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18 de agosto de 2019

Isaac, o patriarca das farturas







A Festa em Honra de Nossa Senhora da Piedade em Canedo, é seguramente uma das maiores festas de arraial do concelho de Santa Maria da Feira, mesmo até entre os concelhos vizinhos.

Tradição e devoção à parte, porque todas as terras têm as suas e o seus valores não se medem pelo aparato profano  ou mesmo pelo número de andores e de cavalos na procissão, mas sem dúvida que é uma das grandes romarias da região, com povo em quantidade, velhos e novos, barulho, diversão, barracas de tudo e mais alguma coisa, barracas de churros e farturas com fartura, onde o Isaac é patriarca, rei e senhor, e mesmo um programa musical extravagante e diversificado, desde as tradicionais bandas de música até aos habituais artistas pimba.

Mas para além de tudo, esta festa por vezes tem algumas singularidades que aparentemente escapam a algum sentido de bom senso. Por exemplo, remeter as bandas de música para palcos secundários, com carroceis e pistas de choque a marcar o ritmo, instalados em zona de sol e deixar vago o palco principal e com espaço envolvente com sombrinha fresca, não lembra ao diabo. Mas há quem ache que sim, e que o palco principal deve ficar livre para o pessoal da luz e som preparar a festa da noite. 

Claro que as bandas de música  não estão em condições de reclamar e o público já está habituado a estas singularidades. Como diz a cantiga, "quem gostar come, quem não gostar põe na beirinha do prato".

Já agora, duas excelentes bandas musicais, a do Vale e  a de Tarouquela. Bons executantes e peças musicais de qualidade sinfónica. Mereciam outros palcos, sem ruídos próprios de uma romaria, mas infelizmente a realidade não se compadece com preciosismos ou requisitos técnicos.

S. Mamede - Dia do nosso padroeiro


A paróquia de Guisande celebrou, ontem, dia 17 de Agosto, o seu padroeiro S. Mamede, com missa solene pelas 17:00 horas, seguida de procissão.


Algumas das paróquias portuguesas sob a invocação de S. Mamede:


Paroquias
Diocese
Agrochão
Bragança-Miranda
Aldão
Braga
Arca
Viana do Castelo
Arcozelo
Braga
Argeriz
Vila Real
Ázere
Coimbra
Bolho
Coimbra
Bustelo
Porto
Cabreiros
Porto
Cambeses do Rio
Vila Real
Canelas
Porto
Caniçada
Braga
Castanheira do Vouga
Aveiro
Cepães
Braga
Cibões
Braga
Coronado
Porto
Cuide de Vila Verde
Viana do Castelo
Deocriste
Viana do Castelo
Escariz
Braga
Este
Braga
Évora
Évora
Ferreira
Viana do Castelo
Friestas
Viana do Castelo
Gomide
Braga
Gondiães
Braga
Gondoriz
Braga
Guide
Bragança-Miranda
Guisande
Porto
Lindoso
Viana do Castelo
Madail
Porto
Manhuncelos
Porto
Marrancos
Braga
Mata Mourisca
Coimbra
Mesquitela
Viseu
Mogadouro
Bragança-Miranda
Negrelos
Porto
Parada do Monte
Viana do Castelo
Perafita
Porto
Quiaios
Coimbra
Recesinhos
Porto
Ribeirão
Braga
Sandiães
Viana do Castelo
Santa Cruz da Trapa
Viseu
São Mamede
Leiria-Fátima
São Mamede
Lisboa
São Mamede da Ventosa
Lisboa
São Mamede de Infesta
Porto
São Mamede de Riba Tua
Vila Real
Seara
Viana do Castelo
Seroa
Porto
Serzedo
Porto
Sezures
Braga
Sortes
Bragança-Miranda
Talhadas
Aveiro
Travanca
Bragança-Miranda
Travanca
Porto
Troviscoso
Viana do Castelo
Vale de Remígio
Coimbra
Valongo
Porto
Vermil
Braga
Vila Chã
Porto
Vila Cova de Seia
Guarda
Vila Maior
Porto
Vila Marim (Mesão Frio)
Vila Real
Vila Verde
Porto
Vilarinho
Braga



20 de junho de 2019

Comunhão Solene 2019


Realizou-se nesta Quinta-Feira, Dia da Solenidade do Corpo de Deus, a Comunhão Solene na nossa paróquia de S. Mamede de Guisande. Apenas seis crianças, três rapazes e três raparigas, que vivenciaram o seu importante dia.

A festa contou com a celebração da missa solene, na parte da manhã, pelas 11:00 horas, e na parte da tarde, adoração e terço, pelas 18:30 horas, seguida da tradicional procissão solene à Capela do Viso e,  depois de uma curta cerimónia e dedicação a Nossa Senhora da Boa Fortuna, o regresso à igreja matriz onde se deu o encerramento com a cerimónia da entrega dos ramos a Nossa Senhora da Conceição e dos diplomas às crianças.
A procissão foi acompanhada musicalmente pela Banda de S. Tiago de Lobão.

Esta festa do calendário da Catequese já não tem o fulgor de outros tempos, até porque o número de crianças tem reduzido substancialmente, mas ainda assim traduz-se num dia de festa da comunidade e expressa a dedicação do Grupo da Catequese, da Comissão da Festa do Senhor e dos pais da crianças envolvidas, que se esforçam na decoração do percurso e ainda na contratação da Banda de Música.
Parabéns a todos quantos se dedicaram!






11 de maio de 2019

Procissão de Velas 2019

Realizou-se, ontem, Sexta-Feira, 10 de Maio, a tradicional Procissão das Velas na nossa freguesia. Com missa pelas 20:30 horas, de seguida a procissão percorreu o seu tradicional percurso durante cerca de uma hora e meia, pelos lugares de Igreja, Quintães, Viso, Barrosa, Fornos, Lama, Casaldaça e Igreja.
Como novidade e para uma maior segurança, a procissão foi encabeçada por um carro da GNR que assim assegurou o controlo do trânsito.
O tempo, apesar do céu com nuvens negras aguentou-se e não choveu.
Ficou cumprida a tradição e sobretudo a demonstração de fé e de agradecimento a Nossa Senhora de Fátima.

3 de setembro de 2018

O meu catecismo da primeira classe

catecismo da primeira calsse v1 01
De todos os livros que marcaram a minha infância, e creio que a de muitos rapazes e raparigas da minha geração, os catecismos, a par dos livros da escola primária, ocupam um lugar especial na prateleira das nossas recordações, memórias e nostalgias.

Hoje trago à luz da memória o meu catecismo da primeira classe. Trata-se do primeiro volume de uma série chamada “Doutrina Cristã – Catecismo Nacional”, uma edição do Secretariado Nacional de Catequese, publicado durante os anos 50 e 60 e que serviu de base para o ensino da catequese ao nível de todo o país. Estes catecismos foram impressos na Litografia União Limitada, de Vila Nova de Gaia.

Este primeiro volume está profusa e excelentemente ilustrado pela mão da artista portuense Laura Costa, com o seu traço inconfundível, repleto de cor e pormenor. Cada ilustração, por si só, era uma lição e estou certo de que muitos recordarão o seu Catecismo apenas pela beleza das respectivas gravuras, muito bucólicas. De resto, Laura Costa notabilizou-se a ilustrar os populares contos de fadas nos anos 40 a 60, que encantaram muita rapaziada que os liam a partir da biblioteca itinerante da Gulbenkian que todos os meses aportava ao largo de Casaldaça trazendo estantes de conhecimento e fantasia.

O Catecismo tem uma dimensão de 12 x 17 cm e 32 páginas a cores.

É importante referir que estes catecismos, tinham uma publicação de apoio, chamada de Caderno de Trabalhos Práticos (que possuo), com gravuras das lições, a preto e branco, destinadas a serem pintadas pelos alunos, bem como textos picotados, também destinados a serem preenchidos. Todavia, talvez pelo seu custo, acrescido ao do catecismo propriamente dito, e dadas as dificuldades económicas da maioria dos pais das crianças nesse tempo, tenho a ideia de que muito raramente este caderno era adquirido. Pelo menos não me recordo de o possuir na altura nem de o mesmo ter sido aplicado na minha Catequese.

Por outro lado, existia ainda um volume auxiliar, destinado às Catequistas, chamado Guia de Ensino (que também possuo), bastante extensivo, com a explicação da mensagem da aula e respectivas actividades, constituindo-se num excelente auxiliar das sessões de Catequese, principalmente em meios pobres onde nem sempre as Catequistas tinham formação adequada.

De referir que quando transitei para a segunda classe da Catequese, foram adoptados outros catecismos, pelo que tudo indica de que esta série de que falei deixou de ser publicada e utilizada, desconhecendo-se se tal mudança ocorreu a nível nacional, ou apenas no âmbito Diocesano, mas tudo parece indicar que a alteração editorial foi geral. De qualquer forma esta fantástica série “Doutrina Cristã – Catecismo Nacional”, vigorou pelo menos durante duas décadas, um caso invulgar de longevidade, tendo em conta que actualmente os manuais de escola e catequese mudam quase de ano para ano e com edições diversas.

Os objectivos deste primeiro volume, vocacionados para a preparação da Primeira Comunhão, estavam assim expressos no prefácio do mesmo:

“ Eu sou a Verdade” – disse Jesus. O presente Catecismo vem dar cumprimento a um voto do Concílio Plenário. É destinado a todas as crianças de Portugal, que devem fazer a sua primeira Comunhão à roda dos 7 anos (como desejava São Pio X) a fim de despertar já nos seus corações infantis uma autêntica vida cristã.

Foi para facilitar o trabalho educativo nas Famílias, nas Catequeses e nas Escolas, - a quantos são responsáveis pela alta missão de fazer desabrochar na alma infantil a virtude e a santidade, - que este Catecismo se elaborou por iniciativa do Venerando Episcopado.

Espera-se que o zelo de todos os educadores cristãos faça valorizar o presente texto oficial, cujas lições se acham ligadas ao Tempo Litúrgico (de fins de Outubro a Maio: as lições marcadas –A, servem para melhor permitir essa ligação, na hipótese duma aula semanal).

Ensinando-se, cuide-se da formação cristã da criança: atenda-se às condições várias da sua preparação cristã e desenvolvimento; faça-se com que ela compreenda toda a doutrina, a ame e aplique à sua vida; procure-se que retenha de memória o que deve reter e consequentemente se prepare de modo a poder já confessar-se e comungar pelo Tempo Pascal.

Na festa de Nª Sª do Rosário, aos 7 de Outubro de 1953. M. Cardeal Patriarca.

Como verificamos por este texto, este primeiro volume tinha objectivos específicos mas concretos no ensino da doutrina das crianças que pela primeira vez entravam no ciclo da Catequese.

Escusado será dizer que possuo na minha biblioteca os quatro exemplares desta série, referentes às respectivas classes de catequese (1º. 2ª 3ª e 4ª).

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- As duas últimas imagens referem-se ao tal caderno de trabalhos práticos, que servia de apoio às lições de catequese.

6 de agosto de 2018

Festa em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António - 2018 - Procissão



Mesmo que com algumas "novidades", nomeadamente a do horário, bem como o facto de ter sido o Santo António a fechar a lista de andores, ao contrário do tradicional, que seria o de Nossa Senhora da Boa Fortuna, a procissão solene saiu à rua e cumpriu-se a devoção. Eventualmente com menos forasteiros a assistir, mas decorreu de forma que aos guisandenses deve orgulhar.

Pessoalmente, lamento que o Mártir S. Sebastião, um dos santos representativos da paróquia, tenha ficado sem participar. Não fica bem, e alguém (da paróquia ou da Comissão de Festas) deveria ter-se responsabilizado ou empenhado em arranjar uma solução.

A questão da coordenação da procissão, nomeadamente no que aos andores diz respeito, gestão de promessas e responsáveis (particulares, grupos, Comissão de Festas ou paróquia), é um dos aspectos que ainda continua a precisar de muita afinação. A organização a este nível tem sido gerida um pouco ad hoc, o que propicia algumas confusões que não ajudam. Certamente que com uma melhor gestão, o mártir teria feito parte da procissão, com a veneração e devoção que lhe é devida pelos guisandenses. É certo que tem a sua festividade própria (20 de Janeiro), mas creio que todos concordarão que deveria fazer sempre parte da procissão da festa maior da freguesia.

Será, pois, de melhorar e definir bem esta situação no futuro.

3 de abril de 2018

Cumpriu-se a tradição


Cumpriu-se a tradição pascal na nossa freguesia de Guisande. Depois de uma Semana Santa marcada pelas habituais cerimónias religiosas, no Domingo, abençoado com sol, o Compasso saiu à rua, com três equipas, uma delas liderada pelo Juiz da Cruz, o Sr. Arménio Silva, do lugar da Gândara, que foi acompanhado pelo pároco Pe. Arnaldo Farinha.
Ontem, Segunda-Feira, teve lugar o tradicional Almoço do Juiz da Cruz, que pelo quinto ano consecutivo decorreu no Restaurante Pomar, na freguesia de Gião. Participaram cerca de 90 convivas, incluindo o Pe. Farinha e o Sr. Juiz da Cruz. Tudo decorreu dentro da normalidade. 
Parabéns a todos quantos contribuíram para a dinâmica desta tradição que, apesar de os tempos serem marcados por outras distracções, ainda continua a merecer a dedicação e interesse da generalidade da nossa comunidade. Para além de tudo, continua a ser um forte elo de ligação e convívio familiar e comunitário.
Ficamos já espera do próximo ano, em que será Juiz da Cruz o Sr. Orlando Santos, do lugar de Fornos.

5 de fevereiro de 2018

S. Brás e Nossa Senhora das Candeias

Decorreu ontem, 4 de Fevereiro, na igreja matriz da freguesia do Vale, a tradicional festividade em honra de S. Brás e Nossa Senhora das Candeias. 
Quase sempre modesta no arraial, até porque em pleno inverno, não raras vezes sob frio e chuva, é, todavia, uma festa de tradição e que chama devotos de todas as freguesias das redondezas. Como muitas outras, no que à tradição e devoção diz respeito, já teve melhores dias, mas mesmo assim continua a ser uma referência nas festividades religiosas no nordeste do concelho de Vila da Feira.

S. Brás (em Latim S. Blasius, em Catalão S. Blai, em Francês S. Blaise, em Espanhol S. Blas), a quem os devotos recorrem para males de garganta, foi um médico e bispo nascido na cidade de Sebaste, ou Sebastia (na actualidade Sivas), na Turquia, numa região da então província romana da Arménia, e que terá vivido entre os séculos III e IV.

Já depois de ter assumido a profissão de médico, sentiu o chamamento de Deus a uma consagração cristã, pelo que terá deixado a sua vida citadina e a sua própria terra indo para os montes, optando por uma modesta vida solitária de oração e de penitência.

A sua fama de santo começou a espalhar-se na comunidade de Sebaste e, quando morreu o bispo daquela cidade, todos o aclamaram como novo pastor. São Brás só aceitou a nova responsabilidade pela forte insistência dos membros da comunidade, porque desejava muito mais a vida retirada de oração e contemplação. Mesmo como bispo continuava a viver numa caverna no monte Argeu, no meio de animais ferozes, com quem convivia, vindo somente à cidade apenas quando as obrigações de pastor o exigiam.

Na altura da perseguição aos cristãos ordenada pelo então Imperador Licinius Lacinianus (308-324), São Brás, conhecido pela sua extrema bondade, santidade e milagres, é preso pelo anticristão Agrícola, que governava a Capadócia e a Arménia, e obrigado a adorar os deuses pagãos. Negou-se São Brás, dizendo: “não quero ser amigo dos vossos deuses, porque não quero arder eternamente com os demónios”. Foi açoitado, posto no ecúleo (cavalete de tortura), submetido aos «garfos» com puas de ferro e lançado a um lago de água gelada, sendo, por fim, degolado. Decorria o ano de 316.

Os seus restos mortais foram recolhidos e sepultados pelos cristãos desse tempo numa humilde igreja na sua cidade,  mas mais tarde trasladadas as suas relíquias para a actual basílica localizada num monte com o seu nome.

O facto, verdadeiro ou lendário de que terá salvo uma criança que agonizava com uma espinha de peixe encravada na garganta, valeu-lhe popularidade e devoção, tornando-se desde então padroeiro das causas de saúde ligadas à garganta. Mas é também associado como protector dos animais e em algumas localidades onde se venera, cumprem-se ritos de bênção dos animais de modo especial de rebanhos.

O dia oficial das sua festividade é o 3 de Fevereiro e o seu culto se expandiu sobretudo a partir do séc. VIII, tanto nos países do oriente como no ocidente, mas também noutras partes do mundo, sobretudo na América latina com o culto a ser levado por espanhóis e portugueses. Até ao século XI S. Brás não entrava no calendário litúrgico romano, mas a partir daí nele começa a constar pela grande devoção que passou a ser-lhe dedicada em Roma, onde se diz terem-lhe sido erigidas trinta e cinco igrejas. Em Portugal é patrono de pelo menos uma dezena de paróquias, sendo que não é patrono da freguesia do Vale, apesar de ali  ser venerado e festejado.

Fotografia de S. Brás na igreja matriz da freguesia do Vale.

Estampa, pagela ou "santinho" com a imagem de S. Brás que se venera na igreja matriz da freguesia do Vale. 
De notar que esta imagem corresponde a uma versão de S. Brás diferente da imagem que está na lateral do altar-mor,  conforme fotografia acima. 
À falta de melhor justificação, e supondo eu ser a imagem da primeira fotografia acima a correspondente à versão principal do S. Brás na freguesia do Vale, este mais imponente e barbudo, nunca percebi esta situação da pagela ou "santinho" disponível em dia de festa reproduzir uma outra versão. Será esta a imagem da estampa a mais antiga e original? Se sim, porque não está ela no altar? Se não, porque se teima em distribuir uma representação secundária? É certo que independentemente da configuração da imagem sabemos que ambas representam o S. Brás, mas parece-me uma falta de coerência identificativa e até de cultura patrimonial que, infelizmente, se verifica em muitas paróquias e festividades no que ao "santinho" diz respeito. Recorde-se que há alguns, poucos, anos,  uma Comissão da Festa do Viso também caiu neste erro ao mandar estampar um "santinho" do Santo António que nada tinha a ver com as versões do santo existente, quer na capela, quer na igreja.
Também em Louredo, não neste ano, mas em anos anteriores, a estampa disponibilizada representa um S. Vicente que não o principal que se encontra no altar-mor.



Acima, três variantes de pagelas ou "santinhos" clássicos com a representação da cena  referentes a S. Brás e ao milagre da remoção da espinha de peixe da garganta de uma criança apresentada ao santo pela sua aflita mãe. Esta cena faz parte indissociável do folclore religioso relacionado à veneração deste santo mártir.


Pagela com a imagem de Nossa Senhora das Candeias que se venera na igreja matriz da freguesia do Vale.

Quanto a Nossa Senhora das Candeias, cuja festividade ocorre na freguesia do Vale em simultâneo com a de S. Brás, é também invocada como Nossa Senhora da Luz, ou Nossa Senhora da Candelária, ou Nossa Senhora da Apresentação ou ainda Nossa Senhora da Purificação. Embora com o culto expandido em muitos países, incluindo Portugal e Brasil, há referência de que o mesmo terá surgido nas Ilhas Canárias - Espanha onde  terá aparecido numa praia na ilha de Tenerife, pelo ano de 1400. Os nativos guanches da ilha teriam ficado com medo e tentado atacá-la, mas suas mãos teriam ficado paralisadas. A imagem teria sido guardada em uma caverna, onde, séculos mais tarde, foi construído o Templo e Basílica Real da Candelária (em Candelária). Mais tarde, a devoção se espalhou pela América. É assim a santa padroeira das Ilhas Canárias, sob a invocação de Nossa Senhora da Candelária.

A origem da Senhora da Luz tem as suas origens na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém e da purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o nascimento de Cristo (sendo celebrada, portanto, no dia 2 de Fevereiro). 

De acordo com a lei mosaica (de Moisés), as parturientes, após darem à luz, ficavam consideradas como impuras, devendo por isso inibir-se de visitar o Templo de Jerusalém até quarenta dias após o parto; após esse tempo, deviam apresentar-se diante do sumo-sacerdote a fim de apresentar o seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas ou duas rolas) e, assim, purificar-se. Desta forma, São José e a Santíssima Virgem Maria apresentaram-se diante de Simeão para cumprir o seu dever. Este, depois de lhes ter revelado maravilhas acerca do filho que ali lhe traziam, ter-lhes-ia proferido a Profecia de Simeão: «Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios e glória de Israel, vosso povo» (Lucas 2:29-33).

Com base na festa da apresentação de Jesus/purificação da Virgem, nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação; do cântico de São Simeão (conhecido pelas suas primeiras palavras em latim: o Nunc dimittis), que promete que Jesus será a luz que irá aclarar os gentios, nasce o culto em torno de Nossa Senhora da Luz/das Candeias/da Candelária, cujas festas eram, geralmente, celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o facto.

27 de janeiro de 2018

S. Vicente Mártir - Louredo


Ocorre neste Domingo, 28 de Janeiro, a Festividade em honra de S. Vicente Mártir, padroeiro da freguesia vizinha de Louredo.
Noutros tempos, apesar de ocorrer em pleno Inverno, e por isso sujeita às inconstâncias do tempo, era uma festa de tradição nas redondezas e o povo, mesmo de Guisande, lá acorria ao "S. Vicente de Ferreira", para pagar promessas, comprar regueifa e figos.

Esta de convencer o povo, tanto de Louredo como das vizinhanças, que o seu patrono era o S. Vicente, mas o Mártir e não o de Ferrer (Ferreira), é uma luta antiga, travada pelo próprio e saudoso pároco louredense, Pe. Acácio Freitas. De resto, na sua monografia sobre a freguesia de Louredo, relata que deu logo com esta confusão do povo, mesmo no início da sua vinda para a freguesia. Passamos a transcrever essa passagem, que é elucidativa:

"Poucos dias após a entrada nesta paróquia, a 23 de Novembro de 1958, vieram ao meu encontro três senhores, cujos nomes já não recordo, dizendo ser a "Comissão de Festas em honra do Padroeiro, São Vicente Ferreira". Devo confessar que estranhei ouvir falar em semelhante Santo e sugeri se não seria "São Vicente Ferrer". 

Disseram-me que era assim que os párocos, meus antecessores, o apelidavam. Como fui apanhado de surpresa, combinamos o programa da festa para o dia 22 de Janeiro, como era da tradição. Após a sua retirada, fui imediatamente consultar o Afio Litúrgico, de Pius Parsch, que tinha mais à mão, e verifico afinal que no dia 22 de Janeiro se festejava São Vicente Mártir e não São Vicente Ferrer, cuja festa se celebra a 05 de Abril. 

No Domingo seguinte procurei elucidar a comunidade de que o Padroeiro de Louredo é São Vicente Mártir e não São Vicente Ferrer (vulgo "Ferreira") e apresentei as seguintes razões para que não houvesse lugar a mais dúvidas: 

a) — São Vicente Ferrer ("Ferreira") era natural de Valença, Espanha. Aparece vestido com o hábito dominicano e um sol com as iniciais de Jesus (J.H.S.) na mão. Foi presbítero, isto é, sacerdote pregador, como quase todos os dominicanos, e a sua festa celebra-se, como já foi dito a 05 de Abril. 

b) — São Vicente Mártir era natural de Huesca, também Espanha. Aparece vestido de diácono, (não chegou a ser ordenado de presbítero), geralmente com um corvo (que protegeu o seu cadáver de outras aves de rapina), sobre as sagradas escrituras numa das mãos e uma palma (a palma do martírio) na outra; ou então com a palma numa das mãos e uma embarcação na outra; ou ainda com a grelha (sobre a qual foi martirizado) a seus pés; além de outras insígnias alusivas ao seu martírio. Cf. "VIII CENTENÁRIO DA TRASLADAÇÃO DAS RELÍQUIAS DE SÃO VICENTE, 1173-1973, Câmara Municipal de Lisboa, Palácio Pimenta / 3 de Dezembro/1973". 

No entanto, e apesar de muitas vezes se ter insistido em Sermões, Homilias, Palestras etc, que é o São Vicente Mártir e não Ferrer, ainda nos nossos dias muitas pessoas continuam a falar na Festa de São Vicente Ferreira. 

Lembremos que o São Vicente Ferrer quase não é conhecido em Portugal; e São Vicente Mártir é padroeiro de muitíssimas terras, inclusive da cidade de Lisboa, onde é mais conhecido por São Vicente de Fora, por ter aportado, (segundo reza a tradição), a esta cidade numa embarcação, vindo da Catalunha. 

Então quem é o nosso padroeiro? Nasceu em Huesca, Catalunha, Espanha, por volta do ano 270, filho de pais nobres. Foi educado e instruído nas Sagradas Escrituras pelo Bispo Valério, de Saragoza, que ao reconhecer a sua sabedoria e virtudes o ordenou de Diácono e o incumbiu de levar a mensagem de amor, (que Jesus Cristo veio trazer a terra), a toda a Catalunha. 

Durante a perseguição de Diocleciano, imperador romano, foi convidado a renegar a sua Fé Cristã. Como não aceitasse o convite do imperador, foi açoitado e atormentado no potro. Continuando bem firme nas suas convicções religiosas, foi estendido sobre uma grelha incandescente; rasgadas as suas carnes com dentes de ferro; queimado com tochas ardentes etc. Resistindo a todos estes tormentos com um semblante de alegria, deitaram-no sobre um leito todo macio para tentar dissuadi-lo. Como a sua Fé se robustecia cada vez mais, recebeu a coroa do martírio pelo ano 304 da nossa era. 
Foi lançado a uma fossa e depois ao mar, mas um corvo de proporções gigantescas arrebatou-o às ondas e, segundo a tradição, tê-lo-á deixado sobre uma embarcação que o transportou até Lisboa. (São Vicente de Fora). "

Como se leu, o Pe. Acácio percebeu que apesar de ter travado uma luta constante e duradoura no sentido de catequisar os seus fregueses quanto ao seu patrono, seu nome e origem, admitiu que na actualidade (1967) ainda se fazia essa confusão. A confusão, que ainda se mantém nos nossos dias, resultava, no entanto e apenas, da transição das tradições, usos e costumes, incluindo os testemunhos orais. Assim, esta do S. Vicente de Ferreira em Louredo ainda está para durar.

Seja como for, no texto que acima se transcreveu da monografia de autoria do Pe. Acácio, é referido pelo próprio que o S. Vicente Ferrer ou Ferreira, é pouco conhecido por cá. Assim é, efectivamente, mas dá-se a curiosidade de tal santo espanhol estar precisamente muito perto de Louredo, nem mais nem menos que na Capela do Viso - Guisande, sendo que, mesmo aqui, pouco conhecido e divulgado como tal. Apenas mais um dos muitos santos e santas de Deus que vão adornando igrejas, capelas e ermidas.

Abaixo fica a imagem do respectivo santo do qual alguém, há tempos, teve a feliz ideia de o passar para uma bonita pagela.


Outra curiosidade, encontrei pela internet uma pintura barroca da escola espanhola de Francisco Ribalta, sem data precisa, mas do séc. XVII, em que  aparecem lado a lado estes dois S. Vicentes, o Mártir e o Ferrer, acompanhados de S. Raimundo de Penhaforte, outro santo espanhol. Como se vê, de algum modo estes santos apesar de não serem contemporâneos entre si, encontram-se pela arte e certamente na devoção e oração de muitos devotos.


17 de agosto de 2017

Dia de S. Mamede - Padroeiro de Guisande



Neste dia 17 de Agosto celebra-se e evoca-se o mártir S. Mamede, padroeiro da nossa paróquia de Guisande. Como habitualmente, a data e o santo serão lembrados com a celebração de uma missa a ter lugar pelas 20:00 horas na nossa igreja matriz.

25 de julho de 2017

Bandeira em exposição





Bandeira processional de Nossa Senhora da Boa Fortuna - Guisande. Está patente no Museu Municipal do Convento dos Lóios, em Santa Maria da Feira, numa exposição de arte sacra dedicada a Maria, uma homenagem do município de Santa Maria da Feira à devoção secular do povo português, em particular das gentes do território, à padroeira de Portugal, Santa Maria, neste ano em que se comemora o centenário das aparições em Fátima. A exposição  reúne um importante espólio artístico proveniente das 32 paróquias do concelho, composto por  46 peças – esculturas, pinturas e têxteis – de grande valor artístico, que podem ser apreciadas até 15 de outubro. A visita é gratuita.

Esta exposição, realizada no ano em que Portugal celebra o Centenário das Aparições de Fátima e a canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, é uma homenagem do Município de Santa Maria da Feira à devoção secular do povo português, em particular das gentes do território, à padroeira de Portugal, Santa Maria.

Organizada pela Câmara Municipal, em parceria com Vigararia de Santa Maria da Feira, Missionários Passionistas da Feira e Santa Casa da Misericórdia da Feira, esta exposição é mais um exemplo da estreita parceria do Município com as 32 paróquias do concelho.

Local: Museu de Convento dos Lóios – Santa Maria da Feira
Horário: 9h30» 18h00 [3ª a 6ª] e 15h00» 17h30 [sáb. e dom.]
Entrada: gratuita
Contactos: tel. 256 331 070 ou e-mail museuconventodosloios@cm-feira.pt

16 de junho de 2017

Comunhão Solene - 2017





Realizou-se ontem, 15 de Junho, Dia de Corpo de Deus, a cerimónia da Comunhão Solene ou Profissão de Fé na nossa paróquia. Foram oito crianças, duas raparigas e seis rapazes, que viveram de modo especial este dia, certamente marcante nas suas ainda curtas vidas e que mais recordarão.
A cerimónia decorreu dentro dos esquemas tradicionais, começando pela concentração na parte da manhã, junto à capela do Viso e descida em simples procissão até à igreja matriz onde pelas 11:30 horas decorreu a celebração solene da Eucaristia.
Já na parte da tarde, pelas 18:00 horas, a reza do Terço com Adoração ao Santíssimo, seguindo-se a procissão solene até à Capela do Viso onde decorreu uma simples cerimónia de agradecimento e dedicação a Nossa Senhora da Boa Fortuna, finda a qual regressou a procissão à igreja matriz onde se fez o encerramento com a tradicional oferta dos ramos a Nossa Senhora da Conceição e distribuição dos diplomas.
A acompanhar a procissão esteve a Tuna Musical Mozelense, que com muita qualidade emprestou pompa e circunstância à festividade.
Parabéns a todos os envolvidos neste  importante dia para a paróquia, desde as crianças, pais, pároco, catequistas, grupo coral, acólitos, ministros, Comissão Fabriqueira, Comissão de Festas e a todos quantos contribuíram e se empenharam na realização e organização deste dia cerimonial.

2 de janeiro de 2017

Oratório da Sagrada Família

 

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Na paróquia de S. Mamede de Guisande existe desde há muitos anos o culto e devoção à Sagrada Família nos lares, a qual é transportada de casa em casa num oratório portátil.
Não se sabe ao certo o ano em que começou tal devoção, sendo que seguramente desde os primeiros tempos do P.e Francisco de Oliveira, por isso há mais de 60 anos. Esta devoção está ainda viva em muitras aldeias portuguesas. As origens da devoção à Sagrada família são antigas, conhecendo um incremento a partir de 1893 quando foi instituída a sua festividade no calendário litúrgico. Anos antes, em 1886 o Papa Leão XIII, anuiu ao pedido de muitos bispos, consagrando todas as famílias cristãs à Sagrada Família. Vários papas com pontificado no séc. XIX e princípios do séc. XX foram  impulsionadores do culto da Sagrada Família nos lares cristãos.


Tanto quanto se sabe, na paróquia existem três oratórios com ciclos bem definidos, percorrendo todos os lugares da freguesia.  Por exemplo, o exemplar de que tirei fotografia, percorre os lugares da Igreja, Quintães, Viso e Cimo de Vila. Permanece um dia em cada casa, entrando ao fim da tarde ou princípio da noite e saída no dia seguinte, também ao fim da tarde ou principio da noite.
Por regra a casa ou família zeladora de cada oratório é a primeira a receber. Cada família é responsável pela entrega à família seguinte, retornando à primeira casa terminado o ciclo mensal. Pressupondo um calendário completo, serão 90 as casas onde a Sagrada Família dá entrada mensalmente.

Durante a permanência em cada casa, regra geral a  Sagrada Família está exposta e iluminada com uma lamparina de azeite. Dependendo da tradição e devoção de cada família podem ser feitas orações e reza do terço  diante do oratório.

O oratório é uma pequena caixa fabricada artesanalmente em madeira. No interior estão as estatuetas da Sagrada Família (Jesus, Maria e José) num fundo revestido a tecido de cetim acolchoado. A parte frontal é composta por duas pequenas portas, que se abrem para os lados, dotadas com um pequeno gancho para as fechar. A base inferior é composta por uma gaveta com a função de caixa-de-esmolas, dotada com uma fechadura e respectiva chave, a que se acessa pela parte traseira. As moedas ou notas são depositadas por ranhura localizada na parte frontal, tipo entrada de mealheiro. A parte frontal  superior é ainda decorada com um frontão ou ornamento em madeira toscamente esculpida, com motivo vegetal, em formato triangular, terminando com uma pequena cruz. Este frontão é desdobrável, dotado com dobradiças e recolhido para baixo, ficando resguardado no interior das portas, de modo a facilitar o transporte.

As esmolas angariadas são por princípio destinadas a mandar rezar missas pelas intenções de quem as depositou na caixa.

De devoção posterior, mas com iguais pressupostos e modos de funcíonamento e distribuição, e em oratório semelhante mas um pouco maior, também existe a Virgem Peregrina, que assim também percorre os lares da paróquia juntamente com a Sagrada Família.

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