12 de setembro de 2023

Uma bola à chuva


Aqui, bem no meio deste terreiro,

Já chove miudinho e eu estou só,

A esperar, de bola junto aos pés,

Que apareçam, os amigos e o sol.


Mas nada, e engrossa o aguaceiro,

Já escorre e corre em lama o pó,

E de pouco vale nas costas o dez

Porque já não vai haver futebol.


Mas se não vêm, a malta e o sol,

Seja no terreiro ou no caminho,

Porque gosto da bola, de futebol,

Jogarei à chuva, nem que sozinho.


A.Almeida - 12092023


Gatões e ratinhos

Na vida real ninguém, presumo, gosta de ver um adulto a bater numa criança ou num inadaptado, mas no futebol de selecções ao mais alto nível isso acontece sem esmorecimento. 

Não se percebe, pois, o que selecções de futebol como Luxemburgo, S. Marino, Andorra, Ilhas Faroé, Liechtenstein, Gibraltar, Malta e outras que tais, andam por ali a fazer, a não ser de figuras de meigos passarinhos para os gatões os depenarem e se lambuzarem.

Mas dizem os entendidos nesta matéria difícil do chuto na bola, que as senhoras FIFA e UEFA, duas gatonas gorduchas e ávidas por whiskas com cifrões, não se incomodam com isso porque quanto mais selecções, mais jogos e mais direitos. Com jeitinho ainda lá metem os Açores, a Madeira e as Canárias.

Poderia e deveria haver um sistema de divisões,  ou então, mal por mal, um sorteio puro e duro, pelo menos para se garantir um princípio de aleatorieadde; Mas não, a FIFA e a UEFA não querem saber disso e para além desse desequilíbrio notório, ainda o potencia e confina com o sistema de potes, à moda dos antigos fojos que os pastores usavam para caçar os malvados dos lobos que lhes apanhavam os mansos cordeirinhos. Assim, com este sistema de pirâmide, garante-se o direito de que a dois gatos mais fortes, cabem sempre um ou dois ratinhos tenros. 

Mas a quem incomoda isto? À maioria era vê-los, ontem, todos rejubilosos, no Algarve, a festejarem a cabazada ao Luxemburgo, como se fosse um jogo de hóquei em patins. Só lá faltava o Ronaldo para somar mais uns quantos.

Se o futebol competitivo é isto...

11 de setembro de 2023

Coretos pequeninos - A propósito


A propósito do poema que há pouco aqui publiquei com o tema do coreto pequenino, importará, creio, alguma explicação. De facto a inspiração surgiu da foto que acompanha o poema, com o pequeno e bonito coreto junto à capela de Nossa Senhora da Ribeira, na freguesia de Fajões, concelho de Oliveira de Azeméis, onde decorria a festa. Ali vazio, inútil, porventura a estorvar, e ao lado dois grandes e modernos palcos onde se exibiam alternadamente duas boas bandas de música, vizinhas, a de Fajões e a de Carregosa ( e que pena que raramente venham à nossa festa). 

Ao som da bem executada abertura da ópera Tannhäuser, de Richard Wagner. (1845) pela centenária Banda de Carregosa, não deixei de reflectir sobre essa situação que é sinal dos tempos. De facto há pelo país e mesmo pela nossa região centenas de bonitos coretos, outros nem por isso, abandonados à sua função e que agora não passam de inutilidades. 

No seu tempo foram feitos à medida das filarmónicas, então com pouco mais que uma dúzia de músicos ou um pouco mais se bem apertadinhos. Mas as bandas cresceram, duplicaram e até mesmo triplicaram em executantes e hoje em dia qualquer modesta banda tem meia centena de músicos. Ainda bem, digo eu, porque é sinal que apesar de ainda muito desconsideradas no seu papel, e facilmente preteridas numa qualquer festa por um vulgar cantor pimba e suas bailarinas, são um expoente da nossa melhor cultura e congregadores de comunidades. 

Recordo, da minha infância, e muitos se lembrarão, mesmo na nossa festa do Viso onde quase todos os anos se montavam dois pequenos coretos, em madeira, vindos da Casa da Quintão e da Casa do Sr. Gomes, onde se alojavam duas bandas de música que só por si compunham o programa musical da festa. O palco, para os ranchos e mais tarde para os conjuntos típicos, era um simples estrado em tábuas de madeira que se montava no próprio local. Só mais tarde é que começaram a surgir os palcos com estrutura metálica e cobertura em lona e de lá para cá, como os eucaliptos, vão crescendo em tamanho, em altura. Não sei onde irá parar tal crescimento e um dias destes no Viso será montado um palco mais alto que o velho sobreiro. Haja limites, até porque um palco enorme para acomodar um comediante ou um artista a solo ou alguém a pôr discos, acaba por ser despropositado.

Mesmo o actual coreto, construído pelo final dos anos 90, depressa se tornou atarracado e dispensado à sua função e já pouco serve. Qualquer cantorzeco pimba recusa ali actuar. Para um rancho é pequeno e obriga a montar o estrado que é complicado e trabalhoso e já nem sei se em condições. Para uma banda é igualmente pequeno, mas ainda capaz.  Está, pois,  ali como um mero ornamento, a precisar de pinturas e manutenção que se não fazem. 

Mas, nesse crescimento das bandas filarmónicas, naturalmente que os velhos e pequenos coretos deixaram de ser prestáveis e assim são dispensados da tarefa. Alguns, apesar do seu valor histórico e patrimonial, foram mesmo abaixo ou mudados para não estragarem os planos às comissões de festas para ali montarem enormes palcos, alguns que até chegam em camiões. Veja-se que mesmo em Guisande, na nossa festa do Viso, ainda o ano passado, para além do coreto sem qualquer função prática como atrás justificado, havia um palco enorme e, como se não bastasse, chegou ainda um enorme camião palco, dos Tekos, que se colocou à frente da capela pondo esta num plano secundário. Opções!

Nestas coisas não há contemplações: O tempo é feito de mudanças e com ele e com elas é deixado para trás tudo o que não serve nem se adequa. É inevitável e não há aqui qualquer surpresa mas apenas uma constatação e igualmente uma impotência para suster ou mudar seja o que for, porque a força do tempo é cósmica e não há como nos opormos a ela.

Em todo o caso, quanto aos coretos, mesmo que inúteis porque pequenos e inadapatados às modernas grandezas, importa que sejam conservados e valorizados, até porque os há como autênticas obras de arte. A destruição ou o abandono à ruína é que será mais lamentável que ficarem vazios sem o só-li-dó.

10 de setembro de 2023

Carreira de moinhos da Pena - Codal - Vale de Cambra

 

Um sítio muito interessante, no lugar da Pena, na freguesia de Codal, município de Vale de Cambra, um bom testemunho do esforço de adaptação dos nossos antepessados no aproveitamento da força motriz das águas para movimentarem os rodízios e estes as mós com que se moía o grão, sobretudo de milho.

Foi, pois, feliz o processo de requalificação do espaço e dos moinhos, num conjunto de cinco, um deles adaptado à confecção e cozedura do pão de milho. O espaço foi inaugurado em 20 de Maio de 2012.

Infelizmente, este é igualmente um bom (mau) exemplo de muitos investimentos similares, porque depois de cortada a fita da inauguração, o espaço cai no desmazelo e incúria e a falta de manutenção é notória, com a calçada já em degradação, bem como os postes da protecção lateral. É uma má imagem tanto para a Junta de Freguesia local como para o município pelo que neste aspecto só podem merecer nota negativa.

Também as margens da ribeira que alimentam por levada este conjunto ou carreira de moinhos, deveria ser limpa de vegetação em excesso.

À data da visita aproxima-se o final do verão pelo que a ribeira, que nasce a noroeste no monte da Senhora da Graça, tinha um caudal reduzido. Certamente que em tempos de inverno e com águas mais abuandantes o local terá outro impacto pois formam-se cascatas.

Será, pois, importante proceder ao arranjo dos elementos já degradados, que até constituiem perigo, e criar passagens junto às margens da ribeira para uma melhor experiência.

Um local e trecho muito bonitos mas a precisarem de cuidado e porventura de mais divulgação.
















Velho coreto

Ó, velho coreto, tão pequenino

Já não te enchem de filarmonias,

Na triste sina de ficares vazio.

A capela chora-te e toca o sino

Em mágua dos tristes teus dias

Num tempo em que finda o estio.


Tudo é grande neste tempo novo,

Nele a vã grandeza toda comanda,

Ditando as leis da nova festa;

Outros tempos, até modas e povo,

Porque não cabe em ti uma banda,

És ornamento. Mais nada te resta.


A. Almeida - 10092023

9 de setembro de 2023

Breves notícias - Passeio ao Bombarral e missa

Neste Sábado, 9 de Setembro de 2023, o Centro Social S. Mamede de Guisande realizou mais um passeio com sócios e não só. 

Foi um autocarro que partiu da Alameda da Igreja por volta das 07:00 da manhã rumo a Leiria e ao Bombarral onde ali se visitou o popular  Jardim Bacalhôa Buddha Eden, considerado o maior jardim oriental da Europa, ocupando cerca de 35 hectares da Quinta dos Loridos (uma propriedade vinícola no distrito de Leiria, Portugal). E apesar de ser conhecido pelas suas estátuas de budas (que lhe dão o nome), o recinto é composto por vários espaços verdes, com lagos ornamentais e esculturas curiosas.

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Neste mesmo Sábado, com o pároco Pe. António Jorge ainda em férias, o Pe. Amaro Ferreira, dos missionários da Boa Nova, de Cucujães - Oliveira de Azeméis, voltou a assegurar a celebração da missa das 17:30 horas. 

De referir que antes e depois da missa foi realizado o ofertório por alma de Vitor Manuel Pereira.

Mais rápidos que a sombra



Andamos na correria dos dias

Sem temperança, só em atavio,

Sedentos, gulosos, vaidosos,

Fanfarrões sem  humanidade.


Damos corda ao ego, a fantasias,

Bons praticantes do auto elogio,

Inflados, ocos e presunçosos,

Cheios, enfardados de vaidade.


Disparamos na sombra, no Facebook,

Onde um bronco Dalton já é doutor;

Bem mais rápidos que o Lucky Luke

Cavalgamos em pose rumo ao sol-pôr.


A. Almeida - 22072023