Restos da carne, do vício,
Que à terra, ao pó devolve,
À morte, à tristeza e ais.
Afinal, ossos do ofício.
Duma força que nos move
Como barca rumo ao cais.
NATAL NA MINHA ALDEIA
Na minha aldeia
O Natal voltou a desabrochar,
A florir como flor tardia
De uma Primavera de geadas.
O fumo, cinza de prata,
Voltou a ondular pelas velhas chaminés,
Almas vadias de troncos defuntos.
A mesa pariu
A abundâncias das coisas doces.
As travessas voltaram a abarrotar
De bacalhau, batatas e couves do nosso campo.
As nossas almas ficaram mais cheias,
Mais solenes,
Mais embriagadas
Deste espírito,
Deste Natal.
A. Almeida