12 de abril de 2018

Leões à solta


É verdade que com os males dos outros podemos nós. Mas em jeito de comentário, creio que o que está a acontecer na grande instituição que é o Sporting Club de Portugal, resulta essencialmente de um presidente que apesar de maioritariamente apoiado por sócios e adeptos, para além dos seus evidentes méritos na recuperação financeira e mesmo desportiva do clube, tem tido uma postura e posicionamento, sobretudo comunicacional, pouco dignos com a posição que ocupa. A necessidade de guerra com o rival da capital, não justifica tudo, para além de quem tem "disparado" sobre tudo e sobre todos, mesmo para os da casa.

Os acontecimentos pós Atlético de Madrid-Sporting, em que criticou publicamente de forma contundente (e injusta, diga-se) os seus jogadores profissionais, confundindo azares e erros involuntários com mau profissionalismo, e depois destes tomarem uma posição conjunta de auto-defesa e desagrado com a crítica do seu presidente, como um bom ditador Bruno de Carvalho voltou, sempre de forma pública, a acusá-los e a suspende-los, sujeitando-os (os "meninos mimados") ao regulamento disciplinar.

Ora qualquer leigo nestas coisas do futebol caseiro, soube desde logo que Bruno de Carvalho criou uma situação insustentável e altamente danosa, para si próprio mas sobretudo para os interesses do Sporting, desportivos mas também financeiros e mesmo de imagem. Por isso seguiu-se a natural indignação e reacção de muitos sócios e adeptos, anónimos e "notáveis", não havendo outro remédio senão dar um passo atrás e "virar o bico ao prego", suspendendo-se a suspensão, porque logo de seguida (no Domingo passado)  havia um jogo com o Paços de Ferreira, ainda importante para a definição do pódio da Primeira Liga de Futebol, e logo depois o jogo da segunda mão para a Liga Europa com o Atlético de Madrid (naturalmente ainda com hipóteses de inverter o 2-0 de Madrid) e um pouco mais à frente o importante jogo da segunda mão da meia-final para a taça de Portugal com o F.C. do Porto, por isso com um título em jogo para além da recepção ao Benfica, jogo que pode decidir o título e mesmo o pódio. Ora Jorge Jesus, que tem tido uma posição de defesa dos seus jogadores mas sem confrontar publicamente o seu presidente, por óbvios motivos de lealdade institucional, certamente que teve muito a ver com a mudança de posição e rumo dos acontecimentos quanto à suspensão da maior parte do plantel. Não cedesse o presidente e teríamos o caldo entornado, com Jorge Jesus certamente a não abrir mão dos seus melhores jogadores para o embate dos jogos atrás referidos. E não surpreenderá que logo que terminada a época, com toda esta instabilidade, "dê à sola".

Assim sendo, perante toda esta previsibilidade, em nome do sportinguismo, diálogo, humildade ou acobardamento, o que lhe queiram chamar, a SAD determinou que está suspensa a suspensão e para além da luta interna e das condições que Bruno de Carvalho tem ou não para continuar a presidir ao Conselho Directivo, e muitos acham que não tem, mesmo que tenha abandonado a "metralhadora" do Facebook, está a passar-se a ideia de que afinal tudo isto foi um equívoco, uma precipitação mútua e que o presidente até estará doente e com stress por causa do nascimento da filha, etc, etc, e não passou de um "faz-de-conta". Vamos, pois, todos dormir e amanhã acordaremos com a sensação de que tudo não passou de um sonho, muito menos um pesadelo.

Mas, como dizia no princípio, com os males dos outros podemos nós. Mas não deixo de lamentar até porque, parecendo paradoxal, porque benfiquista, sempre tive muita simpatia pelo Sporting, considerando-o mesmo o meu segundo clube no que a preferência clubística nacional diz respeito.