25 de março de 2022

Com Eritreia e a Coreia, juntos na diarreia

Confesso que nem estava lembrado que a Eritreia fosse um país. Mas de uma história conturbada e ocupação colonial pela por italianos e ingleses, obteve o reconhecimento da sua independência pela ONU em 24 de Maio de 1993. 

Apesar da sua Constituição a definir como um Estado republicano presidencialista com uma democracia parlamentar, a verdade é que tem sido de partido único e sem eleições desde a sua independência. Ou seja, na prática uma ditadura.

Não surpreende, pois, que a par de mais três ditaduras, Coreia do Norte, Bielorrúsia e Síria, a Eritreia tenha sido um dos quatro países de todos quantos têm representação na ONU a não condenar a Rússia pela situação de invasão na Ucrânia. 

A resolução que condena a Rússia e pede o fim da agressão, foi aprovada por esmagadora maioria nesta Quarta-Feira, pela ONU,  com o apoio de 141 dos 193 estados-membros das Nações Unidas. A resolução teve apenas cinco votos contra (Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e Eritreia) e 35 abstenções.

O texto “deplora” a agressão russa contra a Ucrânia e “exige” a Moscovo que ponha fim a esta intervenção militar e retire imediatamente e incondicionalmente as suas tropas do país vizinho.

Em resumo, a Rússia comporta-se como o soldado recruta que marchando em contra-passo na companhia, to faz com a certeza que é o único que vai com o passo certo, marchando todos os demais errados. Para enfeitar o ramalhete, tem a seu lado esses quatro países do mesmo naipe que mais do que serem um importante apoio são, afinal de contas, a prova provada da sua falta de razão face à invasão, agressão e desproporcionalidade. Desculpando os termos, são merda do mesmo saco e assim vão juntos nessa diarreia de prepotência e desprezo pelo Direito Internacional. Pena que a China se abstenha numa atitude que só dá força, mas de uma outra ditadura outra coisa não se esperava.

Mas para além de tudo, para lá de mais uma condenação do mundo, a ONU nestas questões de segurança mostra-se um pingarelho sem qualquer efeito prático e a vontade de um único país pervalece sobre todos os demais.