29 de janeiro de 2023

Nota de falecimento



Faleceu meu primo paterno, António de Oliveira Santos, de 81 anos [01 de Agosto de 1941 a 29 de Janeiro de 2023]

Filho da minha tia Delfina, casado com Maria da Conceição Alves Lopes.

Morava na Rua do Reguengo - Guisande.

Cerimónias fúnebres na próxima Terça-Feira, 31 de Janeiro, na igreja matriz de Guisande, pelas 15:30 horas, indo no final a sepultar no cemitério local.

Missa de 7.º Dia na Sexta-Feira, 3 de Fevereiro, pelas 18:30 horas, na igreja matriz de Guisande.

Sentidos sentimentos e profundo pesar aos seus familiares, de modo particular à esposa e filhos.

Era um bom ser humano. Que Deus o tenha junto a si e que descanse em paz.

Até de burro...


Somos assim, e mais  nada! Corremos o mar e a marinha, como quem diz o mundo e arredores, e quem tiver vontade e algum tempo para a coisa, porque parece que as viagens, se marcadas com tempo, são ao preço da uva chorona, em pouco tempo tem um álbum fotográfico de selfies com os ex-libris de vários sítios e cidades do mundo como cenário. Há quem o faça só por isso, porque no essencial é passar e andar. Importa obter o carimbo dos lugares de passagem e depois é publicar nas redes sociais para mostrar aos amigos e aos outros que se é uma pessoa fixe, viajada e aventureira.

O Mingos é uma dessas pessoas e, até porque emigrante desde cedo pelas franças, já correu meio mundo, pelo menos aquele em que todos querem ir. Pois se para além da França, já esteve em quase todos os países da Europa, incluindo a Grécia , imagine-se, tendo nascido e feito casa a 30 quilómetros de distância e a meia hora de viagem, pouco mais, nunca foi a Arouca. Até mesmo Castelo de Paiva, Vale de Cambra ou Sever do Vouga, etc, são destinos onde nunca pôs os pés nem os olhos. E, claro está, tirando uma ou outra cidade mais grandita, desconhecerá por completo o país onde nasceu, Portugal, incluindo o seu interior e aldeias e vilas dispersas por montes e vales.

Em resumo, somos uns viajados do caneco, uns cosmopolitas, mas ao longe. Ao perto, mesmo na borda do do nosso ninho, pouco ou nada conhecemos. Será porque é de pouco monta ou significância? Bem sabemos que o convento de Arouca não pode competir com a torre Eiffel ou com o Partenon nas rotas do turismo de massas, mas, porra, é Portugal e para lá ir nem é preciso andar de avião ou de barco. Até de burro lá se vai numa manhã.

26 de janeiro de 2023

O altar a faltar à simplicidade

A propósito das notícias relacionadas com os custos da organização da Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá no princípio de Agosto, em Lisboa, nomeadamente com o valor que se vai gastar com o palco, qualquer coisa como 4,2 milhões de euros, a que acresce mais um milhão e picos para fundações, a comprovar-se considero que de facto é um absurdo e despropositado tal gasto. Mesmo considerando que a coisa vai ser suportada pelo município lisboeta, é exagerado. Creio que o palco, pelo propósito, deveria ser o mais singelo possível. Funcional quanto baste, mas sem aparato desnecessário.

Para além do mais, e do dinheiro a investir pela Câmara Municipal de Lisboa, vão ali ser aplicados muitos outros milhões de euros do orçamento do Estado, o dinheiro de todos nós. O país farta-se de financiar obras em Lisboa, como é este caso e como foi a Expo 98. Uma festa!

Para além deste absurdo faraônico, que não fica bem e um evento da Igreja, no muito que se tem criticado há também muita hipocrisia. Lisboa paga mais do que isso com o evento Web Summit (11 milhões por ano) e o suposto retorno económico não se equipara ao previsto para a JMJ. E, todavia, parece que toda a gente gosta e acha muito bem.

Em resumo, para além da muita hipocrisia de muitas das críticas, vindas de vários quadrantes da sociedade, reafirmo que me parece um gasto exagerado mesmo que até se considere, como dizem, que a infra-estrutura ficará ali para eventos futuros. Parece paradoxal todos estes gastos, com dinheiro à fartazana, e depois andamos a pedir às famílias portuguesas que deem alojamento, cama e mesa a largos milhares de jovens. É algo que não encaixa.



24 de janeiro de 2023

Pedradas...

...Quem nunca tomou conhecimento e aprovou uma indemnização de meio milhão de euros a uma correligionária, e depois esqueceu-se disso, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca fez um orçamento de 750 milhões de euros e que logo de seguida resvalou para três milhões, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca foi secretária de Estado por 24 horas, que atire a primeira pedra.


O problema é que um dia destes não há pedras que cheguem.

22 de janeiro de 2023

Adeus comunidade solidária

Confesso que não me apetece reflectir de forma profunda sobre isso, nem colher ou muito menos dar lições de moral, mas parece-me uma pura constatação de que os nossos jovens quase nunca participam em cerimónias fúnebres, excepto aqueles por questões circunstanciais especiais, desde logo os que pertencem à família dos que partem.

Mas se esta é uma realidade quanto aos jovens, também se nota que dos nossos adultos dos cinquentas para baixo, poucos ou nenhuns se veem num funeral ou mesmo numa missa de sétimo dia, mesmo que a um Sábado ou a um Domingo.

Não são, por isso, sob um ponto de vista moral, nem mais nem menos que os demais, mas que se nota, nota. 

Tenho, naturalmente, algumas razões que me parecem justificar esta realidade, mas para o caso pouco importam. Mais que um mero desrespeito, que não é, ou desinteresse por quem parte ou por quem da família fica e sofre as dores do luto, há sobretudo um comodismo, uma indiferença quase generalizada. E isso porque em grande parte as pessoas já não se conhecem numa perspectiva de comunidade. Cada um leva a sua vidinha sem grandes rasgos de vivência fora de portas ou do círculo restrito da família chegada. Cada um está por si, pelo que quando morre o Ti Manel ou a Ti Maria, mesmo que da vizinhança, ninguém sabe, ninguém conhece ou não quer saber. 

É certo que tantas vezes os funerais são marcados para horas impróprias e inadequadas para quem trabalha e tem responsabilidades. Eu próprio, por isso, acabo por não participar em alguns funerais, com pena, mas procuro sempre que posso e logo depois, transmitir pessoalmente os sentimentos aos familiares mais próximos.

Em todo o caso, há sim, porque é notório e evidente, um desinteresse generalizado, e não espanta, pois, que ninguém deixe de fazer o que tem a fazer, mesmo que no domínio do recreio e lazer, para ir participar comunitariamente nas cerimónias de despedida de algum dos dos nossos que partiu e para, de algum modo, ajudar a mitigar a dor dos familiares nesses momentos de tristeza e pesar. Quem passou por elas, sabe que é reconfortante um apoio da comunidade.

Mas é o que é e não há volta a dar. Estas coisas vão neste sentido e não tardará, daqui a mais duas ou três gerações, desaparecidos os actuais mais velhos, que um qualquer funeral seja um mero frete reservado apenas à participação e responsabilidade dos familiares, e nem todos. Cada um por si. A indiferença ganha campo.

Adeus, comunidade solidária! Descansa em paz!

A rotina quebrada

O Francisco do Vieira enviuvou cedo. Depois de desanuviada a negra nuvem da dor do luto, ainda o rondaram, pretensiosas, algumas pretendentes, sabedoras da sua gentileza, boa estampa, casa montada e emprego estável num dos gabinetes da Câmara Municipal, mas a todas esvaziou-as com a subtileza dos comportamentos de lobo solitário. Considerou que o que precisava depois da partida da sua amada Isabelina, era cumprir na solidão uma caminhada de serenidade, física e espiritual. 

Logo depois, à primeira possibilidade, reformou-se e desde o primeiro dia que se impôs a uma rotina disciplinadora para que não se perdesse numa modorra que conduz ao limiar da loucura. Assim, levantava-se sempre às sete e meia da manhã, espreitasse o sol pela janela do quarto ou nos vidros da jenela batessem as gordas bátegas de chuva. A seguir, na casa de banho, eram sempre quinze minutos para o essencial, o escanhoar da barba e do ordenamento da basta cabeleira, já grisalha. Banhos gostava de os tomar antes de deitar. De seguida o pequeno almoço na pastelaria da esquina, a leitura das goradas nos jornais, e minutos depois caminhava já em passo acelerado pelos caminhos da redondezas, tanto quanto possível por onde não andasse alguém. Ao meio dia e meio era cliente diário no restaurante do Quintela. E era assim o resto do dia com coisas certas, a horas marcadas, como que comandado por um treinador de apito na boca e cronómetro na mão. Conversas, poucas com amigos raros e mesmo assim apenas para não dar ares de bicho de buraco. Mas, não fora essa obrigação social, dispensaria de bom grado as conversas de lana caprina sobre o estado do país, da política e dos políticos, do futebol, etc.. Deitava-se sempre às onze, depois de ler algumas páginas de um dos muitos livros, e em regra dormia bem até que o ciclo recomeçava no dia seguinte. Corriam os dias, as semanas e os meses e com eles os anos pareciam  cavalgar num trote certinho.

Um dia, porém o Francisco, não se sabe por que carga de razões, quebrou a rotina e foi tomar o pequeno almoço na freguesia vizinha e foi servido por tão graciosa rapariga, de olhos negros profundos, num corpo esbelto de viço, e tão simpática e afável como se o conhecesse desde sempre. Não consegue justificar-se sobre que aranha lhe mordeu quando percebeu que começou a ir ali, não apenas uma, mas duas ou três vezes por semana. E pouco mais à frente, já era presença diária e fazia por prolongar aqueles momentos que ali passava simulando que se entretinha a ler o jornal de fio a pavio, mas na verdade sempre com os olhos a fugirem para os da empregada que, mais doces que os pastéis que servia, os retribuía. Começou a baralhar as tarefas que tinha na rotina inabalável dos seus dias, saltando umas e adiando outras. Começou a dormir mal e aquela rapariga, tenra e deslumbrante, era presença nos seus sonhos nocturnos e pensamentos à luz do dia.

Certo é que passados alguns meses toda a freguesia ficou pasmada quando foi noticiado que o Francisco se juntara à Teresinha da pastelaria Estrela da Manhã, e mudara lá para os lados de Castro Daire, de onde era natural a moça.

Há assim nas nossas vidas um não sei quê de que destino, fatalidade ou apenas acaso, que quando damos por ela, dá cabo das mais fundamentadas rotinas, descompondo ideias, desorganizando sonhos, distorcendo as linhas rectas e paralelas que nos guiam, fazendo descarrilar o comboio com as dezenas de carruagens onde arrumos as coisas certinhas.

Feitas as contas, terá sido melhor assim. Seria demasiado penoso que o Francisco não fosse capaz de se desamarrar daquela disciplina monocórdica que lhe fazia os dias todos tão iguais, tão minuciosamente agendados e preenchidos em todos os minutos e horas do dia e da noite, que às tantas aquilo já não era vida, mas somente um existir, um ponteiro de relógio preso ao eixo da engrenagem.

Não sabemos como corre a vida para o Francisco com a fresca Teresinha, lá por Castro Daire, mas por mais revolta e imprevista que seja, será certamente vida e vivida, em que cada dia é diferente do anterior como inesperado será o seguinte. Sem regras, apenas de improviso. Porventura, descascada a sumarenta da companheira, já a achará chocha, desenxabida, ou ela, de tanto o já ter espremido, seguiu para outro pomar, mais fresco. Talvez, uma ou outra coisa ou nenhuma delas, mas na certeza de que a vida do Francisco deu uma volta de pernas-para-o-ar. Se caiu de patas como os gatos, se de cu, por ora ainda não se sabe.

21 de janeiro de 2023

Recolha de sangue - 21 de Janeiro de 2023


Decorreu na manhã do dia de hoje, Sábado, 21 de Janeiro de 2023, mais uma sessão de recolha de sangue na nossa freguesia, que teve lugar nas instalações do Centro Cívico do Centro Social, no Monte do Viso.

Foram registadas 46 presenças com 37 dádivas, 8 adiadas e 1 eliminada.

Um agradecimento a quantos colaboraram com a equipa de recolha e aos participantes. Uma generosa dádiva num momento em que tem sido noticiada a redução das reservas de sangue no nosso sistema hospitalar. 

Bem hajam!