3 de dezembro de 2018

Discrição


Tendo em conta a importância social do evento, tanto para a freguesia como para a União onde se integra, e mesmo para o município, pessoalmente esperava e acharia natural algum prévio enfoque e divulgação da benção oficial da nova igreja matriz da freguesia de Gião, em simultâneo com a festividade local dedicada ao padroeiro Santo André.  Até mesmo pelo valor acrescentado da componente arquitectónica e simbólica do edifício, o que por si só seria motivo maior. 
Admitindo que poderei estar enganado ou distraído na pesquisa que fiz, parece-me que não vi nada publicado, tanto nas redes sociais como nos espaços de divulgação locais, tanto dos jornais como até mesmo da Junta da União das Freguesias.
Passou, pois, um pouco ou muito ao lado. Numa época em que não faltam meios de divulgação, parece-me que ficou algo por fazer. É pena, digo eu, que não sou gionense mas sou da União de Freguesias.
Quando falhamos nas pequenas coisas é legítimo duvidar-se da capacidade de fazermos as grandes.

26 de novembro de 2018

Trancas à porta




Longe vão os tempos em que na aldeia saía-se para o campo, para o pinhal ou a qualquer outro destino das voltas do quotidiano e bastava encostar a porta, sem fechos nem trancas. É certo que pouco por ali ficava com valor que despertasse a cobiça dos amigos do alheio ou da curiosidade da vizinhança, mas havia respeito pelos proprietários e pelos bens dos outros, mas também muito medo do castigo por alguma tentação de furto.

Esses tempos, porém, como disse, vão longe e hoje em dia nem com trancas à porta, alarmes ou daqueles cães que nem o próprio rabo respeitam à fúria dos seus dentes. Rouba-se com a maior das naturalidades porque quase sempre encobertos, os artistas do gamanço, pela impunidade e pouca autoridade das forças ditas de segurança e ordem pública. O castigo, quando o há, é invariavelmente macio, quando muito com uma repreensão e umas horitas de trabalho comunitário que não se cumprem. Assim está em alta a gatunagem e para se viver com relativa  qualidade deixou de ser imperativo o trabalho sério e honesto.

Estas duas fotos, são assim significativas e emblemáticas do passado e do presente, do respeito e da falta dele, da autoridade e da falta dela. Mas o politicamente correcto não gosta destas comparações e prefere termos e conceitos bonitinhos e supostamente inclusivos e tem medo de chamar os bois pelos nomes e, mais do que isso, pegá-los pelos cornos. 
Assim sendo, como já se apregoava na Idade Média quando se tomava pela força das armas um castelo ou uma cidade, é fartar vilanagem!

21 de novembro de 2018

Deu em pedreira...


Novamente a tragédia e depois dela virão, espera-se, as "trancas à porta". Foi assim em 2001 com a queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios e Castelo de Paiva. 
Desta vez, entre Borba e Vila Viçosa, no Alentejo, com a derrocada de uma estrada ladeada perigosamente por profundas pedreiras de mármore. A tragédia, em números de mortos não se compara à da queda de ponte, mas é igualmente uma fatalidade, para quem nela perdeu a vida, para os familiares, para a região e para o país porque uma vez mais constata-se que as autoridades , as instituições e sobre elas o Estado não sabem tomar conta dos seus. Ainda ontem nos jornais se informava o aumento de fugas e criminalidade entre os menores à guarda do Estado. Um Estado sem autoridade, um pouco, como dizia há dias Manuel Alegre, refém do do fundamentalismo do politicamente correcto.O contexto era diferente, mas a génese é a mesma.

Posto isto, enquanto se procura resgatar os que ainda estão envoltos pelos destroços de uma pedreira lamacenta, surgem as questões de que como tal foi possível, quando parece evidente que os sinais anunciados da tragédia eram notórios desde há anos. Mas, pelos vistos, a começar pelo presidente da Câmara de Borba, estão todos tranquilos e sem peso nas consciências, os industriais do mármore, os técnicos, os autarcas e os políticos. Em 2001, Jorge Coelho, Ministro do Equipamento demitiu-se. Por ora ninguém se chegou à frente.

Certamente que entretanto virá a Justiça averiguar das responsabilidades mas a culpa irá novamente morrer solteira porque já se percebeu que este drama é uma pescadinha de rabo-na-boca e o capote há-de ser bem sacudido. O presidente Marcelo há-de lá ir dar uns abraços solidários, as famílias receberão uns milhares e a coisa há-de passar à história e, infelizmente, dramas acontecem todos os dias, mesmo neste nosso pequenino Portugal. Entretanto os holofotes da nossa ávida comunicação social virar-se-ão para outra qualquer coisa em grande, talvez quando o messiânico Cristiano Ronaldo voltar à selecção. Por ora estão de mármore e cal para os lados de Borba.

Creio que numa qualquer estrada nacional, como foi aquela até há poucos anos, não se podia construir uma casa a menos de 15 metros da via e um insignificante muro a pouco menos, mas ali, às portas de Borba, a pedreira com uma profundidade absurda pôde ir até pouco menos do que isso, sem margem de segurança adequada. Dizem hoje os jornais que licenciada assim pelo Estado.

Como foi possível? Qual a negligência técnica e qual a ganância de se extrair umas toneladas de calhaus até à extrema de uma estrada onde diariamente circulavam pessoas e viaturas?  Qual a lei e os quais os regulamentos que o permitiram? Qual a cegueira de não se ver ali uma eminente tragédia e em face disso tomar medidas de supressão da estrada?

Não faltarão respostas que, contudo, já de nada servem para quem morreu de forma trágica.
Que possam pelo menos ajudar a evitar  outras no presente e no futuro.

20 de novembro de 2018

E poupança, não?...


Li por que, até 30 de Novembro, estão abertas as inscrições para o Programa de Voluntariado Inter-geracional, dirigido a jovens, maiores de 16 anos, e a seniores, a partir dos 55 anos, disponíveis para colaborar em áreas que permitam a sua intervenção activa na comunidade, a aquisição de novas competências e a valorização do tempo.

Não tenho dúvidas que quem participa em programas de voluntariado, seja em que áreas for, adquire conhecimentos, logo valorização, para além de enriquecimento quanto à cidadania. Já os conceitos de superação e atrevimento, valem o que valem e pelo menos ficam bem no cartaz, porque modernos.

Mas cheira-me também que por detrás destas oportunidades e constantes apelos ao voluntariado, reside um certo oportunismo porque dele o benefício directo com poupança em pessoal. Mas esta, a poupança, nunca é referida nem valorizada nos grafismos. Pode até haver alguma despesa residual com os voluntários, mas não é difícil supor a substancial economia que deles resulta pois que, à falta dessa mão de obra, que se pretende atrevida, a mesma teria que ser suprida por funcionários da casa ou contratados a empresas externas. E sabe-se que esta mão de obra contratada não se paga apenas com lanches ou apelos à superação e ao atrevimento.
Mas sim, são boas oportunidades para quem gosta de fazer alguma coisa e tem muito tempo livre.

Por cá, não é fácil ser-se voluntário em contextos da freguesia e da paróquia, porque para além de nada se ganhar, como é expectável e natural, quase nunca há qualquer reconhecimento pela dedicação, empenho e tempo despendido. Pior do que isso, é, regra geral, receber-se críticas e insinuações de interesses e vaidades. Ora quando assim é, não deve surpreender que cada vez mais se note a indiferença das pessoas em integrarem grupos, movimentos e causas e deles fugirem como o diabo da cruz.
É claro que com isso ficamos, enquanto comunidade, mais pobres, mas também não é menos verdade que esta perspectiva já poucos incomoda. Recusa-se, por isso, fazer parte de uma qualquer comissão de festas ou de uma colectividade com toda a naturalidade e legitimidade inerentes a quem se considera como desligado da sociedade, vivendo apenas de si para si. Afinal de contas quem quer trabalhos, responsabilidades, canseiras e tempo perdido a troco de nada e apenas recebendo críticas e desconsiderações?

19 de novembro de 2018

Nota de falecimento


De forma inesperada faleceu Maria Isaura Pereira dos Reis, viúva, de 70 anos (20 de Abril de 1948 - 17 de Novembro de 2018). Vivia no edifício de Habitação Social em Casaldaça - Guisande.
Velório na Capela Mortuária de Guisande, na Quarta-Feira, dia 21 de Novembro de 2018, com chegada do corpo prevista para as 13:30 horas.
Funeral e cerimónias fúnebres com missa de corpo presente na  Igreja Matriz de Guisande, no mesmo dia, pelas 15:00 horas, indo no final a sepultar no cemitério local.
A Missa de 7º dia terá lugar na Igreja Matriz de Guisande na próxima Sexta-Feira, dia 23-11-2018, pelas 17:30 horas.
Sentidos sentimentos a todos os seus familiares. Paz à sua alma! Que descanse em paz!

16 de novembro de 2018

Banco Solidário



No próximo Domingo, dia 18 de Novembro, pelas 15:00 horas (Dia Mundial do Pobre), o Grupo Solidário de Guisande vai inaugurar o seu Banco Solidário, em parceria com o Fórum Social da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande.
O Banco funcionará numa das salas da desactivada Escola Primária da Igreja em Guisande. Terá como objectivo a partilha de bens, nomeadamente de vestuário e outros produtos têxteis, com famílias mais carenciadas. 
Para além da doação e partilha estará aberto à recolha e recepção de produtos que possam ser utilizados no contexto e objectivos do Banco Solidário. 

14 de novembro de 2018

E dizem que há falta de trabalhadores


Por estes dias a comunicação social virou os holofotes para a situação de três famílias de refugiados sírios que há cerca de um ano e meio foram acolhidos em Portugal à guarda da Fundação ADFP de Mirando do Corvo. Parece que terminado o prazo do programa de acolhimento e apoio, as famílias teriam que deixar as instalações pertencentes à instituição. Não o tendo feito e para forçar a saída terão sido cortados os abastecimentos de electricidade e água.
Por sua vez, os refugiados sírios queixam-se de que a Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFFP) pretende cobrar uma renda de 340 euros por cada apartamento T3, incomportável para a sua situação económica já que cada agregado  recebe cerca de 500 euros de apoio social da Segurança Social. Dizem assim que se pagarem os 340 euros de renda ficam sem dinheiro para as restantes despesas. Neste pressuposto terão até apresentado queixa na GNR.
Por sua vez a Fundação justificou que terminou o programa de apoio concedido e que de acordo com as regras pré-estabelecidas e acordadas, cada família deveria autonomizar-se e passar a pagar a renda de casa, água, eletricidade. 

Sem querer fazer grandes juízos, parece-me, contudo, que este caso pode essencialmente servir de exemplo para a problemática inerente ao acolhimento de refugiados. De facto, num primeiro tempo, a boa-vontade e o humanismo do Estado e de muitas instituições, de que até se fez alarde e publicidade, mas depois, passado essa primeira fase, surgem as dificuldades de adaptação e integração e os problemas inerentes. Uma coisa será apoiar durante um tempo tido como adequado e razoável à normal inserção social, cultural e profissional das famílias e por conseguinte autonomizarem-se, e outra coisa será prolongar o apoio indefinidamente ou mesmo perpetuamente.

Por conseguinte, admite-se a eventual dificuldade de os membros adultos destas famílias arranjarem emprego, mas não deixa de ser estranho quando ainda há dias um qualquer relatório dizia que Portugal precisa de milhares de emigrantes para corresponder à falta de mão de obra. Por outro lado, pelo que se viu da reportagem na TV, os tais emigrantes já dominavam muito razoavelmente a língua de Camões, muito melhor que alguns futebolistas latinos que por cá andam à cagalhões de tempo. Por isso, a língua já não será para eles um obstáculo, querendo realmente trabalhar e integrar-se. Obviamente se não torcerem o nariz a determinados trabalhos.

Cheira-me, pois, que neste caso haverá por ali alguma falta de verdadeira vontade de trabalhar e a fácil tentação de viver prosaicamente apenas à custa do Estado e das instituições. Ora deste tipo de beneficiários, estamos nós cheios e o que mais há por aí é gente a viver à grande e à francesa à custa do Estado Social e, dele, à custa dos demais contribuintes que passam uma vida a pagar para pouco ou nada receber.
Quem dera à maioria dos portugueses viver sem trabalhar, sem pagar renda, electricidade, água e ainda receber o cheque certinho da Segurança Social todos os meses. Era um totoloto. Mas a realidade não se compadece com estas regalias. Há que trabalhar e fazer pela vida.

Este caso, que sirva, pois, de reflexão para a complexidade do acolhimento de emigrantes, refugiados da guerra ou por motivos políticos ou de outra natureza. Que se dê a cana, os anzóis e até o isco, mas não, pelo menos de forma definitiva, do peixe já pescado, limpo e grelhado e até servido na boca. Como sempre, as coisas são bonitas e compreensíveis quando dentro da razoabilidade. Creio que um ano e meio e algumas condições de apoio foram, senão excessivas, foram pelo menos suficientes. Não somos uma Alemanha ou uma Inglaterra mas quem quiser trabalhar ( e não escolher emprego com conta peso e medida) pode viver com toda a dignidade. Pelo menos é assim que vive a larga maioria dos portugueses.

Não generalizando, malandros, oportunistas e vigaristas já por cá temos de sobra, a sugar a teta do Estado Social, situação a que o povo sabiamente classifica como "meio mundo a viver à custa de outro meio".