15 de setembro de 2019

"S. Vicente, nem terra, nem gente"


"S. Vicente, nem terra, nem gente". Certamente que pelas freguesias vizinhas de Louredo, desde logo Guisande, muitos conhecem e sabem de cor e salteado este estribilho. E de um modo geral o mesmo é entendido como pejorativo, isto é, com um sentido negativo, mas sem lhe conheceram os fundamentos.

Contudo, este estribilho, quase como um ditado do povo desta nossa zona, foi eloquentemente explicado pelo saudoso Pe. Acácio Freitas, que foi pároco de S. Vicente de Louredo, no prefácio da sua monografia sobre a freguesia que paroquiou, desde 23 de Novembro de 1958 até aos seus últimos dias, e na qual foi sepultado. 

Ora segundo a sua explicação,"S. Vicente, nem terra, nem gente" tinha origens no facto de esta freguesia ter sido durante séculos propriedade de mosteiros e de conventos (daí o "nem terra") e que na ganância feudal dos rendimentos e exploração do povo e dos trabalhadores num regime de quase escravatura assentava o "nem gente".

O clérigo rematava que com a extinção das ordens religiosas foram arrumados os senhores e entidades proprietárias de Louredo pelo que assim o povo tomou posse das terras que cultivava deixando de pagar as rendas e foros, ficando livre desses e outros "jugos" que de tal modo alcançou a sua libertação. Dessa mudança de estado e de espírito e recuperação do empreendimento em prol do progresso pessoal mas também comunitário,  o autor da "Monografia de Louredo" concluía que em oposição ao estribilho original e negativo o actualizado e fiel era o de "São Vicente, boa terra e boa gente".

É certo que não se esperaria uma apreciação diferente de uma comunidade e terra que foi sua casa durante quase sessenta anos, mas pela parte que me toca, concordo em absoluto e tenho uma simpatia e consideração global pela freguesia e comunidade de Louredo. Fosse possível e imperiosa uma União de Freguesias a dois, pessoalmente não hesitaria em escolher Louredo como parceira. Infelizmente, neste aspecto de união de freguesias, por cá as coisas não correram nem têm corrido bem e todos saíram a perder com uma união a quatro, pesada e desequilibrada. 

Infelizmente, apesar de passos que foram dados nesse sentido e de alguns indícios de possível mudança pela parte governamental, tudo indica que não será fácil pelo que o mal feito dificilmente será desfeito, obviamente que para prejuízo de todas as freguesias envolvidas.

Como numa certa cantiga, nestas como noutras asneiradas de gente dita graúda, "o povo é que paga". Apesar do rumo da história no sentido do respeito pelas pessoas, comunidades e culturas, parece que mesmo pelos nossos dias ainda vigora uma certa "posse" por parte de certos "mosteiros" e "conventos", com a teimosia destes em fazer das suas boas terras e boas  gentes, "nem terras nem gentes".

9 de setembro de 2019

Troca de santidade


Sabemos que estas coisas acontecem e só não se engana ou não comete erros quem nada faz. E daí e por aí há muita santa gente a não se enganar nem a errar. Todavia, quando crasso, não ficará mal detectar o erro e dar o alerta para que pelo menos possa ser corrigido, se for caso disso.

Isto a propósito de numa consulta casual na página da Cáritas Diocesana do Porto, em que na referência à Paróquia de Cristo-Rei da Vergada a ficha esteja ilustrada com a Igreja Matriz de S. Tiago de Lobão. Ora o S. Tiago, certamente que não pretende nem quer tomar conta do que não é seu, tanto mais uma paróquia com a superior dedicação e invocação ao seu mestre Cristo-Rei. A Cristo o que é de Cristo e a S. Tiago o que é de S. Tiago.

Obviamente, que não sendo eu nem lobonense nem vergadense, este lapso é algo que não me põe em cuidados, mas quem sabe, se alguém de Lobão ou da Vergada procure alertar e reclamar da fífia e pôr o seu em seu dono.

Na foto abaixo, a igreja de Cristo-Rei da Vergada.

8 de setembro de 2019

Concertando...








Concerto de Órgão de Tubos, por Rui Soares - Igreja Matriz de Santo André de Mosteirô - Santa Maria da Feira.

A(Mó)zónia


Todos estamos mais ou menos ao corrente da actualidade quanto à Amazónia, considerada um dos pulmões do planeta Terra. Num misto de ambição e ganância, desprezo pela natureza e facilitismo governamental do Brasil e países limítrofes, como a Bolívia, quiçá de âmbito criminoso, certo é que os incêndios e outros mecanismos de desflorestação, têm sido notícia e merecido um repúdio mundial mais ou menos generalizado.

Em todo o caso, salvaguardadas as devidas distâncias e proporções, um pouco por todo o mundo, um pouco por Portugal e até mesmo no nosso concelho, as "amazónias" têm vindo a ser desprezadas e desconsideradas, subjugadas quase sempre aos interesses económicos, mesmo os que ditos como públicos.

Veja-se, num exemplo meramente caseiro, o caso do Monte de Mó, que integra as freguesias de Guisande, Louredo e Romariz, uma ampla mancha florestal, rica em aspectos de fauna e flora mas genericamente ambiental, abundante em nascentes de água e regatos, que em todos os planos directores municipais tem sido classificado como espaço florestal e por isso intocável quanto a operações urbanísticas. Todavia, apesar dessa protecção, desses nobres princípios de perseveração de amplos espaços florestais, certo é que nos nossos dias tal mancha foi já em muito destroçada, sobretudo com a construção da Auto_Estrada A32, que nela provocou um enorme desequilíbrio ambiental bem como, mais recentemente, a construção e implantação da sub-estação eléctrica, em pleno coração do monte, que provocou um movimento enorme de terras, alteração da topografia, criação de áreas impermeabilizadas e um tecto electro-magnético de linhas eléctricas.

Em resumo, o Monte de Mó ou uma parte muito significativa dele teve que ser subjugado aos ditos "interesses púbicos" e aos equipamentos que ditam o progresso. É certo que de uma forma ou outra todos supostamente beneficiamos desses equipamentos ou infra-estruturas, mas de algum modo este contexto ajuda-nos a perder a inocência quanto à importância dos planos directores municipais ou outros instrumentos de gestão territorial porque na realidade só são válidos e importantes até deixarem de o ser. É fácil proibir a construção de uma simples habitação e um anexo de arrumos, mas, se for caso disso, têm via aberta uma Auto Estrada ou uma Estação Eléctrica ou qualquer outra coisa em grande.

Dizem que o progresso não se compadece com lirismos, mesmo que ambientais, mas pelo menos importará alguma reflexão quanto à importância que damos às coisas, porque na realidade, muitas das vezes, não passam de fantochadas e de um "faz de conta" permanente. A floresta, os bichos e a passarada são muito importantes mas o betão também é. Não surpreende, pois, a nível global a situação da Amazónia, ou no contexto português o previsto novo aeroporto de Lisboa em zona de enorme impacto ambiental ou, mesmo que numa pequenina, micro-escala, o nosso Monte de Mó.

5 de setembro de 2019

Centro Social - 5ª Noite da Francesinha

Que regresse rápido às voltinhas


Soube ontem: O Manuel Ferreira, entusiasta do ciclismo, numa das suas habituais voltas de bicicleta, teve um acidente. Foi no Domingo passado, tendo caído com algum aparato depois de um cão se ter atravessado de forma inesperada à sua frente, embatendo violentamente na bicicleta e provocando o acidente.

Da queda terá resultado uma ligeira fractura, pelo que está hospitalizado e entretanto será operado. Tive já a oportunidade de falar com ele e está bem e optimista quanto à recuperação, salientando que no azar, que é sempre um acidente, teve alguma sorte pois poderia ter resultado em ferimentos bem mais graves.

Seja como for, sendo sempre uma situação infeliz e complicada, certamente que o restabelecimento correrá bem e estará em breve entre nós e, adivinha-se, com vontade de retomar a bicicleta. Esperemos e desejamos que sim. Que regresse rápido e forte às voltinhas pois tem sido uma inspiração para os mais novos.

Infelizmente, e porque também ando por aí de bicicleta, sabemos que os acidentes são sempre uma real possibilidade, quer devido a animais que atravessam a estrada de forma inesperada, quer mesmo por algum desrespeito e muita desatenção de automobilistas. Quase todos os ciclistas têm histórias para contar, de acidentes ou iminência deles.

Pela natureza frágil da bicicleta, e que não faz barulho para alertar quem atravessa sem cumprir a velha regra do "pare, escute e olhe", qualquer acidente resulta quase sempre em queda aparatosa o que facilita ferimentos e lesões. Haja sorte e...naturalmente, muita precaução bem como importa que os condutores de veículos mais pesados tenham mais cuidado para quem usa a estrada de bicicleta. Obviamente que os ciclistas devem igualmente ter comportamentos adequados.

2 de setembro de 2019

Singularidades da bola


O futebol, já se sabia, é prodigioso em coisas mirabolantes. Apesar da sua secularidade, é ainda um poço de surpresas e quando pensamos que já vimos tudo, eis que se nos escancaram novas surpresas; Algumas de fazer sorrir, outras de arregalar os olhos pelo ineditismo.

Para justificar a introdução, basta analisar as particularidades ou mesmo singularidade dos jogos desta última jornada do nosso campeonato em que estiveram envolvidas as equipas dos chamados "três grandes".

- No Sporting- Rio Ave (2-3), o defesa-central Coates foi um autêntico rio de asneiras de que resultaram outros tantos penalties e a sua expulsão, promovendo a vitória inédita (pelos penalties) dos de Vila do Conde, para mais num jogo em que esperavam os sportinguistas a consolidação do lugar de líder na tabela classificativa na frente dos rivais. Como dizem alguns adeptos leoninos, mais valia que o uruguaio fosse expulso logo na falta do primeiro penaltie;

- No F.C. Porto - V.Guimarães (3-0), a equipa da casa viu-se em vantagem numérica logo nos primeiros segundos do jogo. Não terá sido inédito (dizem que o record refere-se a uma expulsão aos 3 segundos num jogo nas divisões inferiores em Inglaterra, e mesmo aos 2 segundos em Itália, por insulto ao árbitro), mas estará seguramente entre os mais rápidos, pelo menos em Portugal e com referência ao tempo da partida. Certo é que com a vantagem de apenas um golo conseguida depois da superioridade de unidades, os "dragões" viram a vida facilitada e subiram a parada para 3-0 já depois dos vitorianos estarem a jogar com apenas 9 jogadores. Dizem que, apesar disso, não foi fácil. Pois não. Talvez se fosse contra 8...

- Finalmente, no S.C. Braga - S.L. Benfica (0-4), apesar de incontestável o resultado (fácil num jogo teoricamente difícil), não deixa de ser significativo que os dois últimos golos dos encarnados tenham sido auto-golos dos bracarenses. Não havia necessidade nem fizeram falta mas ajudaram a expressar a goleada.

- E porque os "pequenos" também são grandes, merece nota o Tondela - Santa Clara (0-0) com os serranos a falharem dois penalties, desperdiçando assim a vitória e 2 pontos. O culpado, logo se vê, é o treinador.

- Como se vê, houve de tudo e faria mais sentido se em vez de um período de final de férias estivéssemos em plena época de Carnaval ou mesmo no dia das mentiras. Mas o futebol é isto e para além das "tragédias" não faltam as "comédias", o que só confirma a sua teatralidade.