4 de setembro de 2023

Santa farturinha ou vender cabritos sem ter cabras

Creio que já abordei por aqui esta particularidade, mas tenho para mim que um dos bons indicadores da saúde financeira dos cidadãos, tanto ou mais que o INE - Instituto Nacional de Esatatística, é o ligar para alguns dos restaurantes cá da zona e mesmo que com duas horas de antecedências, e outros de dias ou semanas, e de lá informarem recorrentemente que estão cheios em reservas. 

Ainda um dia destes, num dos locais envolventes à ria de Aveiro, à porta de um certo restaurante onde se diz comer bom "peixinho", antes duas horas de abrir ao meio-dia informou estar todo reservado e com lista de espera para depois das 14 horas. Arranjei um alternativo, próximo, mas mesmo esse a partir das 12 horas começou a encher e ainda antes das 13 estava a abarrotar.

Mesmo por cá, ainda no Sábado, para jantar, dos três que contactei uma hora antes, já estavam reservados na totalidade. Na insistência e com o compromisso de estar à mesa às 19, e a despachar, lá se conseguiu mesa para dois num deles. Escusado será dizer que saí e ainda havia mesas vazias, porque isto de reservas tem que se lhe diga, sobretudo quando os restaurantes aceitam que uma mesa reservada fique ali vazia até que os senhores doutores lá cheguem às horas que entenderem. Coisas, mas é lá com eles. Por mim, as reservas teriam que ser preenchidas logo à primeira hora. 

É certo que este meu indicador de boa saúde nos bolsos e carteiras da nossa malta, por vezes são tiros ao lado, pois o que não falta por aí é rapaziada boa que goza férias à grande e à francesa, em locais mais ou menos paradisíacos, e fazem por o mostrar nas redes sociais, com empréstimos contraídos para o efeito. Mesmo que nunca o tenha feito (credo em cruz), é legítimo e nada contra com quem o faz, mas é uma situação que nos faz ter em conta que nem sempre o que parece, é. De resto a este propósito, gosta de dizer o meu amigo  José H. que o seu carro é modesto mas que não está em nome de um qualquer Banco ou empresa de leasing. - Estás fora de moda, caro JH!

Mas como é tão típico dos portugueses, primeiro gozar, segundo gozar e depois logo se vê, quem sabe se com uma ajuda do Governo...

Seja como for, a malta no geral ainda anda folgada, pelo menos o suficiente para encher depósitos de combustível dos seus bons carros, ocupar alojamentos e reservar restaurantes. Perante estas evidências, que dizer? É positivo, digo eu, que, com desconsolo, ainda não descobri como vender cabritos sem ter cabras.

Viva la vida! Olé, olé!

Pe. Amaro Ferreira celebrou em Guisande

 


Com o nosso pároco Pe. António Jorge em período de merecidas férias até 15 deste mês, a missa deste Sábado, 2 de Setembro, pelas 17:30 horas, na nossa paróquia, foi celebrada pelo Pe. Amaro Ferreira, que disse nunca cá ter estado. Trata-se de um jovem sacerdote da Sociedade Missionária da Boa Nova, de Cucujães.

Este padre, natural de Oliveira de Azeméis foi ordenado em Fevereiro de 2008. De seguida, em missão, esteve em terras de Moçambique, encontrando-se actualmente em Portugal onde entre outras tem funções de dinamização de grupos.

Os Missionários da Boa Nova constituem uma Sociedade Missionária de Padres e Irmãos, fundada em Portugal em 1930 pelo Papa Pio XI, o Papa das Missões, dando-lhe o nome de Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas. Hoje esta comunidade de padres e irmãos missionários chama-se Sociedade Missionária da Boa Nova.

Pessoalmente gostei da sua participação, nomeadamente da homilia onde de forma simples, directa e eficaz, transmitiu o sentido da mensagem da liturgia, sobretudo a relacionada ao Evangelho do dia em que Jesus anuncia aos discípulos a Sua Paixão e apresenta uma instrução sobre o significado e as exigências de ser Seu discípulo. Quem quiser ser Seu discípulo, tem de “renunciar a si mesmo”, “tomar a cruz” e segui-lo no Seu caminho de amor, de entrega e de dom da vida. O Pe. Amaro salientou a ideia base de que nesse contexto de exigência devemos seguir Jesus, mas sempre atrás de Si e nunca à frente. Afinal Jesus apresenta-se como o Caminho, a Verdade e a Vida.

3 de setembro de 2023

Recordando - Festa do Viso - 1960


Na edição do jornal "O Mês de Guisande" de Julho de 1982, foi feita uma entrevista ao Sr. Leandro Ferreira das Neves, sapateiro, do lugar de Casaldaça. Nela, entre outras coisas, é referido que ele fez parte da Comissão da Festa do Viso, em 1969, sendo que na realidade se pretendia dizer de 1960, pois foi o ano em que efectivamente o Sr. Leandro tomou parte. 

Mas para além desse lapso, tem importância sobretudo os pormenores que foram lembrados pelo entrevistado quanto à festa. Assim, foram três dias, sendo que no Sábado apenas houve música gravada a passar nos altifalantes, pois esse dia era necessário à preparação dos enfeites, ornamentos e outras logísticas no arraial, como montagem do palco e vedações. 

No Domingo de manhã actuou a Banda Musical de Santiago de Riba Ul, à qual à tarde também se juntou a do Loureiro, ambas do concelho de Oliveira de Azeméis. Na parte da noite houve actuação de ranchos bem como na Segunda-Feira.

Foi ainda referido que a procissão solene contou com apenas três andores, não mencionados mas certamente os de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António e presumivelmente o do padroeiro S. Mamede.

Estas memórias ajudam a perceber que a nossa festa, como todas as outras em diferentes terras, foram sofrendo evoluções ao longo dos anos, sobretudo pela maior disponibilidade de recursos financeiros. Também lembra que por esses tempos as partes musicais e recreativas das festas e romarias eram essencialmente preenchidas com actuações de bandas filarmónicas e ranchos folclóricos. A partir de meados dessa década de 1960 começaram a generalizar-se os conjuntos típicos, que passaram a fazer parte regular dos programas das nossas festas e só mais tarde, sobretudo a partir da década de 1990, é que apareceram os artistas ditos da rádio e televisão e depois todo o catálogo dos ditos cantores "pimba", os quais, em boas doses, vão preenchendo, tantas vezes sem qualidade, os programas das nossas festas.

Fica de seguida a composição da Comissão de Festas nesse ano de 1960:

Leandro Ferreira das Neves – Casaldaça

José Alves – Pereirada

Albertino da Silva Santos – Casaldaça

Manuel de Almeida Azevedo – Quintães

2 de setembro de 2023

Guelras sem sangue

Algumas das notícias deste Sábado, JN e RTP, dizem que as dádivas de sangue em Portugal continuam a diminuir apesar dos apelos. Em dez anos, entre 2012 e 2022, foram quase menos cinquenta mil os dadores. Por sua vez, os dadores são cada vez menos e mais velhos.

Tenho para mim que estas notícias têm o mesmo efeito de surpresa de alguém que por um elaborado estudo científico e matemático nos vier dizer que a soma de 2 +2 é 4.

Esta constatação adivinhava-se há vários anos, principalmente quando os governantes desrespeitaram no seu todo os dadores benévolos, ao cortar nos já poucos incentivos e privilégios. Mais tarde vieram tentar emendar o erro mas mesmo assim repondo apenas uns pózinhos, mas já sem resultado.

Veja-se o que aconteceu na nossa freguesia, em que de uma situação de várias dezenas de participantes, que, duas vezes ao ano, faziam fila para doar sangue, agora aparecem a conta-gotas, e na sua larga maioria adultos e, como eu, quase rés-vés campo de ourique no limite de idade, mesmo que já, desde Fevereiro de 1991, com quase meia centena de dádivas válidas. Há quase um ano que, esclarecido o histórico,  me prometeram a merecida medalha prateada correspondente às dádivas, mas a coisa ainda não chegou à caixa-de-correio. Mesmo para o reconhecimento do número de dádivas efectivas foi uma luta travada e o bater a muitas portas reclamando da injustiça e da falta de rigor no registo.

Perante estas desconsiderações, o que esperam os senhores que mandam nestas coisas?

Além do mais, os mais jovens, e também analisando por Guisande, sujeitam-se às picadelas de tatuagens em tudo quanto é centímetro de pele, mas mostram relutância por serem picados para doar sangue. Por outro lado, das 9 às 13 de sábado, na sua maioria ainda estão a dormir de ressaca.

É o que é e, mesmo sem generalizar, e passe algum sarcasmo, a coisa não anda longe desta realidade.

Festa do Viso 1982 - Contas

 

Resumo das contas da Festa do Viso em 1982, em notícia publicada no jornal "O Mês de Guisande" em Setembro desse ano. Para além das contas fica-se a saber o nome de alguns dos grupos que fizeram parte do programa musical. Não sendo referidos na notícia os nomes de alguns, aqui ficam: Grupo Musical  KM6 (que actuou no Sábado) e os artistas Florbela Queiroz, Norberto de Sousa e Manuel Morais, entre outros (que actuaram na Segunda-Feira).


Deste conjunto ou banda KM6, que actuou no Sábado da Festa do Viso em 1982, pouco ou nada se sabe. Recordo-me que tinham uma embalagem musical muito dentro da onda do rock português que então estava a ganhar importância. Esta banda ou conjunto de ritmo, como na altura se dizia, teve um enorme êxito que ainda se encontra no Youtube, designado de "Menes da Vergada". À falta de mais informação sobre a banda, a ter em conta o tema dos menes, deduzo que sejam naturais daquela zona, de Mozelos ou Argoncilhe.

Retomando à festa, na referida edição do jornal foi também publicado um artigo em que relata que na altura houve um diferendo entre o pároco Pe. Francisco e a Comissão de Festas, pois inicialmente foi contratado por esta o Grupo Coral de Sanguedo para acompanhar a missa solene. Todavia, considerou o pároco que não fazia sentido, uma vez que existia grupo coral na freguesia. Perante esta situação a Comissão de Festas reconsiderou e acabou mesmo por ser o grupo da paróquia a cantar.

Um pastel de nata e um reggateon


Pequeno almoço num qualquer sítio por aí, e na televisão um qualquer canal dos muitos de clips de vídeos de música. Em quase todos eles, nos vídeos, artistas afro-latino americanos, com ares de carnavais, com carrões, roupas extravagantes ou mesmo sem elas, mulheres peitudas, traseiros a condizer em ondulações, danças e gestos ditos sexy.

Se quanto ao estilo de música e clips há consumidores, e para isso é que há vários canais e cada um só vê o que lhes agrada, interrogo-me, todavia, quanto à razão para que nos referidos espaços onde, ainda mal acordados,  se comem umas torradas, uns croissants, entre cafés e meias de leite, se leve a pensar que é disso que os clientes gostam. Talvez a considerem uma fórmula para abrir apetites. Talvez. 

Poderia sugerir outro tipo de música ambiente, sem imagem e com menos decibéis, mas seria perder tempo. Há quem não dispense um pastel de nata sem um reggaeton. 

Foge Quim!

Recordando - "O Mês de Guisande" - Setembro de 1982

 



Capa e contra-capa do jornal "O Mês de Guisande" de Setembro de 1982