31 de maio de 2023

Deve ser em Guisande

 


Nesta como noutras coisas, cada cabeça sua sentença. Independentemente de se gostar ou não do design e grafismo escolhidos, parece-me que sob um ponto de vista formal o cartaz da nossa festa, que foi apresentado publicamente no último Domingo, desconsidera alguns aspectos que tenho como importantes. Desde logo, mesmo que conhecida por Festa do Viso, é acima de tudo e antes de mais a Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e de Santo António. Assim, creio que a esta designação devia ser dado maior destaque e não apenas uma anotação de forma discreta em roda-pé.

Por outro lado, posso estar a ver mal, mesmo com óculos, mas em todo o cartaz não vejo qualquer referência a Guisande. Ora em qualquer cartaz de evento, para além da designação do mesmo e da data, é fundamental que tenha o local. E antes e mais do que ser do Viso, a festa é de Guisande. Seria e será sempre imprescindível que tenha a referência à freguesia e até mesmo ao concelho, porque hoje em dia estas coisas podem ser divulgadas bem ao longe e importará saber-se onde fica o Viso, até porque pelo país fora há outras festas do Viso. De facto, em várias localidades portuguesas há o culto a Nossa Senhora do Viso, pelo que também por aí são conhecidas como as festas do Viso.

Ainda alguns outros pormenores, menores mas também importantes, como indicar "21H - Rancho de Lobão". Qual deles? É que lá existem dois e até já foram três. Será o Rancho Regional da Vila de Lobão ou o Rancho Folclórico de S. Tiago de Lobão? Também o Rancho de Sanguedo, designa-se como Rancho Folclório Santa Eulália de Sanguedo. É sempre bom chamar "os bois pelos seus nomes". Dentro da mesma falta de atenção, também parece-me que a missa marcada para Segunda-Feira, não costuma ser assim tão "solene" como isso. Ou neste ano terá novamente sermão, a Banda Marcial do Vale a acompanhar e foguetes a estourar a "Santos"? Ainda no que toca a solenidade, a missa vespertina de Sábado, na igreja matriz, será também solene? Talvez importe aqui, para não vulgarizar, distinguir o conceito de "solenidade" aplicado a uma missa. As missas em si são todas iguais no seu fundamento mas a solenidade festiva que se lhe empresta, essa ou tem ou não tem. 

Finalmente ainda um pequeno reparo: A forma escrita "Em honra da Nossa Senhora..." não é a certa. A forma mais correcta seria "em honra de Nossa Senhora". A preposição "de" é usada para indicar posse ou pertença, e  indica que a honra está relacionada a Nossa Senhora.

Palavra de honra, e juro de forma solene,  que isto são apenas reparos construtivos.

...Para quando der jeito

A Rua de Trás-os-Lagos aqui em Guisande esteve várias semanas condicionada com as obras de instalação de redes públicas de água e esgotos, num destapa, tapa, destapa, e até nem se compreende que as mesmas não tivessem sido realizadas há já vários anos aquando nas demais ruas, a não ser por motivos meramente economicistas da empresa concessionária.

Certo é que as ditas obras aparentemente já terminaram há várias semanas e da parte de quem tem essa responsabilidade ainda não foi reposto o pavimento. Se não de toda a plataforma da rua, como se espera, pelo menos das valas que foram abertas. E já agora limpar o resto dos materiais nas bermas.

Assim, sobretudo os moradores, vamos circulando diariamente aos solavancos, ora com poeira, ora com lama e com os carros a sofrerem nos eixos. 

Não me parece, de todo, correcta esta situação que só demonstra irresponsabilidade e uma gestão de timings sem qualquer controlo, num dolce far niente, porque são obras não para se fazer mas para se ir fazendo, quando calhar, quando der jeito, bem à portuguesa. Afinal de contas, a quem incomoda? Apenas a meia dúzia de moradores? Todos os demais estão a leste da preocupação e reponsabilidade.

Esperam-se, pois, mais umas largas semanas, quiçá meses. Estamos a contar.

Querida avó - Querida neta - 2

Querida neta, cá arrecebi o teu amail. Ainda me atrapalho com estas coisas do computador e tenho que ler as instruções que me escreveste, mas lá conseguir abrir a caixa de entrada. Raio da caixa esta que não tem tampa.

Olha, como sabes que não andei na universidade como tu, e só fiz a terceira classe à custa de muita porrada do professor Lúcio e do teu bisavô, ainda dou muitos erros mas o que me socorre nalguns é o tal tradutor do amail. Estas ferramentas modernas fazem de tudo e até um cego consegue ver e um mudo falar.  

Olha, fiquei triste por saber da morte do Zeca do Caneiro. Pobre homem, não era mau diabo apesar de não gostar de tomar banho nem cortar a barbucha. Deus Nosso Senhor, que é pai de todos, o enxergue ao seu lado mas que o S. Pedro lhe dê primeiro um valente banho. Já lhe rezei dois terços e quando cá vieres levas 10 euros para uma missa aí em Guizarães. Gostaria de mandar rezar mais mas o raio das missas aí estão caras comó diabo. Bem que podiam ser mais em conta como aqui com o padre Tobias. Assim as almas do purgatório têm que penar mais tempo por falta de missas.

Querida neta, é  um segredo mas estou a tricotar umas meias de presente para quando fizeres 27 anos. Ainda andei tentada a tricotar umas cuecas para no frio do inverno ficares com o cu bem agasalhadinho mas a vizinha Francelina, quando lhe contei, disse que era asneira porque a juventude de agora não quer tapar o traseiro, mas andar com ele destapado. Modernices e poucas vergonhas é o que é. Quando eu tinha a tua idade para fazer as necessidades perdia 10 minutos a destapar a barrica. Desculpa lá, mas sabes que sou um bocado desbocada.

Olha cá na aldeia sempre vão fazer obras na capela de S. Tomé, mas, a jeito do santo, primeiro ver para acreditar. Que a capela está uma miséria, está. Até chove na careca do S. Domingos e a serra do S. José está cheia de ferruge. O padre Tobias diz que vai ser preciso fazer um peditório à freguesia porque o saldo em caixa não chega p´ra nada. O presidente da Junta sugeriu que se fizessem uns leilões de orelheiras e pernis de porco para arrecadar dinheiro pelo menos para as pinturas e vedações mas o padre Tobias disse que para isso tinha que decapitar e amancar mais de 100 porcos e nunca mais seria noite para além da carne salgada fazer mal aos paroquianos. A freguesia está farta de peditórios mas vai ter que se virar para mais um. Também vão fazer umas rifas e o primeiro prémio será três livro de rifas pró próximo sorteio e o segundo prémio dois livros de rifas e por aí abaixo.

Olha, se gostares de brócolos passa cá a casa que eles já estão bem cheios. O Dr. Mirandela diz que são bons para prisão de ventre e para mais uma carrada de coisas.

Querida neta, já escrevi muita coisa e sabes que escrevo devagar, por isso fico-me por aqui. Vou tirar a ficha do computador e ver o “Preço Certo”. Depois de jantar vou ver se me alembro de rezar mais dois terços pelo Zeca do Caneiro.

Muita saúde aí para casa e o teu pai que não abuse dos brufenes que ainda é novo e é preciso sofrer pelos pecados do mundo como sofreu o santinho do padre Pio!

29 de maio de 2023

Querida avó - Querida neta - 1

Querida avó, espero que este email te encontre de boa saúde e que já não te doam as costas. Por cá em Guizarães  vai indo tudo bem e na família vai-se indo. Apenas a mãe anda com uma tosse danada que mais parece a fanfarra de Vila da Açorda. Diz que deve ser restos da covid. O pai também anda a abusar dos brufenes e dos benurons com as dores do ácido úrico mas recusa-se a fazer dieta. Sabes como o teu filho é teimoso...Tem a quem sair !(lol).

Olha, foi bom teres conseguido tirar a formação para saber usar o email no computador que o pai te ofereceu no Natal. Bem vês que assim é bem mais fácil escrever-te a contar as novidades da terra e da família. És uma avô esperta e espevitada e não ficas atrás da Isabel II que, coitada, também já foi à vida. Só acho que também devias aprender a usar o Facebook  e o Whatsapp pois assim podias publicar fotos de gatinhos e de postais de flores e passarinhos  para partilhares com as tuas amigas. Quando eu estiver de férias da empresa vou ver se tiro umas horas para te ensinar. Vais ver que é fácil. A tua amiga, a Zeferina, tem Facebook e um dia destes mostrou-se na padaria de Travassos a comer um "jesuíta" e a beber um copo de Fanta, com a Amélia do Oiteiro. A danada até tem conta no Tinder mas é melhor não te dizer o que isso é porque ainda de atentas.

Não sei se soubeste, porque não tens Facebook, mas faleceu o Zeca do Caneiro. Ainda no dia anterior estava vivo e na manhã seguinte encontraram-no morto à entrada do barracão. Devia ter ido deitar comer ao Ringo porque ainda tinha nas mãos umas costelas de porco rapadas. Deve ter-lhe dado qualquer coisa, coitadito. Mas bem sabes que já andava nos 97 e a dizer que ía chegar aos 100 para lá irem a casa os presidentes da Junta e da Câmara tomarem chã a tirar fotografias para o Facebook. Se quiseres vir à missa do 7.º dia passo aí na quarta-feira para te trazer. Mas depois confirmo porque o padre Rufino ainda não marcou a hora. É capaz de ser às 7. 

Olha, quem não anda contente é o Albino do Costeira. Apanhou uma multa da Câmara de Santulheira por ter aumentado 13 centímetros a altura do muro com o vizinho e não ter metido projecto. Não se conforma até porque o muro do Armando é mais alto do que o dele. Mas diz que o que mais o arrelia, para além dos 500 euros da coima, é que sabe que o Fernando da Noronha anda a fazer obras na casa para o filho e que clandestinamente construiu uma garagem para o seu Mercedes, mesmo encostadinha ao rio Salgueiro, e que no PDM até está a calcar a reserva agrícola e ecológica, mas que nisso a Câmara não liga. Também diz que o João da Costa, do lugar de Covelinho anda a fazer um grande barracão  em chapa verde para criar avestruzes e porcos pretos na leira da ribeira de baixo, também em reserva agrícola e ecológica e que os fiscais por lá não passam ou se passam desviam o olhar para a capela de Santa Luzia, padroeira dos cegos e vesgos, e fazem disso vista grossa. E olha que a coisa deve ter uns 100 metros quadrados e uns 4 de altura. Anda danado o homem e com razão, parece-me.

Outra coisa, avó: Não te esqueças que tens consulta de ortopedia no dia 22. Toma banho, lava-te por dentro e por fora e põe-te pronta por volta das 8:00 horas que a Tia Nanda passará por aí para te levar. Também ligaram da Minisom a dizer que o teu novo aparelho já está pronto. Vais ver que ficarás a ouvir melhor e assim escusas de fazer confusão com o que ouves na televisão e rádio Se estiverem a faltar medicamentos para as tensões, para sangue grosso e para dormir, avisa para pedir mais no posto médico.

Por agora é tudo, avó. Fica bem e não andes na horta a cavar ou a arrancar ervas com o nariz no chão com ares de javali. Não tens necessidade disso. Depois não te queixes que andas com as costas e os joelhos num sofrimento de via sacra.

Fica bem, avó! ...não te esqueças da cena da consulta que a Tia Nanda não gosta de esperar nem chegar tarde e já sabes que para arranjar estacionamento no hospital da vila  é mais difícil que arranjar um lugar no céu.

Entretanto volto a escrever!

Vila Maior num portugal dos pequenitos

Há coisas assim, enganadoras no nome. Vila Maior é uma terra que nem é vila e até será menor entre as demais do concelho e de resto, na União de Freguesias para onde foi encaixada (com Canedo e Vale), é cauda da mesma, tal como Guisande com Lobão, Gião e Louredo.

Será concerteza terra de boa gente, pacífica, trabalhadora e orgulhosa da sua identidade e tradições, mas é óbvio até para os forasteiros que a sua integração numa União de Freguesias nada lhe acrescentou e até nas coisas mais básicas, como limpeza e conservação de ruas, está desmazelada. Por exemplo, pela Rua do Salgueiro e Rua do Barreiro, por onde passei, a erva nas valetas já dava para uns bons fardos de palha e o piso já teve melhores dias e aguarda por uma não sei das quantas fases das pavimentações no concelho. Nisto de uniões de freguesias é como com certos cães, em que a cabeça é que come e por vezes até tenta morder a própria cauda. Um perigo! Melhor será cortarem-lhes a cauda. E no caso, agradecem.

Vila Maior nestes dias teve a sua tradicional festa em honra do Espírito Santo mas S. Pedro não esteve pelos ajustes e concedeu uns dias cinzentos e de chuva, naturalmente a tirar brilho à romaria e ao envolvimento social. Mas as coisas são mesmo assim e se pudéssemos intervir no clima seria sempre sol na eira e chuva no nabal. Calha a todos e até num bonito mês de Maio a chuva pode cair por mais que atrapalhe certas eiras.

Na bonita igreja matriz, perfilavam-se uns 16 andores todos engalanados das mais vistosas e exôticas flores, alguns a precisar que os olhos se arregalassem para neles vislumbrar o santinho, minúsculo de tamanho mas enorme em graças, no meio daqueles jardins ambulantes. 

Fora da igreja, no palco esperava encontrar uma Banda Filarmónica a executar a abertura 1812 de Tchaikovsky, mas nada disso.  Ao som de hips-hops, misturado com o spunk-spunk dos carrocéis, exibiam-se vários grupos de adolescentes, no geral empenhados e bem mexidos mas pouco coordenados. Por curiosidade perguntei a mim mesmo se fossem convocados para plantar ou arrancar batatas num campo se apareceria alguém daqueles dezenas. Talvez não, porque a nossa juventude gosta destas coisas de palco, mas sujar as mãos e partir as unhas na terra que dá sustento, é que não. Além do mais plantar batatas também implica meter os dedos no estrume. Mas pelo menos nas escolas que lhes ensinem que as coisas que vão ao prato, como as saborosas batatas fritas, são provenientes do trabalho no campo. Mas adiante, que isto é brincadeira! A malta gosta é de festa. Trabalho, outros que o façam!

A nossa freguesia de Guisande partilha com Vila Maior o santo padroeiro, S. Mamede, mas no que à sua imagem diz respeito são tão distintos que se diria que fillho de diferentes mães. O nosso S. Mamede é discreto, formal, mesmo que com uns pequenos e mansos leões a seus pés. Já o Mamede de Vila Maior tem ares de jovem rebelde, com cabelos revoltos e a seus pés umas mansas ovelhas.  Talvez retratos de diferentes fases da vida. Por outro lado, os santos, como as pessoas, são como a gente os pinta ou talha. A mesma pessoa pode ser vista como um santa ou um diabo, dependendo dos olhos que a medem.

Na lateral norte do exterior da igreja matriz, lá estavam estampadas as contas da paróquia. Entre outros itens, as verbas pagas ao pároco no mês de Abril, que totalizavam pouco menos que 400 euros. Reparei que também teve direito a uma parcela de gratificações. Os padres hoje em dia são assim, bem gratificados e ainda temos que dar graças por se dignarem a ser gratificados. Eu não sei se é muito se é pouco o que ganha um padre, sendo que o de Vila Maior tem ainda a seu cargo duas outras grandes paróquias, como são Lobão e Sandim. Mas mais arroba menos quintal, todos reservam para si um muito bom e excelente ordenado e trabalho ao mínimo porque isto de rezar missas é cansativo. Hoje em dia aquela coisa chamada de vocação e votos de pobreza ou de simplicidade é um eufemismo desaparecido com os antigos eremitas. Já não vivem de comer amoras silvestres e gafanhos nem rompem sandálias pelos caminhos ásperos dos montes. Os tempos actuais são de uma nova era e nela o senhor dinheiro tem um peso substancial, quase cósmico, e sem ele o mundo não gira nem o sol brilha.

28 de maio de 2023

Festa do Viso - Apresentado o cartaz

 



38 - No fim de contas apenas um número, um dejá vu

 


Conforme já o escrevi por aqui há algumas semanas, confesso que pelo andar arrastado da carruagem das últimas jornadas não tinha grande esperança de ver o Benfica a conquistar o seu 38.º título de campeão nacional de futebol da 1.ª Liga Portuguesa. Chegou a ter 10 pontos de vantagem e com possibilidade de chegar aos 13 mas acabou apenas com 2. Decidido ficou o título na última jornada vencendo com naturalidade o último classificado, o Santa Clara. 

Apesar disso, pela parte que me toca, sem qualquer entusiasmo e euforia. De resto nem vi nem ouvi o jogo apesar do seu carácter decisivo e festivo. E se nesta noite abri um bom espumante nem foi para celebrar tal coisa, mas antes pela amizade e convívio, não com benfiquistas, mas com um portista.

Isto porque, deve ser do raio da idade, já nada acrescenta e porque aprendemos a colocar cada coisa na ordem natural de importância nas nossas vidas. Ora o futebol, incluindo o nosso clube, numa época em que não passa de uma indústria que gere, recebe e paga balúrdios de milhões, onde os jogadores são profissionais, príncipes e idolatrados,  e tantas vezes meros mercenários, porque trocam de clube por uns trocos a mais no salário, já perdeu aquela mística verdadeiramente genuina e clubista onde havia uma coisa chamada amor à camisola e ao clube.

Quanto ao F.C. Porto, lutou naturalmente até ao fim, como é seu timbre, e na partida que poderia ser decisiva foi logo a partir dos 2 minutos de jogo que a coisa ficou inclinada a seu favor com uma estúpida e inexplicável expulsão (bem justificada) de um jogador do Vitória de Guimarães. O castigo de ser ultrapassado pelo Arouca foi mais que merecido. Há nódoas que não se apagam e só não apanharam 11 porque o Porto desligou quando sabia o resultado que corria lá para os lados da Luz e o Taremi à custa de uma inusitada (mas normal)  fartura de penalties sagrou-se o mellhor marcador da Liga. Mas foi merecido para o iraniano porque quem tanto mergulha acaba por nadar. E de resto, reconheça-se, é um excelente avançado.

Apesar disso, nas últimas jornadas o Porto manteve sempre o discurso de acreditar mesmo que não dependendo de si. Isto é crença e porque fica bem perante a massa adepta, mas é sobretudo fanfarronice. Quando não dependemos de nós próprios temos que o salientar e valorizar. Mas isto durou muitas jornadas e nas últimas até a imprensa azul e branca andou a alimentar a coisa e até foi desenterrar ao Japão um tal de Kelvin a recordar gloriosos milagres como se isso bastasse para decidir a seu favor algo que dependia dos outros. Ainda na véspera da jornada decisiva o habitual condicionamento dos árbitros. Mas até aqui é tudo natural e dali não se espera nunca que venha qualquer mérito ao adversário, nem por via de dúvidas. Um treinador que não sabe empatar nem perder e até nem vencer, andará toda a vida como aquele soldado que no pelotão considera que vai a marchar de passo certo e que todos os outros é que andam descompassados.

É futebol! Para a próxima será mais do mesmo, vença Benfica, Porto, Sporting ou qualquer outro. Será sempre um filme já visto, um dejá vu.

27 de maio de 2023

Nota de falecimento


Faleceu António Ribeiro dos Santos (António "do Parente"), de 80 anos [02 de Março de 1943 - 26 de Maio de 2023]. Residia no lugar de Fornos, Guisande, na Rua Nossa Senhora de Fátima, n.º 2441.

O funeral terá lugar no dia 29 de Maio, Segunda-Feira, pelas 16:00 horas, indo a sepultar no cemitério local.

A missa de 7.º dia ocorrerá na Sexta-Feira, 2 de Junho, pelas 19:30 horas.

Sentidos sentimentos a seus familiares. Que descanse em paz!

25 de maio de 2023

Dúvida


Ó dúvida permanente, inquietante,

Sobre o que há para além da morte,

Se apenas nada, um frio escuro breu

Ou, então, uma vida nova, incessante,

Onde o homem mortal se torna forte,

Pleno de luz da serenidade do céu.


A. Almeida

Festa do Viso 2023 - Apresentação do cartaz

 

24 de maio de 2023

Racismo ou mais alguma coisa?

O futebol não se livra dos casos identificados como "racismo". Agora mais um, mediático, a envolver o futebolista do Real Madrid, Vinicius Júnior, insultado por adeptos adversários no jogo com o Valência.

Sinceramente, não sei se considero isso como racismo no verdadeio conceito do termo, mas se tão somente rivalidade levada ao extremo e dela a má educação, falta de respeito, facilidade e impunidade com que ainda se continua a atingir os outros, sejam eles jogadores, árbitros, dirigentes ou adeptos. Esta cultura de ofensa gratuita já é assimilada na própria rivalidade entre grandes clubes e a questão do racismo acaba mesmo por ser menor, até porque hoje em dia qualquer clube de futebol ou de outra modalidade tem tantos brancos como negros. Não é de todo por aí.

Se quisermos, esta cultura da ofensa já nos vem de pequeninos. Nos jogos distritais as provocações e ofensas, aos árbitros e jogadores e até aos adeptos forasteiros, porque geralmente em menor número, eram consideradas normais. Assim chamava-se tudo e mais alguma coisa: Termos como, filho da puta, corno, boi, monte de merda, cabrão, animal, paneleiro, etc, etc, eram o normal. E a coisa era a eito e as consequências eram em rigor nulas porque onde havia autoridades estas não queriam incómodos e os ofendidos raramente pediam a identificação dos ofensores. 

Por conseguinte, chama-se preto ou  macaco a um negro não por uma especificidade racista de fundo mas no geral apenas ofensiva. Ora quem ofende gratuitamente fá-lo nos termos que considera serem mais duros e incisivos para os ofendidos. 

Em resumo, eu próprio me considero anti-racista mas entendo que há nesta classificação muito exagero porque o que de facto está em causa é um mal muito mais amplo e generalizado que, como disse, é de má educação, fundamentalismo no conceito de adversário e rival e em muito pelo tal sentimento de impunidade porque, sobretudo nas bancadas de um jogo de futebol, quem ofende sente-se anónimo e protegido entre uma multidão composta pelos da sua facção. Quem é que como adepto não é ofendido no meio da claque adversária? Experimente um portista ir equipado com as cores do seu clube para o meio da claque dos "No Name Boys" ou um adepto benfiquista ir equipado de encarnado para dentro da claque dos "Super Dragões". Serão ambos respeitados na sua diferença? Tretas! No extremo poderão ir para o hospital. Se o adepto em questão  for negro no meio de brancos será racismo? E se for branco entre maioria de brancos será o quê? 

Assim sendo, ou não, vamos andando nisto e casos como este em Espanha é apenas mais um, como já foi em Portugal, na Itália, França, Inglaterra ou em qualquer país ou sítio onde haja adeptos em jogos de futebol e mesmo de outras modalidades.

E não pensem que estes maus exemplos acontecem a um nível profissional e mediatizado, mas até mesmo em jogos distritais e amadores e já nas camadas mais jovens. Insultos entre adeptos, pais e treinadores, são coisa comum.

Podemos ter irradiado ou controlado a violência física nos estádios, chamada de hooliganismo, mas a violência verbal ainda continua bastante activa, nomeadamente no meio de algumas claques. É pois necessário combater a violência como um todo e a verbal é igualmente condenável.

Mas lá vamos batendo na tecla do racismo porque dá jeito a algumas agendas.

23 de maio de 2023

Não querias calorias...


Nunca tanto se falou de calorias nem nunca tanto se procurou dar combate ao excesso das mesmas. Assim cada vez mais vemos as pessoas a alinhar em actividades físicas regulares, como ida aos ginásios, caminhadas, corridas, voltas de bicicleta, natação, futebol, etc, etc. A par de uma alimentação saudável e regrada, para muitos o exercício físico é fundamental para controlar o excesso de calorias ingeridas sem grandes privações nos hábitos alimentares, embora ambos os aspectos devam ser complementares. 

As calorias estão relacionadas ao conteúdo energético das bebidas e alimentos naturais ou processados.

As calorias em alimentos são geralmente calculadas por meio de técnicas de análise química. Os alimentos são compostos por diferentes macronutrientes, como carboidratos, proteínas e gorduras, que contribuem para o valor calórico total. Aqui está uma explicação básica de como as calorias são calculadas para cada macronutriente:

a) Carboidratos: Os carboidratos são uma fonte de energia e fornecem cerca de 4 calorias por grama. Os alimentos ricos em carboidratos, como pães, arroz, massas e frutas, geralmente têm seu conteúdo de carboidratos determinado e multiplicado por 4 para obter a quantidade de calorias provenientes dos carboidratos.

b) Proteínas: As proteínas também são uma fonte de energia e contribuem com cerca de 4 calorias por grama. O teor de proteína nos alimentos pode ser analisado e multiplicado por 4 para determinar a quantidade de calorias provenientes das proteínas.

c) Gorduras: As gorduras são uma fonte concentrada de energia e fornecem cerca de 9 calorias por grama. A análise de alimentos pode determinar o teor de gordura presente e multiplicá-lo por 9 para calcular as calorias provenientes das gorduras.

Além dos macronutrientes principais, também é importante considerar as fibras alimentares, álcoois de açúcar e outros componentes que podem ter um impacto calórico menor. Esses valores podem ser subtraídos das calorias totais para obter um valor mais preciso do conteúdo calórico líquido.

Importa ter em conta que os cálculos de calorias são aproximados e podem variar de acordo com fatores como a qualidade dos ingredientes, os métodos de preparação dos alimentos e possíveis variações naturais nos próprios alimentos. É comum que os rótulos de alimentos embalados informem a quantidade de calorias com base nessas análises.

Como são determinados os valores calóricos dos ingredientes:

As calorias em alimentos são determinadas por meio de métodos de análise laboratorial. Existem várias técnicas utilizadas para medir o conteúdo calórico dos alimentos, sendo as mais comuns:

Calorimetria: A calorimetria é um método que envolve a queima direta de uma amostra de alimento em um dispositivo chamado bomba calorimétrica. A quantidade de calor liberada durante a queima é medida e convertida em calorias. Esse método fornece uma medida direta do conteúdo calórico do alimento.

Análise Proximal: A análise proximal é um conjunto de métodos que determinam a composição química aproximada dos alimentos. Envolve a medição dos teores de macronutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras) e outros componentes, como fibras e água. Com base nessas medidas, é possível calcular as calorias utilizando os valores calóricos conhecidos para cada nutriente (4 cal/g para carboidratos e proteínas, 9 cal/g para gorduras).

Dados de Composição: Para alimentos processados e embalados, as informações nutricionais geralmente são obtidas a partir de bancos de dados de composição de alimentos. Esses bancos de dados contêm informações detalhadas sobre a composição química dos alimentos, incluindo os valores calóricos. Os valores são determinados por meio de análises laboratoriais de amostras representativas dos alimentos.

A determinação exata das calorias em um alimento pode ser um desafio devido a variações naturais, diferenças nos métodos de análise e nas condições de processamento dos alimentos. Portanto, as informações nutricionais fornecidas nos rótulos dos alimentos podem apresentar certa margem de erro.

Memória selectiva ou falta dela

À recente intervenção do ex-primeiro ministro e presidente da república, Cavaco Silva (por quem não nutro especial simpatia quanto ao estilo político), em que tece duras críticas ao actual governo de António Costa, alguns membros do Partido Socialista vieram a terreiro considerar essa posição como uma postura anti-democrática. O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que de brilhante apenas tem o apelido, acusou o ex- chefe de estado de utilizar uma “linguagem ofensiva e antidemocrática” nas declarações que fez sobre o Governo e o PS.

Acontece que a classe política, e calha a todos, tem nestas coisas uma memória selectiva e esquece-se que há sempre o verso da medalha e que até um velho single de vinil tem sempre o lado B.

Assim, veja-se que num relativamente passado recente, há coisa de uma dúzia de anos, em 2012, o Partido Socialista veio a público e numa carta aberta subscrita pelo então ex-presidente da república Dr. Mários Soares, desancar nas políticas do Governo PSD-CDS e pedir a demissão do primeiro ministro Dr. Pedro Passos Coelho. Veja-se de seguida a transcrição da notícia para perceber a tal falta de memória ou memória selectiva do PS ou mesmo falta de vergonha para agora virem fazer papel de moralistas e de virgens ofendidas como se o direito à crítica política seja coisa para meninos de coro.

- Da imprensa em 2012:

Um conjunto de 70 personalidades entregou em São Bento uma carta aberta em que é pedida a demissão do Governo, segundo apurou a Antena1. O documento, cujo primeiro subscritor é o antigo Presidente da República Mário Soares, acusa o primeiro-ministro de encaminhar o país para o abismo.

Outros subscritores da carta são deputados do PS e do Bloco de Esquerda, mas também figuras de outros quadrantes da sociedade portuguesa, como é o caso do escritor Valter Hugo Mãe. Este documento foi entregue em São Bento, com o conhecimento do Presidente da República.

A missiva considera que “o crescente clamor que contra o Governo se ergue como uma exigência para que o primeiro-ministro altere urgentemente as opções políticas que vem seguindo, sob pena de, por interesse nacional, ser seu dever retirar as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão ao Presidente da República, poupando assim o país e os portugueses a mais graves e imprevisíveis consequências”.

Em resumo: Onde é que ficamos? O que diz a isto o fosco Brilhante? 

22 de maio de 2023

Ainda futebol...

Já depois de escrito o anterior artigo, o Benfica jogou ontem à noite em Alvalade contra o Sporting. Não vi nem ouvi um segundo sequer e soube do resultado já depois de terminado o jogo. Do que li hoje no início da manhã terá sido um excelente jogo, um bom derbi com o Sporting a dominar a primeira parte, em que chegou a vencer por 2-0, e a segunda parte foi do Benfica que conseguiu empatar já ao caír do pano. Um resultado que não serviu para o Benfica se sagrar ali campeão mas que arrumou o Sporting da pretensão de chegar ao 3.º lugar e com ele o acesso à Liga dos Campeões. Para o Benfica o empate até poderá ser menos mau já que conforme está a classificação até poderá empatar em casa no último jogo com os açoreanos do Santa Clara, último classificado, isto desde que o F.C. do Porto não vença o V. Guimarães por mais de 11 golos de diferença, o que convenhamos que não sendo impossível mesmo que surpreendente, é muito difícil tanto mais que os vimaranenses têm demonstrado qualidade e ainda têm pretensões de manter o 5.º lugar o que pode estar ao alcance do surpreendente Arouca.

É pena, para os adeptos, que o Benfica tenha chegado a esta situação de ter que resolver, ou não, o título na última jornada, quando chegou a ter 10 pontos de vantagem e com possibilidade de aumentar para 13. Quem assim se deixa alcançar naturalmente que põe-se a jeito e vai para o último jogo que nunca é fácil porque os nervos são muitos e a lucidez pouca.

A ver vamos, sendo que eu benfiquista que assisto à distância, já vi de tudo e já estou bem vacinado. Nada do que possa acontecer na última jornada será surpresa, até mesmo que o F.C. do Porto venca o Guimarães com uma dúzia de golos de diferença e com 8 ou 10 penalties a favor. Se o Taremi falhar algum ainda terá direito a repetir.

Os Calabotes andam por aí.

Boa Segunda-Feira e os meus amigos portistas sabem que isto não passa de brincadeira. Antes isto que uma dor de dentes!

21 de maio de 2023

Modernos Calabotes

Volta e meia os adeptos portistas ressuscitam o antigo árbitro de futebol, o alentejano Inocêncio Calabote a propósito de um jogo da última jornada do Campeonato de Futebol da 1.ª Divisão da época 1958/1959 em que alegadamente procurou ajudar o Benfica a ter um resultado frente ao G.D. da CUF que lhe permitissse ser campeão a desfavor do F.C. do Porto. O pecado foi o assinalar de 3 penalties a favor do clube da Luz, ter começado o jogo 6 minutos para além da hora marcada e de ter concedido à volta de 10 minutos de tempo de descontos. 

Certo é que mesmo nessas circunstâncias o resultado de 7-1 não serviu de nada ao Benfica pois na mesma última jornada o F.C. do Porto venceu o Torreense num jogo igualmente polémico, com expulsões na equipa ribatejana e com o golo decisivo a ser marcado nos últimos segundos, pelo que se sagrou campeão.

Apesar disso, apesar da imprensa da época ter admitido que os 3 penalties foram normais e que até ficou por marcar um mais óbvio a favor dos encarnados, admitido pelo próprio treinador adversário, o Calabote ficou com essa má fama e o Benfica sem qualquer proveito.

Mas a história tem sempre o seu karma e no jogo de ontem entre o Famalicão e o F.C. do Porto, igualmente decisivo para manter a esperança acesa, a equipa azul-branca venceu por 4-2, sendo que três dos golos foram marcados de penaltie e um deles mandado repetir depois de o seu cobrador ter atirado ao centro da baliza direito ao guarda-redes, tão somente porque um jogador da equipa da casa terá posto o pé na área antes do castigo ser cobrado. Um preciosismo regulamentar porque tantos e tantos que são validados nessas circunstâncias ou mesmo com os guarda-redes a avançarem antes do tempo.  Por outro lado, como se isso não bastasse, o jogo teve quase 15 minutos de tempo de descontos. Ufa! Quem começasse a ver o jogo nessa altura na televisão e não tivesse qualquer informação, pensaria que o jogo estaria a ser decidido em prolongamento e depois em pontapés da marca da grande penalidade, como se fora uma qualquer final.

As coisas são como são e como nós queremos que sejam. Mas, independentemente da justeza do resultado e da boa ou má análise dos penalties a favor dos portistas, pelo menos dois muito subjectivos de análise, face a esta situação o caso do Calabote até parece uma anedota.

Agora se o Benfica se quiser ser campeão, o que ainda continuo a duvidar apesar de lhe bastar vencer um dos dois jogos em falta, um deles em casa na última jornada com o Santa Clara, penúltimo classificado (à hora em que escrevo) e já em situação de descida de divisão, tem mesmo que fazer pela vida porque se estiver à espera que o Porto escorregue, que espere sentado, porque isso não vai acontecer nem que tenha que ganhar um jogo com 6 penalties e 20 minutos de descontos. E na última jornada dos dragões esperam-se mais penalties para o Taremi juntar à carrada deles que já contabiliza. Nesta de penalties a favor, o Porto dá uma cabazada na concorrência. Tem que defender o estatuto que detém na Europa.

Bom Domingo e divirtam-se, porque o futebol não é para levar a sério, mesmo que os modernos calabotes ainda andem por aí.

Divirtam-se

Comeres - 21052023

 







20 de maio de 2023

Brincar às bonecas

 


O Sábado nasceu fresco e algo nublado mas logo às primeiras horas começou a abrir o azul e o sol a fazer o melhor que sabe, iluminar e aquecer, embora a sentir-se um ventozinho a armar-se em valente, que acompanhou o grupo durante todo o percurso de subida pela bonita e áspera Serra da Boneca. 

É verdade! O grupo hoje rumou a terras de Penafiel, pela freguesia de Sebolido onde trilhou o PR5 Serra da Boneca e Douro. 

O trilho vale sobretudo pelo percurso na serra, porque a dureza da subida, e mesmo das descidas, é sempre compensada pelas magníficas vistas sobre o rio Douro e suas margens. 

A segunda parte que desce junto ao Douro é menos interessante e quase sem pontos de interesse para além do caminhar. Vê-se sobretudo as margens infestadas de mimosas e eucaliptos e lixo, muito lixo, desde colchões a latas de tinta e restos de obras. O português tuga no seu melhor (pior).

O restabelecimento de forças deu-se no Jardim do Arda, em Pedorido. Já se comeu bem melhor, mas foram refeições quanto baste e económicas pelo que pedir melhor já é abuso. Nenhum do grupo é patrão.

Em resumo, os mesmos ingredientes: Exercício físico, contacto com a natureza, o conhecimento de gentes, lugares e sítios, convívio e partilha. Afinal que mais se pode desejar?

De seguida os habituais olhares.