30 de novembro de 2021
Centro Social - O estado das coisas
Reuniu em Assembleia Geral a Associação do Centro Social S. Mamede de Guisande, na passada Sexta-Feira, 26 de Novembro, pelas 20:00 horas, nas suas instalações no Monte do Viso. Na agenda de trabalhos, a apresentação e aprovação do Plano de Actividades e Orçamento para o ano de 2022.
Infelizmente, ainda dependente de decisões de terceiros, como o arranque efectivo do programa de cooperação com a Segurança Social, ainda em suspenso por decisões políticas e das famosas cativações governamentais, a Direcção não pode fazer mais do que apresentar um plano e um orçamento muito baseado em expectativas. Por outro lado, as limitações e restrições decorrentes da pandemia Covid-19, vieram agravar sobremaneira a situação, impedindo actividades culturais, recreativas e de lazer regulares que pelo menos concorriam para suportar despesas correntes.
Neste contexto de dificuldades, a Direcção e sobretudo o seu presidente, Joaquim Santos, tem tentado aguentar um barco com poucos remadores num mar de dificuldades. Quer, naturalmente, honrar os seus compromissos e levar o mandato atá ao final, mas depois, sem sucessão à vista, até porque estatutariamente não pode concorrer a um novo mandato, neste contexto de indecisões políticas e administrativas que se arrastam, o mais certo é, digo eu, que venha a entregar as chaves e o destino da instituição a quem de direito.
Assim, o Plano de Actividades agora aprovado é no essencial uma repetição dos planos anteriores. Quanto ao Orçamento aprovado, a mesma situação, numa expectativa de 24.665,00 euros de receitas e outro tanto de despesas.
Continua ainda o Centro e a sua Direcção com a expectativa legítima de poder vir a recuperar verbas anteriormente consideradas no plano financeiro aquando do arranque do projecto, como um subsídio da extinta Junta de Freguesia de Guisande, no valor de 10.000 euros, que nunca recebeu, bem como o valor de oferta de subvenções, retido por ex-autarcas, ainda não liquidado na totalidade, no valor de aproximadamente 10.000 euros. Finalmente, o mais importante, o valor de 33.000,00 euros (anual) que se espera decorrer do acordo de cooperação com a Segurança Social, sem o qual o Centro não tem viabilidade financeira nem dela as condições de levar a cabo o objectivo principal para o qual foi criado.
Está, pois, neste ponto, a actividade do Centro Social de S. Mamede de Guisande, com um excelente equipamento sub-aproveitado e uma comunidade em espera.
29 de novembro de 2021
Caninamente obediente
Há nele um não sei quê de patego, mesmo um lorpa, e simultaneamente a esperteza cega de uma minhoca calculista que se adapta, contorce e progride nos meandros da oportunidade, mesmo do oportunismo. Pode parecer uma adaptação escorregadia, moldável, ou mesmo uma marioneta num contexto mais teatral, mas o certo é o que o homem lá vai indo e progredindo, assegurando que a sua sela esteja bem presa ao dorso do cavalo e assegura que os seus cavalguem também seguros. Por vezes aposta no cavalo errado mas, que raio, até um relógio parado tem horas certas duas vezes ao dia!
Se fosse carpinteiro ou serralheiro o rapaz só faria janelas de oportunidade. Mas verdade se diga, a reboque de algum trocadilho, ele tem mais pinta de mercenário de que marceneiro. O Marceneiro, o verdadeiro, esse pelo menos tinha o dom de bem cantar o fado. Já para este, o mercenário, o fado é foda, e prefere bem mais cantar loas trovadorescas e galantes a quem lhe dá solda e saldo. Nessa monocórdica concordância, está ele sempre na linha da frente e se os chefes dizem "mata" ele não perde tempo a dizer "esfola".
Como chegou a caracterizá-o o Dinis Pastos, eminente leitor de carácteres, o tipo faz-nos lembrar aqueles cãezinhos que numa certa época de azeiteirice, ali pelos anos 60 e 70, criavam pulgas na traseiro peludo dos automóveis, sempre abanando a cabeça numa atitude de permanente concordância ante o dono. Sem cansaços, sem torcicolos.
Mas, foda-se, tanta prosa para contornar o que de forma mais prosaica se pode dizer que o gajo é apenas, e não é pouco, um grande lambe-botas.
Todavia, que se lhe dê mérito, pois nesse modo de estar, lá vai indo e progredindo, verde, viçoso e cheiroso, um verdadeiro pau para toda a colher, assente na sólida filosofia de que os chefes têm sempre toda a razão. Não o contrariemos, porque o manter um chefe bem disposto é, em si mesmo, um posto. E é esse o seu posto, manter os chefes bem dispostos, principalmente se estes não gostam de ser contrariados. Ora tudo menos indispôr as chefias. Nem que se apanhem sabonetes do chão da sauna. Com o sentido de missão não se brinca!
Posto isto, aposto que perceberam nada, mas perguntem ao Pastos, que ele descodifica; se há fixação que o prenda, é a ficção.
Já agora, vou encomendar um desses cãezinhos de pescoço oscilante e, claro, uma alcatifa peluda para o instalar.
28 de novembro de 2021
Haverá pranto e rangel de dentes!
Como prova provada de que "não há duas sem três", Rui Rio lá despachou pela terceira vez consecutiva a concorrência nas eleições para presidente do PSD.
Contra todas as expectativas e da maioria dos dirigentes das estruturas distritais e concelhias, que apoiavam Paulo Rangel, Rui Rio contou mesmo com os votos "livres" dos militantes de base. Aveiro foi um dos distritos que contribuíram para a vitória, escassa mas legítima e notória face ao que se esperava.
Em resumo, muitos dos ilustres dirigentes e políticos laranja, pela terceira vez consecutiva apostaram todas as fichas no cavalo errado. Acontece. Como Rio disse não ser ingrato, pode ser que a alguns volte a arranjar um lugar na lista de deputados.
Mas Rui Rio não terá a vida fácil, até porque o seu estilo declarado de colocar os interesses do país acima dos do partido e dos pessoais, não é porca que encaixe no parafuso dos políticos de profissão. Seja como for, sai ainda mais legitimado, mas quanto à união do partido, mesmo que reclamada pelo seu adversário derrotado, será sempre num ambiente de hipocrisia porque os rangelistas e montenegristas vão continuar de facas afiadas e voltar ao ataque, que mais não seja logo depois de se saber os resultados das próximas Legislativas, onde apesar do discurso positivo e do "nós vamos ganhar!", será obviamente difícil, porque quem está no poder parte sempre em vantagem.
Mas, é política e, para já, para os derrotados, é tempo de pranto e "rangel" de dentes. Não lhes faltarão outras oportunidades.
[foto: Público]