1 de dezembro de 2019

Nota de falecimento


Faleceu Maria Odília Ferreira Pais, de 86 anos (03 de Maio de 1933| a 30 de Novembro de 2019).
Residia no lugar da Gândara, na Rua Nossa Sr.ª de Fátima, N.º 1481.
Cerimónias fúnebres na Capela Mortuária de Guisande, na Segunda-Feira, dia 02 de Dezembro de 2019, com chegada do corpo prevista pelas 10:00 Horas. Funeral no mesmo dia, pelas 15:30 horas, com missa de corpo-presente na Igreja Matriz de Guisande, sendo no final sepultada no cemitério local em jazigo de família.
A Missa de 7º Dia será na Igreja Matriz de Guisande na próxima Sexta-feira, dia 6, às 17:00 Horas

Sentidos sentimentos a todos os familiares, de modo particular a suas filhas.

27 de novembro de 2019

Memórias Paroquiais de 1758 - Guisande - Lugares


Em 1758, três anos após o terrível sismo de Lisboa de 1755, em certa medida para saber da situação das terras e consequências do terramoto no território nacional, o Marquês de Pombal mandou realizar um inquérito em todas as paróquias. O mesmo foi enviado a todos os Bispos das Dioceses do país, para que por sua vez fosse encaminhado às então 4073 freguesias existentes em Portugal  e respondido pelos seus párocos. As respostas às diferentes perguntas (ver abaixo) deveriam ser tão precisas quanto possível e de seguida remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.

A tarefa de proceder à organização das respostas de todos os documentos coube ao Padre Luís Cardoso, sendo concluída apenas em 1832, já depois do seu falecimento, altura em que se terá completado o índice de todas as respostas aos inquéritos. Os originais das respostas ao inquérito encontram-se na Torre do Tombo.
Na paróquia de S. Mamede de Guisande, sucedendo ao Pe. Manuel de Carvalho, fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, no presente ainda activa, era pároco na altura o Dr. Manuel Rodrigues da Silva, que respondeu ao referido inquérito.

Desde há muitos anos que é de consenso comum e adquirido que a nossa freguesia de Guisande é constituída pela Parte de Cima e pela Parte de Baixo e por 14 lugares, concretamente: Igreja, Quintães, Viso, Cimo de Vila, Outeiro, Estôse, Pereirada, Leira, Gândara, Fornos, Barrosa, Reguengo, Lama e Casaldaça.

No entanto, na resposta ao ponto 6º do referido inquérito de 1758, o pároco referiu as partes ou metades de Cima e de Baixo, bem como os 14 lugares, mas estes com nomes que diferem um pouco da situação actual.
Respondeu o abade que a metade de Baixo era formada por  sete lugares chamados de Reguengo, Barroza, Fornos, Lama, Lamozo e Cazaldaça; e que a outra metade, chamada de Cima, tinha oito lugares, chamados de Leyra, Estôze, Pereirada, Quintam, Oiteiro, Simo de Villa, Quintana e Trás-da-Igreja.
Ora atentos à descrição, e relevando a questão da grafia própria da época, o abade começa por se enganar no total de lugares da parte de Baixo, dizendo 7 quando elenca apenas seis. Além disso, acrescenta os lugares de Lamozo e Quintam (este último que corresponderá a Quintão), mas não refere os lugares do Viso e Gândara.

Claro que ficamos sem saber em rigor qual o uso da época, podendo até ser esse o alinhamento dos lugares da freguesia na época, pelo que posteriormente, certamente devido à expansão dos lugares, terão sido acrescidos o do Viso e o da Gândara enquanto que por sua vez os lugares de Lamozo e Quintam deixaram o estatuto de lugares, passando a sítios, que de resto ainda hoje são conhecidos.

O Abade Dr. Manuel Rodrigues da Silva à data do inquérito já paroquiava Guisande há vários anos pelo que não é crível que ainda desconhecesse a composição por lugares da sua paróquia a ponto de se justificar o que poderia ser um lapso.
De todo o modo, fica a dúvida e o mistério para procurar esclarecer no futuro.

Voltaremos a este assunto das Memórias Paroquiais e o inquérito de 1758 que lhe deu corpo.

Entretanto ficam abaixo as perguntas que constavam do Inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal.

Acrescente-se que, pelo que fui lendo nas respostas dadas por certos párocos de certas freguesias, referentes a várias freguesias, tanto do nosso concelho como de Arouca, Castelo de Paiva e outras, nem sempre os párocos respondiam à totalidade das perguntas ou apenas resumiam as mesmas tanto quanto possível, ou diziam nada ter a declarar. Sendo os padres uma entidade com conhecimento e cultura bastantes, não podiam encontrar desculpa no desconhecimento ou incapacidade de resposta às várias perguntas. Preguiça, certamente, pois tempo é que não faltaria aos então clérigos.


As perguntas colocadas no inquérito de 1758 foram as seguintes:

Parte I: O que se procura saber da terra

1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence.

2. Se é d’el-Rei, ou de donatário, e quem o é ao presente.

3. Quantos vizinhos tem, e o número de pessoas.

4. Se está situada em campina, vale, ou monte e que povoações se descobrem dela, e quanto distam.

5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem.

6. Se a Paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a freguesia, e todos pelos seus nomes.

7. Qual é o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem Irmandades, quantas e de que santos.

8. Se o Pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem.

9. Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta.

10.Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros.

11.Se tem hospital, quem o administra e que renda tem.

12. Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver de notável em qualquer destas coisas.

13. Se tem algumas ermidas, e de que santos, e se estão dentro ou fora do lugar, e a quem pertencem.

14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes.

15. Quais são os frutos da terra que os moradores recolhem com maior abundância.

16. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta.

17. Se é couto, cabeça de concelho, honra ou beetria.

18. Se há memória de que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras ou armas.

19. Se tem feira, e em que dias, e quanto dura, se é franca ou cativa.

20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde ele chega.

21. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do Reino.

22. Se tem algum privilégio, antiguidades, ou outras coisas dignas de memória.

23. Se há na terra, ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas tem alguma especial virtude.

24. Se for porto de mar, descreva-se o sitio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o frequentam e que pode admitir.

25. Se a terra for murada, diga-se a qualidade dos seus muros; se for praça de armas, descreva-se a sua fortificação. Se há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente.

26. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê, e se está reparada.

27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.

Parte II: O que se procura saber da serra

1. Como se chama.

2. Quantas léguas tem de comprimento e quantas tem de largura, aonde principia e acaba.

3. Os nomes dos principais braços dela.

4. Que rios nascem dentro do seu sítio, e algumas propriedades mais notáveis deles; as partes para onde correm e onde fenecem.

5. Que vilas e lugares estão assim na Serra, como ao longo dela.

6. Se há no seu distrito algumas fontes de propriedades raras.

7. Se há na Serra minas de metais, ou canteiras de pedras, ou de outros materiais de estimação.

8. De que plantas ou ervas medicinais é a serra povoada, e se se cultiva em algumas partes, e de que géneros de frutos é mais abundante.

9. Se há na Serra alguns mosteiros, igrejas de romagem, ou imagens milagrosas.

10. A qualidade do seu temperamento.

11. Se há nela criações de gados, ou de outros animais ou caça.

12. Se tem alguma lagoa ou fojos notáveis.

13. E tudo o mais que houver digno de memória.

Parte III: O que se procura saber do rio

1. Como se chama assim, o rio, como o sitio onde nasce.

2. Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o ano.

3. Que outros rios entram nele, e em que sitio.

4. Se é navegável, e de que embarcações é capaz.

5. Se é de curso arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela.

6. Se corre de norte a sul, se de sul a norte, se de poente a nascente, se de nascente a poente.

7. Se cria peixes, e de que espécie são os que traz em maior abundância.

8. Se há nela pescarias, e em que tempo do ano.

9. Se as pescarias são livres ou algum senhor particular, em todo o rio, ou em alguma parte dele.

10. Se se cultivam as suas margens, e se tem muito arvoredo de fruto, ou silvestre.

11. Se têm alguma virtude particular as suas águas.

12. Se conserva sempre o mesmo nome, ou começa a ter diferente em algumas partes, e como se chamam estas, ou se há memória que em outro tempo tivesse outro nome.

13. Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sitio em que entra nele.

14. Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegável.

15. Se tem pontes de cantaria, ou de pau, quantas e em que sítio.

16. Se tem moinhos, lagares de azeite, pisões, noras ou algum outro engenho.

17. Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias.

18. Se os povos usam livremente as suas águas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão.

19. Quantas léguas tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até onde acaba.

20. E qualquer coisa notável, que não vá neste interrogatório.

25 de novembro de 2019

25 de Novembro de 1975

Assinalam-se hoje 44 anos do 25 de Novembro de 1975, o golpe que pôs fim ao Processo Revolucionário em Curso (PREC), estabelecendo condições para a democracia pluralista.

E se há quem queira celebrar esta data, reivindicando até um feriado nacional, outros, mais conotados com os golpistas de 25 de Novembro, nomeadamente a extrema-esquerda, preferem não comemorar. Mesmo o PS, então, por Mário Soares, um dos oponentes ao rumo para uma ditadura de esquerda, tem adoptado uma postura de "nem sim nem sopas", não pretendendo ferir susceptibilidades à sua esquerda, já que vêm aí lutas para as quais precisa do seu apoio.

Para muitos, o 25 de Novembro de 1975, foi mesmo o início do processo democrático e dele emergiram as figuras dos então tenentes-coronéis Jaime Neves e Ramalho Eanes, que tiveram papel determinante ma oposição ao golpe militar, sendo que este último  veio posteriormente a ser presidente da República.

Até então, e desde o 25 de Abril de 1974, vivia-se num "banho maria" revolucionário e não faltava no seio do MFA (Movimento das Forças Armadas) quem quisesse levar o país para uma ditadura, já não de direita, derrubada, mas de esquerda.

Esta questão da importância da data do 25 de Novembro só não tem sido tão generalizada e mesmo celebrada porque ainda mexe com resquícios desses tempos e deles ainda anda por aí muita gente, incluindo os golpistas e seus apoiantes. Até o presidente Marcelo, no seu low-profile parece não querer mexer na "coisa" com receio de soltar maus cheiros, amaciando com um salomónico "...ninguém deve apropriar-se das datas".

Assim sendo, que não se mexa na dita cuja.

O fracasso das uniões


Em artigo de opinião publicado na edição de 18 de Novembro último do jornal "O Correio da Feira", o ex-presidente da Junta de Freguesia de Pigeiros, Feliciano Pereira, realça o fracasso da reforma administrativa e da união de freguesias que juntou a sua à das Caldas de S. Jorge. 

No artigo, para além de outras considerações elenca uma lista de situações que justificam, no seu entendimento, o fracasso e a perda de identidade, cultura, história e autonomia, sobretudo das freguesias mais pequenas e com menos peso no contexto das uniões.

Algumas das situações que indica, são graves se corresponderem à verdade, e servem de parte da justificação do fracasso dos pressupostos inerentes à reforma administrativa. Conceitos propalados como maior eficiência de meios humanos e equipamentos e maior proximidade às pessoas só podem ser brincadeira de mau gosto ou cenouras para enganar burros. Este desfasamento entre o que se prometeu e a realidade, em grande parte resulta da ainda incapacidade dos presentes autarcas em não perceberem a nova realidade e as dinâmicas necessárias a uma integração horizontal e inclusiva.

Neste contexto, a "revolta" do Feliciano é exactamente a mesma, a sentida pelo grosso da população das demais freguesias envolvidas em uniões. Em todos os aspectos houve um nítido e objectivo prejuízo e empobrecimento das freguesias mais pequenas, constatando-se um degradação geral mesmo nos aspectos mais básicos e elementares. Só não vê quem não quer ver. 

É certo que apesar da sua inutilidade de princípio, uma união de freguesias não tem necessariamente que estar condenada ao fracasso e à revolta constante  das populações. Muita e boa coisa pode ser feita, mas muita coisa tem que mudar, desde logo a filosofia e os modelos que têm sido seguidos até aqui. E porque muito importante, convirá não esquecer que qualquer rei fraco faz fraca a sua forte gente. É elementar e do abecedário da política autárquica.

24 de novembro de 2019

O milagre da multiplicação ou...não há cofre como o da D. Adelaide

Há alturas em que temos que vestir aqueles vestidinhos de tule coloridos, incluindo as asinhas, indispensáveis, e fazermos figura de anjinhos, tal qual aquelas adoráveis criancinhas que ornamentam as cerimónias de comunhões e procissões solenes. 

Nesse papel, de anjinhos, em que com elevada candura em tudo acreditamos, incluindo no Pai Natal, no Harry Potter e no Luís Montenegro, podemos então ler e reler as conclusões da investigação no chamado Caso Marquês, nomeadamente os últimos interrogatórios do juiz Ivo Rosa ao José Sócrates, transcritos e escarrapachados nas edições do jornal “Correio da Manhã”, podemos supor e pressupor que o homem está inocente, que tudo aquilo é uma enorme e “injuriosa” cabala do Ministério Público contra o pai do Magalhães, e das acusações e indícios não fazermos quaisquer julgamentos e juízos de valor. 

Em suma, Sócrates, sua mãezinha, primos e amigos, são todos gente séria e honesta, dignos de figurar nos melhores compêndios de moral e civismo. A seu tempo a Justiça pronunciar-se-á, mas já antevemos que daquela enorme tripa que é a investigação, quando muito vão escapar dois ou três peidinhos. 

Mas deixando essas coisas da Justiça de lado, e cinjindo-nos ao que parece em tudo isto ter mais relevo, é a narrativa do José Sócrates quanto às explicações e justificações para o vendaval de dinheiros que foi gastando à grande e à francesa, ora no seu modesto dia-a-dia, ora em Paris, ora em férias de Verão ou Inverno na neve. Concluímos que a sua mãezinha tem um grande cofre  onde o dinheiro nasce e multiplica-se como ratos em esgoto, à conta de uma enorme herança que ninguém sabe de onde veio. Um cofre cujo fundo deve ser um poço sem fundo,  onde, a exemplo daqueles macacos espertos que espetam um pauzinho num castelo de térmitas e quando o retiram vem carregadinho de bichinhos gordos e nutritivos, sempre que lá se mete a mão,  vem um pacote de 10, 20 ou 50 mil euros entalados entre os dedos. E ao contrário de qualquer outro ordinário cofre, o da D. Maria Adelaide tem a vantagem de estar sempre cheio, inesgotável, um pouco como o cofre do Tio Patinhas.

Como se isso não bastasse de sorte para o nosso ex-primeiro ministro, tem ainda outra dose de sorte de ter um amigo de mãos super largas, uma espécie de Bom Samaritano sempre a postos para abastecer de “fotocópias” o nosso ilustre Sócrates, seja para pagar luxuosas férias seja para pagar apartamentos e outras minudências que para esta gente, são coisas triviais. Ao Sócrates, para não dar ares de deselegância e de chupista, bastava-lhe  pagar os jantares e os cafés para ficar desobrigado de tanta fraternidade do patrão da Lena.

Em resumo, mesmo continuando o nosso papel de ângélicos anjinhos, ficamos assoberbados de inveja terrena de alguém que tem a sorte de lhe sair o euro milhões todos os dias, seja recorrendo ao cofre da mãezinha seja do amigo Carlitos. Movimentos que totalizam milhões e tudo sem um registo de movimento bancário de onde para onde. Tudo em dinheirinho vivo, daquele que não fala. Gente da categoria de Sócrates, o cartão de crédito serve só para pagar cafés. O resto, é como um dos antigos vaqueiros, um monte de notas no bolso.

É de alguém se roer de inveja. Ora como já sabemos que a D. Adelaide não vai abrir mão do cofre milagreiro que não multiplica rabos de sardinha nem restos de pão, mas euros e títulos do tesouro, alguém saberá o contacto do Carlitos? É que dava jeito ter um amigo desses e sendo ele tão generoso, nem daria conta de nos ajudar com uns 10 de mil de "fotocópias"de vez em quando, tanto mais que se aproxima o Natal e dava jeito para distribuir prendas.