2 de setembro de 2023

Guelras sem sangue

Algumas das notícias deste Sábado, JN e RTP, dizem que as dádivas de sangue em Portugal continuam a diminuir apesar dos apelos. Em dez anos, entre 2012 e 2022, foram quase menos cinquenta mil os dadores. Por sua vez, os dadores são cada vez menos e mais velhos.

Tenho para mim que estas notícias têm o mesmo efeito de surpresa de alguém que por um elaborado estudo científico e matemático nos vier dizer que a soma de 2 +2 é 4.

Esta constatação adivinhava-se há vários anos, principalmente quando os governantes desrespeitaram no seu todo os dadores benévolos, ao cortar nos já poucos incentivos e privilégios. Mais tarde vieram tentar emendar o erro mas mesmo assim repondo apenas uns pózinhos, mas já sem resultado.

Veja-se o que aconteceu na nossa freguesia, em que de uma situação de várias dezenas de participantes, que, duas vezes ao ano, faziam fila para doar sangue, agora aparecem a conta-gotas, e na sua larga maioria adultos e, como eu, quase rés-vés campo de ourique no limite de idade, mesmo que já, desde Fevereiro de 1991, com quase meia centena de dádivas válidas. Há quase um ano que, esclarecido o histórico,  me prometeram a merecida medalha prateada correspondente às dádivas, mas a coisa ainda não chegou à caixa-de-correio. Mesmo para o reconhecimento do número de dádivas efectivas foi uma luta travada e o bater a muitas portas reclamando da injustiça e da falta de rigor no registo.

Perante estas desconsiderações, o que esperam os senhores que mandam nestas coisas?

Além do mais, os mais jovens, e também analisando por Guisande, sujeitam-se às picadelas de tatuagens em tudo quanto é centímetro de pele, mas mostram relutância por serem picados para doar sangue. Por outro lado, das 9 às 13 de sábado, na sua maioria ainda estão a dormir de ressaca.

É o que é e, mesmo sem generalizar, e passe algum sarcasmo, a coisa não anda longe desta realidade.