde contributo. Infelizmente, apesar do meu repto, feito por aqui e pessoalmente a quem poderia decidir, ficou sem efeito e preferiram dar prioridade aos partidos. Foi pena, mas a vida continua e de uma forma ou outra temos duas opções de escolha.
Desejo a todos e a todas que neste Domingo façam a escolha, livre, esclarecida e, se possível, sem clubismo, partidarismo, obrigações ou pressões.