Há quem goste, adore até, de assitir a “reality shows” e outros programas de entretenimento em que a nossa TV é farta, sobretudo a envolverem gente do jet-set. Afinal a nossa TV prima por espetar os espetadores com coisas de que gostam, mesmo que baseadas em boçalidades que nada acrescentam. Mas nada a obstar. Afinal na diferença e diversidade, dizem, é que está a riqueza,.
Como nestes coisas fujo um pouco à norma, e daí na anormalidade, prefiro e gosto de documentários sobre cultura, natureza e ciências. Fascina-me tudo relacionado ao universo, ao sistema solar, às galáxias, às estrelas e aos planetas. E por aqui impressionam-me sempre os números, desde as distâncias medidas em anos-luz até à idade do universo após o big-bang, por si só uma teoria em que se procura justificar a criação a partir do nada, ainda a idade do sol e a forma como há-de terminar os seus longos dias, expandindo-se a ponto de engolir, no caso incinerar o nosso belo berlinde azul, ambora quanto a isto, acho que pela nossa loucura a Terra há-de durar bem menos tempo. E nestes dias de guerra irracional, há dedos nervosos ao lado de botões vermelhos, prontos a isso.
Estimam os cientistas, mesmo que em controvérsias, que o universo terá cerca de 14 biliões de anos (13,82), qualquer coisa como o número 14 seguido de 12 zeros e nem importa saber se pela medida da Europa, em que um bilião são mil milhões, se dos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, em que um bilião afinal são mil milhões. Mais zeros menos zeros, são muiiiiiiiiitos anos.
Quanto à Terra, dizem que terá um pouco menos, ou seja 3,5 biliões. Aqui, o conceito de “pouco menos” é mesmo uma questão de semântica.
Já o sol, a nossa estrela, terá qualquer coisita como 4,5 biliões de anos e estima-se que tem combustível (hidrogénio) para queimar (600 milhões de toneladas por segundo) no seu reactor por mais durante 5 biliões de anos. Está, pois, a metade da sua previsível vida. Mas esse processo englobará várias etapas e uma vez queimado o hidrogénio o sol consumirá os elementos remanescentes mais pesados, como o hélio, o carbono, o oxigénio e por fim o ferro e como este não poderá ser queimado, já que a energia necessária é superior à produzida, então a nossa estrela colapsará e explodirá espalhando todos os elementos acumulados pelo universo. Afinal a continuação de um ciclo, já que em rigor todos os seres vivos, incluindo nós humanos, são formados por essa massa primordial de átomos. Em rigor, dizem os cientistas, nesse processo de transformação da parte final da vida do sol, este irá expandir-se, crescendo para o dobro, transformando-se numa "gigante vermelha", e incinerar literalmente o nosso planeta e todos os demais que o orbitam.
Neste contexto de distâncias e idades expressas em números gigantescos, quase imensuráveis à nossa percepção terrena, ficamos todos com a plena certeza que a nossa vida (dos humanos) e a de todos os seres vivos, animados e inanimados, não é mais que uma ínfima fracção de segundo quando comparada aos tais números astronómicos. Uma borboleta ou uma abelha vivem poucos dias ou semanas e mesmo os seres vivos com mais expectativa de vida, como algumas espécies de corais, baleias, tubarões, que podem andar pelos 200, 500 ou mesmo 1000 anos, são sempre vidas curtas. Há até um estudo de 2012 que sugere que uma esponja do mar, a Monorhaphis chuni terá a idade de 11 mil anos. Mesmo tendo em conta estes 11 mil anos, a coisa continua ínfima na escala da vida do universo, do sol e da terra.
Por conseguinte, para aqueles que acreditam que todos nós havemos de reencarnar mesmo que enquanto um animal, não restam dúvidas que durante um milhão ou bilhão de anos temos tempo de viver e reviver na pele de todos os seres vivos que existem na terra, nas águas e no ar. Podemos assim vir a ser um cão, um gato, uma cabra, um rato, uma cobra, uma minhoca, um papagaio, uma sardinha, um atum, uma lula, uma mosca, uma borboleta, um morcego, etct, etc, etc, etc,. Tempo ao universo é o que não falta.
Assim sendo, pelo sim e pelo não, dentro do possível e desde que não nos ponham em risco, será preferível que respeitemos todos os seres vivos na sua dignidade, pois podemos vir a ser um deles. Se daqui a 100, 200, 500, mil, cem mil ou um milhão de anos, não sabemos. Mais vale prevenir.
E vamos deixar por ora esta questão, porque tanto número e ordens de grandeza deixa-nos baralhados, confusos, e a perspectiva de podermos vir a ser um qualquer insecto rastejante ou um escaravelho-da-bosta não é lá muito inspiradora e muito menos animadora, convenhamos.
Boa Terça-Feira!