Uma das equipas do Guisande F.C., do ano de 1982 - Ainda no velhinho Campo da Barrosa.
Nos dias 20 e 21 de Abril de 1963 realizou-se em Lisboa, com a concentração a ter lugar no Estádio do Restelo, em Belém, a I Assembleia de Dirigentes de Organismos Católicos, que ficou conhecida como “Grande Encontro da Juventude”, realizado sob o lema «Os novos escolhem Deus».
Segundo as noticias da época, o encontro “serviria para despertar nos jovens o significado e as exigências da vida cristã através duma consciencialização progressiva da mensagem do evangelho” (in Notícias de Campelo, nº 11, de 02/1963)
Segundo relato de um dos participantes, o meu primo Zé Almeida, de Fornos, a paróquia de Guisande também se fez representar, indo a Lisboa com um autocarro com vários jovens da freguesia. O próprio facultou o guião do encontro, cuja capa acima reproduzimos. O guião é isso mesmo, com vários textos de abertura e reflexão, o programa, uma via-sacra, vários cânticos e orações e ainda as letras e músicas de hinos do encontro, do adeus e da Acção Católica.
Foto: Isabel Caeiro |
Extracto do Jornal "Chama" do Liceu da Covilhã, de 15 de Abril de 1963, antevendo a realização do Grande Encontro da Juventude |
Extracto do jornal "Notícias de Campelo", de Fevereiro de 1963, também antevendo o encontro |
Olha lá o velho monte,
como agora, então bonito,
e nele, bem assente,
linda e simples, a capela.
Não tinha, então, fonte,
nem calçada de granito,
mas crianças e mais gente
à fresca sombra dela.
Na paróquia de S. Mamede de Guisande existiu noutros tempos um núcleo da JAC/F - Juventude Agrária Católica Feminina, do qual acima reproduzimos a sua bandeira. Não temos, por ora, dados que indiquem quanto tempo durou na freguesia e de quantas mulheres nela participaram, mas, por testemunhos vários, é sabido que teve alguma importância no contexto da paróquia.
Para entender a origem, o fundamento e os objectivos de tal grupo, e outros derivados do movimento mãe da ACP - Acção Católica Portuguesa, importará ler o texto abaixo:
A 10 de novembro de 1933, o Papa Pio XI endereça uma carta ao Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, intitulada «Ex Officiosis Litteris». Menciona que a Acção Católica é a forma mais eficaz de apostolado laical, conforme as necessidades dos tempos. Naquela época, a Igreja portuguesa estava inserida numa sociedade descristianizada, devido ao laicismo e à indiferença religiosa. A Igreja atravessava um momento em que os católicos estavam divididos, que se traduzia numa ausência de intervenção da Igreja na sociedade. A proposta da Acção Católica visava criar um agrupamento de leigos católicos, o qual tornaria a Igreja mais visível. Era este o objetivo assumido pela Acção Católica Portuguesa, a que o Papa Pio XI se referia. Esta organização do apostolado laical formaria os seus militantes, levando-os à ação na família, na sociedade e na vida pública.
A autonomia do pensamento religioso, isto é, a garantia da «presença autónoma da Igreja no mundo moderno», marca o século XX português. Como garantia da autonomia de pensamento, bem como da ação da Igreja, são conjugados diversos meios: a atividade pastoral, a catequese e o ensino da religião nas escolas, bem como o desenvolvimento do associativismo católico. É aqui que a Acção Católica Portuguesa tem lugar, sendo também auxílio na relação da Igreja com o Estado Novo, conferindo ao catolicismo um novo peso na sociedade.
A criação da Acção Católica Portuguesa teve um papel decisivo, que levou os leigos a assumir a ação da Igreja na sociedade. Assim, combateu a tentativa totalitarista do Estado moderno, e iniciou a mobilização e organização dos católicos, tendo em vista a restauração cristã na sociedade. Para aquela restauração, e para que a Acção Católica chegasse a todos, esta organizou-se segundo o sexo, a idade e a profissão, criando assim uma diversidade de especializações.
A Acção Católica agrupou-se em quatro grandes organizações: Liga dos Homens da Acção Católica (LHAC); Liga das Mulheres da Acção Católica (LMAC); Juventude Católica (JC) e Juventude Católica Feminina (JCF). Cada uma delas tinha uma Direção Nacional, sendo todas elas dependentes da Junta Central da Acção Católica, que era o órgão de direção superior. Dentro das quatro organizações mencionadas, surgiram organismos especializados, conforme os cinco setores sociais: agrário, escolar, independente, operário e universitário. Assim surgiram as siglas:
JAC/F (Juventude Agrária Católica/Feminina)
JEC/F (Juventude de Estudantes Católica/Feminina)
JIC/F (Juventude Independente Católica/Feminina)
JOC/F (Juventude Operária Católica/Feminina)
JUC/F (Juventude Universitária Católica/Feminina)
LAC/F (Liga Agrária Católica/Feminina)
LEC/F (Liga de Educadores Católicos/Feminina)
LIC/F (Liga Independente Católica/Feminina)
LOC/F (Liga Operária Católica/Feminina)
LUC/F (Liga Universitária Católica/Feminina)
Cada um dos vinte organismos, contando com a divisão entre masculino e feminino, tinha uma Direção Nacional, por sua vez submetida à respetiva organização federativa. A Acção Católica congregava então vinte estruturas autónomas, tendo cada uma a sua organização nacional, diocesana e paroquial, havendo também outros serviços associados. À semelhança da estrutura nacional, a nível diocesano e paroquial existia uma Junta Central diocesana e paroquial, sendo que os organismos se articulavam entre si. Este tipo de organização visava abarcar a totalidade das iniciativas e organizações de leigos, garantindo uma ação eficaz na diversidade de grupos e meios da sociedade. Esta unidade transmitia a preocupação da vivência em conjunto da Acção Católica, como testemunhava o lema da Acção Católica Portuguesa: «Cor unum et anima una».
[fonte: Joana Veigas - A receção do Concílio Vaticano II em Portugal]
Não é caso único, mas manda a tradição em Guisande que a consoada oficial de Natal seja no próprio dia 25 de Dezembro.
Assim, no dia 24, algumas famílias têm outras tradições, nomeadamente na alternância de local.
No meu caso, pela parte dos sogros, a tradição manda que seja preparada uma ceia de bons rojões, tão caseiros quanto possível, acompanhados com batatas e grelos. A regar, azeite simples ou em molho com cebola ou ainda a própria gordura da confecção dos rojões. E alho picado, pois claro.
Nada de sofisticado nem de gourmet, mas sempre um prato bem regional.
Noutros tempos a Diocese do Porto realizava a nível diocesano a Festa da Infância, organizada pelo Secretariado Diocesano da Educação Cristã. Assim, de cada paróquia participavam crianças que frequentavam as diferentes quatro classes de Catequese. O impresso acima refere-se à participação das crianças da paróquia de S. Mamede de Guisande no ano de 1961, que teve lugar no Palácio de Cristal, na cidade do Porto, a 30 de Abril desse ano.
O então pároco Pe. Francisco inscreveu 36 crianças das diferentes classes,logo a abrir com o Jorge Silva Ferreira, presumindo-se que tenham participado todas.
Uma das premissas da participação era de que as crianças tivessem registo de bom comportamento e sem faltas às aulas de Catequese. Para as crianças que se distinguiam na Catequese eram atribuidos prémios, que mais não fosse, uma espécie de Diploma, conforme o abaixo reproduzido, nesse ano atribuído ao menino Manuel Bastos Monteiro, da 2ª Classe.
A festa, para além da parte religiosa, certamente com uma celebração, englobava uma parte recreativa com a exibição de vários números ensaiados pelas crianças, como representação teatral, danças e cantares regionais, etc. A ter em conta uma das reportagens do evento, a coisa era bastante participada e apreciada tanto pelos adultos como pelas próprias crinaças.
Pessoalmente, um pouco mais novo, não tenho memória de ter participado numa dessas festas, não porque fosse mal comportado ou com faltas, mas ou porque não se voltaram a realizar ou porque a paróquia não participou, uma vez que tal englobava custos com o transporte.
Não sei se com os mesmos objectivos, certamente que não, até porque os tempos são outros, mas a participação de crianças da Catequese num evento algo parecido acontece agora anualmente no Santuário em Fátima, na forma de peregrinação, habitualmente no dia 10 de Junho.
Apesar da simplicidade do assunto, não deixa de ter alguma importância o documento acima até porque identifica algumas das crianças que por essa data frequentavam a Catequese.