28 de julho de 2022

O silêncio dos inocentes


Parece que na minha página do Facebook tenho 471 amigos. Uma miséria. Até a Maria da Esquina tem mais do dobro e limita-se a partilhar coisas fofas como florzinhas, cãezinhos, gatinhos e corações. E quem não gosta de fofuras?

Bem sabemos que o conceito de amizade no Facebook é muito subjectivo e não surpreende, por isso, que de um modo geral, entre centenas de amigos tenhamos mesmo alguns inimigos de estimação, bem disfarçados. Sabemos até quem são, porque não enganam, mas fingimos que não, e deixamo-los andar por aí contentinhos para de quando em vez nos deixarem uns remoques. Adiante.

Mas mesmo assim, com quase 500 amigos, esperava ler de parte deles algumas intervenções sobre assuntos do quotidiano público, do escorrer dos dias, mesmo em contexto de cidadania. Mas em regra, relevando um ou outro caso esporádico, as intervenções não existem ou são para entreter. Nada de substancial.

Mas reconheço que essa larga maioria é que está certa, porque hoje em dia opinar de forma pública, sobretudo nas redes sociais, é um grande risco, porque da crítica construtiva, do contraditório, até à ofensa pessoal e gratuita vai uma distância muito curta, sobretudo quando envolvendo figuras públicas. Como exemplos, atente-se a algun dos casos que têm acontecido, como os mais recentes envolvendo a actriz São José Lapa sobre as considerações que fez sobre o compositor e cantor Pedro Abrunhosa e este sobre o Putin, mandando-o fod.. num concerto em Águeda? Mas também sobre uma tal de Joana Albuquerque que numa visita à ilha da Madeira, terá dito que "...adoro países estrangeiros onde se fala português". E ainda há pouco tempo o caso do traseiro da fadista Cuca Roseta com a análise do também fadista Nuno da Câmara Pereira?

Enfim, os exemplos são mais que muitos e poderia aqui apontar uma catrefada deles.

Com todo o risco inerente, não surpreende, pois, que de um modo geral as pessoas prefiram partilhar ou falar sobre egocentricidades, mais que expressar pensamentos e opiniões, seja sobre que assunto for, nomeadamente naqueles com riscos acrescidos, envolvendo política, partidarismo, futebol, clubismo e religião.

É, pois, uma boa posição o andarmos por aí como gente inocente, em silêncio, muda e calada, quando muito só para atirar pedras a quem opina a quem pensa de modo diferente.

Já agora o que penso eu sobre a polémica do Pedro Abrunhosa e da São José Lapa e sobre a queixa do Chega ao comportamento do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva? Ou mesmo sobre os artistas que vão actuar na festa do Avante?

Schiuuuuuu!