14 de janeiro de 2024
Imposto estúpido e injusto
Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, considerou hoje no último dia da convenção em Viana do Castelo, que seu o partido é “a direita credível”, prometendo, caso seja Governo, acabar com o IMI e com o IUC.
É proposta do Chega mas poderia ser de qualquer outro partido para concordar em pleno com ela. É que sobretudo o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) é um imposto estúpido, injusto, bafiento e imoral. Repare-se: Eu, que como centenas de milhares de portugueses, construí a minha habitação com o resultado do meu trabalho e do meu esforço, paguei projectos, taxas e licenças, tudo com os devidos impostos, continuo a gastar dinheiro em melhoramentos e conservação, continuo a pagar a prestação do crédito à habitação com elevados juros, a que propósito tenho que pagar por toda a vida uma renda ao Estado ou município? Porventura foi qualquer uma dessas entidades que ma construiu? Serão eles os proprietários?Que lógica e moralidade neste imposto? Ainda que fosse cobrado com um valor residual, simbólico, vá que não vá, mas com o elevado valor que representa para qualquer média habitação, é de facto uma aberração num Estado de direito.
Posto isto, não posso estar mais de acordo com quem propuser a sua extinção. Foi o Chega, mas poderiam ser os antípodas do BE ou o PCP que para mim mereceriam apoio.
Significa, porém, que isso pode representar que vote nesse partido? Nem por sombras, porque há outros valores e princípios na equação, mas era importante que outros partidos menos radicais e estapafúrdios, fossem capazes de ter essa coragem e matar este imposto estúpido em nome da moralidade.
13 de janeiro de 2024
Nota de falecimento - Albino António
Faleceu Albino António Ferreira de Almeida, de 77 anos de idade (17 de Abril de 1946 a 13 de Janeiro de 2024), do lugar do Reguengo - Guisande.
Marido de Maria Madalena de Oliveira Fonseca.
Cerimónias fúnebres amanhã, Segunda-Feira, 15 de Janeiro de 2024, pelas 15:30 horas na igreja matriz de Guisande, findas as quais o corpo será sepultado no cemitério local.
Missa de 7.º Dia na Sexta-Feira, 19 de Janeiro pelas 18:30 horas.
Expressamos os nossos sentidos sentimentos a todos os familiares, de modo particular à esposa, filhos e netos.
Que Deus o tenha em paz e em eterno descanso.
12 de janeiro de 2024
O preço da independência e da honestidade
Tempos houve em que um pouco por todo o país e sobretudo em tempo de eleições autárquicas, entre um vasto caderno de encargos de promessas, como a clássica do instalar na terrinha um Posto Médico com doutores e enfermeiros, alguns candidatos também prometiam que nada ganhariam e que as suas remunerações pelos cargos seriam juntas e depois aplicadas em algo de importante para a freguesia, fosse para uma rua, para um parque infantil, para o clube de futebol ou mesmo para uma sede de uma qualquer associação de bem público. É certo que em rigor era e é pouco dinheiro, sobretudo para os titulares de cargos em pequenas aldeias, e por isso é que tal exemplo nunca foi seguido, parece-me, quanto a presidentes de Câmara e vereadores, porque aí a esmola era demasiado grande para dela se abrir mão, mas nas Juntas, como "grão a grão enche a galinha o papo", diz o povo na sua sabedoria milenar, certo é que alguns lá somaram uns milhares, de contos ou euros, pouco importa ao caso.
Para além da parte demagógica deste tipo de promessas, nunca percebi o verdadeiro alcance desta "generosidade", como se ela fosse necessária e de substância para provar a seriedade e dedicação desinteressada pela causa pública. A meu ver nunca foi precisa, porque a um trabalhador cumpridor e honesto é justo e até um direito universal que se pague o salário ou a remuneração que a lei lhe confere. Por conseguinte um autarca de Junta, seja presidente, tesoureiro ou secretário que por motivos eleitoralistas abre mão das sua remuneração legal a favor de qualquer outro propósito, não será mais honesto e dedicado que os semelhantes que dela não prescindem.
Ademais, quem não for sério e honesto até pode abrir uma mão dessas verbas e pôr a outra noutras, sem que ninguém descubra ou desconfie das habilidades. Bastará que queira ir por aí. Quem é sério, é serio, e não basta mostrar que se pretende sê-lo ou parecê-lo. Em contraponto, quem usa essa promessa em campanha eleitoral pode até suscitar precisamente o contrário, o de passar por um artista, um habilidoso, um chico-esperto, ao usar esse isco para chamar ao seu anzol votos de gente com pouco sentido de escrutínio. Quem é honesto e competente não precisará dessas habilidades ou expedientes nem de dispensar aquilo a que tem direito.
Seja como for, certo é que com este tipo de posturas e promessas muitos autarcas lá arrecadaram uns votos extra, quiçá decisivos a definir vitórias em eleições.
Em resumo, e é a esta ideia onde pretendo chegar, ninguém é mais ou menos dedicado pela causa pública, sério e honesto só porque recebe o que tem direito ou decide doá-lo a favor seja de quem ou do que for.
Um pouco neste contexto e pressuposto, estou de acordo com o escritor José Rentes de Carvalho, que aqui há já uns anos, a propósito do poeta Herberto Hélder (falecido em 2015) ter recusado o valor monetário do prémio Fernando Pessoa, porque embora pobre, "não pretendia perder a sua independência", disse que pensando no caso não chegava a conclusão satisfatória, pois era curiosa a noção da fragilidade da própria independência para o premiado acreditar que um prémio literário a podia pôr em perigo. Por isso, digo eu, e porque quem não deve não teme, a independência e honestidade não têm preço mas também não têm que ser à borla nem cimentadas no total despreendimento por vezes trapaceiro. O seu a seu dono dentro da legalidade, justeza e justiça.
Tapar é preciso em tempos de hibernação
Aqui há uma meia dúzia de anos estávamos bem melhor servidos quanto a repórteres que com um apurado sentido fotográfico captavam o que lhes causava incómodo. Desde buracos e buraquinhos a ervas com mais de 20 cm de altura ou uma água mal desviada na rua, eram alvo do oportuno disparo. Até chegou a haver uma espécie de liga contra o mau olhado onde os guardiões do templo sagrado eram mais competentes e de vistas aguçadas que na Raia os guardas fronteiriços no tempo da velha senhora à cata de contrabando. Logo depois de colhidas as provas, todo o mundo e arredores ficava a saber da situação, do abandono, da escandaleira, da pouca vergonha, da incompetência ou desleixo de quem deveria olhar por essas coisas.
Mas essa categoria de guardiões "profissionais" parece que a partir de uma determinada altura, talvez devido ao clima ou mudança da lua, entrou em letargia e tem estado em hibernação profunda e são mais raros de avistar que os linces na Malcata. É pena, porque fazem falta, pois os motivos para alertar nunca faltaram nem faltarão, independentemente da categoria e consideração de quem se queira "avisar".
Mas adiante, que vem aí chuva e como diz o velho ditado, "ande o frio por onde andar que no Natal vem cá parar".
As imagens acima publicadas são na Rua de Cimo de Vila, aqui na terrinha, no lugar do mesmo nome e têm já bastante tempo porque eu próprio já vi esses buracos noutros meses, porventura então mais pequenos. Até porque a rua é estreita, convirá a quem de direito remediar os buracos, como quem diz, tapá-los com um pouco de alcatrão, o que não parece coisa de monta. Apesar disso, também se nota algum abatimento do piso junto ao muro de suporte o que pode configurar algum problema de estabilidade ou inflitração que, digo eu, importará averiguar e rectificar.
Apenas como contributo de cidadania fica o alerta. Provavelmente já será do conhecimento de quem de direito, e a coisa estará para ser reparada, mas se assim não for, caso isto seja lido e porque não quero pecar por omissão, o recado está dado. Além do mais importa que a população, mesmo que adormecida, esteja a par das suas coisas.
11 de janeiro de 2024
Rua da Leira às escuras e cerejas
Noutros tempos, antes da razia feita às freguesias, havia a tal proximidade dos eleitos aos eleitores e estas coisas eram detectadas com tempo e reportadas a quem de direito. Mas para isso é preciso sentido de serviço e dar umas voltas pelo território, mesmo à noite, quiçá a perder tempo, gastar gasolina e fazer telefonemas. Por agora as modas são outras e quem quiser cerejas tem que subir à cerejeira.
Assim sendo, à falta de certas coisas, e de cerejas, informei eu próprio a E-Redes, de que em Guisande, o troço da Rua da Leira, a partir do entroncamento com a Rua da Ramada, até ao ao limite de Guisande com o lugar de Azevedo - Caldas de S. Jorge, que interliga à Rua da Arroteia, está sem luz pública desde há várias semanas.
Já agora, no Google Maps parte desse troço da Rua da Leira aparece como Rua da Arroteia, o que está incorrecto porque ali aqueles primeiras casas ainda são em território de Guisande e não do lugar de Azevedo, mas isso são outras histórias.
Quanto à iluminação pública, vamos aguardar que a reposição seja efectuada. Para já, às escuras.
Jornada Mundial da Juventude - O pós
A Jornada Mundial da Juventude 2023 teve lugar no nosso país e em Lisboa, entre o final de Julho e princípio de Agosto passados. Parece que foi ontem mas já decorrido quase meio ano. Ainda ecoam na memória dos portugueses, e sobretudo dos jovens que participaram e se envolveram, o entusiasmo, alegria da partilha e vivência desses momentos em contacto geracional e mesmo inter-geracional com o papa Francisco.
Do mesmo modo e desse contexto, também para as largas dezenas de milhares de famílias que nas pré-jornadas acolheram por todo o país jovens peregrinos provenientes de toda a parte do mundo mas sobretudo da Europa. Foi assim na Diocese do Porto e na nossa comunidade inter-paroquial e em Guisande. Eu próprio e a minha família, acolhemos nessa semana última de Julho, duas peregrinas alemãs de origem vietnamita.
Passado já este quase meio ano e com a poeira do entusiamo assente, é possível analisar algumas coisas que, apenas a meu ver, ficaram aquém de algumas expectativas, pelo menos no contexto da experiência da família com os peregrinos e vice-versa. No global a experiência foi positiva mas, apesar disso, a partilha comum e convivência ao nível da família foi reduzida face ao programa delineado pelas equipas responsáveis (comités diocesano, vicarial e paroquial) o que fez com os espaços e momentos apenas destinados às famílias e jovens acolhidos fossem escassos.
Em rigor e no geral as famílias foram principalmente agentes de alojamento, proporcionando a custo zero, dormida, comida, serviço de limpeza e transporte. Este ponto do transporte inicialmente foi publicitado apenas como mínimo, pontual e só mesmo para quem pudesse e quisesse mas na prática e na realidade não foi assim e as famílias tiveram que assegurar a maior parte das deslocações de entrega e recolha dos jovens, sempre de acordo com os seus horários.
Falando também pela minha experiência, desde que os jovens seguiram para Lisboa, nunca mais houve contacto de sua parte. Foi de minha iniciativa procurar saber se a viagem correu bem e se estavam a gostar. Depois disso, nenhum contacto de iniciativa dos jovens apesar de disporem dos canais adequados, como o número telefónico, o email e whatsapp. Chegados ao seu ponto de partida, ficaria bem fazerem um resumo da jornada e partilharem por sua iniciatiava com quem os recebeu. Mesmo agora pelas festas natalícias, ainda alimentei a esperança de receber uma mensagem ou um postal das duas raparigas, mas não. Poderia ser eu a fazê-lo? Podia, mas convenhamos que há alguns princípios que devem ser cumpridos e na nossa terra não fica bem andar com o carro à frente dos bóis.
Não há, todavia, qualquer arrependimento, até porque se havia expectativas num sentido de mais tempo para a convivência, pessoalmente nunca as tive a este nível do posterior contacto, agradecimento e reconhecimento. Eventualmente aconteceu com outros e de resto certamente que a percepção das experiências foi diferente de família para família.
Em resumo, as coisas são como são e no geral, admitamos, os valores da boa educação e do reconhecimento não são propriamente coisas que façam parte da bagagem desta moderna juventude. No geral nunca lhes faltou nada e no seu dia-a-dia dão tudo por adquirido e feitas as contas, nós, os que recebemos e estivemos durante uma semana ou mais ao seu inteiro dispôr, com cama, mesa, roupa lavada e transporte, é que temos que lhes agradecer e de os contactar. É cultural e quanto a isto não há volta a dar. Desvalorizando estas particularidades, fica para a história o que aconteceu e que, mesmo com esses ónus e encargos das famílias, os jovens levaram, pois levaram, uma boa e inesquecível experiência, de Guisande e certamente de todos os locais onde estiveram alojados. Afinal, nada lhes faltou!