11 de novembro de 2019

No correr dos dias...

Luís Montenegro oficializou, ontem em Lisboa, a sua candidatura à presidência do PSD. O discurso que se esperava, já com ganas de conquistar Câmaras e Juntas, mas ouvi-lo falar e criticar as divisões no partido é metaforicamente como ouvir a raposa a pregar moralidade no galinheiro.

Sendo certo que o actual presidente Rui Rio já assumiu que vai de novo a eleições, Montenegro, louve-se-lhe a coragem, vai enfrentar a decisão do eleitorado social-democrata, indo mais além dos  bitaites.

A coisa poder-lhe-á correr bem, pois poderá, ou não, e isto porque em disputas eleitorais há esse "inconveniente" que, a par da possibilidade de vitória, é a possibilidade de se sair derrotado, embora há os que filosoficamente pregam que só é derrotado quem se esquiva da luta. Por conseguinte, o mesmo se aplica a Rui Rio e a outros mais concorrentes que se venham a perfilar, e parece que por ora são três. 

Em tudo isto, maior do que o risco de Montenegro vir a perder, e voltamos a dizer que pode ganhar, é o risco para alguns dos seus ilustres apoiantes; alguns deles tendo já perdido com consequências a aposta no "cavalo errado" (Santana Lopes), se vierem a perder de rajada uma segunda aposta a coisa pode ficar (Monte)negra. Aí, caso aconteça, serão "obrigados" a remeter-se a palcos secundários e refrear ou adiar as suas ambições políticas e confinar o poder a coisas menores. Alguns, sem o lastro adequado, peões e escudeiros menores, serão varridos definitivamente de cena. Se, pelo contrário acertarem no apoio, e desta vez o "cavalo" for o certo, aí, esperam, serão readmitidos e logo que se abra a janela da oportunidade, lá estarão. Mas isto para ambos os lados das hostes. De resto, o habitual nas lutas internas partidárias.

Em todo o caso, mais importante que o desfecho da eleição interna e se o vencedor será o Bilhas ou Rio, ou outro, importará ao PSD definir definitivamente o seu rumo sob pena de vir a perder identidade e expressão de forma irrecuperável. Aos militantes caberá essa decisão de optar pela luta e desfragmentação constantes ou por uma paz,  uma verdadeira unidade sem discursos de raposas nos galinheiros ou de "caças às bruxas".

Como é luta que sigo como outsider - embora com opinião, a minha - ...que se entendam.