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25 de junho de 2020

Ossos do ofício


Restos da carne, do vício,
Que à terra, ao pó devolve,
À morte, à tristeza e ais.
Afinal, ossos do ofício.
Duma força que nos move
Como barca rumo ao cais.

30 de março de 2020

Noutra Primavera


Noutra Primavera,
haverá tempo e lugar
ao namoro,
sentadinhos, lado a lado,
na frescura de plátanos
e dos reflexos de águas.

Por ora, há flores,
há chilreios de pássaros,
há verde e mais verde
mas ainda cheira a Outono,
como num adormecer suspenso
à espera de nova alvorada.

Havemos de nos sentar
No regaço de uma nova Primavera,
E juntos celebraremos o renascer.

Cada vida partida,
chorada,
há-de ser uma flor,
A inundar o jardim de um tempo novo.

10 de fevereiro de 2020

Claridade

Olhei ao alto
na procura
de um lençol de claridade,
mas a sombra
de um sonho
mal sonhado
pairava como mortalha
acendida
no braseiro febril
do delírio.

A chuva mitigadora,
refrescante,
tardava
no desejo de um afogamento
nos teus braços
onde a paz mora abençoada.

No teu seio,
há uma lagoa,
límpida, clara,
onde velejo,
suave,
nas mornas ondas
do sopro dos teus lábios.


Ocirema  Adilema

23 de dezembro de 2017

É Natal na nossa aldeia



É Natal na nossa aldeia,
Feliz tempo que enternece;
Cada casa com mesa cheia,
E uma lareira que aquece.

À casa doce paterna,
Vão dar todos os caminhos,
Todos a ela acorrem
Quais aves aos seus ninhos.

Chegam filhos, genros e noras,
Chegam netos, já crescidos,
Qual bagos de doces amoras,
Todos juntos, bem juntinhos.

Na mesa grande há fartura
De coisas boas, da avó,
A fome também  é de ternura
De aconchegos e não só.

Abre-se espaço na mesa
Que a rainha é chegada,
Qual tesouro da pobreza,
Já fumega a caldeirada.

O bacalhau lá está, claro,
A batata e a penca que é couve,
O azeite dourado, do mais caro.
- Que Nosso Senhor o louve!

De vinho bom, bem regadas,
Santa e doce esta alegria,
Lá vêm, vejam, as rabanadas,
As filhoses e a aletria.

A mãe, avó eternecida,
Enlevada neste amor,
Junta as mãos, agradecida:
- Louvado Deus meu Senhor.

É Natal na nossa aldeia,
O do Menino, o de Jesus;
Nossa alma está cheia
Da sua imensa, intensa luz.

É Natal na nossa aldeia!



A. Almeida 12/2017

24 de dezembro de 2016

Boas Festas! Feliz Natal!

 

feliz_natal_2016

NATAL NA MINHA ALDEIA

Na minha aldeia
O Natal voltou a desabrochar,
A florir como flor tardia
De uma Primavera de geadas.

O fumo, cinza de prata,
Voltou a ondular pelas velhas chaminés,
Almas vadias de troncos defuntos.

A mesa pariu
A abundâncias das coisas doces.
As travessas voltaram a abarrotar
De bacalhau, batatas e couves do nosso campo.

As nossas almas ficaram mais cheias,
Mais solenes,
Mais embriagadas
Deste espírito,
Deste Natal.

A. Almeida