18 de agosto de 2022

Fórmula 1 - Companheira de jornada



...E fui hoje dar uma volta com o meu cavalo da juventude, a Fórmula 1 - EFS - Sachs, preta com retoques dourados

Foi comprada com o meu dinheirinho em 1979, no Correia, em Sanguedo, paga a letras que sagradamente liquidava a cada mês. Nesse tempo o dinheiro era caro porque não caía do céu, como agora até parece. Os raios dos pais, por essa altura, não davam nada de borla. - Queres uma motorizada? Trabalha e compra-a! - Diziam.

Mais de que um objecto para entretenimento ou para não andar a pé, esta motorizada fez parte da minha vida, do tempo da juventude, das idas às festas, às tascas, ao futebol, à missa, à praia, aos namoros, para o trabalho, pois claro, chovesse, nevasse ou fizesse calor, e mesmo já depois de casado e com filhos, serviu de transporte à famelga nas voltas da vida.

Um carrito, não mais que um Renault 5, usado e abusado, a cair de velho, e dado a aquecimentos como as mulheres na menopausa, só me chegou às mãos já com o aparecimento do segundo filho.

Por conseguinte, esta minha velha companheira mecânica, já com umas próteses e um ou outro dente implantado, e a gemer de alguns ossos, ainda está aí para as curvas. E só não as dá com frequência porque isto de grupos de motorizadeiros é bonito e louvável mas é bota que não assenta na medida do meu pé.

Mas hoje fui dar uma volta. Claro que com seguro, que pago para estar parada. E portou-se bem, o raio da preta. Quando lhe metia a 5ª mostrava fome para a 6ª ou sábado.

De resto, nesta volta, creio que já não atingia tanta velocidade desde que por aquela tarde de um sábado algures em 1981, com o Tono Mota, companheiro dos bons velhos tempos, montado na parte de trás, salvo-seja, tivemos que fugir à GNR, que andou em nossa perseguição por tudo quanto era estrada em Canedo e Gião. No fundo, porque a velha (então nova) companheira assapava a valer, mesmo com dois nela montados, lá conseguimos despistar a bófia e arranjar o esconderijo, entrando a varrer num campo de milho algures por Canedinho. Isto de andar sem capacete para sentir os cabelos ao vento tinha os seus riscos.

Mas eram bons tempos, em que a GNR ajudava à festa. 

Hoje nem isso!