12 de janeiro de 2020

Uma copada de Castelões e um pires de moelas


Noutros tempos, não muito longínquos, o vinho verde "Castelões" era para os amantes das patuscadas e petiscadas uma espécie de elixir da eterna juventude. Em qualquer tasca, de prestígio ou rasca, pedia-se "Castelões". O acompanhamento eram os petiscos, fosse moelas, orelheira, uma isca, um prego ou churrasco. Sobretudo no Verão, pois, claro, umas copadas de "Castelões", servido bem frio, faziam valer a pena esperar pelo Sábado ou Domingo à tarde. O Nelson Ned cantava que não sabia o que fazer no Domingo à tarde, mas a rapaziada de Guisande, sabia e bem: Namorar e depois, porque o namoro faz sede, umas copadas no balcão dos bancos de pernas altas do Américo, ou em mesas de fórmica noutros locais de culto como da churrasqueira do valdemar, em Estôse.

Deixou, por isso, saudades, esta emblemática marca de vinho, engarrafada em Vale de Cambra pela empresa Bastos & Brandão, L.da. O vinho era proveniente da região demarcada do Vinho Verde, da qual fazia (e faz) parte Vale de Cambra, com base nas castas Loureiro, Trajadura e Arinto. A malta, mesmo sem perceber de castas, acreditava que sim.

A Brandão & Bastos, L.da foi fundada por Manuel Brandão e Manuel de Bastos, que morreram em 1986 e 1990, respectivamente. A empresa foi fundada em meados da década de 1950. Depois disso mudou de mãos e passou por processos de insolvência. Não consegui apurar se ainda existe e em actividade ou se mudou de nome. Certo é que a marca "Castelões" já não existe desde há alguns anos. Outras marcas engarrafadas pela empresa valecrambrense como a "Aniversário" e a "Valverde", também já desapareceram.
Para avaliar da fama do "Castelões", posso dizer que colhi a informação de que pelo final da década de 1990 as vendas cifravam-se em 6 mil garrafas por semana.

Este "Castelões", a que se refere o rótulo acima, característico e inconfundível na sua forma triangular, era considerado como levemente adamado e a exigir servir-se "muito frio".

No meu tempo de rapazola, este "Castelões" estava para a rapaziada como agora a "Coca-Cola" está para a juventude.  Também fazia arrotar, mas, ao contrário da bebida negra açucarada, o "Castelões" propiciava outras aventuras. Muitas delas poderia aqui contar, mas teria que por bolinha vermelha a classificar o texto.

Acrescente-se que por esses tempos, não havia boda de casamento que não fosse fornecida de "Castelões". A malta solteira lá conseguia passar por debaixo da mesa alguns exemplares que mais tarde serviam para refrescar conversas.

O "Campelo" e os "Três Marias" faziam forte concorrência mas a malta não trocava pelo "Castelões". De resto, alguns de nós tínhamos um lema: "Homem que tenha ...lhões, bebe "Castelões".

Aparte alguma brincadeira, o vinho verde "Castelões" é uma das marcas que a malta da minha geração associa a petiscadas e convívios de boa camaradagem. Aquela pinga generosa e esverdeada em garrafas com aquele inconfundível rótulo triangular ajudaram em muito a cimentar amizades e a fartar barrigas.

Nos tempos actuais, descobri e tenho bebido de um fantástico vinho verde também ali das mesmas encostas do Caima e do Vigues, mas convém não fazer publicidade sob pena de aumentar as vendas e daqui a nada ter que o pagar mais caro, até porque é colheita seleccionada e limitada. Basta dizer que em nada fica atrás dos melhores alvarinhos e loureiros do Alto Minho. Não se deve abrir a barriga da galinha dos ovos de ouro.

Comércio perdicional



É sabido que de um modo geral, salvo raras excepções e em localizações privilegiadas e/ou de impacto turístico, o nosso comércio tradicional tem andado pelas ruas da amargura. Mesmo que de quando em vez venham à praça autarcas e outros "especialistas"  a dar um ar de sua graça, numa espécie de "engana-me que eu gosto", a verdade é que as machadadas são mais que muitas, nomeadamente com a aprovação excessiva de superfícies comerciais, por vezes umas ao lado das outras. Claro que aí lá vem os artistas alvitrar que tal representa novas oportunidades e dinâmicas para o comércio tradicional local, mas obviamente que na generalidade dos casos é conversa para enganar lorpas.

Em todo o caso, e porque nem uma coisa terá a ver com outra, mas apenas para contextualizar as dificuldades de quem explora pequenos negócios, por estes dias soube, com pena e mesmo com tristeza, até porque cliente de há anos,  que acabou o serviço de venda de fruta ao domicilio pela Rosalina Neves, bem como o negócio a ela associado que mantinha na casa paterna, no lugar da Gândara, nomeadamente confecção de pão e doçaria, na minha opinião, de boa qualidade.

De algum modo, este era um negócio com raízes familiares de há longos anos, a que os Guisandenses se habituaram e tinham como seu património, e que por isso, face ao anúncio do seu término, não deixa de ser uma pena para quem de algum modo valoriza o que de bom a freguesia tem. Assim é uma "nossa instituição" que se perde.

Não prevendo o futuro, porque este a Deus pertence, desejamos à Rosalina boa sorte no que quer que venha a fazer. Afinal de contas, como diz o povo, na nossa vida por vezes fecha-se uma janela mas abre-se uma porta.

1 de janeiro de 2020

Guisande foi ao sítio de camioneta da carreira


É sabido que o saudoso Pe. Francisco adorava fazer passeios e de modo especial acompanhar os seus paroquianos, levando-os a visitar os mais diversos recantos do nosso belo Portugal. Foi assim praticamente durante todo o seu longo reinado como pároco da nossa freguesia.
Normalmente num dos meses de Verão, alugava um autocarro na Feirense e lá ia meio Guisande ao passeio do padre.
Na fotografia acima, aconteceu em Agosto de 1957, com os participantes alinhados em frente ao imponente veículo, no tempo em que a Feira era Vila, nesse tempo mais conhecido por camioneta da carreira.
Quanto ao sítio, cenário do "boneco"é mesmo esse, o Sítio da Nazaré, como ajuda a provar a imagem mais ou menos actual em baixo.

30 de dezembro de 2019

Centro Social - Novos corpos gerentes


Realizou-se na passada sexta-feira uma Assembleia Geral do Centro Social S. Mamede de Guisande. A ordem de trabalhos constou de apresentação e aprovação do relatório de contas do exercício de 2019, a eleição de novos corpos-gerentes para o quadriénio 2020 a 2023 e discussão de outros assuntos de interesse.

Quanto às contas, foi apresentado pela Direcção o balanço provisório do exercício de 2019, com valores de despesas e receitas a rondar os 30 mil euros cada, tendo sido aprovado por unanimidade.

Quanto às eleições não foram apresentadas listas alternativas pelo que em consequência e para não deixar a associação num impasse directivo, o anterior presidente, Joaquim Conceição Santos, viu-se obrigado a apresentar uma lista que é fundamentalmente de continuidade, destacando-se a entrada de alguns novos elementos para a Direcção, nomeadamente o Sr. Padre Farinha, como vogal, e Fátima Pinto, como Secretária. Celestino Sacramento mantém-se com o cargo de Tesoureiro. Na Mesa da Assembleia continua Rui Giro como presidente e Orlando Santos na frente do Conselho Fiscal. A lista foi aprovada por unanimidade, tendo depois tomado posse.

Os novos corpos gerentes continuam com a difícil tarefa de promover  a actividade do Centro, ainda com a dependência política quanto à implementação do acordo de cooperação com a Segurança Social, aprovado mas ainda em suspenso devido a cativações por parte do Governo. Também ainda com dívidas por saldar, nomeadamente ainda ao empreiteiro e a instituição bancária, com valores somados a rondar os 66 mil euros.

Na discussão de assuntos de interesse, o anterior e actual presidente da Direcção lamentou-se aos presentes da falta de cumprimento e honra de alguns compromissos assumidos por pessoas e entidades e cujas verbas estavam previstas no projecto de candidatura, o que tem contribuído para o atraso na liquidação das dívidas e das inerentes dificuldades financeiras da associação com prejuízo da população e associados. Também o impasse e sucessivo adiar da implementação do acordo de cooperação com a Segurança Social tem criado dificuldades, incertezas e o adiamento constante dos objectivos plenos do Centro.

Face a estas dificuldades, Celestino Sacramento, tesoureiro da Direcção, declarou esperar que algumas decisões ocorram até Março do próximo ano, nomeadamente com a efectiva implementação do acordo de cooperação, caso contrário a Direcção ver-se-á obrigada a equacionar o encerramento das instalações e entregar as chaves ao município. A Direcção comprometeu-se a tudo fazer para que tal não venha a acontecer, mas face às dificuldades e poucos sinais de apoio de quem tem alguma obrigação institucional, é sempre uma possibilidade em aberto. 

Apela-se, pois, à população, que continue a apoiar este projecto que é de todos bem como a participar nas diferentes actividades e iniciativas de angariação de fundos de modo a que não caia por terra um equipamento importante e ao serviço da comunidade.

Fábulas, lobos e mentiras

Não sei se o Sérgio Conceição deu um murro nas fuças do Pedro Ribeiro, treinador do Belenenses SAD. Aquele disse que não. Este terá dado a entender que sim. Alguns média corroboram. Em suma, um deles estará a mentir.
Decida quem tiver que decidir em face do que se vier a apurar, e nem sempre se consegue apurar o que realmente aconteceu, mas com um tão rico historial de arrelias e maus fígados, o treinador do F.C. do Porto arrisca-se a que, como na analogia da fábula de Esopo em que o pequeno pastor mente gritando que é lobo, corre o risco de, com excepção da nação portista, ninguém acreditar nele, já que o povo tem como ditado certo, "Na boca do mentiroso, o certo é duvidoso."