12/11/2025

Sempre a aprender

Há momentos na vida de todos nós, em que procuramos ser disponíveis, colaborativos, bondosos até, ajudando a lutar por causas e convicções. Fazemos o melhor que sabemos e podemos porque acreditamos que é assim que o mundo deverá funcionar: com empatia, com generosidade, com respeito mútuo.

Mas há dias em que essa fé, essa forma de ser e estar é abalada. Dias em que a resposta que recebemos é a indiferença ou mesmo a desconsideração. É nesses momentos que batemos de frente no muro, na dureza da realidade da vida porque o que oferecemos com sinceridade, disponibilidade e fraqueza não raras vezes é recebido com frieza ou com acções contraditórias, desajustadas, incompatíveis na dualidade do dar e receber. Não que se esperem recebimento ou recompensas, mas tão somente clareza, consideração, equidade.Tudo menos areia para os olhos e enredos descontextualizados.

É fácil, então, deixar que o desencanto se instale. Pensar que talvez devêssemos ser menos disponíveis, menos gentis, menos envolvidos. No entanto, a verdade é que a bondade e disponibilidade, mesmo quando não são reconhecidas, nunca são perdidas. Cada gesto genuíno molda o que somos — e isso valerá mais do que qualquer reconhecimento ou paga.

Ser bom num mundo que nem sempre valoriza a bondade é, hoje mais do que nunca, um desafio, um acto de coragem. É escolher, dia após dia, não deixar que a desconsideração, dureza ou incompreensão dos outros nos torne duros também. E talvez essa seja a maior recompensa de todas: permanecer inteiros, com a mesma verticalidade, até proque, por mais paradoxal que pareça, ninguém é profeta nas suas terras e qualquer reconhecimento ou agradecimento virá mais depressa de fora, de desconhecidos. 

Esta máxima do profeta irreconhecido, é envangélica e deve fazer sempre parte da nossa bagagem, porque nestas como em tantas outras coisas passamos a vida a aprender e quanto mais julgamos conhecer as pessoas, as suas atitudes, na realidade menos as conhecemos quando, de algum modo, procuramos passar para além da capa do que é visivel.

Aprender até morrer, mesmo que já sem deslumbramentos ou surpresas.