23 de dezembro de 2017

É Natal na nossa aldeia



É Natal na nossa aldeia,
Feliz tempo que enternece;
Cada casa com mesa cheia,
E uma lareira que aquece.

À casa doce paterna,
Vão dar todos os caminhos,
Todos a ela acorrem
Quais aves aos seus ninhos.

Chegam filhos, genros e noras,
Chegam netos, já crescidos,
Qual bagos de doces amoras,
Todos juntos, bem juntinhos.

Na mesa grande há fartura
De coisas boas, da avó,
A fome também  é de ternura
De aconchegos e não só.

Abre-se espaço na mesa
Que a rainha é chegada,
Qual tesouro da pobreza,
Já fumega a caldeirada.

O bacalhau lá está, claro,
A batata e a penca que é couve,
O azeite dourado, do mais caro.
- Que Nosso Senhor o louve!

De vinho bom, bem regadas,
Santa e doce esta alegria,
Lá vêm, vejam, as rabanadas,
As filhoses e a aletria.

A mãe, avó eternecida,
Enlevada neste amor,
Junta as mãos, agradecida:
- Louvado Deus meu Senhor.

É Natal na nossa aldeia,
O do Menino, o de Jesus;
Nossa alma está cheia
Da sua imensa, intensa luz.

É Natal na nossa aldeia!



A. Almeida 12/2017