31/10/2025

O castelo ruíu e não sobrou nada

Fui informado de que no fecho das contas da defunta União de Freguesias, apenas irá sobrar um saldo de pouco mais de 16 mil euros, o que dividido proporcionalmente pelas quatro novas freguesias, a Guisande calhará, mais coisa menos coisa, 3 mil euros. Sou de opinião de que esta verba seja doada a uma instituição de caridade.

Verdade se diga, a perspectiva deste saldo final tão insignificante nunca foi surpresa, pelo menos para mim, e de há muito se sabia que os cerca de 350 mil euros que a Junta do PS herdou do anterior mandato PSD iria ser gasto na totalidade. 

Com isto, tinham razão aqueles que disseram que assim não custava governar e fazer brilharetes, porque com o dinheiro deixado pela gestão de outros. Mas, tenho para mim, que quem mais culpa teve neste processo foram os que no anterior mandato, por manifesta incapacidade, por mau cálculo ou porque apenas poupadinhos, se permitiram ao luxo de deixar tão avultado saldo. Creio que no concelho da Feira e arredores terá sido inédito, deixar de fazer obras essenciais e melhoramentos necessários, para com isso perderem as eleições e, como se costuma dizer na gíria, e passe a expressão, "entregarem o ouro ao bandido".

Sendo assim, se bem ou mal gasto, certo é que foi gasto, quase até à última gota. Eventuais questões de obrigação ética e proporcionalidade em deixar um saldo similar ao recebido, aqui pouco contam para o totobola, porque certamente que foi gasto dentro de toda a legitimidade e legalidade. Se era bonito ser transmitido um saldo semelhante ao recebido? Concerteza que sim, até como prova de que uma boa gestão não precisa de prendas extra, mas isso já é entrar no domínio dos sonhos cor-de-rosa com fadas e unicórnios. O mundo real é outro e nem sempre se compadece com lirismos.

Em resumo, nada me surpreende este desfecho e estas contas. De resto, sabia-se que desde que a desagregação se transformou numa realidade, tornou-se claro que nada de substancial iria sobrar, e antes disso o compromisso assumido publicamente no apoio ao relvado sintético do campo de jogos do Guizande F.C.  já tinha ido ao ar.

Por conseguinte, sabia-se que o castelo da União de Freguesias, sem alicerces sólidos, estava a ruir e caíu assim, com estrondo, mas sem surpresa.  Agora é levantar dos escombros e voltar a pôr a nossa freguesia nos carris, porque em todo o tempo da união de freguesias foi de facto tempo perdido e com pouco proveito.

Quanto aos 3 mil euros, sim,  acho que se deviam doar a uma instituição de caridade. Concertza que o digo com alguma ironia, mas porque não? Seria simbólico.

A caminho dos 50

 





29/10/2025

Cadernos da Memória 2 - Compasso da Páscoa e Juíz da Cruz


Continuando com a série de apontamentos designada de "Cadernos da Memória", um olhar sobre a tradição na nossa freguesia sobre o Compasso da Páscoa e Juíz da Cruz.

Fica aqui o link para o documento: 

https://tools2web.live/livros/livro4?=v1

28/10/2025

Olhares de outros tempos

 


Fotografia da década de 1980, anterior à construção da alemeda frontal à igreja matriz bem como da construção da capela mortuária.

27/10/2025

Sondagem Analfabetismo / 83


Em 1983 o jornal "O Mês de Guisande", de que fui fundador e redactor, realizou um trabalho então inovador na freguesia de Guisande, o de fazer uma sondagem sobre o analfabetismo, a que designou de Sondagem Analfabetismo / 83.

Com dedicação e muito trabalho de campo e depois do apuramento dos resultados, foi feito um retrato quase fiel dessa situação que então, há mais de 40 anos, era ainda significativa. Concerteza que não foi possível realizar o trabalho de forma exaustiva abrangendo todas as casas, famílias e pessoas, mas mesmo assim de forma representativa e mesmo significativa.

Inicialmente o trabalho visava apenas a questão do analfabetismo mas, aproveitando o trabalho de campo, foi mais além e alargado a outros temas que enriqueceram o projecto e ajudaram a traçar o retrato da freguesia. Foi, pois, um documento importante e hoje, à distância temporal de mais de quatro décadas, é já um elemento histórico.

O trabalho, apesar dos meios escassos então disponíveis, sem computadores ou outras ferramentas que hoje dispomos, foi publicado com quadros e gráficos,  na edição de Setembro de 1984.

Partilho aqui o link para esse livro digital", que faz parte da série "Cadernos da Memória".

Segue o link:

https://tools2web.live/livros/livro3

25/10/2025

Nota de Falecimento - João Paulo Oliveira da Silva


Fomos confrontados com a notícia de que faleceu o jovem João Paulo Oliveira da Silva, filho e neto de gente da nossa comunidade de Guisande, sendo que residia em Louredo.

O funeral será amanhã, Domingo, dia 26 de Outubro, pelas 10:30 horas com cerimónias fúnebres na igreja matriz de Guisande. No final será sepultado no cemitério local.

Nesta hora de consternação, profunda perda e tristeza, expresso os meus sentidos sentimentos  aos pais, irmãos, avôs e demais familiares. Certamente a sua alma já estará em paz e que assim eternamente descanse.

24/10/2025

O que estará a acontecer?

São, de facto, cada vez mais correntes os episódios de agressões de filhos, mesmo de crianças, aos pais, de alunos aos professores, dos bandidos às forças de segurança e autoridade. No limite, como ainda agora esta semana, a notícia chocante de um filho adolescente, com 14 anos, em Vagos, a assassinar a mãe à queima-roupa, por motivos fúteis. Paralelamente parece registar-se uma onda de suicídios de gente jovem.

O que estará a contecer? Estamos a colher os frutos do que temos vindo a semear enquanto sociedade, que, com políticas centrais erradas e permissivas, tem vindo a desleixar ou mesmo a perder valores, como a importância da família, da autoridade e da disciplina?

Algumas reflexões e possíveis causas:

- Crise de sentido e de valores

É certo! Vivemos numa época de grande incerteza — moral, social e emocional. As referências tradicionais (família, religião, comunidade, escola) perderam parte da sua autoridade e coesão. Muitos jovens crescem sem um "norte" claro, sentindo-se perdidos, sem propósito ou esperança.

- Má influência das redes sociais e da cultura digital

As redes sociais têm tido um impacto enorme na autoestima, na perceção da realidade e nas relações humanas.

Comparação constante: Os jovens comparam-se com vidas "perfeitas" e sentem-se inferiores e insatisfeitos com a vida que têm.

Desumanização: O excesso de interações virtuais ajudar a diminuir a empatia e aumentar comportamentos agressivos.

Banalização da violência e morte, nas redes sociais, na televisão, no cinema, nos jogos, etc.

Isolamento: Apesar da hiper-conectividade, há solidão e sensação de desconexão real.

- Famílias fragilizadas e ausência emocional

A família convencional está cada vez mais desestruturada. Os divórcios são coisa vulgar com todos os problemas inerentes quanto ao enquadramento dos filhos. Em muitas famílias, há pais ausentes (mesmo que fisicamente presentes); falta de diálogo e escuta; sobrecarga emocional e económica; inversão de papéis (filhos com demasiado poder, pais sem autoridade).

O amor sem limites e a ausência de estrutura podem ser tão prejudiciais quanto o autoritarismo e a falta de afecto.

- Pressão psicológica e saúde mental

A ansiedade, a depressão e outros distúrbios emocionais estão a aumentar de forma alarmante entre jovens. As causas incluem: exigência de sucesso constante (escola, aparência, popularidade); insegurança quanto ao futuro; falta de espaço para lidar com a frustração e o erro.

Muitos jovens não aprenderam a gerir emoções — e quando a dor se torna insuportável, alguns dirigem-na contra si próprios (suicídio) ou contra os outros (violência).

- Contexto social e cultural mais amplo

Vivemos num mundo marcado por desigualdade e sensação de injustiça; consumo como valor central (o ter a ser mais importante que o ser); perda da confiança nas instituições; percepção de insegurança e descrédito das entidades que a deviam controlar;  discurso público agressivo e polarizado.

Tudo isso cria um ambiente emocional tóxico, onde a empatia e o respeito pelos outros, incluindo próximos, parecem estar em falta.

- Para uma pergunta de100 milhões de euros para a resposta certa, o que se pode fazer, sabendo-se que as coisas já não se resolvem apenas no seio familiar mas com medidas de carácter geral que envolva a sociedade e o próprio Estado, no que parece ser uma impossibilidade de inversão do combóio em movimento?