7 de agosto de 2025

Talvez seja tempo de limpar, digo eu

 


Confesso que, porque por lá já passei, compreendo as dificuldades de uma qualquer junta de freguesia em manter os espaços públicos e bermas das nossas ruas e caminhos em bom estado de limpeza. Falta de pessoal e de recursos neste concelho vibrante. O mal é geral, sobretudo pelo nordeste.

Estas e outras fotos similares, poderiam já ter sido expostas há um mês porque a situação arrasta-se. Apenas as publico porque, para além de já estarmos numa situação de não poder usar os passeios devido à vegetação, nomeadamente nos lugares da Leira e Pereirada, quando fiz parte da Junta este tipo de situações eram alvo constante de críticas da então oposição, o que até se compreendia apesar da Junta de então lidar com uma situação financeira bem difícil decorrente da transição das freguesias para a União. 

Também por esses tempos, por cá não faltava gente interessada e diligente a apontar e a publicar estas e outras situações de abandono. 

Mas, vá lá saber-se porque razão,  mudaram os tempos e algumas dessas pessoas terão perdido capacidade de visão e de intervenção, o que também se compreende.

Mas, mais a sério, sem qualquer ironia, mesmo percebendo todas as dificuldades, vai mesmo sendo tempo de limpar. Uma boa parte já foi limpa no período antecedente à festa do Viso, depois de meses por limpar. O troço da rua frente à minha porta não é limpo desde há três anos. Não sei por que motivo, talvez porque se pense que ali não mora gente. Os vizinhos vão limpando mas eu, sinceramente, cansei-me.

Mas sim, vai sendo tempo, mesmo que a daqui a dois meses a coisa vá mudar de figurino. Apesar disso, concerteza que na futura Junta vão continuar as dificuldades, porque, convenhámos, não há milagres.



6 de agosto de 2025

E lá se acabou a nossa festa!


Para este ano, pois claro, que para o ano, se Deus quiser e festeiros houver, lá se repetirá.

Os andores já foram removidos a toque de caixa da capela, pois que por hoje há ali cerimónia. A igreja é fresquinha mas grande. Sendo a capela mais maneirinha, pouca gente que venha parecerá muita. Além do mais, que mais se pode desejar para a vida que nos falta, senão paz, saúde e boa fortuna?

Sou de poucas rezas, e faço-o mais com o pensamento e coração do que com a boca, mas será raro o dia em que não invoque aquele par de gente santa que preside à capela do Viso. Talvez por ter nascido e crescido à sua sombra, e habituado desde pequerrucho a assistir ao montar e desfazer da romaria. Eram outros os tempos e mesmo o recinto há muito que mudou de cara.

Mas dizia, terminou a festa deste ano. Os abnegados festeiros, já num aliviar da tensão e da freima, limparam a casa e desmontaram as tendas. Faltará pouco mais que fazer as contas, mas uma qualquer folha de Excel dará uma ajuda — e, na certa, digo eu e esperamos todos, com bom saldo positivo, porque a capela esteve em obras e o dinheirinho é preciso.

Entretanto, a Almeida Rádio, velhinha instituição da nossa terra, virá remover a ornamentação, e não tardará que o velho monte do Viso volte à serenidade costumeira — e já se poderá ouvir o chocalhar da água da fonte vinda do monte de Mó e o toque das horas.

É certo que o Centro Cívico ainda vai tendo algum (pouco) movimento, mas a malta, apesar de afanada com a sueca, é gente boa e pacífica, e se alguma caralhada dali vier, nem se dará por ela.

É assim o ciclo da vida, um círculo redondinho sempre a girar certinho, mesmo que nos pareça que com sobressaltos. Daqui a nada, espera-se que apareça uma outra voluntariosa Comissão de Festas e recomece a faina: abordar a banda de música — e será bom que seja uma diferente (que comer arroz todos os dias enjoa) —, apressar a contratação de artistas, porque cada dia a oferta se limita e encarece, o peditório da esmola da eira, a voltinha aos patrocinadores, sempre cansados e teimosos em dar uma nota de vinte, as voltinhas semanais para o sorteio do presunto, organização de torneios de sueca, de futsal e de tudo o mais que possa reunir a tropa da comunidade e juntar uns tostões.

Do que foi feito este ano, acho que seria interessante manter o jantar e fazer mais almoços — de feijoada ou massa à lavrador — debaixo da sombra do sobreiro. E tudo o mais que, com imaginação e sentido positivo, possa ser realizável.

Depois, na recta final, será o costume, e os dias próximos à festa serão intensos. Talvez importe, digo eu, que a missa volte a ser pela fresca da manhã e que a pagela dos santos, junto à caixa de esmolas, volte a ter estampado  um Santo António que seja nosso. No resto, a comunidade, Deus e sua Mãe — a Senhora da Boa Fortuna — ajudarão, pelo que a festa, a nossa, voltará para o ano e com ela nova reunião da família guisandense.