6 de novembro de 2020

Mordidelas

O que se tem vindo a assistir nos Estados Unidos quanto à forma como os média e deles sobretudo as televisões de referência, têm acompanhado o processo eleitoral das presidenciais, só vêm comprovar que o jornalismo já não é coisa que se regule pelo rigor, independência e ética.

Um pouco como cá, mandam os ventos do favorecimento e as obediências a quem subsidia e apoia ou, como no caso americano, de acordo com a perspectiva de quem vencerá. Os porcos vão sempre à manjedoura mais farta.

O jornalismo já não é, seguramente, um bastião das liberdades, independências e democracias. Antes mais um negócio como tantos outros onde o dinheiro, o poder e a influência mandam.

Nada que nos deva surpreender. Já não há lápis azul no sentido de riscar, cortar, mas antes orientar, acrescentar a gosto e a jeito. 

Hoje em dia já não é notícia "o dono que mordeu o cão", mas qualquer coisa que seja do interesse do dono a que caninamente se obedece ou age.

5 de novembro de 2020

Os Chicos espertos e os Betos burros

O Chico e Xica são um casal remediado mas feliz. Os filhos são a pinta dos pais. Não trabalham, vivem de apoios sociais, de cabazes de Páscoas e  Natais, de cursos e formações (estão quase doutores) e de expedientes que lhe permitem um contacto regular com a GNR (sem sequências e consequências), têm habitação do Estado, pagam uma renda simbólica, quando pagam, têm benefícios nas contas da água, gás e electricidade, que pagam quando pagam. Estão nos escalões inferiores de tudo quanto é para pagar e nos máximos de quanto é para beneficiar.

Vão à tasca todos os dias, tomam pequeno almoço, e todas as demais refeições. Em resumo, não são ricos mas remediavelmente remediados.

Já o Beto e Berta, trabalham, pagam impostos, pagam um IMI semestral que dá para pagar a renda de dois anos do Chico e da Xica, pagam a creche, a prestação do crédito à habitação, com altos juros e pagam pela medida grande tudo quanto seja taxa. Viram-se e reviram-se para poder fazer face a estas despesas só porque cometeram a asneira de quererem viver do seu trabalho e suor e ter algo a que chamar seu, no que modernamente se diz, empreendedores

Em resumo, cada vez mais nas contas deste nosso querido Portugal, os Chicos e as Xicas são os espertos da equação e já os Betos e as Bertas, burros, trabalham, pois claro, para ajudar os Chicos e as Xicas. 

Chamam a isto Estado Social, em que o Governo cada vez mais tira aos Betos para dar aos Chicos. O problema do país será quando os Betos e as Bertas perceberem que não os podendo vencer, decidam ou sejam forçados a juntarem-se aos Chicos e Xicas. Então, teremos um país perfeito, todo povoado por Chicos, os espertos.

4 de novembro de 2020

Burros e Elefantes

Sabe-se que ontem foi dia de eleições presidenciais nos Estados Unidos. A contagem dos votos está parada em vários Estados e será retomada só lá para o final da manha e início da tarde locais. 

Donald Trump já veio reclamar vitória e diz só não celebrar porque a contagem foi parada, anunciando vitórias ou diferenças de votos substanciais em Estados chave e que as sondagens vinham a dar como certos para Joe Biden. Por outro lado, dizem os especialistas que a coisa está dividida e em rigor nesta altura qualquer um dos dois candidatos poderá vencer.

Pela parte que me toca, pese esta simples opinião, é quase um não assunto, desde logo porque devemos deixar que cada casa se governe como bem entender. Depois porque vejo em ambos os candidatos duas figuras que já tinham idade para estar sossegados a escrever memórias, para além de virem a demonstrar não terem jeito para a coisa. 

Não queria estar, pois, na pele dos americanos, com tão poucas e fracas opções. Mas nesse grande caldeirão de diferentes credos, culturas e raças, que é a América, que façam a escolha que lhes parecer mais adequada. Por conseguinte, tanto se me dá como se me deu, que vença o Trump ou o Biden. Para melhor está bem, está bem, para pior já basta assim.

Por outro lado, mesmo que isso possa fazer mossa e deixar aziados muitos dos ditos "verdadeiros democratas", a modos de quem leva um pontapé nos testículos, a eleição será sempre decidida por ela própria, pela Democracia, mesmo que para muitos seja do "caralho" ter que encaixar a vitória de qualquer um dos lados. 

God bless América!


2 de novembro de 2020

E de repente ficamos com cara de morcões...


As coisas são mesmo assim: Aprender até morrer! Quando pensamos que já sabemos tudo ou quase, de repente, por via de modas e até de alguns seguidismos, invariavelmente padronizados pelos média, lá temos que "voltar à escola" e aprender novas coisas e novos significados. 

Vem isto a propósito de um termo que por estes dias se tem de algum modo vulgarizado, por exemplo, a recente proibição de, entre muitas outras coisas, de realização de feiras de levante. Até aqui todos nós sabíamos o que era uma feira, e temos várias na nossa zona, desde logo as semanais de Espinho e Carvalhos e as mensais dos "18" em Cesar, dos "4" em Arrifana, dos "10" e "28" em Lourosa, dos "13" em Cabeçais, e por aí fora a modos que todos os dias deve haver feiras.

Levante-se, pois, a pala da obscuridão do nosso conhecimento para juntarmos à coisa o "levante". Dizem que isso por tais feiras serem montadas de madrugada e desmontadas já ao início da noite.

Temos, pois, modernamente, "Feiras de Levante". Ficamos todos mais ricos na nossa cultura e vocabulário. Não fosse a pandemia e a nova ordem de proibições e iríamos à vida sem saber que durante anos andamos a comprar couves, sapatos, tomates e forquilhas nas feiras de levante.

1 de novembro de 2020

Serenidade

Se nos barram a entrada, se nos mutilam a liberdade de expressar os nossos sentimentos e memória por tantos próximos que partiram, que fique pelo menos a serenidade de um olhar, porque ainda não houve tempo para nos cegarem.

28 de outubro de 2020

Nota de falecimento

 


Faleceu Luzia Ferreira da Mota (natural de Gândara -  Guisande,  residente em S. Félix da Marinha - Vila Nova de Gaia), solteira, de 69 anos (20 de Maio de 1951/27 de Outubro de 2020).

Velório na Igreja Matriz de Guisande na Quinta-Feira, dia 29 de Outubro de 2020, com chegada do corpo pelas 10:00 horas. Segue-se o funeral no mesmo dia pelas 11:00 horas indo no final a sepultar em jazigo de família no cemitério local.

Sentidos sentimentos a todos os familiares.

Negacionistas

 A situação que vivemos decorrente do contexto da pandemia da Covid-19 é realmente séria, desde logo pela saúde, pois claro, e também por todo o resto, como a economia e as finanças das pessoas e famílias, com perda de empregos e quebra de rendimentos e deles a miséria e pobreza.

Obriga-nos a todos a cuidados redobrados, na higiene, no uso de máscara e distanciamento social. Por outro lado, condiciona-nos mesmo com sentimentos de medo e insegurança. Porque todos, impossibilitados de vivermos numa redoma hermética, estamos sujeitos ao mesmo.

Esta chamada segunda vaga, vão-nos fazendo crer que resulta do relaxamento e incumprimento por parte dos "malandros dos portugueses", quando está-se a verificar que a vaga está a atingir todos os países, nomeadamente os europeus. Por outro lado, estava já anunciada por aquela entidade estranha e de posições erráticas, a Organização Mundial de Saúde.

Assim, não! Não nos venham dizer que foi de um relaxamento geral dos portugueses porque do relaxamento de Julho e Agosto, no pico do Verão e das férias, em que se andou relativamente à vontade, por feiras, praias, restaurantes e viagens, não houve uma imediata repercussão nos meses seguintes.

Esta chamada segunda vaga está a ocorrer neste mês de Outubro e por isso, em teoria e de acordo com o que vamos ouvindo sobre as características do vírus e sua incubação, quando muito teve origem em infecções originadas já final do mês de Setembro, precisamente quando as pessoas na generalidade abrandaram e voltaram às escolas e aos empregos. Este crescimento relativamente repentino dever-se-á, pois, a outras causas que não necessariamente um relaxamento de situações de lazer, para além do recomendado .

 Apesar disso, apesar desta percepção e destes sentimentos, e da seriedade do contexto e consequências, não temos que concordar nem pactuar com certas posições e medidas que nos vão sendo enfiadas de forma arbitrária e com critérios díspares e mesmo atentatórias dos direitos e garantias previstas pela Constituição.

Inventar num fim-de-semana normal, a proibição de circulação em municípios limítrofes, com excepções igualmente absurdas, é outra aberração e sem qualquer fundamento prático e que só visa atacar a religião e os seus costumes e tradições, como já havia sido feito na Páscoa. Por outro lado, leva a perguntas óbvias: Por exemplo, qual a diferença de uma curta deslocação ao concelho vizinho para um almoço num qualquer restaurante local e, pelo contrário, realizar esse almoço no concelho de residência, porventura num restaurante mais frequentado? Nenhuma, nicles, zero. Qual a diferença de um residente, por exemplo, na freguesia do Vale ou Romariz, ser impedido de ir almoçar a um restaurante a Escariz (a 2 ou 3 Km) e em contrapartida poder fazê-lo em Espargo ou em Argoncilhe, fazendo 20 ou 30 Km?

Este tipo de absurdos a juntar a outros, são de facto prova de que as coisas têm andado ao calhas, sem qualquer rumo e lógica. 

Para além de tudo isso, a permanente negação do excessivo aumento de mortes não relacionadas à Covid-19, continuando-se a dar ênfase apenas ao falecimentos decorrentes da Covid, é de arrepiar pela indiferença a uma realidade que é por demais óbvia. Para trás ficam milhares de actos médicos, tratamentos e cirurgias levando ao agravamento de doenças e ao tal excesso na média de mortes, que continuam a ser irrelevantes para quem manda e que não fazem parte das contas. 

Os nossos governantes e os serviços que tutelam são assim os principais negacionistas. Criticar estas situações, criticar estas políticas erráticas, não é sinal de negacionismo, como alguns gostam de apelidar. Uma coisa não pode relevar a outra. 

Sendo certo que o contexto é difícil para todos, e certamente para o Governo e suas entidades, pelo menos poderia existir um pouco mais de transparência e objectividade, mesmo que a mesma resulte de uma confissão da incapacidade do SNS em lidar com a situação e um pedido de desculpas aos portugueses por durante várias décadas, sob vários Governos, terem andado a maltratar o sistema e a desconsiderar os seus profissionais. Agora, perante uma situação destas, a coisa tinha necessariamente que dar nisto, porque não só admitem a falha e a incapacidade como, pelo contrário, vão apregoando que a coisa funciona. Mesmo afirmando que a coisa funciona, no fundo já admitem recorrer aos serviços privados, tantas vezes considerados como os maus da fita e que só são chamados quando a coisa está mesmo feia. Essa opção de contratação dos hospitais públicos deveria ter continuado e não ter sido, como foi,  interrompida logo que houve sinais de abrandamento. Pior cego é aquele que não quer ver, diz o povo. 

Há limites para a compreensão e paciência para com tantos tiros ao lado ou, pior do que isso, nos próprios pés..