6 de outubro de 2020

Pavimentações de ruas


 A Câmara Municipal tem a decorrer em todo o concelho a repavimentação de várias ruas. 

Inseridas nesse pacote de obras, num esforço louvável do município, na freguesia de Guisande depois de há alguns poucos meses ter sido repavimentada a Rua do Outeiro e partes da Rua de Santo António (que incompreensivelmente ficou por concluir) e ainda partes da Rua da Leira e Rua do Vale Grande, têm sido por estes dias realizadas novas intervenções, todas elas em ruas que desde há anos estavam em reles estado. Novamente parte da Rua de Santo António, no Viso, ainda sem conclusão, parte da Rua de Nossa Senhora da Boa Fortuna (Cimo de Vila), Rua do Jardim de Infância (Fornos), Rua das Barreiradas (Cimo de Vila e Quintães) e Rua da Fonte (Quintães e Casaldaça). 

Fala-se que também terão intervenção a Rua da Zona Industrial. A ver vamos, pois de facto é uma necessidade. Obviamente que há mais, incluindo a Rua de Estôse e Rua da Igreja, troço nascente. 

Há ainda ruas cuja repavimentação ou regularização deveria ser da responsabilidade da Indáqua, tal é estado de abatimentos decorrentes da realização das redes ou de intervenções pontuais. Existem vários locais onde há cortes ainda à espera de adequado remate. Mas estas situações que deveriam ser provisórias tornam-se definitivas. Quando não há responsabilidade e mentalidade de bem fazer e nem fiscalização e penalização, é normal que tal aconteça.

Por parte da Junta da União das Freguesias ainda não se conhece qualquer intervenção digna desse nome, sendo que já estão passados 3 dos 4 anos de mandato. Com o aproximar de eleições (Outubro de 2021) antevê-se um ano do tudo ou nada. Esperemos que seja mais que nada, mesmo que não seja tudo.

[fotos: Guisande - Notícias ao Minuto]

29 de setembro de 2020

Pastores e ovelhas

As mudanças de párocos têm sempre um lado algo intrigante. Da Sé, pretende-se que não se dê a perceber que é mudança a pedido, vinda dos sacerdotes, vinda dos paroquianos ou facções destes. E todas as paróquias devem ter os seus "queixinhas", os guardiões da moralidade e boas práticas. Por outro lado, obviamente, é fácil congeminar que algumas vezes o Bispo procura juntar o útil ao agradável, buscando resolver e equilibrar a distribuição dos serviços, aliviando quem já tem muitos anos pela frente, mas, também, certamente para pôr as "peças" no sítio certo do tabuleiro e sanar ou mitigar conflitos latentes entre "pastor" e "ovelhas". E quer se queira quer não, isso adivinhava-se ou pressentia-se nalgumas das paróquias agora incluídas nas recentes mudanças de paroquialidade na nossa Vigararia da Feira.

Certamente que o Bispo e a Sé, conhecem ou têm quem os informem das reais capacidades dos diferentes sacerdotes diocesanos. Como homens que são, naturalmente todos com diferentes atributos e  "talentos". Uns mais pela palavra, outros mais pela acção; uns mais pelo diálogo e inclusão permanente com as "forças vivas", outros por alguns apontamentos de prepotência e de tiques já em desuso, ou pelo menos já não tolerados, do "quero, posso e mando", ou então muito assoberbados com o seu "rei na barriga".

Nos tempos que correm, para além da recorrente falta de vocações e delas de sacerdotes, mesmo que contrabalançados pelo diaconato, certo é que os párocos, não generalizando, obviamente, há muito que o deixaram de ser por pura vocação, humildade e despreendimento, mesmo que sem os extremos dos "votos de pobreza". São, por conseguinte, bem assalariados, não dispensando nem se privando de todo os luxos e confortos modernos. Nem sempre são exemplo a seguir e vão mais pela recomendação do "olha para o que eu digo e não para o que faço". Só que os fiéis actuais, no que perderam de dedicação e prática religiosas, ganharam no sentido crítico e de escrutínio e já "não vão à missa toda" de um qualquer pároco com o "rei na barriga". Pelo contrário, sabem reconhecer e respeitar  os sacerdotes com vocação religiosa e espiritual, pois claro, mas também como um dos seus, humilde, franco, receptivo e serviçal, capaz de ouvir e fazer-se ouvir, acolher e não enxotar. Em resumo, em plena comunhão com a comunidade que serve e dirige.

Neste contexto, importa que os sacerdotes e párocos sejam isso mesmo, representantes da Igreja e pastores, e que para além das funções ordinárias do calendário religioso e serviços decorrentes e inerentes, saibam compreender a cultura e identidade específicas de cada paróquia e sua comunidade, suas práticas e tradições e dentro do possível respeitá-las e até aprofundá-las. Fazer o contrário, pondo e dispondo, confrontando, alterando e inventando, não vão lá, e para além de dividirem e tresmalhar as ovelhas, correm o risco de despoletar conflitos, desrespeitos e desconsiderações, até que o Bispo, cansado dos reparos e queixas,  volte a dar-lhes guia de marcha, mesmo que levando a mesma forma de estar e actuar a outras terras, porque podem ser fracos pastores mas a necessidade obriga a fechar os olhos ou a encolher os ombros por algum tempo. De resto, há gente que nunca aprende  e nem se emenda. Ora quem nasce torto, diz o povo, tarde ou nunca endireita.

Parte do que atrás ficou dito é num sentido geral. Quanto às recentes alterações, mesmo não sendo um expert e até arredado das missas desde o confinamento, parece-me que foram equilibradas e necessárias quanto baste.  Mas o tempo o dirá.

A cultura do "mete-me nojo"


Há dias, o inefável e bom português André Vilas Boas, que foi treinador de sucesso no F.C. do Porto, disse para quem quis ouvir, que "lidava mal com o sucesso do Benfica", o que até é normal para um adepto rival, mas pior e mais sórdido do que isso, disse que "se assistir a um jogo do Benfica na final de uma prova europeia, quero que perca". Ou seja, demonstrou o seu bom patriotismo e portugalidade. Siga.

Por estes dias, diz quem viu, que o antigo jogador e capitão do mesmo F.C. do Porto, Rodolfo Reis, disse num programa televisivo onde é paineleiro, que "tudo no Benfica lhe metia nojo". Isto é, não só o seu presidente Luis Filipe Vieira, suspeito de envolvimento em alguns crimes fiscais, como também, directores, técnicos, sócios e adeptos, mesmos aqueles de tenra idade. Até mesmo eu, simples adepto, daqueles que até quase nunca vê os jogos, meto nojo ao Rodolfo, como lhe metem nojo todos aqueles demais adeptos que nem o conhecem, dos de mais tenra idade aos mais velhos. Metemos-lhe nojo só por sermos adeptos de um outro clube que não o seu.

É triste, é lamentável, é mesmo doentio. E seria igualmente se fosse alguém do Benfica a ter esta postura pública para com qualquer outro clube. 

Mas, mesmo que não generalizando, há muitos que se orgulham desta "cultura à Porto", não aquela que faz do clube um grande clube e vencedor, que é, mas da cultura do desrespeito, da ofensa e do anti-desportivismo. Ora se isso é sinal de grandeza, estamos conversados. Por aí, será bom que todos os demais clubes, a começar pelo Benfica, sejam pequeninos.

Há coisas que se dizem, pedras que se atiram, que depois já não são esquecidas só porque a conselho de um  advogado manhoso se pretenda "virar o bico ao prego", ou depois de uma entrada de leão, uma saída de sendeiro.

Há pessoas assim, vulgares, ordinárias mesmo que tenham a realeza no nome. Não pode valer tudo, tanto mais quando se tem memória tão curta.

28 de setembro de 2020

Números assustadores

Na narrativa oficial de que o SNS - Serviço Nacional de Saúde tem estado a funcionar,  os números de actos médicos, exames, diagnósticos e cirurgias, desmarcados, adiados e cancelos desde Março, são avassaladores, "assustadores". Mas do Governo ainda não ouvimos assumir uma relação directa desta situação com o aumento médio de milhares de mortes que se tem vindo a registar nos últimos meses, comparativamente com períodos homólogos de anos transactos, para além da quase exclusiva atenção à Covid-19. Pelo contrário, é o quase silêncio e a desculpa das "ondas de calor".

Num certo sentido, radical, se quisermos, o Governo e as directrizes que tem tido relativamente às entidades e organismos de Saúde, que tem levado a descurar tudo o resto para além da pandemia, é directamente responsável por largas centenas de mortes que poderiam ser adiadas ou poupadas numa situação de normalidade em que o combate à pandemia não fosse levado a extremos de quase exclusividade. 

“São números assustadores e muito relevantes, que nos devem preocupar e merecem uma análise crítica”, referiu Joana Sousa, durante uma apresentação do estudo na Ordem dos Médicos, em Lisboa, na sessão de lançamento do Movimento Saúde em Dia - Não Mascare a Sua Saúde.

Alguns dos números:

Menos 10 milhões de consultas presenciais nos cuidados de saúde primários.

Menos dois milhões de consultas presenciais nos hospitais.

Menos de 214 mil cirurgias nos hospitais do SNS.

Menos 7 milhões de contactos presenciais nos cuidados de saúde primários, quer médicos quer de enfermagem.

Menos dois milhões de contactos presenciais nos hospitais, no conjunto de consultas, cirurgias, urgências e internamentos.

Menos 17 milhões de atos realizados em meios complementares de diagnóstico e terapêutica (como exames, análises clínicas ou tratamentos na área da medicina física e reabilitação).

- Menos 26 mil mulheres com mamografia realizada; menos 30 rastreios ao cancro do colo do útero; menos 26 mil no rastreio do cancro do cólon e do reto.

Apesar desta realidade, que até pode ser ainda mais grave, vamos todos continuar a fazer de conta que neste país o que contam são as 3, 4, 6 ou 9 mortes diárias por Covid, anunciadas directamente. O resto é paisagem e de um modo geral a imprensa, lubrificada, não quer nem tem mexido muito na coisa e alinha por quem lhe dá pão. 

É mau, muito mau, mas é disto que a casa vai gastando e gostando.

27 de setembro de 2020

Escândalo...

José Espinafre, membro do movimento PÁRA AÍ, recebeu da Ordem dos Enfardadores de Bacalhau a quantia de 80 mil euros. Acrescente-se, para os distraídos, que o Sr. Eng.º. Espinafre é amigo da Dr.ª Joana Bacalhau, bastonária da Ordem, como quem diz, a manda-chuva.

(Agora, em OFF, que isto não convém dizer ao rebanho: A choruda verba refere-se a um contrato de prestação de serviços de engenharia. Assim, dita de rajada, a quantia parece uma das regulares mesadas da mãe ao inefável Sócrates, o tal que tem o melhor e mais generoso amigo do mundo, um verdadeiro samaritano dos tempos modernos, ou ainda o ordenado mensal de um jogador da liga portuguesa de futebol, ou uma mala destinada a um qualquer árbitro "amigo", rumo de férias ao Brasil, mas afinal de contas são, pasme-se, 2 mil euros por mês, ao qual ainda será reduzida a retenção na fonte  para IRS, referentes a um contrato de, imagine-se o escândalo, 40 meses. É um bom ordenado, é certo, muito superior ao mísero ordenado mínimo nacional tuga, mas, porra, mais do que isso recebe de reforma um qualquer professor primário ou um funcionário público de uma das "boas" empresas nacionalizadas.

Mas, não seria a mesma coisa. Não teria o mesmo impacto dizer 2 mil euros por 40 meses de trabalho, para além de que tal concurso de contratação decorreu de um acto de gestão de uma Ordem eleita e reeleita pelos seus membros. Está visto, o problema do Espinafre é não ter amigos na área da confecção de golas e kits anti-incêndio. Seria bem mais fácil ganhar o dinheirinho e sem alaridos e títulos de escandaleira).

Por este prisma, como quem diz, vistas as coisas desta forma, até um modesto operário, a ganhar mais ou menos o ordenado mínimo, recebe durante os 40 anos da sua vida de trabalhador, qualquer coisa como, imagine-se o escândalo, 280 mil euros! Um roubo deste trabalhador à empresa. 

Agora novamente em ON: Podemos não gostar de muita coisa na Ordem dos Enfardadores de Bacalhau, sobretudo da bastonária Joaninha, nem apreciar de todo a imbecilidade do movimento PÁRA AÍ e seus partidários, nomeadamente do seu membro, o sortudo Espinafre, por sua vez amigo do vizinho da prima do barbeiro do líder, bem como desconfiar ou ter a "certeza" que há ali interesses e compadrios, mas por vezes importa, pelo menos, ter alguma coerência e honestidade intelectual, até porque a chico-espertice e a aldrabice têm perna curta. De resto, este tipo de escrutínio, manhoso e rafeiro, só está a servir para dar gás a essa gente e aos seus movimentozinhos. Depois queixem-se do crescimento da coisa e indignem-se com o crescente descrédito popular dos verdadeiros "democratas" e defensores dos "valores" de Abril.

Como diria o RGC, tenham noção, senão da realidade, pelo menos do ridículo. 

25 de setembro de 2020

Quem anda à chuva...

Segundo a imprensa de hoje, o "pirata", um "anjinho", foi um dos criminosos soltos há meses no âmbito de combate à Covid-19, com o beneplácito do Governo, autoridades judiciais e do presidente da República.

Aproveitou bem a liberdade e num destes dias voltou ao que melhor sabia fazer, ao crime, arrastando consigo a namorada que na sequência de um assalto em S. João da Madeira, foi inadvertidamente baleada pela polícia em auto-defesa quando esta foi alvo de uma tentativa de atropelamento que podia ser mortal. O bandido bem que fez por isso.

Gravemente ferida, foi depois abandonada à porta do hospital daquela cidade, despejada, por quem viu e testemunhou, a pontapé pelo bandido que arrancou covardemente para parte incerta deixando a companheira entregue a si própria e à sua sorte, que, infelizmente, foi nenhuma.

Morreu, uma jovem, em grande parte pelas consequências da vida que levava e das opções de seguir alguém nada recomendável. Sem outros juízos de valor, certo é que não há como não dizê-lo, molhou-se fatalmente porque andava à chuva.

Espera-se agora que os maus da fita não venham a ser os polícias, como é tão na moda. Por cá a norma é abusar e desrespeitar a polícia e esta nem sempre exerce a autoridade porque se sente desprotegida. 

Uma cota de responsabilidade da morte desta pessoa, pertence, obviamente, a quem soltou de ânimo leve alguma desta gente cujo único papel na sociedade é atentar contra os bens e vidas dos demais.

Profecias...

"Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho de se transformar numa Suíça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa

Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie, que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República.""

Este pensamento foi proferido a propósito do 25 de Abril de 1974 por Marcello Caetano, à época, o Presidente do Conselho, que havia sucedido a António de Oliveira Salazar.

Pode-se pensar que Marcello Caetano, mercê da ditadura que representava, teve pouca ou nenhuma moral para tecer essa profecia. E isso é verdade, mesmo que apesar das suas ideias, que deram azo à designada  "primavera marcelista", não tivessem seguimento no sentido da transição para a democracia. Porventura o regime já não dependia do chefe do Governo, mas da estrutura que consubstanciava o regime em si. Mas isso é matéria de historiadores.

Certo é que pela época em que a proferiu (relembre-se que faleceu em 26 de Outubro de 1980), ainda havia muito caminho a percorrer até aos dias de hoje para que o país e os governantes que conseguiram emergir das tropelias do PREC, rumando a uma democracia em detrimento de uma nova ditadura, já não de direita mas de esquerda, pudessem provar precisamente o contrário da profecia do Caetano, seguindo por caminhos e políticas que nos conduzissem a um país livre, independente, transparente, sem corrupção, sem clientelismos, inovador e sustentável, com políticas que garantissem a coesão total do país, de sul a norte, do litoral ao interior, capaz de suster a emigração, mantendo um país povoado a produzir e orgulhoso das suas raízes mas também do presente e futuro.

Em resumo, exceptuando das contas o período em que o país andou a brincar aos governos provisórios e os militares a brincar "às casinhas"  a decidirem entre si e alguns partidos se haviam de seguir pela direita se pela esquerda, foram pelo menos 40 anos, até auxiliados pela UE, em que andamos a dar tiros nos pés. Agora, por mais que isso nos azie e doa, somos obrigados a, senão dizê-lo, pelo menos admiti-lo, que o "caixa-de-óculos" tinha razão. Relevando o óbvio exagero de que o Portugal de Marcello estava a caminho de se transformar numa Suiça, bem como da necessária dependência dos países ultramarinos, inviável na sua manutenção enquanto colónias, e de resto o principal cancro da ditadura ao persistir numa guerra devastadora, consumidora de vidas e de recuros, há de facto ali muitas previsões concretizadas. Desde logo, à cabeça, o estarmos reduzidos à indigência, ou seja à caridade de outras nações. A cada vez mais galopante dívida pública é disso prova. Muitos dos nossos governantes, políticos e administradores ainda continuam a não servir para criados de quarto, mas estão alçados no poder e nas estruturas politicas que lhes dão acesso à mina. Ora esses são bem mais que as quatro dezenas da gruta do Ali Bábá. Não, foram, pois, apenas 40 os ladrões deste país, mas mais, muitos mais, mas também 40 anos roubados à esperança que nos dizem que trouxe o 25 de Abril de 1974. 

Serão precisos outros 40 anos para reverter a profecia? Ou daqui a outros 40 anos, decorrido quase um século, ainda andaremos a desculpar a situação com o Salazar e o Caetano? Ou será mais do mesmo, a dobrar, vivendo aparentemente à grande e à francesa, subtraindo a quem trabalha e gera riqueza e distribuindo-a a uma classe de malandros e subsídio-dependentes, dando cama, mesa e dinheiro a quem nos assalta, envergonhando-nos da nossa cultura e história para não ferir susceptibilidades de quem devia respeitar e adaptar-se à nossa casa? Somos, pois, um país que vive em permanente estado de cócoras.