5 de agosto de 2022

Sexta-Feira, Festa do Viso

No rolar dos dias, este é mais um a anunciar o fim da semana de trabalho, para quem trabalha, ou o fim de semana e o encurtar de férias, para quem as goza. 

De especial, parece que é hoje que tem início a nossa Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e de Santo António, popularmente dita de Festa do Viso. 

Tem, a Festa do Viso, e todas as outras que se realizam neste e nos próximos dois fins-de-semana, um azar do caraças, de coincidir com esse buraco negro,  a festa massiva chamada Viagem Medieval, que obviamente representa prejuízos, porque retira forasteiros. 

Mas, sem dramas. De resto, apoio da Câmara Municipal foi coisa que a Festa do Viso nunca teve, para além do empréstimo de umas cancelas e de uns contentores de lixo. O que não é de somenos importância.

Mesmo no ano em que me calhou organizar a Festa, em 2004, já lão vão "meia dúzia de anitos", mesmo apelando formalmente ao pedido de apoio pelo contexto e importância do lado cultural de ter duas bandas filarmónicas, o apoio recebido foi zero.

Estamos, pois, habituados, a que o "esbanjamento" de dinheiro em festas e eventos seja mais centralizado, ali pelas frescas margens do Cáster. Mas a maioria do povo vai lá beber uns canecos e comer umas sandes de pernil e, mesmo a pagar a drobrar, fica todo contente. Ainda bem! Nós por cá, ainda que resignados, também ficamos, mesmo que os canecos sejam, afinal, copos de plástico, que agora têm que ser recicláveis.

É tudo, pois, uma questão de reciclagem, não só dos copos mas dos tempos e das modas. Aos mais velhos, como eu, tem que se dar um desconto, talvez porque já vimos e vivemos coisas que os mais novos, naturalmente e pela ordem da vida, não viram nem viveram.

Sem contemplações.

Viva a Festa!

1 de agosto de 2022

À tripa farra, esfarrapadas


Uma das muitas virtudes em se percorrer trilhos, é que há sempre tempo e oportunidade para olhar, reter e captar pormenores. Afinal, desta forma, um minuto a mais nunca é um minuto perdido, mas ganho.

Ora das muitas coisas que vamos vendo, por este nosso interior próximo, e basta ter em conta o nosso próprio concelho, Castelo de Paiva, Arouca, Vale de Cambra, Sever do Vouga e S. Pedro do Sul, são mais que muitas as estufas abandonadas. Certamente que decorrentes de projectos iniciados com apoios a fundos perdidos e logo que estes terminaram, os projectos foram-se à vida e as instalações e equipamentos abandonados. Os exemplos são mais que muitos.

Ainda há dias, nas margens do Caima, em Vale de Cambra, uma instalação com viveiro de trutas, de grandes dimensões, desactivado e bandonado à lei da natureza, já com os espaços a serem dominados e absorvidos por plantas, silvados e mesmo árvores.

Este tipo de situações estão replicados por todo o país e quase todos têm em comum essa matriz de aproveitamento de fundos perdidos mas, no geral, logo depois, a desactivação, o desmazelo, o abandono.

Esta política de dar à mão-cheia, à tripa farra, foi dominante ao longo dos anos em que temos estado a mamar da teta da União Europeia e todos os seus programas no geral têm dado bom leite e boas mamadas a muitos empresários espertalhões que desapareceram com a mesma rapidez que apareceram.

Admito que por ora as coisas sejam mais controladas e escrutinadas, mas de facto, houve sempre muito esbanjamento, muito dinheiro investido que não deu nada, que pouca ou nenhuma riqueza gerou e se alguém mamou, foram obviamente aqueles que aproveitarem esse jorrar de dinheiro fácil e troco de pouco ou nada. No máximo, o serviço mínimo.

Face a este laxismo, a esta facilidade de lançar mão a dinheiros públicos, as coisas são como são e por isso, viveiros e sobretudo estufas, são mais que muitas por aí abandonadas. Têm um único aspecto positivo. O de servir como exemplo de más polítcas e de maus empresários. Enfim, o exemplo do que não deve ser feito sem rigor e sem compromisso e responsabilidade.

29 de julho de 2022

Acudam, que é lobo!

Tantas vezes somos confrontados por aqui com alertas dramáticos de crianças ou jovens desaparecidos.

E muitos, solidários, envolvem-se nas partilhas desses alertas. Ainda bem! Para estas coisas as redes sociais são boas.

Felizmente, na maior parte das situações, como o agora recente caso do adolescente de Arouca, os desaparecidos acabam por aparecer, na maior parte das vezes regressando a casa depois de umas saídas com amigos ou amigas, debaixo da irresponsabilidade de uma aventura sem avisar os pais.

Nestas coisas vemos muito da fábula do Pedro e o lobo em que às tantas, por tantos falsos ou injustificados alarmes, acabamos por não ligar patavina aos alertas.

Neste caso de Arouca, ainda bem que acabou bem, mas importaria a quem se dedicou à partilha, fosse informado do que realmente aconteceu. Foi caso de polícia, de saúde, acidente, tentativa de rapto, desorientação, ou mesmo mais um caso de aventura irresponsável por conta própria?

Mas, realmente o que importa, para lá das reflexões que possa suscitar, ainda bem que acabou bem.

28 de julho de 2022

S. Tiago de Lobão com pároco novo


O Pe. Alexandre Manuel Teixeira Moreira, recentemente ordenado, foi agora nomeado pelo Bispo do Porto como novo pároco de S. Tiago de Lobão, aacumulando ainda com Vila Maior (S. Mamede) e Sandim (Santa Maria), de Vila Nova de Gaia.

Com três paróquias, duas delas de grande dimensão, esperamos e desejamos que o jovem padre seja capaz de levar a cabo tão importante missão pastoral.

[foto: Voz Portucalense]

O silêncio dos inocentes


Parece que na minha página do Facebook tenho 471 amigos. Uma miséria. Até a Maria da Esquina tem mais do dobro e limita-se a partilhar coisas fofas como florzinhas, cãezinhos, gatinhos e corações. E quem não gosta de fofuras?

Bem sabemos que o conceito de amizade no Facebook é muito subjectivo e não surpreende, por isso, que de um modo geral, entre centenas de amigos tenhamos mesmo alguns inimigos de estimação, bem disfarçados. Sabemos até quem são, porque não enganam, mas fingimos que não, e deixamo-los andar por aí contentinhos para de quando em vez nos deixarem uns remoques. Adiante.

Mas mesmo assim, com quase 500 amigos, esperava ler de parte deles algumas intervenções sobre assuntos do quotidiano público, do escorrer dos dias, mesmo em contexto de cidadania. Mas em regra, relevando um ou outro caso esporádico, as intervenções não existem ou são para entreter. Nada de substancial.

Mas reconheço que essa larga maioria é que está certa, porque hoje em dia opinar de forma pública, sobretudo nas redes sociais, é um grande risco, porque da crítica construtiva, do contraditório, até à ofensa pessoal e gratuita vai uma distância muito curta, sobretudo quando envolvendo figuras públicas. Como exemplos, atente-se a algun dos casos que têm acontecido, como os mais recentes envolvendo a actriz São José Lapa sobre as considerações que fez sobre o compositor e cantor Pedro Abrunhosa e este sobre o Putin, mandando-o fod.. num concerto em Águeda? Mas também sobre uma tal de Joana Albuquerque que numa visita à ilha da Madeira, terá dito que "...adoro países estrangeiros onde se fala português". E ainda há pouco tempo o caso do traseiro da fadista Cuca Roseta com a análise do também fadista Nuno da Câmara Pereira?

Enfim, os exemplos são mais que muitos e poderia aqui apontar uma catrefada deles.

Com todo o risco inerente, não surpreende, pois, que de um modo geral as pessoas prefiram partilhar ou falar sobre egocentricidades, mais que expressar pensamentos e opiniões, seja sobre que assunto for, nomeadamente naqueles com riscos acrescidos, envolvendo política, partidarismo, futebol, clubismo e religião.

É, pois, uma boa posição o andarmos por aí como gente inocente, em silêncio, muda e calada, quando muito só para atirar pedras a quem opina a quem pensa de modo diferente.

Já agora o que penso eu sobre a polémica do Pedro Abrunhosa e da São José Lapa e sobre a queixa do Chega ao comportamento do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva? Ou mesmo sobre os artistas que vão actuar na festa do Avante?

Schiuuuuuu!

27 de julho de 2022

Big Brother e cuecas


Quem utiliza a internet e pesquisa assuntos ou produtos, já terá percebido que logo de seguida será bombardeado com publicidade a esses mesmos produtos. 

Por exemplo, se pesquisa cuecas, logo de seguida será atafulhado de propostas para cuecas de todos os tamanhos, cores e feitios, mesmo daquelas que têm buracos pela frente e por trás. Se pesquisa por locais de férias, de seguida será tentado com mil e uma propostas, desde um fim-de-semana em Escariz até um mês nas exclusivas ilhas gregas, Antilhas ou Caraíbas, como se tivesse uma carteira com o tamanho da do Cristiano Ronaldo.

Ora isso decorre dos algoritmos usados pelas operadores como a Google, Facebook, etc. Em rigor, como num Big Brother global, andamos constantemente a ser vigiados, onde vivemos, onde estamos, o que fazemos e os nossos gostos. E não há volta a dar pois não me parece que estejamos, sobretudos os mais novos, dispostos a fazer dietas rigorosas de uso de redes sociais e internet em geral, e capazes de deixar os telélés desligados na gaveta.

Esta situação para além de tudo o mais, tem outros efeitos perniciosos e até mesmo paradoxais. Por exemplo: Há dias doei um donativo para a Unicef como um simples contributo e dar um pouco mais de esperança de vida e cuidados médicos básicos às crianças do Corno de África (nomeadamente Somália, Etiópia). Não foi a primeira vez e não será a última, pela justeza da causa e pela idoneidade da entidade, mas sempre de acordo com a minha possibilidade e calendário. 

Pois bem, apesar de dar esses contributos, só porque o fiz e mostrei interesse e sensibilidade para com esse assunto, desde então que tenho sido bombardeado por anúncios ligados à Unicef e a essa causa, o que compreensivelmente me deixa incomodado. 

É como darmos uma esmola a um arrumador à porta de uma média superfície aqui nas redondezas, que dali não descola, apesar de já lhe ter oferecido trabalho para pedreiro ou trolha, que obviamente não lhe interessa porque significa trabalhar, e assim termos que apanhar com ele todas as vezes que lá vamos para o ajudar a angariar 100 euros por dia. E nas suas argumentações para a pedinchice, o homem já teve uma série de nacionalidades, desde marroquino a ucarniano. Depende da história que quer contar. Umas vezes porque tem uma doença, outras porque tem filhos na Ucrânia que quer resgatar, outras que tem a pobrezinha da mãe em Marrocos, a depender da sua ajuda.

Não compreendo, de todo, como é possível que alguém estrangeiro por cá continue indefenidamente, sem trabalho, a viver destes expedientes, e aparentemente sem qualquer controlo das autoridades.

Mas voltando ao assunto principal, tenham, pois, cuidado com aquilo que procuram porque, acreditem, estão a ser vigiados, já não por um qualquer bufo da PIDE mas por quem tem bem mais poder de seguir cada passo das nossas vidas, dos nossos gostos, preferências e mesmo pensamentos.

Nem fod... nem sair de cima


Um pouco a propósito do assunto das ORU, Operações de Reabilitação Urbana, de que se tem falado no nosso município, pela minha experiência e profissão chego a uma conclusão: Ao longo dos anos foram muitos os projectos submetidos a diferentes câmaras municipais, incluindo a Feira, para reconstrução e requalificação de construções antigas, na maior parte dos casos mantendo as características originais de fachadas, mas que, por inconformidades regulamentares, por vezes cegas, porque tratando edifícios antigos ou mesmo seculares, como construções novas e de raíz, outras vezes por "pintelhos" e questões de semântica, acabaram por ser reprovados. Com isso, na larga maioria dos casos, os proprietários desistem e os edifícios permanecem na mesma, ou mesmo pior, porque a degradarem-se de dia para dia e com isso até à ruína total.

Ou seja, por parte de quem controla e licencia, as Câmaras, muito raramente se conseguem equlíbrios entre o cumprimento dos regulamentos e a realidade muito específica de existências antigas, com todos os seus defeitos ou virtudes.

Assim, as leis e os regulamentos, por mais que lhes mexam, continuam a não ser capazes de dar respostas sérias e sobretudo ajustáveis e flexíveis à realidade do edificado antigo e que promovam e incentivem a sua recuperação, sem engulhos ou pintelhos, e não se baseiem, apenas, ou quase sempre, em matar o bébé à nascença, por inconformidades anacrónicas. Por mais que  retoquem a coisa, parece-me, assim não vai lá. E repare-se que o RJUE - Regulamento Jurídio da Urbanização e Edificação, emanado do Decreto Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, já vai na sua 21ª versão. Por aqui percebe-se muito dos caminhos que levam a preferir ou a promover a existência de casas em ruínas do que casas requalificadas.

Por outro lado, face a estas dificuldades legais, algumas vão sendo restauradas sem qualquer controlo, clandestinamente. E, porventura, porque ficam novas, habitáveis, recuperadas e tantas vezes com qualidade funcional, e dotadas de todas as infra-estruturas básicas, digo eu, do mal o menos,

É o que temos!